(trecho inicial)
Maurice Lachâtre é um personagem da história
do espiritismo que ficou conhecido pelo Auto de Fé de Barcelona,
episódio no qual a igreja católica espanhola proibiu
a importação e comercialização de
livros espíritas, apreendendo e queimando cerca de trezentos
volumes em praça pública.
Lachâtre, contudo, tem uma trajetória rica e interessante,
por quatro países da Europa. O Instituto Lachâtre
publicou, há alguns meses, o livro “O Espiritismo,
uma nova filosofia” (LACHATRE, 2014)
no contexto das comemorações dos duzentos anos do
nascimento de Maurice. O editor do Instituto, Alexandre Rocha,
tem por objetivo dar a conhecer ao leitor quem foi e o que fez
Maurice, que teve uma trajetória, pelo menos singular,
pelo movimento espírita.
(...)
Ao iniciar a leitura do livro, não me passou
despercebida a habilidade de Maurice como jornalista. Escreve
claro e bem, resume com maestria, e seu texto sobre o espiritismo
parece ser uma belíssima síntese de “O Livro
dos Espíritos” (KARDEC, 2006)
com elementos de “O Livro dos Médiuns”. Passadas
algumas páginas, comecei a perceber que ele fez um pouco
mais que sintetizar, ele desenvolveu alguns pontos, principalmente
os que tra-
tam da sociedade e da religião, inserindo ideias estranhas
ao pensamento de Kardec, mais próprias do Marxismo e do
Anarquismo com os quais não só teve contato, como
editou e publicou.
Separei do texto algumas frases que são estranhas a Kardec,
inicialmente sobre religião:
“Todas as religiões, todas as cerimônias
religiosas deveriam, por conseguinte, ser suprimidas, e também
deveriam ser tirados e devolvidos ao trabalho útil aqueles
que se dizem ministros de Deus ou dos deuses.” (p.
109)