
Publicamos na revista Reformador de setembro de
2020 uma síntese breve de alguns resultados obtidos pela
pesquisa recente da mediunidade, realizada pelos pesquisadores do
Windbridge Institute, nos Estados Unidos.
Durante anos a pesquisa dos fenômenos de
efeitos intelectuais, como os denomina Allan Kardec em O Livro
dos Médiuns, esteve parada em função das
escolhas feitas pela comunidade de pesquisadores. Muitos, como Rhine,
optaram por interromper a pesquisa de fenômenos de efeitos
físicos, por entenderem que sempre que um médium era
pego em fraude, os demais resultados obtidos eram postos em questão,
inviabilizando o avanço do conhecimento. O pesquisador resolveu
estudar fenômenos mais simples, como a telepatia, empregando
cartas e o método experimental, capaz de identificar probabilisticamente
a obtenção de resultados superiores por determinados
grupos de pessoas.
Muitas críticas e explicações
alternativas foram levantadas por céticos, na explicação
dos fenômenos mediúnicos:
1) Leitura a frio (cold reading), segundo
a qual o médium percebia reações faciais mínimas
dos seus consulentes, o que possibilitaria o direcionamento dos
conteúdos das mensagens.
2) Fraude: ou seja, os médiuns “fabricariam”
suas mensagens com a finalidade de manter seu “negócio”
(nos países de língua anglo-saxã a mediunidade
pode ser paga) ou sua reputação de médium.
3) Tendência dos consulentes a acreditarem em conteúdos
genéricos escritos por médiuns. A fragilidade emocional
da perda de entes queridos e do luto tornaria mais frágeis
as análises dos familiares que desejam “ter notícias”
de seus afetos, então eles tomariam como elementos de identificação
dos seus familiares falecidos, frases e expressões genéricas.
Uma pesquisadora em especial, a Dra. Julie Beischel, com PhD em
Farmacologia e Toxicologia pela Universidade do Arizona, após
conhecer o trabalho de médiuns por razões pessoais,
resolveu estudá-los, controlando todas essas possibilidades
levantadas pelos críticos.
Beischel, então, montou experimentos com médiuns
nos quais o consulente não tem acesso ao médium, e
vice-versa. A pessoa que deseja uma mensagem repassa algumas informações
para o pesquisador que chamaremos número 1. Ele repassa as
informações para o pesquisador número 2. Os
médiuns, previamente selecionados (certificados) por serem
capazes de obter informações precisas sobre pessoas
desencarnadas, só têm contato com o pesquisador número
3, que lhes repassa mínimas informações de
duas ou mais pessoas. Esse pesquisador pede ao médium que
identifique características objetivas, se possível,
do respondente. Entre elas temos: aparência física,
personalidade, hobbies, causa da morte e o que ele deseja
dizer ao parente, por exemplo.
O médium, portanto, sem ter como identificar o espírito,
e sem ter acesso ao familiar, psicografa e entrega seus resultados
ao pesquisador número 3. Ele terá psicografado em
uma sessão as mensagens de duas pessoas com o perfil semelhante.
O pesquisador entrega seus resultados ao pesquisador 2, que irá
dividir as mensagens em conjuntos de frases, cada uma contendo uma
informação. Então ele entrega inicialmente
essas mensagens “divididas” ao pesquisador 1, que as
entregará ao consulente para avaliação.
Nessa fase da pesquisa, o consulente recebe duas mensagens. Uma
atribuída pelo médium ao seu parente falecido e outra
de algum espírito com perfil semelhante. Ele deve olhar frase
a frase e identificar se a informação apresentada
é verdadeira ou não. Ao final, tem-se uma pontuação
para a mensagem do parente (que o consulente não sabe quem
é) e para a mensagem do chamariz (o outro espírito
com dados gerais semelhantes). Essa estratégia faz com que
se evite a “tendência a acreditar”, porque os
consulentes avaliam as mensagens sem saber qual delas foi atribuída
ao seu parente.
O pesquisador 1, entrega então as duas avaliações
para o pesquisador 2, que sabe qual mensagem é a do parente
desencarnado. Ele verifica então o percentual de respostas
certas, compara com o da mensagem chamariz e analisa com um teste
estatístico se a diferença de pontuação
sugere ou não que sejam espíritos diferentes. Com
uma probabilidade de pelo menos 1 em 100 (mas geralmente maior),
ele então conclui pela autenticidade ou não da mensagem
atribuída ao parente desencarnado.
Dra. Beischel tem obtido muitos resultados favoráveis à
mediunidade. Os médiuns não acertam 100% das informações,
mas as diferenças entre a mensagem do parente e a mensagem
chamariz têm sido favoráveis ao primeiro, ou seja,
sugerem que os médiuns são capazes de obter informações
verdadeiras e estatisticamente superiores às das mensagens
chamariz.
Esse é apenas um dos diversos resultados que a pesquisadora
tem conseguido, estudando mediunidade com o método experimental.
Mais informações podem ser obtidas no artigo que escrevemos
para o Reformador de setembro de 2020, nas páginas 50 a 53.
Hoje a revista da Federação Espírita Brasileira
pode ser assinada e acessada em computadores, notebooks,
ipads e até smartphones. Importante que
nós, espíritas, possamos acompanhar trabalhos de pesquisadores
como Julie. Parte de suas pesquisas foi publicada em um livro escrito
para o grande público com o nome Among mediuns,
e pode ser comprado em inglês por pouco mais de dez reais
nos sites da Amazon.
Outras publicações dos mesmos pesquisadores podem
ser lidas no EC:
https://espiritismocomentado.blogspot.com/2013/07/pesquisadores-norte-americanos-estudam.html
https://espiritismocomentado.blogspot.com/2013/12/entre-mediuns-novas-fronteiras-da.html