
Uma companheira de trabalhos de Minas Gerais me
escreveu explicando que é médium psicofônica,
mas que as manifestações diminuíram bastante,
chegando a ficar diversas reuniões seguidas sem obter comunicação.
Ela questiona se isso é um problema.
Allan Kardec trata dessa questão em um capítulo no
qual trata da perda e suspensão da mediunidade, em O livro
dos médiuns. Está no capítulo 17, Da formação
dos médiuns. A primeira coisa que fiz foi reler o capítulo
e dá para perceber como ele é rico em informações.
A primeira coisa que nos deparamos ao ler, é que há
diversas possíveis causas para a perda ou suspensão
da mediunidade, mas a primeira coisa que os espíritos informam
a Kardec é que muitas vezes se verifica uma “interrupção
passageira”.
Recordei de Yvonne A. Pereira, que na introdução
do livro Memórias de um suicida, informa que ficou quatro
anos sem praticar a mediunidade, de forma involuntária. Uma
mediunidade ostensiva como a de Yvonne, nos faz pensar que a faculdade
mediúnica não funciona como os órgãos
dos sentidos, sendo passível de descontinuidade no tempo.
Lembrei também dos comentários de alguns colegas
de reunião, que viajam de férias, por exemplo, e faltam
uma ou mais semanas à reunião. Ao voltar, comentam
ao final de reunião uma dificuldade maior no exercício
da mediunidade, o que volta com a regularidade da frequência
das sessões.
No texto de Kardec, os espíritos levantam diversas possibilidades:
- Não entendem que a perda esteja associada ao esgotamento
do fluido. A essa questão respondem acentuando o desejo
ou possibilidade de comunicação pelos espíritos.
- Uso frívolo ou ambicioso das faculdades afasta os
espíritos sérios.
- Ao afastar-se, um espírito bom pode privar o médium
da sua faculdade, para que entenda que não é
algo que depende apenas dele.
- Essa suspensão pode ser realizada pelo espírito
como uma promoção de repouso necessário
ao médium, e uma proteção para que espíritos
inferiores não utilizem sua faculdade.
- Alguns médiuns passam por um período de interrupção
mesmo sem necessidade de repouso, trata-se de uma prova de
sua perseverança.
- A interrupção da faculdade mediúnica
não significa necessariamente uma censura espiritual
Conclui-se, portanto, que se deve lidar com a mediunidade sem expectativa
de comunicação contínua, em todas as reuniões,
sendo normal e possível variações nos desempenhos
de médiuns. Devemos evitar a expectativa de desempenho, que
pode gerar algum constrangimento ou desejo de obter comunicação
para atender ao grupo, acabando por incentivar fenômenos anímicos,
ou seja, produções da própria mente do médium
sem influência espiritual.