
Tem uns livros
que compramos e lemos imediatamente, sem perder o fôlego. Há
outros que nos chamam a atenção ao ponto de adquirirmos,
mas que vão ficando na estante da biblioteca por muito e muito
tempo, até que um dia surge a motivação inesperada
para ler.
Tal é o caso do interessante
“E o amor continua”, organizado por Nilson de Souza Pereira,
amigo de Divaldo Franco, mas composto de mensagens psicografadas por
Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, além
de depoimentos das famílias e identificação de
algumas das informações objetivas fornecidas pelos espíritos
desencarnados, como nomes de parentes citados, eventos, datas, informações
sobre a desencarnação, etc.
O livro tem outras curiosidades. Ele
documenta a visita de Divaldo Franco ao Grupo Espírita da Prece,
em Uberaba, em 15 de maio de 1982 (quando fez palestra, enquanto Chico
Xavier psicografava e psicografou uma das mensagens do livro) e comentando
o evangelho no culto de assistência aos necessitados (em 29/07/1981),
na mesma instituição. Ele documenta que Chico acolheu
e trabalhou conjuntamente com Divaldo Franco já nos anos 1980,
em Uberaba-MG.
Outra coisa que me chamou a atenção
no livro, foi o que fizemos no último Encontro Nacional da
Liga de Pesquisadores do Espiritismo: uma coletânea que nos
mostra o mesmo espírito se comunicando por dois médiuns
diferentes, no caso, dirigindo-se à família. As mensagens,
sempre acompanhadas dos comentários e informações
das famílias, que às vezes explicam não conhecer
Divaldo, fornecem redações de seus afetos comunicantes
ainda encarnados, tornam o livro ainda mais rico, embora contenha
apenas as comunicações de cinco espíritos; seis,
se compararmos também as mensagens de capa ditadas por Bezerra
de Menezes aos dois médiuns, que foi publicada com forma de
letra escrita à mão.
Chamou-me a atenção
o “sotaque mediúnico” dos dois médiuns.
Falta-me o conhecimento que seria próprio da área de
letras para explicar, mas há algo no texto dos diferentes espíritos
psicografado pelo Chico que me faz, como leitor, dizer: há
a mão de Chico Xavier por detrás dos ditados, e o mesmo
acontece com Divaldo Franco. A linguagem dos médiuns, por mais
que façam um esforço de anulação da sua
personalidade para serem mais fiéis ao ditado dos espíritos,
trazem algumas de suas características. Talvez, se embaralhássemos
as mensagens e as entregássemos a um leitor que conhece bem
os estilos dos dois médiuns, ele fosse capaz de identificar,
pelas singularidades de cada um, quem foi o escritor do ditado do
além.
Independente das singularidades ou
idiossincrasias mediúnicas, as famílias reconhecem seus
afetos que se foram, identificam os nomes de outros familiares (ou,
às vezes, são surpreendidos com familiares já
esquecidos aqui, mas ainda atenciosos no mundo espiritual com seus
parentes).
O título parece sugerir um
duplo significado: fala da continuidade do amor das pessoas que desencarnaram
por seus afetos que continuam jornadeando no mundo, mas também
sugere o amor entre Chico Xavier e Divaldo Franco, apesar das turbulências
do passado, coisa muito comum na trajetória dos relacionamentos
humanos.
Não sei se o livro teve uma
segunda edição (na verdade, ao pesquisar a capa, encontrei-o
disponível como e-book), nem se está esgotado ou se
é de fácil acesso aos que se interessarem por ele, mas
se tiverem acesso a ele, não percam a oportunidade de conferi-lo
por si mesmos.