Futebol, vôlei, natação, basquete, atletismo,
equitação, automobilismo... O destaque que os mais variados
esportes têm no noticiário midiático revela o
reconhecimento da população aos esforços dos
valorosos atletas que treinam profissionalmente a excelência
física e técnica nas modalidades.
Um atleta que deseje chegar às Olimpíadas deverá
atravessar um treinamento cheio de sacrifícios e muita disciplina.
Se não elaborar um planejamento prevendo progressão
gradual dos seus exercícios dentro de uma continuidade lógica
e bem fundamentada, poderá sucumbir pelo esforço exagerado
ou até mesmo realizar uma seqüência inapropriada
de técnicas.
A fim de conhecer os limites do seu corpo e enfrentar os desafios
da meta olímpica, deverá manter-se concentrado, com
seriedade, exercitando o recolhimento íntimo do pensamento
e tornando cada movimento consciente e monitorado.
Será necessário também abdicar de algumas horas
de lazer para se dedicar ao treinamento físico todos os dias,
com intervalos de descanso para meditação e contato
com pessoas e ambientes que lhe ajudarão a manter a saúde
mental e persistência no foco.
Exercitar, avaliar, ajustar a técnica, repetir o exercício
para progredir e se superar, este será o cotidiano de suas
ações.
Tudo isto com o objetivo de alcançar os louros da vitória
mundial olímpica, expressão da superação
dos limites físicos e da perfeição das técnicas
corporais.
Quando se trata do nosso treinamento moral, o processo é muito
semelhante. Para que sejamos atletas nos campos da paciência,
da tolerância, do amor e outras tantas virtudes, deveremos estar
inseridos também em um programa de exercícios, que exigirão
continuidade, regularidade e recolhimento.
O primeiro passo é conhecer a si mesmo a fim de estabelecer
um plano de exercícios integrado às suas necessidades,
escolhendo as áreas do seu campo moral que exigem maior atenção
e, conseqüentemente, treinamento mais intensivo.
Avaliar, através do raciocínio, as nossas atitudes,
procurando mudar modelos mentais que nos prendem ao passado e atrapalham
uma nova ação criadora da nossa felicidade. Recolher-se
em pensamento para meditar sobre si mesmo, argumentando e desenvolvendo
a sua motivação.
Em seguida, começar com estratégias simples e metas
possíveis de serem alcançadas, uma vez que novos modelos
mentais racionais deverão progressivamente gerar novas atitudes
no Espírito, transformando-se em hábitos pela força
da vontade, em processo de médio e longo prazo.
Observar as suas reações no cotidiano das relações
interpessoais, realizando também um monitoramento constante
para avaliar as conquistas realizadas e o que falta por fazer. Instruir-se
para conhecer e aplicar os mais modernos roteiros de melhoramento,
estudando o Espiritismo, a filosofia, a psicologia e demais ciências
do comportamento.
E como meta final, temos o exemplo do maior atleta das virtudes que
já passou pela Terra, perfeito em todos os atos - pois já
havia percorrido todo o treinamento -, e que veio para ensinar o roteiro
mais prático e seguro da perfeição moral, incentivando-nos
a prosseguir sempre: “Sede, pois, vós outros, perfeitos,
como perfeito é o vosso Pai celestial” (Mt. 5, 44).
A disciplina no trabalho de aperfeiçoamento moral do Espírito
irá revelar, ao final da nossa etapa reencarnatória,
se fomos atletas dedicados ou apenas esportistas de clubes de finais
de semana, que treinam esporadicamente e evoluem lentamente, sem planejamento
nem direção, apenas caminhando para satisfação
do interesse próprio ou quando incomodados pelos sofrimentos
da ociosidade.
Continuidade, regularidade e recolhimento, diz-nos Kardec (1), são
necessários para o aprofundamento no estudo da Doutrina Espírita
e, acrescentamos, também em qualquer outra área do desenvolvimento
humano.