Gebaldo José de Sousa
> O Valor da Prece
"Ide,
pois, e levai a palavra divina: (...) aos pequenos e simples
que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires
do trabalho, desta provação terrena, encontrareis
fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos
de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação
que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo-lhe
graças pelas aflições que a Terra lhes
destina." (1)
Um casal de amigos "descobriu" em bairro afastado de Goiânia
uma senhora idosa e muito pobre, a qual cuida de filha e de neta enfermas.
Outros familiares são-lhe indiferentes à dor e às
necessidades de toda ordem.
Há vários anos, mensalmente, ao reabastecerem sua despensa,
preparam generosa cesta de alimentos para sua amiga, que já
lhes conhece a fidelidade e a bondade dos corações.
Recebe-os com muita alegria e o tradicional cafezinho.
Naquele lar humilde, não se limitam à oferta dos bens
materiais, indispensáveis à sobrevivência daquela
família. Dão-lhe também amizade e conforto moral
que a fraternidade legítima propicia. Quando ali chegam, sentam-se
nos bancos rústicos e conversam como bons amigos, ouvindo-lhe
as queixas habituais que seus fardos lhe impõem.
Nosso amigo, numa dessas ocasiões, levando casualmente a mão
ao bolso da camisa, encontrou bela mensagem espírita.
Inspirado, propõe à dona da casa que orassem em conjunto.
Aceita a sugestão, leu a mensagem, fazendo, a seguir, ardente
prece aos céus, em favor daquele lar, de seus habitantes.
Instantes após, concluem a visita e se despedem.
Decorrido o mês, lá retornam eles, a assistirem o “infortúnio
oculto”, cientes de que sua oferta àquela senhora é
indispensável à sobrevivência, em melhores condições,
das três almas que ali vivem.
Distraído, não se recordava mais da mensagem lida anteriormente
e da prece que fizeram. Porém, a dona da casa, que fora beneficiada
pelos efeitos salutares da oração, não se esquecera
e passou aqueles dias contando nos dedos, com o propósito de
lhes pedir que novamente rogassem as bênçãos de
Deus para sua casa.
Suas dificuldades certamente não diminuíram, mas a coragem
e a resignação não lhe faltaram naquele período.
Sentira os efeitos da prece. Os fardos pareceram-lhe mais suaves.
Quando percebeu que se despediam esquecidos da oração,
indagou-lhes (referindo-se à mensagem espírita):
— E o "papelinho"?
— Hoje não trouxe! A senhora não tem o Evangelho?
— perguntam-lhe.
— Tenho, mas num sei lê!
— Busca-o, que faremos a leitura e a prece.
E nossos amigos, a partir desse dia, incorporaram também a
caridade espiritual àquelas visitas, favorecendo-lhes o lar
com os tesouros celestiais que a prece proporciona!
1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
112 ed. FEB: Rio de Janeiro, 1996. 435p. p. 314.
Fonte: Encaminhado à FEB, em
01.02.00. Publicado na edição de jul/2000, p. 201.
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