Antonio Aroldo Lins Soares
> Reencarnação e os estudos científicos
RESUMO:
A temática reencarnação
está presente em muitas investigações cientificas.
Ao longo dos anos, muitos pesquisadores sérios vem fazendo
um trabalho árduo, tentando coletar mais dados e melhorar
métodos investigativos. O presente artigo analisa pesquisas
e autores a respeito de instigações sobre a reencarnação.
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INTRODUÇÃO
A reencarnação é um tema, não descoberto
pelo Espiritismo, e que, sem dúvida alguma, norteia a lei de
justiça divina relativamente à conduta de todos os filhos
de Deus.
Nos últimos anos, o tema da reencarnação tem sido
trazido à discussão, em suas múltiplas facetas,
não apenas nos ambientes espíritas ou espiritualistas,
mas, sobretudo, no meio científico, onde despontam inúmeros
pesquisadores que se debruçam em varias hipóteses de trabalho,
com vistas a mostrar à humanidade que não se encerra uma
experiência de vida em uma única encarnação.
A preocupação na atualidade em aprofundar e acelerar os
conhecimentos sobre reencarnação, trazê-la de volta
à discussão como um dos pilares da doutrina espírita,
na verdade, a sua verdadeira redescoberta, já foi enfatizada
pelo estudioso Hermínio Miranda em Reencarnação
e Imortalidade, quando afirmou:
“Quando se fizer, no
futuro, um levantamento dos grandes equívocos do pensamento
humano, um deles avultará de maneira singular, entre os maiores:
o abandono da doutrina da reencarnação”
(1975, p. 29).
Continua o autor, na mesma obra:
“Creio não exagerar
ao dizer que larga parte das mazelas que assolam a civilização
moderna se deve ao desconhecimento dessa ideia tão simples
e de tão importantes consequências morais para todo ser
humano” (1975, p.29).
Corroborando com essa afirmativa, C.
J. Ducase, no prólogo do livro de Ian Stevenson – Reencarnação
– Vinte Casos -, cita o estudioso W. R. Alger, quando ele
diz em 1880, em seu livro A Critical History of the Doctrine of
a Future Life:
“...a teoria da transmigração
de almas é maravilhosamente adaptada para explicar o aparente
caos da desigualdade moral, da injustiça e dos muitos males
apresentados no mundo da vida humana”.
No momento, portanto, em que a humanidade amadurece
pelo volume de conhecimento acumulado, pela expansão do nível
de consciência do ser humano e pelo desejo de se buscar respostas
racionais para explicar a existência mesma da vida, é importante
que o meio científico e, notadamente, o acadêmico, empreendam
pesquisas ditas não convencionais na direção de
se investigar a reencarnação como uma lei universal, como
o são as leis da química, da física e da biologia.
O presente trabalho busca contextualizar o pensamento histórico
e atual, em diversos ângulos, sobre esse intrigante tema da reencarnação.
RESENHA HISTÓRICA
A ideia que permeia as vidas sucessivas,
além de não se constituir uma criação da
doutrina espírita, é extremamente remota na história
da humanidade.
Assim é que a reencarnação ou doutrina das vidas
sucessivas, remonta à antiga civilização na India,
perpassando toda a Ásia e a Grécia, que acreditavam na
imortalidade da alma e no seu retorno a um novo corpo físico,
como forma de crescimento do indivíduo.
Encontram-se nas escrituras sagradas do hiduismo, os Upanixades, as
primeiras indicações sobre o conceito de reencarnação,
há mais ou menos 2.600 anos.
Em verdade, no Bhagavad-Gita, há centenas de anos, vê-se
retratado o seguinte diálogo entre Krisna e o seu discípulo,
o jovem príncipe Arjuna, que se constitui no Cântico da
Imortalidade:
“Como se deixam vestes gastas
para usar vestes novas, assim o espírito deixa o corpo usado
para revestir novos corpos.
Eu tive muitos nascimentos, Ó Arjuna, e tu também.
Eu os conheço todos; tu, porém, não os conhece.
Chegadas até mim essas grandes almas que atingiram a perfeição
suprema, não entram mais nessa vida perecível, morada
de males.
Os mundos voltarão a Brahma, Ó Arjuna, mas aquele que
me atinge, não deve mais renascer”.
Tem-se aqui, claramente, a ideia da
reencarnação como um postulado já inoculado naquela
civilização antiga, mesmo que para conhecimento de poucos,
mas um germe que se disseminaria para todos os povos.
Já entre os gregos, coube a Pitágoras, filósofo
e matemático, nascido na ilha de Samos, no mar Egeu (570 a 496
a.C.), introduzir em seu país a doutrina da reencarnação,
aprendida em seus deslocamentos à India e à Pérsia,
este último trazendo o conceito de vidas sucessivas em sua religião
oficial, o Mazdeísmo.
Segundo DELANNE, Pitágoras
“...tinha duas doutrinas, uma
reservada aos iniciados, que frequentavam os Mistérios, e outra
destinada ao povo; esta última deu nascimento ao
erro da metempsicose” (1990, p.23).
Cabe destacar igualmente que o grande
filósofo Platão (427 a 399 a.C.), discípulo de
Sócrates, já afirmava que a alma, antes de seguir para
a bemaventurança eterna, deveria nascer inúmeras vezes,
até mesmo durante dez mil anos.
Prosseguindo, vê-se a seguir a escola Neoplatônica, que
tem como um de seus primeiros discípulos Plotino (205 a 270 d.C.),
que não aceitava a metempsicose e foi taxativo na sua visão
quando disse, segundo Delanne, no livro IX da segunda “Enéada”:
“A providência dos deuses
assegura a cada um de nós a sorte que lhe convém, e
que é harmônica com seus antecedentes, conforme suas
vidas sucessivas” (1990, p.25).
Mesmo entre os romanos, que se serviram
dos conhecimentos da Grécia, encontramos nomes expoentes favoráveis
à reencarnação, como Cícero (capítulo
II do “Sonho de Scipião”), Ovídio
(Metamorfoses, cap. IX e IV do livro da “Eneida”)
e Virgílio (“Todas as almas, ainda que por milhares de
anos tenham retornado à roda desta existência – nos
Elíseos ou no Tártaro – Deus as chama em números
enxames ao rio Léthé, a fim de que, privadas
de recordações, revejam os lugares superiores e convexos
e comecem a querer voltar ao corpo”).
Pode-se também verificar a tese das múltiplas vidas entre
os gauleses, fato contido no livro Guerra das Gálias,
escrito por César, onde ele é taxativo e diz, falando
dos druidas:
“Uma crença que eles
procuram sempre estabelecer é a de que as almas não
perecem e que, depois da morte, passam de um corpo para outro”
Entre os judeus, vale recordar a figura
de Flavius Josephus, considerado um dos maiores historiadores de sua
época, nascido em Jerusalém (37 d.C. a 100), que revela
que a reencarnação era adotada pelos fariseus e ele próprio
a tinha como profissão de fé.
De acordo com Denis, “o padre Didon o confirma nestes termos em
sua Vida de Jesus: ‘Entre o povo judeu e mesmo nas escolas
acreditava-se na volta da alma dos da alma dos mortos na pessoa dos
vivos” (2001, p.256).
Agora, não se poderia deixar de ressaltar a concepção
reencarnacionista na Igreja e na própria Bíblia. Na primeira,
é conveniente lembrar que o padre
Orígenes a aceitava plenamente e o faz de forma veemente em seu
livro 1º - Princípios. O mesmo pode-se dizer de
santo Agostinho em suas Confissões, quando é
peremptório e afirma:
“Não teria minha infância
atual sucedido a uma outra idade antes dela extinta?... Antes mesmo
desse tempo, teria eu estado em alguma lugar?
Seria alguém?”
Na Bíblia, tem-se claramente
em Jeremias, 1:5:
“Antes que eu te formasse
no ventre materno eu te conheci, e antes que saísses da madre,
te consagrei e te constitui profeta às nações”
(1969, p.747).
O grande profeta desceu a este mundo
consagrado por Deus para cumprir sua missão com as qualidades
espirituais de que já era portador.
O Novo Testamento, no entanto, nos traz a palavra sublime de Jesus nos
casos de Elias e Nicodemos.
Sobre Elias, assim narra o Evangelista Mateus (11:13-15):
“Porque todos os profetas e
a lei profetizaram até João.
E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para
vir.
Quem tem ouvidos (para ouvir), ouça”.
Jesus é cristalino nessa passagem,
não deixando margens de dúvida quanto à volta de
Elias no corpo de João Batista.
Merece destaque o diálogo de Jesus com o homem da lei judaica,
o fariseu e doutor da lei Nicodemos. O evangelista João narra
esse encontro da seguinte forma (João,
3:3-7):
“A isto
respondeu Jesus: Em Verdade, em verdade te digo que se alguém
não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode,
porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: Quem não nascer
da água e do Espírito, não pode entrar no reino
de Deus.
O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido
do Espírito é espírito.
Não te admires de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo”.
Jesus mais uma vez se mostra claro em
suas convicções sobre a necessidade de se retornar ao
corpo denso da carne, quantas vezes seja necessário, para se
conquistar o reino de Deus.
É interessante considerar que, mesmo com uma bagagem histórica
de centenas de anos, a tese da preexistência da alma e do renascimento
só veio a ser anatematizada por ordem do imperador Justiniano,
que se achava à frente do império Bizantino, mas sob influência
da imperatriz Theodora, fez com que essas teses fossem severamente proscritas
pela Igreja, toda poderosa, durante a realização do V
Concílio de Constantinopla, em 553.
Esse conhecimento passou a ser absorvido nas sociedades secretas e transmitido
de forma oral para as gerações futuras, com sérios
riscos para seus adeptos, que passaram a ser considerados hereges e
sujeitos à pena de morte.
Somente após a passagem desta época negra para a humanidade,
quando os alvores da liberdade voltaram à tona, é que
os grandes pensadores, filósofos de escol como Leibniz, Dupont
de Nemours, Fourier e tantos outros, voltaram a se debruçar sobre
essa temática da reencarnação.
Mesmo assim, apenas após o lançamento do Livro dos
Espíritos em 1857 pelo professor francês Hipolyte
Denizard Rivail, cognominado Allan Kardec, nome de uma antiga encarnação
druída, foi que os fundamentos da reencarnação
foram lançados em bases racionais, dentro de uma lógica
filosófica que não deixa margem a dúvidas quanto
à forma justa do processo de desenvolvimento de cada ser.
Tanto assim que indagando aos Espíritos Superiores sobre “Qual
o objetivo da reencarnação?”, eles responderam:
“Expiação, aprimoramento da
Humanidade, sem o que, onde estaria a justiça?”
Na atualidade, o estudo desta temática já se acha bastante
disseminado, levando milhares de pessoas, de forma consciente, a pautarem
suas vidas diante desta realidade, com transformações
interiores profundas, que só beneficiam o progresso comum.
CONCEITO E OBJETIVOS DA REENCARNAÇÃO
Reencarnação, igualmente
chamada Palingenesia, do grego Palin, de novo, gênese,
nascimento, significa literalmente retorno do espírito a um novo
corpo físico, para uma nova experiência na carne.
Como se é criado simples e ignorante, faz-se necessário
“várias existências físicas”
(Q. 166, Livro dos Espíritos) para
que o Espírito se despoje de todas as suas impurezas e, assim,
não necessite passar mais pelas provas da vida corporal.
O objetivo da reencarnação, de acordo com KARDEC está
assim definido:
“Expiação, aprimoramento
progressivo da Humanidade, sem que, onde estaria a justiça?”
(2007. Q.167, p.104).
Entretanto, o número de encarnações
é distinto para cada ser, que avança na direção
do progresso na velocidade do desejo do seu livre arbítrio.
O conceito de reencarnação não deve ser confundido
com ressurreição, que significa retorno ao mesmo
corpo físico, situação impossível, de vez
que o antigo corpo já foi totalmente absorvido pela Natureza
em seus múltiplos elementos.
Muito menos não pode ser encarada como metempsicose,
que é o retorno do espírito em um corpo de animal, tese
refutada pela doutrina dos espíritos, por se entender que não
há retrocesso no processo evolutivo do Espírito. A espécie
humana é a única que pode abrigar a encarnação
de Espíritos. Sobre o assunto, assim fala KARDEC:
“...Do momento em que o princípio
inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito
e entrar no período de humanidade, ele não tem mais
relação com o seu estado primitivo e não é
mais a alma dos animais, como a árvore não é
a semente. No homem, não há mais do animal senão
o corpo, e as paixões que nascem da influência do corpo
e do instinto de conservação inerente à matéria.
Não se pode, então, dizer que tal homem é a encarnação
do Espírito de tal animal e, por conseguinte, a metempsicose,
tal como entendida, não é exata” (2007.
Q.611 p. 253).
É bom frisar que a reencarnação
está calcada fundamentalmente na justiça divina que, além
de ofertar novas oportunidades para a depuração dos erros
de cada um, enseja o ser de esperanças pelas luzes que abre da
realidade do plano espiritual às almas que envidam grandes esforços
na direção do bem.
O grande objetivo, pois, das vidas sucessivas, não é outro
senão a expansão da consciência e o consequente
aprimoramento do Espírito em sua jornada evolutiva.
EVIDÊNCIA CIENTÍFICA
Apesar de aceita por grande parte da
humanidade, a reencarnação ainda encontra fortes barreiras
no seio da população e do meio científico, por
não se ter até o momento uma prova irrefutável,
dentro dos paradigmas cartesianos da ciência, da sua real concretização.
Muitos são os autores e os métodos adotados para se estudar
o problema, no entanto, ainda se carece de uma metodologia investigativa
que não deixe dúvidas quanto à realidade desse
fenômeno.
Sem dúvida que a maior dificuldade reside exatamente no fato
de se tratar de um fenômeno que se passa em duas realidades vibratórias
bem distintas, ou seja, o plano físico, dos encarnados, e o plano
espiritual, não observável pelos laboratórios.
A pesquisa científica, conceituada por ANDRADE como:
“o conjunto de procedimentos
sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que
tem por objetivo encontrar soluções para problemas propostos,
mediante a utilização de métodos científicos”
(2003, p. 121).
Não encontra validade se não
executada mediante rigorosos critérios de processamento das informações
e um planejamento que não fuja das normas metodológicas
aceitas pela ciência.
Assim, o conhecimento advindo do senso comum ou popular, aquele que
é revelado ou dito religioso, bem como o filosófico, oriundo
do ato de pensar sobre determinados problemas e achar respostas não
mensuráveis, não encontram respaldo no meio científico.
A ciência aceita como método apenas aquele “procedimento
regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se
alguma coisa, seja material ou conceitual” (BUNGE,
1980, p.19).
Segundo SHRODER,
“...para a ciência, em
seus aspectos mais ortodoxos, o que conta é a experimentação,
a existência de provas conclusivas, a possibilidade de repetir
experiências em ambientes, situações e momentos
diversos” (p.2).
Vai mais além o autor, quando diz que: “Stevenson, como
qualquer cientista moderno que conhece o terreno em que está
pisando, sabe que existem temas de pesquisa que simplesmente não
se encaixam nessas exigências” (p.
2-3).
Em decorrência desses conceitos,
são as seguintes as dificuldades de se aprofundar qualquer pesquisa
sobre reencarnação:
- A impossibilidade de investigação em
laboratório, uma vez que tais fenômenos, sobretudo as
coletas espontâneas de informações, não
podem ser repetidas de forma programada ou mesmo vistas através
de microscópios ou outros aparelhos de controle científico.
- Não existe ainda nenhuma evidência sobre algum mecanismo
por meio do qual a reencarnação se tornaria possível.
Isso significa que não existe um instrumento através
do qual, objetivamente, se possa detectar uma “alma” que
estaria retornando com recordações e atributos pessoais
e muito menos se qualificando para entrar em outro corpo.
- A ciência ainda é extremamente cautelosa, como deve
ser, e conservadora, não se permitindo penetrar em uma área
onde não tenha pleno domínio e controle efetivo de suas
inúmeras etapas metodológicas.
Por isso, o processo de reencarnação por não ser
suscetível de observação em todo o seu desenrolar
e, por isso mesmo, de difícil comprovação, não
pode ser estudado à luz da metodologia científica convencional,
que exige informações pertinentes, seleção
das fontes, tratamento das informações, uma sólida
base teórica, além da confiabilidade e um elevado grau
de generalidade.
Em que pese todos esses aspectos desestimuladores, o fato é que
o processo de vidas sucessivas aceito por grande parte da humanidade
é real, e se coaduna com os princípios de justiça,
carecendo de uma efetiva comprovação para se mudar em
definitivo os paradigmas científicos e filosóficos, bem
como proporcionar um salto de qualidade no encaminhamento evolutivo
da sociedade humana.
O avanço paulatino do homem para a sua plena conscientização
da realidade do espírito, tem ensejado muitos estudiosos, utilizando
variados métodos de análise e observação,
a pesquisarem o tema da reencarnação e, inclusive, com
resultados que sugerem fortemente o trânsito de espíritos
no seu retorno para novas experiências na carne.
Por isso, citamos Kardec, quando diz: “...uma ideia não
atravessa os tempos e é aceita por inteligências destacadas,
sem ter um lado sério”. (LE,
2007, cap. V, p. 122)
PRINCIPAIS PESQUISADORES SOBRE REENCARNAÇÃO
Um dos mais respeitados pesquisadores
na área da reencarnação foi o professor Hemendra
Nath Banerjee, indiano que nasceu em 1929 e desencarnou em 1985. Banerjee
era médico psiquiatra e foi diretor do Departamento de Parapsicologia
da Universidade de Rajasthan, tendo pesquisado mais de 2.000 casos sugestivos
de reencarnação.
Dentre outras publicações, deixou como legado o livro
Vida Pretérita e Passada, em que discorre sobre seus
25 anos de estudo relativo ao tema da reencarnação, apresentando
casos dentre os mais de 1.100 estudados na India, muitos países
do Oriente e, inclusive, os Estados Unidos, onde havia, então,
forte aversão do meio científico a esse tema.
O professor Banerjee sempre trabalhou em cima de rigorosos métodos
científicos, e sempre levando em conta várias hipóteses,
como a captação de lembranças através de
meios normais, a percepção extra-sensorial e a possibilidade
de fraude.
Em uma conferência no Brasil, o professor Banerjee afirmou que
“a reencarnação não é parte de
nenhuma religião específica, mas sim da experiência
humana, e não se relaciona com nenhuma religião em particular”.
Em função dos estudos do professor Banerjee, a reencarnação
começou a despertar o interesse de vários pesquisadores,
cabendo citar o do professor Ian Pretyman Stevenson, canadense nascido
em Montreal em 31 de outubro de 1918 e radicado nos Estados Unidos,
onde veio a desencarnar em 8 de fevereiro de 2007.
O professor Stevenson, cientista e chefe do Departamento de Psiquiatria
e Ciências Neurocomportamentais da Universidade de Virginia, EUA,
foi um dos mais renomados pesquisadores na área das experiências
espirituais, sobretudo a reencarnação, além de
se dedicar ao estudo da percepção extrasensorial, sobre
a problemática do relacionamento entre mente e cérebro
e a continuidade da personalidade após a morte.
Stevenson veio a se tornar o fundador da moderna pesquisa científica
sobre a reencarnação, tornando-se bastante visível
com o estudo dos casos de crianças que lembravam de vidas passadas
sem o uso da hipnose, isto é, de forma espontânea.
Extremamente cauteloso, como convém a um cientista, Ian Stevenson
somente para as comunidades acadêmica e cientifica, publicou mais
de 200 artigos e vários livros – destaque para Reencarnação
– Vinte Casos – com muita riqueza metodológica
e rico em argumentos e detalhes, envolvendo mais de 3.000 casos, que
o autor afirma serem “casos sugestivos de reencarnação”,
ou ainda, “casos do tipo de reencarnações”.
Os inúmeros estudos de caso do professor Ian Stevenson envolvem
crianças entre 2 a 4 anos que recordavam experiências passadas,
lembrando
claramente como haviam morrido e por ocasião da pesquisa habitavam
a África, o Alaska, a Columbia Britânica, a India, a Birmânia,
a América do Sul,
inclusive o Brasil, o Libano, a Turquia e outras localidades.
Em sua empreitada, o professor Stevenson teve sempre o cuidado de reunir
testemunhos, registros médicos com informações
sobre os sinais de nascença, os defeitos de nascimento, bem como
outros aspectos físicos da reencarnação.
Dando continuidade aos estudos do professor Ian Stevenson, o dr. Jim
Tucker, pesquisador da Divisão de Estudos da Percepção
da Universidade de Virginia, após conhecer o pioneirismo do seu
mestre, tem catalogado, nos últimos 15 anos, mais de 25 mil casos
de crianças que relatam memórias de vidas passadas.
Aqui, o pesquisador busca documentar evidências de que a criança
teve conexão com uma vida passada, sem que isso possa efetivamente
comprovar que se trata de reencarnação, uma vez que esta
não é a única hipótese plausível
para o fenômeno. Pode, sim, haver uma evidência de que as
crianças têm um tipo de conexão psíquica,
e não de que tiveram vidas passadas. Escreveu o livro Vida
Antes da Vida – Uma Investigação Científica
de Memória de Vidas Passadas de Crianças.
Cabe destacar igualmente o iminente cientista, neurologista e psiquiatra
norte-americano Brian L. Weiss, professor catedrático no Mount
Sinai Medical Center, que despertou seu interesse pelo conhecimento
de vidas passadas, a partir de quanto utilizou o método de regressão
de memória em uma paciente que, sob hipnose, voltou 4.000 anos
no tempo.
Este caso está relatado no seu livro Muitas Vidas, Muitos
Mestres que, de forma surpreendente, disseminou o método
da Terapia de Vidas Passadas.
Não se pode deixar de mencionar o psiquiatra, psicólogo,
parapsicólogo e filósofo americano, dr. Raymond Moody,
autor do livro Vida Depois da Vida, criador da expressão
“experiência de quase-morte” em 1975, tendo colhido
o depoimento de 150 pessoas com morte clínica. É também
um pesquisador sobre regressão a vidas passadas e tem a firme
convicção de que ele próprio já teve nove
reencarnações.
No Brasil, não se poderia deixar de mencionar o nome ilustre
do dr. Hernani Guimarães Andrade (1913-2003), tendo sido considerado
o maior pesquisador do espiritismo contemporâneo.
Como engenheiro, foi fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas
– IBPP, tendo deixado um trabalho profícuo nos campos da
parapsicologia, psicobiofísica, transcomunicação
instrumental e reencarnação. Chegou a analisar a fundo
75 casos sugestivos de reencarnação, dos quais 8 deles
estão relatados no seu livro Reencarnação no Brasil.
Desenvolveu ainda duas monografias sobre o tema: Um caso que sugere
reencarnação: Jacira e Ronaldo e Um caso que
sugere reencarnação: Simone e Angelina.
PESQUISAS SOBRE REENCARNAÇÃO
É importante reconhecer que nas últimas décadas
muitos cientistas tem se dedicado ao estudo da relação
entre ciência e espiritualidade, mesmo que sem o pragmatismo da
busca de provas, mas criando um arcabouço teórico sobre
conceitos arraigados do espiritualismo.
Veja-se, por exemplo, GOSWAMI, físico indiano naturalizado americano,
quando diz:
“Existe
mesmo uma alma que sobreviva à mente e transmigre de um corpo
para outro? Vou mostrar que, quando as ideias quânticas são
incluídas em nosso modelo de consciência, no contexto
da ciência idealista, há uma entidade semelhante à
alma – que chamo de “mônada
quântica” -, agindo como mediador da reencarnação”
(2006, p.12).
Diz-nos ainda o conceituado pesquisador:
“Agora,
é possível ver o que acontece quando morremos. O corpo
físico morre com todas as suas memórias clássicas.
Mas o corpo sutil, a mônada, não tem estrutura; não
há nele nada para morrer. A mônada, com sua memória
quântica, com seus componentes condicionados vital e mental,
permanece disponível como um aglomerado de possibilidades condicionadas
vitais e mentais”(2006, p. 149).
E mais:
“Por conseguinte,
a mônada, a sobrevivente à morte do corpo material, forma
um continuum com as encarnações físicas, pois
transporta, por meio de seus corpos sutis mental e vital, parte da
identidade” (2006, p. 149).
A ciência, assim, vem se aproximando,
paulatinamente, de demonstrar evidências plausíveis acerca
da reencarnação.
A seguir, as principais evidências que sugerem processo reencarnatório
estudadas pelos principais cientistas da atualidade.
1. MEMÓRIA EXTRA CEREBRAL (MEC)
Pode ser caracterizada pelas lembranças
espontâneas de vidas passadas, observadas sobretudo nas recordações
de crianças com a idade entre 2 e 3 anos, podendo ir um pouco
mais além.
Consoante o pesquisador dr. Ricardo di Bernardi, “nesta
fase, o corpo espiritual ainda não está totalmente internado
no sistema nervoso central, porque falta estrutura, falta desenvolvimento
cerebral”.
A reencarnação, aqui, ainda não se efetivou plenamente,
permitindo, assim, que se abram janelas psíquicas, campos de
percepção do seu próprio inconsciente de suas
vidas passadas ou mesmo campos de percepção do mundo
espiritual.
Daí, ser extremamente comum crianças brincarem com amiguinhos
invisíveis ou espíritos amigos.
Vale citar um dos maiores estudiosos na análise da MEC, professor
Ian Stevenson, que, analisando mais de 2.000 casos, afirma categórico
que:
“...a
evidência mais forte da reencarnação parece
surgir de casos espontâneos, especialmente, em crianças”
(2001, p. 31).
Buscando identificar a criança
com a personalidade anterior, aspecto mais relevante de suas pesquisas,
Stevenson demonstrou extremo cuidado com o método, quanto:
“- a
registrar as informações das crianças;
- ao reconhecimento das pessoas e lugares citados na suposta vida
anterior;
- ao relato de testemunhas, inclusive em intervalos de tempo;
- a colher dados das famílias e da comunidade relacionados
aos fatos em análise;
- a comparar dados e informações revelados por pessoas
entrevistadas em datas diferentes, para assegurar sua veracidade”.
Sem dúvida, que, mesmo com os cuidados que uma pesquisa dessa
natureza exige, vale acrescentar que a maioria dos casos examinados
por Stevenson são muito ricos em detalhes, extremamente sugestivos
de reencarnação.
Ainda sobre o fenômeno da memória extracerebral, vale a
pena trazer à luz o pensamento de RODRIGUES:
“Existe
a lei da conservação de energia. O Ser humano é
uma manifestação de vórtices energéticos,
assim como os pensamentos que emitem ondas de indeterminados tipos.
Então as ideias, experiências, capacidade, conhecimentos,
ou seja, toda a informação acumulada pelo homem através
de toda a sua vida não pode, na morte, desaparecer definitivamente
sem deixar rastros, porque isso seria a negação e uma
contradição da lei universal (conservação
de energia).
Vibração, irradiação etc..., são
fenômenos materiais registráveis. Depois da libertação
que segue à morte física, essa energia existe como um
‘condensado energético’ no espaço cósmico
e representa uma parte da consciência do homem.
Logo o organismo que nasce, por seu tipo de
estrutura energética (vibrações e outras qualidades
ainda desconhecidas), corresponde ao tipo desse ‘condensado’,
o assimila e preenche o
‘vazio’” (1985, p.
181-182).
2. TERAPIA REGRESSIVA DE VIVÊNCIAS PASSADAS (TRVP)
Esta é igualmente uma maneira de se chegar a informações
de vidas passadas, só que sem o uso da hipnose, uma vez que o
paciente acha-se
plenamente consciente em todo o processo, podendo mesmo ser chamada
de uma hipnose superficial.
Foi o doutor em psicologia Morris Netherton quem cunhou em 1967 o termo
Terapia de Vidas Passadas, quando desenvolveu um método próprio
de hipnose, que chamou de Hipnose Ativa. Nesta técnica o que
se percebe é que o indivíduo regressaria a um passado
além do limiar da vida atual, onde se acha um verdadeiro depósito
mnemônico, que Banerjee chamou de “memória cerebral”.
Em sua aplicação terapêutica, ao se atingir o núcleo
do trauma, o inconsciente libera o material psíquico, através
de uma catarse, dando alívio dos
sintomas ao paciente.
De acordo com NOVAES, a TRVP,
“é
o termo empregado para a técnica introdutória ao método
terapêutico usado pelos profissionais em psicologia, que buscam
(ou que encontram, pois o fato surgiu antes da teoria), através
da regressão de memória, a provável causa dos
conflitos de seus pacientes, em épocas anteriores à
existência atual, como também em períodos da infância
presente e durante a vida intrauterina”
(2003, p.50).
Existem pesquisadores em todo o mundo
que se utilizam da TRVP para documentar a reencarnação,
considerando, sobretudo, o aspecto da memória passada do indivíduo.
Isso porque entendem que as memórias não se acham no seu
conteúdo inconsciente armazenadas no córtex cerebral,
mas se localizam num organismo subjacente, que pode ser acessado através
de um mecanismo ainda desconhecido, mas que se acha intimamente ligado
ao consciente.
Do ponto de vista espírita, o consenso é de que as lembranças
de outras vidas estariam intrinsicamente ligadas ao desligamento momentâneo
do corpo físico e do períspirito, estando as informações
disponibilizadas neste último.
Em verdade, ainda de acordo com NOVAES,
“No processo
da reencarnação, penetra-se num corpo físico
com frequências diferentes das existentes no corpo espiritual.
As memórias estariam em diferentes frequências do corpo
espiritual” (2003, p. 52).
Isso denota que, além do nível
consciente, temos ainda o inconsciente presente (informações
da vida atual) e o inconsciente passado (arquivo das
vidas passadas), cujos arquétipos, provocados, vem à superfície.
3. HIPNOSE
Palavra que deriva do grego (hipnos = sono) e do latim (osis
– ação ou processo), deve o seu nome ao médico
e pesquisador britânico James Braid
(1795-1860), que o imaginava tratar-se de sono induzido.
Modernamente, segundo Milton Erickson, a hipnose é
“um estado
alterado de consciência, ou é o estado de consciência
no qual o conhecimento que você adquiriu durante toda sua vida
e que você usa automaticamente torna-se, de repente, disponível”.
Já a Sociedade Brasileira de
Hipnose conceitua o termo como:
“abrangendo
qualquer procedimento que venha causar, por meio de sugestões,
mudanças no estado físico e mental, podendo produzir
alterações na percepção, nas sensações,
no comportamento, nos sentimentos, nos pensamentos e na memória”.
4. GÊNIOS PRECOCES
Nesta classe são consideradas aquelas crianças que se
destacam pelo desenvolvimento das faculdades e capacidades de uma forma
nitidamente prematura, apresentando criações mentais em
nível de gênios.
A doutrina espírita, compreendendo que o indivíduo é
um ser imortal, tendendo, claro, à perfeição, como
tal não pode em apenas alguns poucos anos de vida adquirir conhecimentos
compatíveis com um estado de gênio.
Assim, apenas a teoria reencarnacionista pode oferecer à ciência
um poder explicativo capaz de justificar o surgimento de crianças
superdotadas.
Alguns exemplos, à guisa de informação:
-
Wolfgang Amadeus MOZART
(1756-1791), nascido na Áustria, aos 4 anos de idade era
capaz de executar uma sonata ao piano. Aos 5 anos, começou
a compor minuetos e outras peças musicais. Aos 8 anos já
compunha uma ópera. Tocava também outros instrumentos
e é considerado hoje um dos maiores gênios precoces
do mundo.
-
Blaise PASCAL (1623-1662) - Foi um célebre
cientista francês. Bem cedo, mostrou seu talento na área
da matemática. Pascal aprendeu geometria sozinho, descobrindo,
aos 11 anos, um novo sistema geométrico. Ao completar 12
anos, escreveu um livro na área da física, sobre acústica.
Aos 17 anos, alcançou enorme sucesso com sua obra Essai
pour les coniques.
-
William HAMILTON (1805-1865) – Irlandês,
começou a falar a língua hebraica aos 3 anos de idade
e, aos 7, foi declarado membro do Trinity College, em Dublin, Irlanda,
tendo demonstrado, nessa idade conhecimentos mais profundos do que
a maior parte dos candidatos ao magistério. Com 13 anos já
falava 13 línguas clássicas e modernas. Aos 18 anos,
já era considerado o maior matemático da Grã-Bretanha.
-
Gianella de MARCO, uma criança italiana,
em 1953, com apenas 8 anos, conduziu a Orquestra Filarmônica
de Londres no Albert Hall.
-
Francis BACON (1561-1626), nascido em Londres,
começou a cursar a Universidade de Cambridge logo aos 12
anos. Aos 15 anos, ingressou no Gray’s Inn (Forum), onde foi
admitido como advogado.
-
Gottfried W. LEIBNITZ (1646-1716) – Alemão,
aos 8 anos, sem ter tido mestre, falava o latim, aos 12, grego.
Aos 15 anos ingressou na Universidade e aos 20 anos recebeu o título
de doutor.
-
Carl Friedrich GAUSS (1777-1855) - Alemão,
aos 3 anos, resolveu alguns problemas de matemática.
-
Alfredo TROMBETTI (1866-1926) - Italiano, que
conhecia entre línguas e dialetos, perto de 300, já
falava, aos 12 anos, além de sua língua natal, o alemão,
o francês, o latim, o grego e o hebraico.
-
O famoso engenheiro sueco, ERICSON, aos 12 anos
de idade, era inspetor do canal marítimo de Suez e tinha
sob suas ordens 600 operários.
-
NAPOLEÃO Bonaparte (1769-1821) –
Francês, aprendeu a ler antes dos 5 anos e, aos 7, já
organizava grupos de pequenos colegas, com os quais simulava batalhas.
Aos 27 anos tornou-se general.
-
MICHELANGELO (Miguel Ângelo Buonarroti
– 1475-1564). Italiano, já era um magistral artista
aos 12 anos e mesmo com 8 anos já tinha uma técnica
perfeita.
-
VOLTAIRE (1694-1778) – Filósofo
francês, aprendeu a ler aos 3 anos.
-
Honoré de BALZAC (1799-1850). Francês,
aos 8 anos já compunha pequenas comédias. Um dos mais
importantes escritores do romantismo francês.
-
Thomas YOUNG (1773-1829), o descobridor da teoria
ondulatória da luz, lia aos 2 anos de idade com muita facilidade
e, aos 4, já havia lido a Bíblia duas vezes.
A explicação plausível para tais casos está
calcada, sem dúvida, na estrutura transcendental do corpo espiritual,
que vibra em outra dimensão e traz em seu bojo os arquivos
energéticos de vidas passadas, que se constituem em sua individualidade.
Entende-se que a hereditariedade genética, por sí só,
não é capaz de explicar fortemente os fenômenos
dos gênios precoces.
Também não se pode explicar pela educação,
pois não houve ainda tempo hábil para tanto. Assim,
esses indivíduos se utilizam de arquivos de vidas anteriores.
São crianças que já foram adultos e já
labutaram em suas áreas e trazem esse conhecimento nos seus
inconscientes.
5. BÍBLIA
O Velho Testamento traz á luz em Jeremias 1:5:
“Antes que eu te formasse no ventre
materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te
consagrei e te constitui profeta às nações”
(p. 747).
Nada mais claro para se entender que o velho
profeta já existia no plano espiritual antes de sua encarnação
missionária.
No Novo Testamento, temos a lição do Mestre Jesus acerca
de Elias, relatada assim em Mateus, 17:10-13:
“Mas os discípulos o interrogaram:
Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias
venha primeiro?
Então Jesus respondeu: De fato Elias virá e restaurará
todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já
veio, e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto
quiseram.
Assim também o Filho do homem há de padecer nas mãos
deles.
Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito
de João Batista” (p.26).
Quando Jesus afirma taxativo que “Elias
já veio”, não deixa margem de dúvida quanto
à nova encarnação desse Espírito iluminado
no corpo de João
Batista.
Ainda no Novo Testamento, Jesus é novamente claro quando dialoga
com Nicodemos, um fariseu doutor da Lei, assim relatado por João
(III, 3-7):
“A isto respondeu Jesus: Em verdade,
em verdade, te digo que se alguém não nascer de novo,
não pode ver o reino de Deus.
Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho?
Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade, te digo:
Quem não nascer da água e do Espírito, não
pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne, é carne; e o que nascido
do Espírito, é espírito.
Não te admires de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo”.
O nascer de novo, segundo Jesus, é retornar
ao corpo de carne, em nova encarnação.
6. OUTRAS EVIDÊNCIAS
6.1.– Informações dos Espíritos
A literatura espírita encontra-se repleta de comunicações
mediúnicas relatando acerca da reencarnação,
do seu processo, com relato de casos,
mas que só atendem ao público espírita ou indivíduos
com maior sensibilidade, mas que destituídos de provas científicas.
6.2.– Lógica
Do ponto de vista filosófico, Deus, na sua imensa sabedoria
instituiu a reencarnação como um mecanismo de justiça,
por entender ser uma única
vida totalmente incompatível com essa mesma justiça.
Por demonstrar absoluta igualdade por cada um de seus filhos, Deus
mostra através da reencarnação a possibilidade
de qualquer pessoa evoluir,
desenvolver aptidões, alcançar a sabedoria e a felicidade.
6.3.– Referências Históricas e Estatísticas
A reencarnação sempre fez parte da história da
humanidade. Esteve entre os egípcios faraônicos, que
eram reencarnacionistas e ensinavam essa tese
em seus templos. Entre os gregos, cabendo citar Sócrates e
Platão. No Hiduismo, no Budismo, no Islamismo.
No Judaismo acha-se na Torah, no Zohar e o próprio Cristianismo
era adepto da reencarnação até o II Concílio
de Constantinopla em 553 d.C.
Vale ressaltar que, na atualidade, 70% da população
mundial crê na reencarnação.
6.4.– Déjà-vu
Sensação de já ter visto. Muitas vezes a pessoa
vai a um local e reconhece que já esteve ali em uma vida anterior.
Em realidade, o indivíduo guarda em seu arquivo inconsciente
a história do lugar e, quando passa por ele, o campo vibratório,
a energia daquele lugar faz ressonância e aquilo eclode e dá
emocionalmente uma forte reação.
6.5.– Sonhos recorrentes
Em que o indivíduo, a partir de sonhos que se repetem, tem
informações de existências anteriores.
6.6.– Doenças Graves
Onde se tem a coleta de informações de vidas passadas,
por meio de alucinações, oriundas de um estado pré-agônico
ou mesmo de um grande estado
febril.
6.7.– Experiências fora do corpo
6.8.– Ação de drogas
6.9.– Meditação
6.10.– Êxtase religioso
CASOS SUGESTIVOS
DE REENCARNAÇÃO
Apesar da reencarnação ser considerada uma verdade fundamental
para grande maioria do planeta, indiscutivelmente no meio espírita
e espiritualista, o envolvimento do meio científico nas pesquisas
sobre o assunto vem crescendo paulatinamente, com nomes de vanguarda
que se interessam pelo fenômeno, em vários países
do mundo.
Assim, muitos trabalhos têm sido publicados, com casos que sugerem
de maneira extraordinariamente forte, o retorno de uma personalidade
ao corpo de carne. Vale aqui lembrar algumas dessas pesquisas que ensejam
a continuidade de um maior aprofundamento científico e metodológico,
para que a ciência se aproxime cada vez mais dessa realidade que
une os planos físico e espiritual.
1. Caso MUNESH – Pesquisado por Banerjee e assim
citado por RODRIGUES:
“Um dia, em 1955, na aldeia
de Chandagari, na Índia, o menino Munesh estava sendo banhado
por sua mãe.
Aborrecida pelo mau comportamento da criança, a mãe
lhe bateu.
- Mãe, não me bata, protestou a criança. Senão
voltarei para Itrani, a minha aldeia. Sou Bhajan Singh e pertenço
àquele aldeia. Tenho uma esposa, três irmãos,
mãe e uma filha.
Tenho uma casa, um poço, um jardim e uma fazenda.
Bhagwati Devi ficou desesperada com aquela conversa fantástica
de seu filho de quatro anos. Na ocasião um bom tabefe o aquietou.
Ficando mais velho, entretanto, o menino começou a dizer aos
seus colegas de escola que tinha esposa e família e logo tornou-se
motivo de riso de seus companheiros.
Eventualmente, um dia contou a mesma estória ao seu avô,
Thakur. A estória provocou a curiosidade do velho que, depois,
perguntou a um homem do distrito de Itrani se lá tinha um tal
Bhajan Singh. O homem pensou e respondeu: houve.
Em breve o avô foi a Itrani, onde não custou a descobrir
que tinha havido lá um homem chamado Bhajan Singh, mas que
tinha morrido de febre em 1951, deixando a esposa e uma filha.
Thakur tomou contacto imediato com a família de Bhajan Singh
e lhes disse a propósito das pretensões de Munesh.
A família de Bhajan Singh ficou interessada e o irmão
dele e um cunhado vieram com Thakur a Chandagari, onde Munesh os identificou
facilmente. Os dois homens ficaram muito impressionados pela notável
semelhança de rosto e de modo de pensar entre Bhajan Singh
e Munesh.
Chegado o momento de voltar a Itrani, Munesh agarrava-se ao irmão
e não queria deixá-lo sair. Finalmente, quando o avô
Thakur prometeu levá-lo a Itrani em poucos dias, o menino acalmou-se.
Cedo as notícias chegaram a Ayodhya Devi, viúva de Bhajan
Singh, que estava vivendo em casa de seu pai, em Bisara. Cheia de
admiração e curiosidade ela e sua cunhada foram a Chandagari.
Ambas eram esbeltas, altas, similarmente vestidas e tinham véus,
seguindo o costume de algumas mulheres indianas de ocultar a identidade
em público. Quando chegaram a Chandagari os moradores se reuniram
e chamaram Munesh.
- Você conhece sua mãe?, perguntou a Munesh o seu tioavô
com o intuito de confundi-lo e assim verificar se realmente ele reconheceria
as mulheres. Munesh replicou que a sua mãe não estava
ali e que as duas mulheres eram sua esposa e sua cunhada. De súbito
segurou a mão de Ayodhya Devi. Temendo um impostor a viúva
pôs o menino de lado e pediu:
- Diga-me algum acontecimento específico em nossa vida, de
modo que eu possa acreditar que você é meu marido renascido.
Sem a menor hesitação, disse Munesh:
- Quando eu voltei a Itrani, depois de fazer o meu exame intermediário
em Agra, achei que uma querela tinha havido entre você e minha
mãe. Então bati em você com o pau de bater manteiga,
este quebrou-se e feriu o seu braço.
Também disse à viúva admirada um assunto conjugal
íntimo, que na Índia é rigorosamente guardado
em segredo entre marido e mulher. Ouvindo essas coisas que
ninguém poderia ter sabido, Ayodhya Devi convenceu-se e pediu
que o menino ficasse com ela em Itrani.
Munesh vai a Itrani.
Chegando a Itrani, Munesh chamou do meio da multidão o “seu”
mais íntimo amigo, Bhagwati Prasad, que logo se convenceu de
que Munesh era Bhajan Singh renascido.
Outros também se convenceram logo, quando Munesh foi direto
à sua própria casa e pulou no regaço da mãe
de Bhajan Singh, com lágrimas correndo pela face. Então,
Munesh fez uma volta na casa e na fazenda, comentando as mudanças
sofridas após a “sua” morte.
Antes que ele deixasse Itrani todas as pessoas que haviam testemunhado
a sua volta acreditaram na estranha estória de Munesh. Ele
lhavia identificado todas as suas posses,
sua vontade, seu jardim, seus quatro novilhos e dois búfalos.
Quando Ayodhya voltou para Bisara, para a casa de seu pai, o menino
sentiu-se muito desolado. Sentiu muito a falta dela e queria ver a
sua filha em Bisara. Fez um minucioso relato do caminho para Bisara,
antes que seu avô concordasse em levá-lo até lá.
Em Bisarar ele parou de súbito em frente de uma casa, que proclamou
ser a de seu sogro, e comentou como um quarto havia sido construído
onde havia apenas uma plataforma alta, antes de sua morte.
Como em Itrani, aí Munesh também reconheceu todos os
parentes e amigos. Tornou-se visivelmente feliz quando viu sua filha,
que tinha apenas dois anos de idade quando Bhajan Singh morreu, e
que agora era mais velha do que ele. A afeição entre
os dois foi tocante e Munesh não comia a não ser que
ela estivesse presente.
Munesh voltou mais uma vez a Chandagari, mas estava triste e retraído,
salvo quando um dos membros da família vinha visitá-lo.
Quando Ayoddhya Devi veio, Munesh atirou-se sobre ela e sua filha.
Quando estas partiram novamente ficou triste. Aparentemente suas lembranças
lhe fecharam o mundo atual. Parece que tudo quanto o satisfazia era
viver com Ayodhya Devi e a filha em Itrani, como tinha vivido antes
da morte de Bhajan Singh. (1985. p. 199-203).
2. Caso
de PRAKASH – Pesquisado por STEVENSON, que assim relata
dessa maneira sua investigação nas cidades de Kosi Kalan
e Chhatta, na India
“Em abril de 1950, um menino
de dez anos chamado Nirmal, filho de Sri Bholanath Jain, morreu de
varíola na casa de seus pais em Kosi Kalan, uma cidade do Distrito
de Mathura, Uttar Pradesh.
No dia de sua morte, ele estava delirando e irritado. Ele disse duas
vezes a sua mãe: “Você não é minha
mãe! Você é uma Jatni. Quero a minha mãe!”.
Ao dizer isso, ele apontou na direção de Mathura e de
outra cidade menor chamada Chhatta, mas não se referiu a nenhuma
delas pelo nome (Chhatta fica a dez quilômetros de distância
de Kosi Kalan, no caminho partindo de Kosi Kalan a Mathura). Logo
depois de fazer esse estranho comentário, ele morreu.
Em agosto de 1951, o enteado de Sri Brijhal Varshnay, de Chhatta,
nasceu e foi chamado de Prakash. Em sua infância, Prakash chorava
muito mais do que as outras crianças, mas, exceto por isso,
não demonstrava nenhum comportamento incomum até a idade
de quatro anos e meio. Na época, ele começou a andar
no meio da noite, correndo de casa para a rua. Quando parava, ele
dizia que “pertencia” a Kosi Kalan, que seu nome era Nirmal,
e que queria ir para sua antiga casa. Dizia que seu pai era Bholanath.
Ele se levantou e começou a correr dessa maneira quatro ou
cinco noites seguidas e depois diminuiu essa frequência, mas
continuou fazendo isso durante um mês.
Prakash insistia tanto para que sua família o levasse a Kosi
Kalan que, um dia, em 1956, (na esperança da acalmá-lo),
seu tio paterno pegou um ônibus que seguia na direção
de Mathura, colocou-o dentro e o levou para Kosi Kalan. Ele foi à
loja de Sri Bholanath Jain, mas não reconheceu o local, talvez
porque o estabelecimento estava fechado no momento, devido à
ausência de Sri Jain. E por isso também não encontrou
a família de Jain durante aquela visita. Mas eles ficaram sabendo
da visita do menino.
Nessa época, em 1956, Prakash tinha cerca de cinco anos de
vida, as aparentes lembranças da vida como Nirmal eram extremamente
nítidas. Ele se lembrou dos nomes
dos parentes e amigos de Nirmal que, em sua segunda visita a Kosi
Kolan, cinco anos depois, ele não se lembrava mais. Depois
de voltar de Kosi Kolan pela primeira vez, ele continuou a perturbar
a família com seu desejo de voltar para lá. Eles adotaram
diversas medidas em um esforço de fazer com que ele se esquecesse
dessas lembranças.
Na primavera de 1961, um dos filhos mais novos de Sri Bholanath, Jagdish
(irmão mais velho de Nirmal), perdeu um de seus filhos, que
faleceu, um menino de três anos e meio. Logo depois, Sri Jagdish
mudou-se para Kosi Kalan, saindo de Délhi, onde vivia. Em Kosi
Kalan, ele ficou sabendo do menino em Chhatta, que dizia que seu nome
era Nirmal e que era o filho de Bholanath Jain. No início do
verão de 1961, Sri Bholanath estava em Chhatta a negócios
com sua filha Memo.
Lá, ele se encontrou com Prakash, que o reconheceu como seu
“pai”. Prakash também reconheceu Memo parcialmente,
pensando que ela era outra irmã de Nirmal, chamada Vimla. Ele
implorou a Sri Bholanath Jain que o levasse a Kosi Kalan. Ele desceu
até a estação de ônibus enquanto Sri Jain
e Memo estavam partindo e pediu para ir com eles.
Alguns dias depois, a mãe de Nirmal, a irmã mais velha
Tara, e o irmão Devendra visitaram Prakash em Chhatta. Prakash
chorou de alegria ao ver Tara, a irmã mais velha
de Nirmal. Ele implorou ao pai que o levasse a Kosi Kalan. A família
Jain pediu aos pais de Prakash que permitissem que ele voltasse a
visitar Kosi Kalan. Prakash guiou o caminho da estação
rodoviária até a casa dos Jain em Kosi Kalan.
Chegando lá, ele hesitou na frente da casa, que tinha sido
muito mudada desde a morte de Nirmal. Na casa, Prakash reconheceu
o outro irmão de Nirmal, duas tias e mais alguns vizinhos,
além de diversas outras partes da casa onde Nirmal havia vivido
e morrido.
A família de Nirmal ficou convencida de que ele havia renascido
como Prakash”(2011, p.51-53).
Stevenson faz ainda um breve resumo do caso, citando os seguintes
fatos:
“Nome da personalidade reencarnada – Nirmal.
Família de Nirmal – Bholanath Jain (pai), Parmeshwari
Jain (mãe), Tara (irmã), Jagdish Jain (irmão
mais velho), Memo Jain (irmã mais nova), Devendra Jain (irnão
mais
novo).
Reconhecimento do pai de Nirmal por Prakash, Sri Bholanath.
Cofre de ferro – havia um cofre de ferro na casa de Nirmal.
Cada membro da família tinha uma gaveta no cofre com a chave
para a própria gaveta. Jagdish Jain disse que, em uma de suas
visitas a Kosi Kalan, Prakash levou consigo um prego que ele dizia
ser a chave do cofre.
Reconhecimento da mãe de Nirmal – Quando Srimati Parmeshwari,
juntamente com Tara e Devendra visitaram Prakash em Chhatta,, ele
sentou-se no colo de Tara, chorou e disse, apontando para Srimati
Parmeshwari: “Esta é minha mãe”
Chamou a irmã mais velha de Nirmal, Tara, pelo nome quando
a viu.
Reconhecimento de Devendra, irmão mais jovem de Nirmal.
Reconhecimento do caminho desde o ponto de ônibus até
a casa de Sri Bholonath Jain.
Reconhecimento de Jagdish, irmão de Nirmal.
Reconhecimento de Sri Ramesh como vizinho que cuidava de uma pequena
loja “em frente da nossa”.
Reconhecimento do local da loja de Sri Chandra Bhan.
Reconhecimento da loja do tio Narain, tio de Nirmal.
Reconhecimento de Sri Chiranji Lai e afirmação de sua
profissão.
Reconhecimento do quarto, de uma corrente de diamantes pertencente
ao avô de Nirmal, do médico da família de outros
parentes e objetos de casa”(2011, p. 58-62).
3. Caso
de WILLIAM GEORGE JR. – Pesquisado também por
STEVENSON, está assim relatado
“Sr. William George foi, no
seu tempo, um conhecido pescador no Alasca. Assim como outros Tlingits,
ele acreditava em reencarnação.
No final de sua vida, ele evidentemente, foi tomado por dúvidas
e também demonstrou um grade desejo de retornar. Em diversas
ocasiões, ele disse a seu filho favorito (Reginald George)
e à sua nora: “Se existir renascimento, voltarei como
filho de vocês”.
Ele disse isso diversas vezes, acrescentando: ‘E vocês
vão me reconhecer, porque terei marcas de nascença semelhantes
às que tenho agora’.
Ao dizer isso apontava para duas grandes verrugas, cada uma com meia
polegada de diâmetro, uma em cima de seu ombro esquerdo e outra
na face interna do antebraço
esquerdo, cinco centímetros abaixo da dobra de seu cotovelo.
No verão de 1949, Sr. William George, na época com cerca
de 60 anos, mais uma vez expressou sua intenção de voltar
depois da morte e nessa ocasião entregou a seu
filho favorito um relógio de ouro dado a ele por sua mãe.
Ao fazer isso disse: ‘Vou voltar. Guarde este relógio
para mim. Serei seu filho. Se isso (o renascimento) existir, voltarei’.
Reginald George foi para casa para passar o fim de semana, logo depois
disso, e deu o relógio a sua esposa, Susan George, contando-lhe
o que o pai havia dito. Ele colocou o relógio em uma caixa
de joias, onde ficou por quase cinco anos.
No inicio de agosto de 1949, algumas semanas depois dos acontecimentos
mencionados, Sr. William George desapareceu do barco pesqueiro no
qual trabalhava como capitão.
Os membros de sua tripulação não sabiam o que
havia acontecido com ele, e os homens da equipe de resgate não
conseguiram encontrar o corpo. Possivelmente ele havia caído
do barco e a maré havia levado seu corpo para bem longe, como
pode acontecer com facilidade naquelas águas.
A Sra. Reginaldo George, sua nora, pouco tempo depois engravidou e
deu à luz no dia 5 de maio de 1950, quase nove meses depois
da morte de seu sogro. O bebê foi o nono filho do casal. Durante
o parto, ela sonhou que seu sogro aparecia para ela e dizia que estava
esperando para ver seu filho.
Aparentemente, na época, a Sra. George não relacionou
essa visão com o renascimento do sogro, porque quando acordou
da anestesia, estava com medo e esperava ver seu sogro, possivelmente
em uma aparição em sua antiga forma, como adulto, como
ela o vira em seu sonho.
Ela viu um bebê, menino, que tinha verrugas pigmentadas na superfície
superior de seu ombro esquerdo e na parte interna do antebraço
esquerdo, na mesma região onde ficariam as marcas mencionadas
pelo avô do menino.
Os sinais de nascença do bebê tinham cerca de metade
do tamanho das de seu avô. A identificação dessas
marcas de nascimento fez com que os pais dessem a ele o nome do avô,
por isso ele se tornou William George Jr.
William George Jr. teve pneumonia ao completar um ano de idade. Ele
não falava muito antes de completar três ou quatro anos
e então começou a falar gaguejando muito, o que passou
aos poucos, nos anos subsequentes, apesar de seu pai, Reginald George,
ainda demonstrar muita preocupação com a incapacidade
do seu filho em 1961.
William George Jr. parecia ter inteligência normal, a julgar
por seu desempenho na escola e por minhas conversas com ele no Alasca.
Conforme foi crescendo, a família de William George Jr. observou
um comportamento nele que intensificou a crença de que Sr.
William George havia retornado. Esse comportamento era bem variado.
No primeiro grupo havia traços de coisas de que ele gostava,
do que não gostava e aptidões semelhantes àquelas
de seu avô. Por exemplo, Sr. William George tinha ferido o tornozelo
direito enquanto jogava basquete na juventude.
Depois disso, ele começou a caminhar mancando e com o pé
direito virado para fora, e então caminhava de um modo característico.
William George Jr. tinha um caminhar parecido e virava o pé
direito para fora ao caminhar. Seus pais confirmaram isso e eu também
notei observando William George Jr. caminhar.
Entretanto, no menino, essa anormalidade não era forte
e eu duvido que teria notado essa característica, se minha
atenção não tivesse sido chamada para isso.
Membros da família também perceberam semelhanças
faciais e posturais de William George Jr. e seu avô na tendência
que tinha de se preocupar demais e de distribuir conselhos às
pessoas a seu redor.
Ele demonstrava um conhecimento precoce de pesca e de barcos. Sabia
quais eram as melhores baias onde pescar e, quando entrou pela primeira
vez em um barco, parecia
saber bem como cuidar das redes.
Ele também demonstrava um medo, maior do que o comum, de água
para meninos de sua idade. Ele era mais sério e sensível
do que outras crianças de sua idade.
Um segundo grupo de observações de William George Jr.
consiste em um comportamento mostrando uma identificação
quase que completa do menino com seu avô. Por exemplo, ele se
referia à tia-avó como “irmã”, que
era, na verdade, a relação dela com Sr. William George.
Da mesma forma, ele se referia a seus tios e tias (irmãos e
irmãs de Reginald George) como seus filhos e filhas.
Além disso, ele demonstrava preocupação apropriada
ao comportamento deles, por exemplo, com relação à
ingestão excessiva de álcool por dois de seus “filhos”
(tios).
Os irmãos e as irmãs de William George Jr. entravam
na personificação dele e costumavam chamá-lo
de avô, e a isso ele não se opunha (a identificação
de William George Jr. com seu avô havia diminuído um
pouco conforme ele cresceu).
Seu pai acreditava que William George Jr. estava se tornando preocupado
demais com seu passado. Ele percebeu que sua mente “vagava”.
Por isso e por causa de avisos de seus “antigos parentes”,
a respeito do prejuízo de se lembrar de vidas anteriores, os
pais de William George Jr. o desencorajaram a falar sobre a vida de
William George.
Em terceiro lugar, William George Jr. exibia um conhecimento de pessoas
e lugares que, na opinião de sua família, transcendia
o que ele poderia ter aprendido por meios “normais”.
Descreverei o item mais importante em mais detalhes antes de mais
nada:
Quando William George Jr. tinha entre quatro e cinco anos, a sua mãe,
um dia, decidiu ver as joias de sua caixa de joias e as espalhou em
seu quarto. Ela também pegou o relógio de ouro do Sr.
William George da caixa.
Enquanto observava os itens, William George Jr., que estava brincando
em outro cômodo, entrou no quarto. Vendo o relógio, ele
o pegou e disse: ‘Este é o meu relógio’.
Ele o segurou com força, dizendo que aquilo pertencia a ele,
e sua mãe não conseguiu convencê-lo a soltar o
relógio. Por fim, ele concordou em guardar o relógio
na caixa.
Depois disso, e até 1961, William George Jr., de tempos em
tempos, pedia ‘seu relógio’ aos pais. E conforme
foi crescendo, pedia o relógio com mais firmeza, afirmando
que deveria cuidar dele, pois já estava mais velho.
O Sr. e a Sra. Reginald George afirmaram que o relógio de ouro
havia permanecido na caixa de joias desde quando a Sra. George o colocara
ali, em julho de 1949, até o momento, cinco anos depois, quando
ela o tirou para analisar suas joias. Ambos tinham certeza de que
nunca haviam falado sobre o relógio com William George Jr.,
ou em sua presença.
Também na opinião deles, o reconhecimento do relógio
ocorreu de modo acidental. A Sra. Reginald George não planejara
mostra-lo ao menino. Ele simplesmente entrou no cômodo, onde
ela estava com a caixa de joias, e as viu sem a menor indicação
por parte dela.
Os pais de William George Jr. ficaram mais impressionados com o reconhecimento
do relógio do que tinham ficado pela ocorrência das marcas
nos mesmos pontos do que aquelas do Sr. William George (2011,
p. 312-315).
Eis a síntese que fez Stevenson sobre este caso:
“O Sr. William George sempre dizia que retornaria como filho
de Reginal George, seu filho, fato presenciado pelo Sr. Walters Mays,
amigo.
- O Sr. William George tinha marcas proeminentes em seu ombro esquerdo
e face interna do antebraço esquerdo, abaixo do cotovelo. As
marcas mediam meia polegada.
- O Sr. William George disse a seu filho e nora que eles o reconheceriam
quando voltasse por causa de suas marcas.
- O Sr. William George deu a seu filho Reginald George, uma ou duas
semanas antes de morrer, um relógio de bolso de ouro, afirmando:
‘Se existir reencarnação, voltarei em sua família
e pedirei este relógio. Tome conta dele’.
- O Sr. Walters Mays confirma ter escutado o Sr. William George falar
isso ao filho.
- A Sra. Reginaldo George colocou o relógio em uma caixa de
joias, onde ele ficou por cinco anos até o dia em que ela o
pegou, e nessa ocasião William George Jr. o reconheceu e disse
que pertencia a ele.
- O Sr. William George machucou a perna quando era jovem. William
George Jr. caminhava com o pé direito voltado para fora de
maneira parecida com a de seu avô. William George Jr. tinha
a mesma deformidade, mas com menos intensidade.
4. Caso ROGÉRIO
– Trazido à luz pelo estudioso Dr. Agnelo Morato e retratado
pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade, resumido da seguinte forma:
“Após o dia 16 de julho
de 1981, quando Rogério Carvalho completava quatro anos de
idade, insistiu em relatar à sua mãe coisas que aconteceram
com ele em outra existência. Até então seu filho
não lhe havia revelado nenhum acontecimento, além das
coisas próprias de sua idade. E Rogério falou aos seus
pais sobre a necessidade sua de procurar um seu irmão na Vila
Miramontes (antigo Arraial das Covas), distante de Franca cinco quilômetros.
Maria Aparecida, a mãe, perguntou-lhe que iria ele fazer nesse
lugar se lá não
morava ninguém seu conhecido. Entretanto, o garoto com firmeza
lhe garantiu que precisava ir encontrar-se com o Antônio Benzedor,
por alcunha Cinza. Isto porque antes de desencarnar na Santa Casa
em 1945, entregou a esse uma imagem de Nossa Senhora Aparecida para
ele guardar. Tal a insistência sobre o mesmo assunto, que a
mãe, em companhia de outros elementos ligados a esses relatos,
seguiu para a Vila de Miramontes. O espanto, porém, maior para
eles, quando viram o menino apontar a rua onde estava a casa do Cinza,
numa favela, perto de um campo de futebol. Ao chegar a esse local,
Rogério entrou sem cerimônia e dirigiu-se ao Antônio
Silva (tido como Benzedor do
lugar). Ele mesmo reconheceu o homem, naquela casa humilde, e explicou
que ali fora buscar o objeto que lhe confiara há mais de vinte
anos. Indicou em um canto onde estava um altar com o oratório,
com diversas pequenas estatuetas de santos, a que lhe pertencia.
Tomou-a e acrescentou ao curador: ‘Eu também fui curador
e preciso corrigir muitas coisas. Com essa imagem você não
vai ganhar mais dinheiro. Isto é um pecado muito grande...’.
Interessante, o Cinza não discutiu nada e nem reclamou coisa
alguma da criança.
Deixou que ela tomasse a estatueta e a retirasse de sua casa. Contou,
dias após, a mãe do Rogério, que logo que eles
saíram o Antônio Silva ajoelhou-se no chão batido
de sua casinha e começou a chorar e pronunciou estas imprecações:
- Meu Deus como é que esse menino soube disto?”
(p. 349-350).
CONCLUSÕES
Por tudo quanto foi visto até agora, percebe-se que a ciência
tem avançado e muito na busca de compreender e confirmar a reencarnação
como uma lei natural do Universo.
Em referência a todos os casos aqui apresentados e àqueles
outros encontrados na literatura que trata a respeito dessa matéria,
o que se tem buscado é um modelo que tenha poder de explicação
que, de forma racional, justifique o comportamento das personalidades
analisadas, no plano de carne e no plano espiritual.
Sem dúvida, que a tese reencarnacionista tem demonstrado uma
grande capacidade resolutiva, em relação a outras teses
levantadas pelos críticos das vidas sucessivas.
Por isso, cabe trazer à luz a palavra do ilustre GOSWAMI, quando
diz textualmente:
“Isso
me lembra uma história. Um garoto fez um desenho. Quando ele
mostrou para os adultos, estes o elogiaram pelo belo desenho de uma
cartola. ‘Mas não é uma cartola’, disse
o garoto. ‘É um elefante anão engolido por uma
jibóia’. No entanto, apesar dos protestos do menino,
os adultos só conseguiram ver uma cartola.
O leitor lembrou-se da história? Está em O pequeno
príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry.
Talvez esta história represente melhor a incapacidade de muitos
cientistas para admitir que há substância nas pesquisas
sobre a morte e a reencarnação das últimas décadas,
substância suficiente para orientar a pesquisa teórica.
Esses cientistas sofrem de uma síndrome que alguns chamam de
‘vejo a coisa quando acredito nela’” (2005,
p. 88).
Na verdade, o que se percebe, ao longo
dos últimos anos é um somatório de evidências,
calcadas em investigações científicas apoiadas
nas mais variadas metodologias, que avançam de forma rápida
para uma comprovação racional da reencarnação.
Veja-se o que nos diz ANDRADE, a respeito:
“Desses
estudos muita coisa surgirá acerca do renascimento. A reencarnação
que, há algum tempo, era considerada uma simples crença
e até mesmo uma superstição, está atualmente
ganhando outro nível conceitual nos meios mais cultos. O conceito
da verdade está, sem dúvida, na evidência dos
fatos. Desse modo, podemos esperar serenamente que a reencarnação
será, um dia, reconhecida como mais uma lei biológica:
talvez a mais importante de todas elas” (2012,
p. 363-364).
Não é
demais lembrar o belo pensamento de Rubens C. Romanelli, trazido por
RODRIGUES, e que diz:
“Não
penses que pela porta da morte te evadirás da vida, ou que
pela morte entrarás na vida.
Nunca estivestes ou estarás fora da vida. Toma pois consciência
da vida que jaz em tua intimidade, para tomares consciência
de tua eternidade”...(1985, p.175).
Outro aspecto a
considerar diz respeito às prováveis mudanças que
poderiam ocorrer na conduta da sociedade, a partir da crença
coletiva na reencarnação. A esse respeito, assim se pronuncia
NOVAES:
“A crença
coletiva traria à sociedade uma nova dimensão a respeito
da vida. As pessoas enxergariam mais suas atitudes no presente. Vale
dizer, porém, que tal crença coletiva não elevaria
a sociedade quanto à sua ética. À crença
na reencarnação, deve associar-se uma norma de conduta
ética que conduza os indivíduos a uma nova realidade.
O pensamento cristão é um elemento que, associado à
crença da reencarnação, elevará o ser
humano e melhorará a sociedade” (1995,
p. 145).
É importante frisar que, do ponto
de vista individual, a reencarnação também não
é capaz de ajudar ninguém. Somente a consciência
de que se é um ser reencarnado poderá levar um indivíduo
a um processo de reflexão, que o auxilie na sua transformação
moral, com resultados positivos na sociedade em que vive.
Por essa razão é fundamental que se procure entender que
a reencarnação:
- É um mecanismo onde
se estabelece a justiça divina.
- É o fator primordial
que favorece encontros e desencontros, com esquecimento do passado,
propiciadores de avanços nas relações humanas.
- É necessária
para a compreensão do processo de evolução do
ser humano e da sociedade.
- Deve continuar a exigir um
esforço adicional dos pesquisadores na busca de um modelo racional
que seja capaz de explicar, em bases científicas, o
processo reencarnatório, propiciando, assim, um grande avanço
na melhoria da qualidade de vida individual e coletiva.
Finalmente, corroborando todas as ideias aqui tratadas, trazemos o pensamento
de Ziolkovsky, presidente da Academia de Ciências da União
Soviética em 1957, retratado por RODRIGUES dessa forma:
“Nenhuma coisa pode surgir
do NADA, e não pode desaparecer no NADA. O NADA é uma
abstração mental de criaturas de pequena capacidade
mental” (1985,
p. 180).
Com essa visão, podemos
concluir com a célebre frase posta no túmulo de Allan
Kardec, que diz:
NASCER, MORRER, RENASCER AINDA
E
PROGREDIR SEM CESSAR,
TAL É A LEI.
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Fonte: https://revistacienciaespirita.files.wordpress.com/2016/01/ciencia-espirita-dez-20151.pdf
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