É
sempre uma alegria muito grande encontrar um livro que recorde e
ratifique historicamente estes acontecimentos
no primeiro, segundo e terceiro século, depois do Cristo.
Como professor de Judaísmo e Cristianismo
Primitivo, posso avaliar a importância deste trabalho do Dr.
Cesar Perri sobretudo, porque ele ressuscita o Evangelho de Jesus
sob a visão científica da história, relacionando-a
com a ciência Espírita. As nossas pesquisas nos levam
a afirmar que entre todas as religiões constituídas
com seus postulados e corpo filosófico, a que mais se aproxima
do cristianismo dos primeiros séculos é o Espiritismo.
Por isso, o Espiritismo pode ser chamado de o cristianismo
redivivo de Jesus. O papel principal do Espiritismo é ressuscitar
a mensagem original do Evangelho de Jesus, que se desvirtuou, se
perdeu no tempo e continua tão esquecida pelos que se intitulam
cristãos.
Neste trabalho, o Dr. Cesar Perri
traz riquíssimas informações históricas,
que nos levam a sentir todo o calor daquela época tão
repleta das energias reconfortadoras de Jesus, testemunhadas pelos
apóstolos. O autor utiliza uma bibliografia muito pertinente
ao que ele se propõe realizar, desde o início do livro.
O livro inicia com as aparições
de Jesus a partir do domingo da ressurreição, a Maria
de Madalena, depois aos apóstolos e por último, a
Paulo de Tarso e nos faz reviver a importância daqueles momentos
de luzes trazidos por ele. Todas as aparições de Jesus
foram importantíssimas para soerguer o ânimo daqueles
homens tristes e deprimidos pela morte do seu líder. Por
último, Jesus aparece a Paulo de Tarso convocando-o para
a tarefa missionária. No cristianismo primitivo, o papel
de Paulo é retratado com muita realidade e reflete toda a
importância que ele representou com o seu apostolado na Anatólia
ou antiga Ásia Menor, atual Turquia. Os cristãos dos
primeiros séculos respiravam, testemunhavam e viviam o amor
de Jesus em sua plenitude e aqui é retratado com muito realismo.
O autor utiliza uma bibliografia
que vai desde historiadores do Cristianismo Primitivo como Corbin,
Rops, Chevitarese, Gibbon, Lopes, Blayney e o Patrístico
Eusébio de Cesareia formando uma ligação com
autores espíritas como Leon Denis, Kardec e Chico Xavier.
Este último corpo de autores são utilizados como suporte
para o objetivo do trabalho que é apresentar a visão
Espírita do Cristianismo Primitivo. O autor visitou muitos
dos locais onde ocorreram os fatos narrados no livro e isto faz
com que o trabalho consiga unir história, geografia, Evangelho
e Ciência Espírita com riqueza de detalhes e muita
realidade.
A proposta do livro foi bem cumprida
no sentido de que o autor conseguiu narrar historicamente o cristianismo
nos quatro primeiros séculos. Iniciando com os evangelistas,
trazendo na sequência a importância e o papel de Paulo
de Tarso, como principal divulgador da mensagem de Jesus. Analisa
o papel de Simão Pedro, de Inácio de Antioquia e Clemente
de Roma, como as primeiras lideranças do cristianismo, no
primeiro século.
Um levantamento histórico
é realizado em relação aos imperadores romanos
e suas influências e perseguições aos seguidores
de Jesus e mártires do cristianismo. Desde Galba (68 e 69
d.C.) até Galério Maximiano (305-311), Maximino Daia
(305-313) e Constantino (306-337), foram cerca de 30 biografias
levantadas com suas importantes influências no início
do cristianismo. Uma busca de fôlego e uma contribuição
histórica de grande marco para os pesquisadores do cristianismo.
O trabalho ainda se estende ao período
do século IV, época em que foi lançado o edito
de Milão e as polêmicas que envolveram o Concílio
de Niceia (325), o Arianismo e outras polêmicas, terminando
com a expansão e os desvios do cristianismo. A visão
Espírita, alicerçada e projetada por entre os fatos
históricos, enriquecem o livro e nos entrega uma exegese
histórica de grande valor para o entendimento dos fatos.
Conclui o autor, com esta citação
benéfica da mesma obra de Kardec O Evangelho Segundo
o Espiritismo, Capítulo XI, item 8, nos fazendo refletir
e compreender a nossa responsabilidade frente a necessidade de resgatar
a cristalinidade do Evangelho de Jesus e procurar viver a sua essência
em nossa vida quotidiana:
“[…] A história
da cristandade fala de mártires que se encaminhavam alegres
para o suplício. Hoje, na vossa sociedade, para serdes cristãos,
não se vos faz mister nem o holocausto do martírio,
nem o sacrifício da vida, mas única e exclusivamente
o sacrifício do vosso egoísmo, do vosso orgulho e
da vossa vaidade. Triunfareis, se a caridade vos inspirar e vos
sustentar a fé.”
A literatura sobre Cristianismo
e Espiritismo fica muito enriquecida com esta obra.
(*) Severino Celestino da Silva
– prefaciou a obra citada. Prof. Titular da Universidade Federal
da Paraíba-UFPB. Pós-doutor em Ciências da Religião
pela Pontifícia Universidade Católica de Goiânia-Go.
Prof. Fundador do Curso de Ciências das Religiões da
UFPB. Prof. de Judaísmo e Cristianismo Primitivo no Curso
de graduação a nível Bacharelado e Licenciatura
em Ciências das Religiões da UFPB