Alvo de enorme controvérsia,
o livro Grito de Guerra da Mãe-Tigre, publicado no Brasil pela
Editora Intrínseca, da chinesa/americana Amy Chua, 48 anos,
professora de direito, e atual best-seller na América do Norte,
nos remete pra muito além do assunto ali tratado, ou seja,
um método à chinesa para a criação de
filhos.
O polêmico método apresentado
que inclui ameaçar, chantagear, proibir internet, TV, celular,
em casos de desobediência, não permitir que se alimente
ou vá ao banheiro até que se consiga fazer determinada
tarefa, chamar as crianças de lixo e até mesmo xingá-las,
além de não aceitar nenhuma nota que não seja
"A" - pois resultado insatisfatório é sinônimo
de preguiça, cujo modelo baseia-se quase que exclusivamente
no sucesso, faz com que qualquer mãe brasileira, que se considere
linha-dura, sinta-se uma manteiga derretida.
Mas, muito mais importante que o controverso
conteúdo do livro, é a demonstração de
que estamos, querendo ou não, adentrando a influência
da maior – há quem ainda diga que não –
e a que mais cresce na economia do mundo, a China.
Os maiores prédios do mundo,
a maior usina hidrelétrica, a maior ponte, o hotel mais luxuoso,
os melhores atletas, os melhores artistas – e tudo o que há
de mais, maior e até melhor hoje em dia – estão
na China. Além de que nossos sapatos, tecidos, máquinas,
equipamentos, veículos, brinquedos e tudo o mais também
vêm da China.
Enquanto os antigos "donos do
mundo" cuidam de suas crises, na rabeira da China vem a Índia,
e, atrás dessa, o Brasil, seguido da Rússia. Esse grupo
tem sido denominado de B.R.I.C. - de Brasil, Rússia, Índia
e China e é quem tem dado as cartas no mundo, ou melhor, é
quem ainda tem tido condição de bancar as apostas no
jogo econômico mundial.
Seguindo o raciocínio, se a
Europa antiga, representada por Portugal e Espanha, conquistou o mundo
e levou consigo o catolicismo à era moderna representada pela
Inglaterra e os Estados Unidos, ao dominarem terras, nações
e povos, levaram consigo o protestantismo, aí vem a pergunta
que não quer calar: o que virá com o domínio
da China, Índia e Rússia?
Quanto à Rússia não
teremos maiores dificuldades de imaginar. Formada em longo período
de comunismo onde a não religião era a tônica,
não tem muito o que apresentar nesse sentido, nem mesmo faz
muita questão, e a religião predominante naquele país,
o catolicismo ortodoxo, não apresenta grande chance de difusão,
pois claro está ficando que o mundo caminha no sentido contrário
às ideias, enquanto ortodoxas.
Assim, a novidade parece que virá
da China e da Índia. A China tem para apresentar, e num segundo
momento impor ao mundo, o Confucionismo (ensinamento dos sábios),
já a Índia, o Hinduísmo. A grosso modo e em análise
bastante superficial, seria o Confucionismo a religião sem
Deus, por outro lado, o Hinduísmo a religião com infinitos
deuses.
Num primeiro momento essa apresentação
pode parecer absurda, mas é fato, pois muito mais que religiões,
o Confucionismo e o Hinduísmo são doutrinas, filosofias,
princípios, modo de ser enquanto pessoa, forma de comportamento
em vida, ideias filosóficas, abordagens pedagógicas,
políticas, religiosas e morais, através da disciplina,
estudo, consciência política, trabalho e respeito aos
valores.
Diferentemente da maioria das religiões
ocidentais que pregam o Cristianismo e são organizadas basicamente
em hierarquia, obediência, rituais, dogmas, o Confucionismo
e o Hinduísmo nada disso possuem, buscam por outro lado orientar
para a busca da boa natureza do homem.
É nesse momento que o Brasil
entra, e com grande responsabilidade, perante o planeta e a humanidade.
O mais cristão dos B.R.I.C., o Brasil terá que apresentar
algo ao mundo, aonde nossa influência chegar, ou, por outro
lado, dependendo do que apresentarmos ao mundo, nossa influência
chegará.
As religiões cristãs
com atuação no Brasil deverão, também,
passar por uma reciclagem considerável, se desvencilhando da
orientação europeia-anglo-americana, até como
forma de se sustentar ante a nova ordem mundial que caminha no sentido
de se apresentar orientações para o crescimento do homem
e não apenas para sua salvação, dando-se ênfase
para as questões filosóficas/principiológicas/doutrinárias/integrativas.
O Brasil tem hoje o maior contingente
espírita do planeta. Doutrina Cristã com origem na França
e que, se um dia foi perseguida, mal interpretada e até proibida,
hoje goza de enorme prestígio, admiração e quantidade
de membros, tornando-se uma religião/doutrina/filosofia puramente
à brasileira, surgindo assim como hipótese adequada
para apresentação do Brasil ao mundo, bem mais completa
e adequada do que têm a apresentar China, Índia e Rússia.
A Doutrina Espírita não
busca nem nunca buscou qualquer tipo de domínio religioso,
mas é certo que sua filosofia encanta e esclarece, assim como
as religiões irmãs, porém, desatrelada de amarras
que remetem mais ao modo de ser europeu-romano/anglo/americano, se
distanciando do jeito do brasileiro, que encanta o mundo, apresenta-se
como modelo ou orientação a serem seguidos.
De forma alguma estamos pregando a
desnecessidade ou o fim das demais religiões irmãs,
cristãs, estabelecidas em nosso país, muito pelo contrário,
como opções para o crescimento espiritual são
por demais necessárias, úteis, divinas e desenvolvem
suas tarefas com maestria. Porém, fato é que mudanças
para adequação ao que virá deverão ocorrer,
transferindo a orientação Europeia/Americana para formas
mais brasileiras, com nosso modo e jeito, e como se ouve no meio espírita
"o Espiritismo não é a religião do futuro,
mas o futuro das religiões", há que se adequar
para a profecia que encontramos no livro de Humberto de Campos, psicografia
de Chico Xavier, do Brasil: Coração do Mundo, Pátria
do Evangelho.