Desde a mais remota antiguidade,
encontraremos no seio dos povos um ideal superior de progresso. Este,
como é natural, surge através do trabalho intensivo dos
membros das sociedades, do esforço coletivo e conjugado de todos
os órgãos que compõem as comunidades.
Todavia, de permeio com essa dinâmica evolutiva, queremos ressaltar
a situação daqueles que, na condição de
autênticos promotores da Civilização e do Progresso,
impulsionam nações, transformam idéias, criam sistemas
de melhoramentos para as condições de vida de indivíduos
e povos, e como que carregam em si as mais potentes virtudes do adiantamento
e do avanço de idéias e realizações, deixando
sobre a face da Terra os sinais indiscutíveis de sua superioridade
intelecto-moral traduzida em obras de real interesse individual e coletivo.
Houve, há e haverá sempre criaturas assim, que, segundo
sabemos, são Espíritos iluminados, enviados à Terra
com a missão expressa e a finalidade precípua de fazê-la
progredir.
Não pretendemos aqui fazer citações daqueles povos
em cujos países floresceram obreiros e heróis de todos
os matizes, mas apenas salientar que, tendo o Orbe Terreno atingido
um alto índice de conhecimentos técnico-científicos,
não lograram seus habitantes assentá-los sobre bases sólidas.
Passaram, multiplicaram-se e revezaram-se arautos e vanguardeiros da
Civilização e do Progresso, porém, a grande, a
inexcusável verdade é que o coração do Homem
permanece fechado aos apelos do Alto, em terrível crise abúlica
do sentimento, sofrendo de visível acromegalia em seu corpo associativo.
Antes de nos estendermos mais sobre tão momentoso quão
palpitante assunto, recorramos à Codificação Kardequiana
e atentemos para a orientação que, nesse sentido, nos
vem de Mais Alto.
Vejamos os desdobramentos da pergunta 780 de O Livro dos
Espíritos e as sapientíssimas respostas
dos Espíritos Reveladores, dadas a Allan Kardec:
O progresso
moral acompanha sempre o progresso intelectual?
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”
a) – Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso
moral?
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde
então, pode escolher.
O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência
e aumenta a responsabilidade dos atos.”
b) – Como é, nesse caso, que, muitas vezes, sucede
serem os povos mais instruídos os mais pervertidos também?
“O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém,
como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto
não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer
que se sirvam da inteligência para a prática do mal.
O moral e a inteligência são duas forças que só
com o tempo chegam a equilibrar-se.”
Diante de tão oportunos e importantes esclarecimentos,
concluímos facilmente que o fenômeno atualmente apresentado
no Globo Terráqueo deixa de oferecer dificuldades de apreciação
e entendimento.
O verdadeiro progresso de um povo, de uma nação estribar-se-á
necessariamente nas suas conquistas morais e intelectuais e, quando
tal não se verifica, apresentam-se anomalias no seio das coletividades,
em forma de convulsões de toda espécie.
Levando-se em conta que essas ponderações se aplicam a
todos os povos, depreender-se-á daí o lastimável
aspecto que eles nos apresentam, por efeito dos desvios do Homem que
aviltou a sua própria consciência e o seu senso de responsabilidade,
dando às descobertas científicas aplicação
para a guerra, como se o extermínio fosse Lei de Morte para a
Vida.
Sobre a Civilização, vejamos ainda, em O Livro
dos Espíritos, a pergunta 793 e a respectiva resposta:
Por que
indícios se pode reconhecer uma civilização completa?
“Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes
que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas
e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e
vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente
o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade
houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como
irmãos, praticando a caridade cristã. Até então,
sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira
fase da civilização.”
Ante tais assertivas,
emanadas de Espíritos de escol, lastreadas pelo consenso da lógica,
resta-nos somente confessar que longe estamos das verdadeiras metas
da Civilização, daquela que há de imperar no futuro,
quando da regeneração do Planeta.
A nós, espíritas, compete o dever inadiável de,
à luz do Evangelho de Jesus Cristo, batalharmos pela implantação
dos princípios cristãos, acrisolarmos virtudes e fugirmos
às esdrúxulas fórmulas de renovação
calcadas em extremismos de violência, cientes das luminosas palavras
de André Luiz: “O homem renovado para o Bem é
a garantia substancial da felicidade humana.”