Resumo:
O presente estudo tem como objetivo
analisar a concepção de doença em religiões
brasileiras. Sob a perspectiva da teoria das Representações
Sociais, busca-se a identificação das interpretações
da causalidade dos processos mórbidos sob o ponto de vista
de católicos, evangélicos e praticantes dos cultos afro-brasileiros
(umbanda e candomblé). Com esse intuito, é proposta
uma discussão para a definição dos termos doença
e religião, além de uma análise da relação
dessa última com a medicina.
Os modelos etiológicos e as
concepções populares sobre a doença revelam a
importância de se conhecer as representações de
saúde/doença enquanto balizadoras de comportamentos
sociais de proteção, exclusão e assistência
aos indivíduos enfermos. A história das representações
de saúde/doença foram sempre pautadas pela inter-relação
dos seres humanos e seus corpos com diversos elementos naturais, sociais
e sobrenaturais. Em decorrência da função terapêutica
desempenhada pelas religiões ao longo dos séculos, crenças
religiosas permeiam essas representações e levaram,
inevitavelmente, a uma moralização das enfermidades.
Essa constatação acaba mostrando que quando se trata
de representações sociais da doença observa-se
mais permanências do que mudanças no decorrer dos anos.
A moralização das doenças aliada à elevação
da saúde ao estatuto de "ideal social" pela medicina
moderna e pelas religiões no geral influem na maneira como
os agentes sociais afetados pela doença, e os grupos religiosos
aos quais pertencem, lidam com o sofrimento. As questões sobre
a razão das doenças desloca-se do como? para
o por que? e a doença, antes concebida como uma mera
alteração fisiológica, tem seus domínios
estendidos para além do corpo.
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