Caibar Schutel
> Dispenseiros da comuna
Nesses dias, porém, crescendo o número
dos discípulos, houve uma murmuração dos
helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles
eram esquecidas na distribuição diária. E
os doze convocaram a comunidade dos discípulos e disseram:
Não é justo que nós abandonemos a palavra
de Deus e sirvamos às mesas. Mas, irmãos, escolhei
dentre vós, sete homens de boa reputação,
cheio de Espírito e de sabedoria aos quais encarregaremos
deste serviço; e nós atenderemos de contínuo
à oração e ao ministério da palavra.
E o parecer agradou a toda a comunidade, e eles escolheram Estevão,
homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filippe,
Procoro, Nicanor, Timon, Parmenas, e Nicolau, prosélito
de Antioquia, e apresentaram-nos perante os Apóstolos,
e estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos.
— Cap. VI, – 1–6.
O Estabelecimento da Comuna, entre os cristãos,
tornou-se um fato. Foi necessário a nomeação
de dispenseiros, sem o que ficaria prejudicado o trabalho dos Apóstolos.
Como poderiam eles satisfazer seus compromissos doutrinários,
dedicarem-se à oração, à cura de enfermos,
etc., se ficassem ocupados com a recepção das coisas
materiais e sua repartição entre toda a comunidade!
Demais, não queriam a seu cargo as finanças da Comuna.
Deliberaram entregar essa tarefa a pessoas dedicadas, solícitas,
de espírito de justiça e sem outros compromissos especificados.
Foi assim que concordaram escolher sete varões, dentre os quais
se salientava o poderoso médium (homem cheio de fé e
do Espírito Santo) Estevão, que, como veremos adiante,
sofreu grande perseguição do farisaísmo, sendo
apedrejado, de cuja morte participou Saulo, como ele próprio
afirmou depois de convertido em Paulo.
A organização da Comuna tornou-se um fato de grande
importância na Judéia, tendo sido esta instituição
provavelmente muito combatida, pois, de forma alguma poderia agradar
ao sacerdotalismo dominante, nem ao capitalismo, que viam naquelas
idéias novas um perigo para a sua fortuna, para seu apego ao
mando e às posições.
Os "Atos" não dão notícia circunstanciada
da nova instituição cristã, mas é presumível
que ela se mantinha como uma organização admirável.
Basta ver a boa vontade com que todos os aderentes se despojavam do
que tinham, entregando seus haveres à Comunidade, para compreender
que a classe laboriosa congregada à Comuna, fazia o mesmo com
seus salários para a manutenção de tal instituição.
Esta afirmação é concludente, pois não
se poderia conceber que uma multidão composta de mais de cinco
mil homens vivesse em completa indolência, unicamente rezando.
Naturalmente antes de irem para o trabalho deveriam fazer suas orações,
e à noite, estudos evangélicos sob a direção
de alguns Apóstolos, bem como orações, mas durante
o dia entregavam-se ao labor cotidiano, tanto mais que a Comuna se
compunha de homens do trabalho, lavradores, operários, pescadores,
tecelões, etc.
A concepção dos Apóstolos sobre a fundação
da Comuna, pode ser considerada como uma ideia muito adiantada para
aqueles tempos. Mesmo agora, se ela fosse estabelecida, não
vingaria. Ideia prematura, é ideia irrealizável, e quando
chega a realizar-se a sua execução é de pouca
duração. Foi o que aconteceu no tempo da propaganda
do Cristianismo.
Não discutiremos nesta obra as vantagens ou desvantagens do
estabelecimento das Comunas na nossa época. Basta dizer que
a Comuna Cristã não deu resultado. Aquele que quer praticar
a Doutrina de Jesus Cristo, não trabalha mesmo para si, mas
sim para a Comunidade. Somos devedores à Humanidade de tudo
o que possuímos, porque esta vive perfeitamente sem o concurso
de qualquer de nós e qualquer de nós não pode
viver sem ela.
As doutrinas personalistas, que têm por mira o Capitalismo,
são egoístas e anticristãs, pois o Cristo ordenou
a seus discípulos o "amor do próximo" e o
Capitalismo é o amor pessoal, quando muito limitado ao amor
da família.
Seja como for, as pregações dos Apóstolos, assistidos
pelos Espíritos da sábia falange, deram magníficos
resultados, aumentando todos os dias o número de crentes, e
até sacerdotes se convertiam à nova Fé.
Fonte: Bibliografia:
SCHUTEL, Caibar. Vida e atos dos apóstolos. Matão: Casa
Editora o Clarim. 1981. p. 58-60
https://luzdoespiritismo.com/wp-content/uploads/2013/07/CairbarVidaeatosdosApostolos.pdf
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