Para falar de como nossa sociedade considera a questão
da morte e finitude humanas e quais implicações isso
teria no ensino dos cuidados paliativos, uma das maneiras certamente
mais legítimas e interessantes consiste em fazer uma pesquisa
empírica sobre as percepções que as pessoas têm
dos cuidados paliativos e compará-las com as práticas
e o ensino dos cuidados paliativos.
No entanto, pode-se proceder também de outra maneira, começando
pelo esclarecimento
conceitual dos termos envolvidos no debate emergente sobre os cuidados
paliativos, ver
quais são os vínculos existentes entre os sentidos de
cada termo e ver qual tipo de narrativa eles permitem ter.
Embora ambos os métodos sejam igualmente legítimos,
considero a operação de esclarecimento dos termos condição
necessária para um discurso correto sobre o ensino dos cuidados
paliativos visto que permite em princípio evitar mal-entendidos
sobre o que se está falando, sobre o que se pretende fazer
e para quê.
Aqui adotarei o segundo caminho pois é com ele que lido melhor
devido à minha formação de aprendiz de filósofo,
o qual – como ensinava Deleuze – deve tentar transformar
as perguntas formuladas pelos outros em suas próprias perguntas,
formuladas em sua linguagem própria, porque somente assim terá
alguma chance de dizer algo de sensato e, eventualmente, de novo,
ao invés de devolver ao interlocutor suas perguntas empobrecidas
e distorcidas.
Para tanto iniciarei apresentando os conceitos de morte e finitude,
articulados discursivamente com os outros dois conceitos – de
vulnerabilidade e proteção - que considero necessários
para dar o sentido pleno aos cuidados paliativos.
MORTE, FINITUDE, VULNERABILIDADE E PROTEÇÃO
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Apresentado na II Jornada de cuidados
paliativos e dor: corpo mente e alma em foco.
Fermin Roland Schramm
PhD, Pesquisador Associado da Escola Nacional de Saúde Pública
(ENSP-FIOCRUZ) e Consultor de Bioética do Instituto Nacional
do Câncer (INCA).