Consultando as páginas
de qualquer Dicionário de Língua Portuguesa, vamos encontrar
o conceito de deficiência como sendo: falta, insuficiência,
imperfeição.
Ao ouvirmos tal palavra,
somos, invariavelmente, levados a pensar sobre aqueles que trazem
restrições de natureza física, oriundas, naturalmente,
dos compromissos assumidos em sua programação existencial
ou reencarnatória e, automaticamente, nos vêm sentimentos
os mais diversos quanto contraditórios, desde a piedade pela
situação até a mais completa indignação
com o descaso das "autoridades" políticas da nossa
cidade ou País.
Em momento algum
- com raras exceções - ocorre-nos que nós, cidadãos
comuns, espíritas, poderíamos dar a nossa parcela de
contribuição, no sentido de minimizar ou aliviar a provação
desses, propondo ou criando meios para reduzir-lhes os empecilhos
da marcha.
De uma maneira geral,
quais seriam os desejos daqueles que se vêem na situação
da limitação física, perguntamos? Responderão
muitos: seguramente, o respeito da sociedade e das Instituições;
a liberdade para poderem deslocar-se e integrar-se com facilidade;
a autonomia, sobretudo, para escolherem aonde ir e chegar até
lá, sem constrangimento, além dos que possuem consigo.
Argumentaremos, ainda,
outros, que nada podemos fazer, além de cobrar medidas urgentes
dos nossos administradores.
Ora, amigos! Basta lancemos
um olhar sobre as nossas Instituições, notadamente,
aquelas das quais participamos e nas quais investimos os nossos melhores
esforços, no sentido de dar todas as condições
de conforto espiritual e material para os que das suas instalações
usufruem.
O detalhe, entretanto,
é que, pouquíssimas vezes imaginamos que uma pessoa
com deficiência física possa procurar por uma Casa Espírita,
a fim de ali, também, encontrar aquilo que já encontramos.
Quantos são
os que nessa situação participam de nosso Grupo? Será
que não há nenhum espírita ou pretendente que
esteja nesta posição? Será que o Espiritismo
e o Centro Espírita são para eles, igualmente?
A população de indivíduos
com deficiências (sem contar gestante e idosos, que
igualmente têm as suas limitações) é significativa.
E se pararmos para pensar, além disso, que a Doutrina Espírita,
por seu caráter consolador é, por si só, um "atrativo"
para essas almas, vamos ter entre nós muitos desses companheiros
buscando as nossas Casas. Se a isso somarmos gestantes, idosos, crianças
até, este volume vai aumentar mais ainda.
Mas, alegremo-nos, as soluções
não são, de uma maneira geral, difíceis e estão
ao alcance de freqüentadores, trabalhadores e diretoria dos Núcleos
Espiritistas.
Verifiquemos, reflitamos
sobre quantos são os obstáculos físicos que uma
pessoa nestas circunstâncias deverá enfrentar, até
que chegue ao local desejado na nossa Casa. Vejamos, à guisa
de ilustração, como poderíamos começar
a colaborar, efetivamente, e a dar a nossa quota de exemplificação,
no que se refere à integração e promoção
sociais:
-
estudar, junto à Prefeitura
local, possibilidade de reservar vaga de automóvel para
deficiente no estacionamento público (o da rua). Porém,
se o Centro tem estacionamento próprio, destinar uma ou
mais vagas para deficientes; preferencialmente próximas
às portas de acesso;
-
eliminar os desníveis
do meio fio, através do rebaixamento das guias, respeitando-se
a inclinação de 8% (aproximadamente 5 graus; uma
rampa bem suave, portanto);
-
criar rampas - suprimindo degraus
_ a partir de 2m para dentro do alinhamento predial, incluindo-se
as portas de acesso externas e as internas (é proibido
fazê-lo no passeio público, pois, com isso, estaríamos
gerando outros degraus transversais para quem por ele transitasse).
Essas rampas não devem ter inclinação superior
a 8%, ou seja, para cada metro horizontal, subir 8cm na vertical;
-
alargar as portas internas,
permitindo-se, por exemplo, que por elas passe cadeira de rodas,
além dos braços daquele que a movimenta;
-
prever espaço em auditórios
e salas de trabalho para posicionamento de cadeira de rodas ou
similares. Percebam que isso também pode servir para carrinhos
de bebês;
-
facilitar deslocamento interno
- largura de corredores e tipo de piso adequados e seguros para
tráfego de pessoas com limitações físicas;
-
instalar duchas higiênicas
e barras de apoio nos banheiros. Há muitos produtos no
mercado.
Há Legislação
específica que trata dos direitos, além dos
parâmetros construtivos para deficiências físicas.
Vamos cogitar, por nossa vez, sobre alguns destes pontos.
Enfim, reunamos os colaboradores
e os usuários do nosso Grupo, a fim de estudar, em
conjunto, soluções práticas e exeqüíveis
para, de toda maneira, estimular a participação, a integração
e valorizar essas potencialidades que jazem tolhidas, muitas vezes
até, pela impossibilidade de participarem das atividades do
Centro Espírita.
E, voltando à questão
inicial, podemos dizer que a deficiência, realmente,
está em nós mesmos, nas imperfeições das
nossas edificações, na insuficiência de equipamentos
e recursos das instituições, que não atendem
a estas questões de significativa importância.
É hora de começarmos
a perceber que podemos contribuir ainda mais do que
já o fazemos, começando por melhorar estes pequenos
aspectos, transformando o nosso ambiente de labor espírita
em lugar acessível, de fato, a todos quantos o procuram para,
ali, receber e dar devida atenção e apoio.