As perspectivas aqui exploradas originam-se num caso
historicamente situado e limitado: a distinção de estratégia
pastoral (e política) estabelecida na primeira parte do século
XX pela Igreja católica em Portugal entre “romaria”
e “peregrinação”. A primeira sendo uma manifestação
religiosa complexa e atavicamente popular, orientada para uma “sacralização”
da existência humana na sua própria dimensão profana;
a outra uma transfiguração “sacramental”
desta existência, sublimada através dos ritos eclesiásticos
oficiais.
Dois modelos ideal-típicos, que suportam gradações,
pesos relativos e dominâncias, variadas compatibilizações
enfim, e cuja aplicação generalizante na história
tem sentido. Pois eles abarcam diferentes modos de assumir uma relação
“peregrina” com o tempo, o espaço, o corpo, a dimensão
coletiva. Acrescenta-se a presença de outras dialéticas,
em certa medida sempre remodeladoras, eventualmente até fatores
de transição entre um e outro modelo: as da relação
entre dimensão religiosa e dimensão política,
entre jornada devota e excursão turística.
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Pierre Sanchis
Universidade Federal de Minas Gerais
Doctor en Sociología por la École des
hautes études en sciences sociales. Profesor de la Universidad
Federal de Minas Gerais (UFMG).
SANCHIS, P. Peregrinação e romaria:
um lugar para o turismo religioso. Ciencias Sociales y Religión/Ciências
Sociais e Religião, Campinas, SP, v. 8, n. 8, p. 85–97,
2020. DOI: 10.22456/1982-2650.2294. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/csr/article/view/13240.
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