Vamos transcrever, em continuação,
o texto do Primeiro Livro dos Espíritos que se segue:
“Seja ele o que for (princípio
vital), há um fato que ninguém poderia contestar,
por ser resultado de observação: É o fato que
os seres orgânicos, possuem em si uma força intrínseca
que produz o fenômeno da vida enquanto essa força existe;
que a vida física é comum a todos os seres orgânicos,
e que tal vida é independente da inteligência e do pensamento;
que inteligência e pensamento são faculdades próprias
de certas espécies orgânicas; que finalmente entre as
espécies orgânicas beneficiadas com a inteligência
e pensamento, existe uma dotada especialmente de senso moral, que
lhe dá incontestável superioridade sobre as outras,
é a espécie humana”.
Já, o texto equivalente de o
Livro dos Espíritos, apresenta a redação seguinte:
“Seja como
for, há um fato que não se poderia contestar, porque
é resultado da observação, e é que os
seres orgânicos têm em si uma força íntima
que produz o fenômeno da vida, tanto que esta força existe;
que a vida material é comum a todos os seres orgânicos
e que ela é independente da inteligência e do pensamento;
que a inteligência e o pensamento são faculdades próprias
de certas espécies orgânicas; enfim que, entre as espécies
orgânicas dotadas de inteligência e de pensamento, há
uma dotada de um senso moral especial que lhe dá uma incontestável
superioridade sobre as outras e que é a espécie humana”.
Embora apareçam palavras diferentes, nos dois textos acima compilados,
observa-se que o sentido de ambos é o mesmo. Vamos, pois, analisá-los,
conjuntamente.
O primeiro aspecto a ser analisado é
o que se refere ao fato dos seres orgânicos possuírem em
si uma força íntima, intrínseca, que produz a chamada
“vida orgânica”. Não se diz
aqui, princípio vital, e sim vida orgânica, que são
conceitos distintos. A vida orgânica, como já estudado,
foi conseqüência da existência de uma causa primária:
o princípio vital, pertinente à matéria, orgânica
e inorgânica.
A vida orgânica surge, em parte,
pelo fornecimento de energia que o Espírito faz à matéria
orgânica que ele aglomera em seu redor, para criar os corpos perispiritual
e físico denso, e em parte pelos mecanismos que ele mesmo criou
nesses corpos, para auto absorverem energia do meio ambiente com o qual
interagem (fluido cósmico universal ou energia cósmica
radiante).
Estudamos, que o Espírito, ser
inteligente do Universo, possui certa fisiologia que o capacita a retirar
desse mesmo universo certa quantidade de energia, que usa para se manter
vivo e atuante. Uma parte da energia máxima que o Espírito
pode retirar do fluido cósmico universal pode ser usada para
ele manter ao seu redor, magneticamente, matéria orgânica
moldada. Assim, toda a energia que o Espírito não consome,
para viver e atuar é transferida magneticamente à matéria
orgânica, na forma de moléculas, células, tecidos,
órgãos, aparelhos e sistemas que constituem os corpos,
perispiritual e físico denso. A energia que os corpos perispiritual
e físico necessitam para se movimentar, reproduzir e produzir
trabalho é obtida por meio de sistemas especiais, criados pela
inteligência do Espírito, capazes de retirar energia do
meio ambiente e de transformá-la na chamada energia vital orgânica.
Poderíamos representar, esquematicamente,
o princípio vital e suas transformações sucessivas
em energia vital espiritual, energia vital perispiritual, energia vital
humana, energia vital animal, energia vital vegetal e energia vital
mineral (cristal) em um gráfico, na forma de reta descendente,
como se segue: A energia contida no principio vital se transforma, do
fim mais nobre para o menos nobre, sucessivamente.
E claro que este gráfico é
apenas ilustrativo e especulativo, por isso não possui valores
nos eixos das ordenadas e abcissas. Assim, a energia vital, para cada
reino da natureza seria conseqüência da transformação
da energia mãe, oriunda do princípio vital, obtido na
origem do Universo, ou seja, como conseqüência do BIG-BANG,
ou grande explosão que deu origem ao Universo.
A energia vital que os seres orgânicos
necessitam para se movimentar, reproduzir e produzir trabalho é
retirada do meio ambiente onde vivem e transformada, nas moléculas
das células, em energia elétrica específica, denominada
energia vital, energia nervosa, energia magnética, energia animal
ou outro nome qualquer que se lhe dê.
Assim, a energia vital que anima os
corpos perispiritual e físico denso é formada por dois
componentes distintos, com funções diferentes. O primeiro
componente refere-se a energia fornecida pelo Espírito, com objetivo
de manter as moléculas, células, tecidos, órgãos,
aparelhos e sistemas unidos, coesos, magneticamente. Por isso, os corpos
perispiritual e físico denso são constituídos pelos
mesmos elementos químicos, possuindo apenas densidades diferentes,
ou seja, para o mesmo volume corporal o número de células
do corpo perispiritual é bem inferior ao número de células
do corpo físico denso. O segundo componente refere-se a energia
que os sistemas respiratórios e digestivos desses dois corpos
podem obter a partir do ar atmosférico e dos alimentos ingeridos.
É claro que os processos pelos quais o Espírito, o perispírito
e o corpo humano retiram energia do meio ambiente diferem um dos outros,
de acordo com o tipo de fisiologia de que é dotado cada corpo.
Podemos, portanto, representar a energia
vital necessária aos corpos perispiritual e físico denso,
pela equação do tipo:
E |
= |
E |
+ |
E |
Vital |
|
Espírito |
|
Meio Ambiente |
A energia retirada do meio ambiente,
necessária ao mecanismo vital, é obtida por meio dos processos
de respiração e de nutrição, para todos
os seres orgânicos, embora os mecanismos de captação
e de transformação energética variem acentuadamente,
de espécie para espécie.
Os alimentos são importantes
para o organismo porque atuam como fontes de energia, como matéria-prima
do crescimento, de reconstituição de partes dele e ainda
como reguladores de diversas funções orgânicas.
Por isso, podem ser classificados como plásticos, energéticos,
mistos e reguladores.
Plásticos são os alimentos
utilizados na estrutura do organismo e na construção de
componentes das células. Um exemplo típico de alimentos
plásticos são as proteínas (carne, leite, ovos,
soja, queijo, gelatina, feijão, etc.).
Energéticos são os elementos
usados diretamente como fontes de energia necessária as atividades
vitais. Pode-se incluir nessa categoria os carboidratos (cana de açúcar,
beterraba, arroz, milho, trigo). Nesse caso, a energia é obtida
por meio da oxidação dos alimentos realizada no interior
das mitocôndrias.
Mistos são os alimentos que contribuem
para o desenvolvimento de varias funções ao mesmo tempo:
óleo, manteiga, margarina, ovos, etc.
Reguladores são os alimentos
que controlam as funções vitais, como as vitaminas e os
sais minerais. As vitaminas atuam como agentes ativadores das enzimas
que aceleram o metabolismo celular. São fontes naturais de vitaminas
as frutas, os cereais integrais, o leite, o ovo, etc.
Chama-se digestão o conjunto
de transformações físico-químicas que os
alimentos orgânicos sofrem para se transformarem em compostos
moleculares menores, solúveis em líquidos e absorvíveis
pelos componentes do organismo.
A digestão dos compostos orgânicos
ocorre sempre na presença da água e é catalisada
pelas enzimas digestivas. Este é um dos motivos pelo qual a água
é o maior componente presente no organismo humano.
Existem vários tipos de digestão,
no organismo humano, e de acordo com o local onde ela se desenvolve
recebe nomes diferentes. Temos, assim: a digestão intracelular
(ocorre totalmente no interior da célula); a digestão
extracelular (ocorre totalmente no tubo digestório); extra e
intracelular (inicia-se no tubo digestório e completa-se no interior
da célula); digestão extracorpórea (a digestão
da aranha, por exemplo, não ocorre no seu corpo mas no da própria
presa).
A digestão intracelular ocorre
totalmente no interior da célula e é realizada pelos chamados
lisossomos, que são pequenos vocúolos citoplasmáticos
que possuem membrana lipoprotéica e enzimas digestivas responsáveis
pela digestão de vários tipos de compostos orgânicos.
Se a membrana do lisossomo for perfurada
as enzimas extravasam para o citoplasma e a célula acaba morrendo
por autodigestão.
As moléculas alimentares, de
cadeia pequena, penetram na célula e formam um vacúolo
com alimento, chamado fagossomo. No interior da célula, o lisossomo
se une ao fagossomo formando o vacúolo digestivo. Após
a absorção das partes úteis das moléculas
alimentares forma-se o corpo residual que defeca para o exterior da
célula. Quando o lisossomo digere componentes estruturais da
própria célula forma-se um vacúolo autofágico.
Representa-se esquematicamente, no desenho
abaixo, o processo de digestão intracelular. Vacúolos
são espaços cheios de líquido incolor que se formam
no protoplasma das células.
A digestão extracelular ocorre
totalmente no inteiro do tubo digestório do animal. Ocorre na
maioria dos invertebrados (minhocas), nos protocordados, (anfioxo) e
nos vertebrados (peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos).
Em relação à alimentação, pode-se
afirmar que o homem apresenta especialmente digestão extracelular,
enquanto os lisossomos realizam a digestão de componentes celulares
velhos, que devem ser renovados (autofagia).
A busca de alimentos é tão
antiga quanto os reinos animal e vegetal, porque é a essência
da vida e da sobrevivência do seres que os compõem. No
caso específico do gênero homo, desde seu aparecimento
na crosta terrestre, as tribos nômades primitivas alimentavam-se
de vegetais e animais que lhes eram inferiores. Ao fim do período
paleolítico – por volta de 15.000 ac – o homem transforma-se,
aos poucos, em agricultor e pastor. A colheita torna-se atividade organizada
e o processo evolui gradativamente. Atingi-se o Período Neolítico
e a humanidade começa a realizar sua primeira grande revolução.
A natureza começa ser melhor compreendida e usada em benefício
do próprio homem.
Sabemos que o organismo humano libera
energia em qualquer forma de trabalho que realiza. Para muitos, a idéia
de trabalho está associada à de movimentos “pesados”.
Mas, na realidade, trabalho e, por conseguinte, consumo de energia,
ocorre em qualquer tipo de movimento executado pelos órgãos,
por mais imperceptíveis que pareçam, como o piscar dos
olhos, o deslocamento do sangue pelas veias e artérias, a vibração
das cordas vocais, o movimento dos tímpanos, vibrando sobre o
efeito da pressão da onda sonora, etc., até o levantamento
de pesos grandes. A regra aplica-se, pois aos movimentos voluntários,
andar, sentar, mover os braços, correr, e também aos atos
involuntários, como a respiração, a transmissão
dos impulsos nervosos, etc. Por isso, o organismo humano precisa consumir
grande quantidade de energia, daí a necessidade de ser dotado
de mecanismos que sejam auto produtores de energia elétrica.
Todas as células do organismo
humano, cerca de 50 trilhões, precisam trabalhar continuamente
e, portanto, produzir e consumir energia. Para isso ocorrer elas funcionam
com auto produtoras de energia que geram para consumo próprio
e parcela adicional que pode ser fornecida a outros componentes do sistema
orgânico. Mas, para funcionar, adequadamente, a máquina
corporal necessita de combustível adequado. Em outras palavras,
necessita de alimentos selecionados.
Sabemos que existem seis (6) tipos de
alimentos que fornecem ao organismo humano seus elementos constituintes:
os açúcares, as proteínas, as gorduras, as vitaminas,
os sais minerais e a água. Essas substâncias podem ter
valor energético (fornecimento de energia), plástico (proporcionar
a concentração de materiais de construção)
ou simplesmente, contribuir com grupos químicos necessários
ao funcionamento de algumas enzimas consideradas vitais.
A utilidade de um alimento para o organismo
é proporcional à quantidade de energia que é capaz
de liberar, quando “queimado”. Para medir essa energia utiliza-se
uma unidade de calor, chamada caloria, que corresponde a quantidade
de calor necessária para elevar a temperatura de um grama de
água de um (1) grau centígrado. Por exemplo, um grama
de açúcar, quando queimado pelo organismo, produz quatro
(4) calorias; um grama de proteína produz igualmente quatro (4)
calorias e um grama de gordura gera nove (9) calorias.
A parte da energia produzida pelos alimentos
é convertida em calor para manter a temperatura corporal, porque
somos seres muito sensíveis às bruscas variações
de temperatura que podem levar a morte do corpo humano. Outra parte
é utilizada para a realização de trabalho (secreção
glandular, contração muscular e transporte celular etc.)
que, mais tarde pode-se converter em produção de calor.
Finalmente, uma porção é armazenada (sob forma
de glicogênio e de gorduras) para se transformar em fonte de energia,
quando necessário.
A quantidade de calor perdida diariamente,
pela irradiação cutânea, fezes, urina, suor, expiração,
é igual a quantidade adquirida pela ingestão de alimentos.
O organismo humano possui equilíbrio calórico, como não
podia deixar de ser; o peso e a composição média
de um adulto praticamente não variam de um dia para outro, em
condições normais de funcionamento dos órgãos
que constituem o corpo humano.
A necessidade diária de calorias
varia conforme os casos. Gravidez, lactação, doenças
infecciosas e idade de crescimento são exemplos de situações
especiais, que exigem mais calorias. Um adulto normal, de vida sedentária,
necessita de alimentos que produzam a média de 2.500 calorias
por dia de vida. O excesso não é queimado, depositando-se
no organismo o que acarreta crescimento do peso da pessoa. Já,
uma pessoa que realiza trabalho muscular intenso chega a consumir até
5.000 calorias diárias. Conclui-se daí que o Espírito
criou um corpo humano apto a se movimentar, para realizar trabalho útil,
e não para ficar preso, fixo, imobilizado, situação
em que o acúmulo de energia produz gordura exagerada que dificulta
o funcionamento dos próprios órgãos vitais.
O alimento mais comum e de mais fácil
digestão é representado pelos açúcares ou
hidrato de carbono, sobretudo das espécies tubérculos
(batata, mandioca) e grãos de cereais (arroz, trigo, cevada,
aveia, centeio, milho, etc.). Frutas, verduras, e leite também
são fontes de hidrato de carbono, embora em menor proporção.
Os açúcares são queimados rapidamente, constituindo
os alimentos energéticos por excelência. Numa alimentação
adequada devem contribuir com mais de 50 % de todo o teor energético.
Numa dieta de 3.000 calorias, por exemplo, cerca de 1.600 calorias devem
ser fornecidas por hidratos de carbono.
Os açúcares podem ser
armazenados sob forma de glicogênio – no fígado e
nos músculos, para possível uso futuro. Quando necessário
(no intervalo entre as refeições ou durante o sono, por
exemplo ) a reserva de energia é utilizada. O excesso de açúcar
pode também ser transformado em gordura, que se acumula, então
no tecido adiposo.
As proteínas são substâncias
que participam de toda a estrutura do organismo, formando o seu esqueleto
molecular. A sua importância é indicada pelo próprio
nome, pois a palavra grega protéicos significa principal, em
português. Basta lembrar que entram na constituição
da substância contrátil dos músculos, das enzimas,
dos anticorpos, da hemoglobina e de certos hormônios. Carne, peixe,
ovos, leite e seus derivados são fontes de proteína animal.
Feijão, soja, amendoim, são ricos em proteínas
vegetais. Outros cereais, verduras, batatas e frutas são fontes
pobres. A ingestão protéica deve ser de um grama para
cada quilo de peso. Assim, uma pessoa pesando 70 quilos necessita de
pelo menos 70 gramas de proteínas, fornecidas, sobretudo por
fontes animais.
Vinte e cinco por cento (25%) do valor
calórico de uma dieta normal deve ser representado pelas gorduras,
com possível aumento em caso de grande consumo de energia, pelo
organismo, no desenvolvimento de trabalho. Além do seu valor
intrínseco como fornecedores de calorias, as gorduras são
importantes pelo fato de transportarem as chamadas vitaminas lipossolúveis;
A, D, E e K. Carnes, peixe, manteiga, óleos são algumas
das principais fontes de gordura.
Água, sais minerais (de sódio,
potássio, cálcio, fósforo, ferro, etc.) e vitaminas
não são energéticos, nas desempenham papéis
indispensáveis no organismo humano. A água é o
meio no qual se dão todas as reações químicas
orgânicas; os sais minerais e as vitaminas são imprescindíveis
para que essas reações se realizem e a energia possa ser
aproveitada.
A digestão humana é extracelular,
pois ocorre no interior do tubo digestório. Compreende processos
físicos (mecânicos) como a mastigação, a
deglutição e os movimentos peristálticos. É
também um processo químico, graças a ação
das enzimas secretadas por glândulas anexas.
O aparelho digestório é
fundado pelos órgãos seguintes: boca, faringe, esôfago,
estômago, intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), intestino
grosso (ceco, cólon e reto) e ânus. São órgãos
anexos, as glândulas salivares, o fígado, com a vesícula
biliar e o pâncreas.
O Espírito fornece energia ao
corpo humano para que todos os seus órgãos se mantenham
agregados. Mas, a energia necessária ao funcionamento do comando
vital (cérebro e sistema hormonal) é autoproduzida pelas
células, a partir da absorção de elementos existentes
no meio ambiente e que se encontram dispersos no fluido cósmico
universal ou energia cósmica radiante.
Por isso, é importante entender
como o aparelho digestivo humano atua, comandado pelo cérebro
(que por sua vez é comandado pela mente do Espírito) para
compreender melhor o funcionamento do sistema global na produção
de energia vital. Sem entrar em pormenores científicos e nos
mecanismos das reações químicas que produzem energia,
vamos procurar estudar, simplificadamente, o que são o estômago
e o processo de digestão, para depois passarmos ao fenômeno
da digestão intestinal, a mais importante no processo de geração
de energia.
O homem é considerado um ser
unívoro, isto é, sua alimentação inclui
diferentes vegetais e animais. E cada tipo de alimento exige um trabalho
diferente do estômago. Os alimentos quando chegam ao estômago,
são atacados por uma série de substâncias presentes
no chamado suco gástrico e decompostos quimicamente, para facilitar
o trabalho final de digestão no intestino.
Sabe-se que o estômago não
é um órgão imprescindível à vida,
uma vez que o homens e animais podem sobreviver sem ele. Contudo, também
não constitui um mero depósito de alimentos. Possui poderosa
musculatura em suas paredes; esses músculos se contraem de maneira
enérgica, triturando completamente os alimentos e, em conseqüência,
transformando-os em pasta homogênea, chamada quimo. Sem esse processo,
torna-se mais difícil a decomposição dos alimentos
no tubo digestivo.
As substâncias úteis são,
a seguir, absorvidas pelas mucosas do estômago e, sobretudo, dos
intestinos.
A secreção do estômago
é constituída principalmente por ácido clorídrico.
Essa substância é secretada em forma quase pura por glândulas
especiais que se encontram no órgão. No entanto, não
constitui perigo para o organismo, porque é diluído na
grande quantidade de água existente no estômago. O ácido
clorídrico é o primeiro elemento que atua na decomposição
das proteínas, e prepara a decomposição das moléculas,
que são transformadas em moléculas menores pela ação
da substância chamada pepsina.
A mistura das secreções
glandulares do estômago recebe o nome de suco gástrico.
Apesar de ser um dos mais importantes, o ácido clorídrico
não é o único elemento produzido. Duas espécies
de enzimas (substâncias que existem nos organismos vivos) apressam
a decomposição química de qualquer tipo de proteína
sob a ação do ácido. Uma dessas enzimas, a pepsina,
é o principal elemento digestivo do suco gástrico.. A
pepsina é encontrada em maior quantidade nos adultos. Nas crianças,
suas funções são desempenhadas por outra substância
chamada renina, cuja principal ação é sobre a caseína
( proteína do leite ). A renina deixa de existir quando a criança
se transforma em adulto.
Para não ser atacado pelo suco
gástrico, altamente ácido, o estômago possui seu
sistema de segurança. Uma espécie de graxa, chamada muco
gástrico, recobre a mucosa do estômago e a isola, assim
como uma camada de óleo protege as máquinas da umidade.
Se não existisse essa proteção, as células
da mucosa seriam destruídas pelo próprio suco gástrico
que produzem.
Gorduras e açúcares são
resistentes ao suco gástrico. As gorduras atravessam o estômago
praticamente incólumes e só serão totalmente decompostas
nos intestinos. É por isso que uma refeição gordurosa,
como por exemplo, a feijoada, dá sensação de peso
no estômago. Os açúcares são parcialmente
decompostos no estômago, porém, não pela ação
do suco gástrico, mas pela ação de outra substância
chamada de pitialina, que é uma enzima contida na saliva. Por
outro lado, a acidez do estômago limita a ação da
pitialina, que é destruída em cerca de 20 (vinte) minutos
pelo suco gástrico.
Outra função muito importante
do estômago é eliminar – graças a presença
dos ácidos – os micróbios que são ingeridos
na alimentação, principalmente nas verduras e vegetais
consumidos crus.
A função mais importante
na absorção dos alimentos é executada pelos intestinos.
O estômago absorve apenas pequenas quantidades de ferro, aminoácidos,
açúcares, alguns sais, como o cloreto de sódio
(sal de cozinha) e álcool. Esse último pode atravessar
muito rapidamente a mucosa gástrica, passando logo para a circulação
sangüínea. Por isso, não adianta aplicar lavagens
gástricas em pessoas muita alcoolizadas, pois a absorção
é mais rápida quando o estômago está vazio.
Muitos medicamentos, feitos para serem
absorvidos nos intestinos, precisam ser acondicionados em cápsulas
especiais que resistam a ação do suco gástrico,
para evitar que sejam destruídos no estômago. Os produtos
que não são decompostos pelo suco gástrico não
precisam dessa proteção, iniciando sua atuação
no intestino. Quando tomados em jejum, esses comprimidos podem provocar
irritações nas mucosas estomacais, levando ao surgimento
de úlceras.
Representa-se esquematicamente, no desenho
abaixo, o mecanismo de aproveitamento de substâncias presentes
na alimentação humana, levando-se em conta que o organismo
aproveita três espécies de substâncias: hidratos
de carbono ou carboidratos, proteínas e gorduras. No estômago,
onde são digeridas principalmente as proteínas, começa
a digestão dos açúcares, enquanto que as gorduras
não sofrem, praticamente, nenhuma modificação;
serão decompostas mais tarde no intestino.
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