Quando as lembranças nos pregam peças
RESUMO
Nem sempre as lembranças mais vivas correspondem a situações
vividas: podem ser herdadas de outros ou fruto de "reconfiguração"
pela mente. O mecanismo é explicado com base em casos de plágio,
autoplágio, "criptomnésia" ("plágio"
inconsciente) e sugestionabilidade em sessões de tortura e
acusações de pedofilia.
É espantoso perceber que algumas de nossas
recordações mais queridas talvez nunca tenham acontecido
- ou talvez tenham acontecido com outra pessoa. Desconfio de que muitos
de meus entusiasmos e impulsos, que parecem ser inteiramente meus, tenham
nascido das sugestões de outros que me influenciaram, de modo
consciente ou não, e depois foram esquecidas.
De modo semelhante, embora eu volta e meia faça
palestras sobre tópicos similares, jamais consigo me lembrar
exatamente do que disse em ocasiões anteriores, nem suporto reler
notas antigas.
Ao perder a memória consciente do que disse antes
e não tendo texto em que me basear, descubro meus tópicos
novamente a cada vez, e eles volta e meia me parecem novos em folha.
Esse tipo de esquecimento talvez seja necessário para uma criptomnésia
criativa ou saudável, que permita que pensamentos velhos sejam
reunidos, retranscritos, recategorizados e imbuídos de novos
significados.
Ocasionalmente esses esquecimentos chegam a constituir
autoplágio: eu me pego reproduzindo expressões ou orações
inteiras como se fossem novas, e isso às vezes pode ser agravado
por esquecimento genuíno. Relendo velhos cadernos, descubro que
muitos pensamentos ali anotados foram esquecidos por anos e então
retrabalhados como se fossem novos.
Desconfio de que esse tipo de esquecimento atinja a
todos e que isso seja especialmente comum nas pessoas que escrevem,
pintam ou compõem, pois a criatividade talvez exija tais esquecimentos
para que nossas memórias e ideias possam renascer e ser vistas
em novos contextos e perspectivas.
O dicionário "Webster" define "plagiar"
como "roubar ou fazer passar por nossas (as ideias ou palavras
de outro): usar (a produção de outro) sem citar a fonte
[...] cometer roubo literário: apresentar como sendo nova e original
uma ideia ou um produto derivado de uma fonte existente".
Existe uma sobreposição considerável
entre essa definição e a de "criptomnésia".
A diferença essencial é que o plágio, conforme
é comumente entendido e reprovado, é consciente e intencional,
enquanto a criptomnésia não é nem uma coisa nem
outra. Talvez o termo "criptomnésia" precise ser mais
bem conhecido, pois, embora possamos falar em "plágio inconsciente",
a própria palavra "plágio" é tão
moralmente carregada, tão sugestiva de delito e logro que conserva
seu tom repreensível, mesmo que seja "inconsciente".
Em 1970, George Harrison compôs uma canção
que foi um sucesso enorme, "My Sweet Lord", que, conforme
se descobriu, guardava grandes semelhanças com uma canção
de Ronald Mack ("He's So Fine"), gravada oito anos antes.
Quando o caso foi a julgamento, o juiz considerou Harrison culpado de
plágio, mas demonstrou "insight" psicológico
e empatia na súmula que fez. Ele concluiu:
"Harrison utilizou propositalmente a música
de He's So Fine'? Não creio que ele o tenha feito de caso pensado.
Não obstante [...] trata-se, segundo a lei, de infração
de direitos autorais, e não deixa de sê-lo, mesmo que
tenha sido cometida de modo subconsciente."
Helen Keller foi acusada de plágio quando tinha
apenas 12 anos de idade. (1) Apesar de
ter sido surda e cega desde pequena e de ignorar a linguagem até
conhecer Anne Sullivan, aos seis anos, tornou-se escritora prolífica
depois de aprender datilologia e braille.
Quando menina, escreveu um conto intitulado "The
Frost King" (O rei da geada), que deu a uma amiga como presente
de aniversário. Quando o conto saiu numa revista, os leitores
logo perceberam que ele guardava várias semelhanças como
"The Frost Fairies" (As fadas da geada), conto infantil de
Margaret Canby.
A admiração por Helen Keller converteu-se
em repreensão, e Keller foi acusada de plágio e falsidade
proposital, apesar de afirmar não ter nenhuma lembrança
de ter lido o conto de Canby e de achar que tinha criado a história.
A pequena Helen foi sujeita a uma inquisição implacável
que a deixou marcada pelo resto da vida.
Mas ela também teve defensores, entre os quais
a plagiada Margaret Canby, que se surpreendeu ao saber que um conto
"escrito" com o dedo sobre a mão de Helen três
anos antes pudesse ser recordado ou reconstruído por ela com
tantos detalhes. "Que mente maravilhosamente atenta e retentiva
essa criança talentosa deve ter!", Canby escreveu. Alexander
Graham Bell se manifestou em defesa de Keller, dizendo: "Nossas
composições mais originais são feitas exclusivamente
de expressões derivadas de outros". (2)
Na realidade, a mente e a imaginação notáveis
de Helen não teriam podido se desenvolver e tornar-se tão
férteis quanto foram sem se apropriarem da linguagem alheia.
Talvez, de modo geral, sejamos todos dependentes dos pensamentos e das
imagens de outros.
A própria Helen disse, fazendo referência
a tais apropriações, que a probabilidade de ocorrerem
era maior quando os livros eram traçados sobre suas mãos,
sendo suas palavras recebidas passivamente. Ela disse que às
vezes, quando isso era feito, ela não conseguia identificar ou
lembrar-se da fonte, nem mesmo, por vezes, lembrar se o material vinha
de fora dela ou não. Esse tipo de confusão raramente ocorria
quando ela lia ativamente, usando o Braille e movendo seu próprio
dedo pelas páginas.
COLERIDGE
A questão dos plágios, paráfrases, criptomnésias
ou apropriações feitas por Samuel Taylor Coleridge intriga
estudiosos e biógrafos há quase dois séculos e
é especialmente interessante em vista de sua memória prodigiosa,
seu gênio imaginativo e seu senso de identidade complexo, multiforme,
por vezes atormentado. Ninguém o descreveu com mais beleza que
Richard Holmes, em sua biografia em dois volumes do poeta.
Coleridge era um leitor voraz e onívoro, que
parecia reter tudo. Há descrições dele, estudante,
lendo "The Times" de modo casual e depois sendo capaz de reproduzir
o jornal inteiro "ipsis litteris", incluindo os anúncios.
"No jovem Coleridge", Holmes escreve, "isso é
realmente parte de seu dom: uma enorme capacidade de leitura, uma memória
retentiva, o talento de falador para recriar e orquestrar ideias de
outras pessoas e o instinto natural de um palestrante e pregador para
colher materiais onde quer que os encontrasse."
A apropriação literária era comum
no século 17 - Shakespeare apropriava-se livremente de criações
de muitos de seus contemporâneos, e John Milton fazia o mesmo.
(3) A apropriação amigável
continuou a ser comum no século 18, e tanto Coleridge como William
Wordsworth e Robert Southey se apropriaram de materiais uns dos outros,
chegando até mesmo, segundo Holmes, a publicar trabalhos sob
os nomes uns dos outros.
Mas algo que era comum, natural e feito em espírito
de brincadeira na juventude de Coleridge foi pouco a pouco assumindo
uma forma mais inquietante, especialmente em relação aos
filósofos alemães (sobretudo Friedrich Schelling), que
Coleridge "descobriu", venerou, traduziu e, por fim, acabou
utilizando de modo extraordinário. Páginas inteiras da
"Biographia Literaria" de Coleridge consistem em trechos de
Schelling reproduzidos "ipsis litteris" e não reconhecidos
como tais.
Embora esse comportamento prejudicial e aberto tenha
sido pronta (e redutivamente) qualificado como "cleptomania literária",
o que aconteceu de fato é complexo e misterioso, como Holmes
estuda no segundo volume de sua biografia, em que ele vê os plágios
mais evidentes de Coleridge como tendo ocorrido num período devastadoramente
difícil de sua vida, quando ele tinha sido abandonado por Wordsworth,
estava paralisado por ansiedade profunda e dúvidas quanto a seu
próprio valor intelectual e se encontrava mais profundamente
dependente do ópio do que nunca. Nesse momento, escreve Holmes,
"os autores alemães lhe proporcionavam apoio e conforto;
numa metáfora que ele próprio empregava com frequência,
Coleridge os enlaçava, como a hera enlaça o carvalho".
Antes disso, na descrição de Holmes, Coleridge
tinha descoberto outra afinidade extraordinária, esta pelo escritor
alemão Jean-Paul Richter - afinidade que o levou a traduzir e
transcrever os escritos de Richter e então a deslanchar a partir
deles, modificando-os à sua própria maneira e, em seus
cadernos de anotações, dialogando com Richter. Em alguns
momentos as vozes dos dois homens se misturam de tal maneira que se
tornam quase indistinguíveis. [...]
Freud era fascinado pelos lapsos e deslizes de memória
que ocorrem no cotidiano e por sua relação com a emoção,
especialmente a emoção inconsciente; mas ele também
foi obrigado a considerar distorções de memória
muito mais grosseiras manifestadas por alguns de seus pacientes, especialmente
quando relatavam que teriam sido seduzidos ou que teriam sofrido abuso
sexual na infância.
De início ele interpretou todos esses relatos
literalmente, mas, com o tempo, quando pareceu que havia poucas evidências
ou plausibilidade em vários casos, começou a se perguntar
se as recordações não poderiam ter sido distorcidas
pela fantasia e se algumas delas não poderiam, na realidade,
ser inteiramente fantasiosas, construídas inconscientemente,
mas de modo tão convincente que os próprios pacientes
acreditassem totalmente nelas.
As histórias que os pacientes contavam e tinham
contado a si mesmos poderiam ter um efeito muito poderoso sobre suas
vidas, e pareceu a Freud que a realidade psicológica dessas histórias
poderia ser igual, quer elas viessem de experiências reais ou
de fantasias.
Em nossa época, as descrições e
acusações de abuso na infância alcançaram
proporções quase epidêmicas. Muita importância
é atribuída às chamadas memórias recuperadas
- memórias de experiências tão traumáticas
que foram reprimidas defensivamente e então, com terapia, libertadas
da repressão. As formas particularmente sombrias e fantásticas
disso incluem descrições de rituais satânicos de
alguma espécie, com frequência acompanhados por práticas
sexuais coercitivas.
Vidas e famílias foram devastadas por acusações
dessa natureza. Mas foi demonstrado, pelo menos em alguns casos, que
tais descrições podem ser insinuadas ou plantadas por
outros. Aqui, a combinação frequente de uma testemunha
sugestionável (muitas vezes uma criança) com uma figura
de autoridade (talvez um terapeuta, professor, assistente social ou
investigador) pode ser especialmente poderosa.
TORTURA
Desde a Inquisição e os julgamentos das bruxas de Salem
até os julgamentos soviéticos da década de 1930
e Abu Ghraib, variedades de "interrogatório extremo"
ou tortura física e mental pura e simples vêm sendo empregadas
para extrair "confissões" políticas ou religiosas.
Embora tais interrogatórios possam ter como objetivo
inicial extrair informações, suas intenções
mais profundas talvez sejam promover uma lavagem cerebral, efetuar uma
mudança genuína de pensamentos, preencher a mente com
memórias implantadas, autoincriminadoras, e nisso eles podem
ter êxito assustador. (4)
Mas talvez não seja preciso recorrer à
sugestão coercitiva para afetar as memórias de uma pessoa.
Depoimentos de testemunhas oculares são notoriamente sujeitos
à sugestão e ao erro, muitas vezes com efeitos altamente
nocivos aos acusados sem razão. (5)
Com o advento dos exames de DNA, hoje é possível,
em muitos casos, encontrar corroboração ou refutação
objetivas de tais depoimentos, e Schacter observa que "uma análise
recente de 40 casos em que provas de DNA apontaram a inocência
de indivíduos erroneamente encarcerados revelaram que 36 desses
casos (90%) envolveram a identificação equivocada feita
por testemunhas oculares".
Se os últimos 30 anos foram marcados pelo surgimento
ou ressurgimento de síndromes de memória e identidade
ambíguas, também levaram a pesquisas importantes - forenses,
teóricas e experimentais - sobre a maleabilidade da memória.
A psicóloga e pesquisadora da memória
Elizabeth Loftus documentou um sucesso inquietante na implantação
de memórias falsas através da mera sugestão feita
a um sujeito de que ele teria passado por um acontecimento fictício.
Esses pseudoeventos, inventados por psicólogos,
podem variar desde incidentes cômicos ou incômodos leves
(de que uma pessoa se perdeu num shopping quando era criança,
por exemplo) até incidentes mais graves (que alguém foi
vítima de um ataque grave de um animal ou de uma agressão
grave por outra criança).
Depois do ceticismo inicial ("Nunca me perdi num
shopping") e, em seguida, da incerteza, o sujeito pode passar a
nutrir uma convicção tão profunda que continuará
a insistir sobre a veracidade da memória implantada, mesmo após
o autor do experimento revelar que o incidente nunca aconteceu.
O que fica claro em todos esses casos é que --quer
se trate de abusos imaginados ou reais na infância, de memórias
genuínas ou experimentalmente implantadas, de testemunhas induzidas
ao engano ou de prisioneiros submetidos a lavagem cerebral, de plágio
inconsciente ou das memórias falsas que todos nós provavelmente
temos, baseadas em confusão quanto às fontes ou em atribuição
equivocada--, na ausência de confirmação externa,
não existe uma maneira fácil de distinguir uma memória
ou inspiração genuína, sentida como tal, daquelas
que foram apropriadas ou sugeridas; de distinguir entre o que o psicanalista
Donald Spence descreve como "verdade histórica" e "verdade
narrativa".
Mesmo que seja exposto o mecanismo subjacente a uma
memória falsa [...], isso pode não modificar a sensação
de uma experiência vivida de fato ou a realidade que tais recordações
possuem.
Tampouco as contradições óbvias
ou o caráter absurdo de determinadas memórias pode modificar
o sentimento de convicção e de crença nelas. Na
maioria dos casos, pessoas que afirmam terem sido abduzidas por extraterrestres
não mentem quando contam como foram levadas até naves
espaciais de alienígenas, não mais do que mentem quando
têm consciência de terem inventado uma história:
algumas creem genuinamente que foi isso o que aconteceu.
Uma vez construída tal narrativa ou memória,
acompanhada de imagens sensoriais vívidas e de emoção
forte, pode não haver jeito psicológico, interno, nem
externo, neurológico, de distinguir o que é verdadeiro
do que é falso.
As correlações fisiológicas dessa
memória podem ser examinadas com neuroimagiologia funcional,
e as imagens mostram que memórias vívidas produzem ativação
ampla no cérebro, envolvendo áreas sensoriais, emocionais
(límbicas), e executivas (lobo frontal) - padrão que é
virtualmente idêntico, quer a "memória" seja
baseada numa experiência, quer não.
Parece que não existe, nem na mente nem no cérebro,
nenhum mecanismo para garantir a verdade de nossas recordações,
ou pelo menos o caráter verídico delas. Não temos
acesso direto à verdade histórica, e aquilo que sentimos
ou afirmamos como sendo verdadeiro (como Helen Keller estava em ótima
posição para observar) depende tanto de nossa imaginação
quanto de nossos sentidos.
Não existe um modo pelo qual os acontecimentos
do mundo possam ser transmitidos ou gravados diretamente em nossa mente;
eles são experimentados e construídos de modo altamente
subjetivo, que é diferente em cada indivíduo, para começar,
e reinterpretado ou revivido diferentemente a cada vez que são
recordados. (O neurocientista Gerald M. Edelman costuma falar em apreender
como sendo "criar" e em lembrar como sendo "recriar"
ou "reclassificar".)
Com frequência nossa única verdade é
a verdade narrativa, as histórias que contamos uns aos outros
e a nós mesmos - histórias que reclassificamos e refinamos
sem cessar. Essa subjetividade está embutida na própria
natureza da memória e decorre de seus mecanismos e bases no cérebro.
O que surpreende é que aberrações grosseiras sejam
relativamente raras e que, na maior parte do tempo, nossas memórias
sejam relativamente sólidas e confiáveis.
Nós, seres humanos, carregamos sistemas de memórias
que têm pontos falhos, fragilidades e imperfeições,
mas que também possuem grande flexibilidade e criatividade. A
confusão sobre fontes ou a indiferença a elas podem representar
uma força paradoxal: se pudéssemos rotular as fontes de
todos nossos conhecimentos, ficaríamos submersos em informações
em muitos casos irrelevantes.
A indiferença às fontes nos permite assimilar
o que lemos, o que nos é dito, o que outros dizem, pensam, escrevem
e pintam com tanta intensidade e riqueza como se fossem experiências
primárias. Ela nos permite enxergar e ouvir com outros olhos
e ouvidos, penetrar em outras mentes, assimilar a arte, ciência
e religião da cultura inteira, penetrar na mente comum e contribuir
para ela, para a comunidade geral do conhecimento.
Essa espécie de partilha e participação,
essa comunicação não seria possível se todos
os nossos conhecimentos, as nossas memórias, fossem rotulados
e identificados, vistos como privados, exclusivamente nossos. A memória
é dialógica e nasce não só da experiência
direta, mas também da intercomunicação de muitas
mentes.
Notas
Originalmente publicado no jornal "The
New York Review of Books" --leia íntegra em folha.com/ilustrissima.
O título, "Speak, Memory", alude às memórias
de Vladimir Nabokov, "Speak, Memory", publicadas no Brasil
como "A Pessoa em Questão" (Cia. das Letras). (Nota
do Editor)
1. Esse episódio é
relatado de modo detalhado e empático por Dorothy Herrmann em
sua biografia de Keller, "Helen Keller: A Life" (University
of Chicago Press, 1998).
2. Mark Twain escreveu mais adiante a Helen Keller: "Quão
indizivelmente engraçada e absurdamente idiota e grotesca foi
aquela farsa do plágio'! Como se existisse muito de qualquer
coisa na expressão humana que não seja plágio!...
Pois, substancialmente, todas as ideias são de segunda mão,
consciente e inconscientemente tiradas de um milhão de fontes
externas."
De fato, o próprio Mark Twain tinha cometido um roubo inconsciente
desse tipo, conforme descreveu em um discurso no 70º aniversário
de Oliver Wendell Holmes: "Oliver Wendell Holmes... foi... o primeiro
grande homem literário de quem eu roubei alguma coisa --e foi
assim que eu acabei escrevendo a ele e ele a mim. Quando meu primeiro
livro ainda era recente, um amigo me disse: Essa dedicatória
é muito boa'. Sim, falei, eu achava que era. Meu amigo falou:
Sempre a admirei, mesmo antes de vê-la em "The Innocents
Abroad"'.
Naturalmente, eu disse: Como assim? Onde você a viu antes?'
Bem, eu a vi primeiramente alguns anos atrás como a dedicatória
escrita pelo Doutor Holmes em suas "Songs in Many Keys".'
Bem, naturalmente, eu escrevi ao dr. Holmes e lhe disse que não
tinha tido a intenção de roubar, e ele escreveu de volta,
e, nos termos mais gentis, me disse que não havia problema e
que não tinha sido feito nenhum mal; e acrescentou acreditar
que todos nós inconscientemente retrabalhamos ideias recebidas
ao ler e ouvir, imaginando que sejam originais nossas."
3. "The Cambridge History of English and American Literature"
diz a respeito de Milton: "Os caçadores de paralelos, plágios
e fontes se deram a trabalho enorme [...] para demonstrar que Milton
imitou, apropriou-se de ou, desse modo ou daquele, seguiu o Adamo' de
[...] Andreini (1613), o Lucifer' [...] de [...] Vondel (1654), o Adamus
Exul' de Grotius (1601), Du Bartas' (1605), de Sylvester, e até
mesmo Caedmon. [...] Supondo que Milton tivesse lido todos esses livros,
Paradise Lost' ainda seria obra de Milton; e é absolutamente
certo não apenas que ninguém mais poderia ter construído
Paradise Lost' a partir dessas outras obras, mas que um comitê
composto pelos autores delas, cada um deles em seu melhor veio e trabalhando
juntos como jamais colaboradores conseguiram trabalhar, não teria
chegado nem sequer a uma distância mensurável de Paradise
Lost' ou de Milton."
4. O tema da lavagem cerebral ou subjugação de um homem,
com a desorganização forçada de sua memória,
é ilustrada de modo assustador no romance "1984", de
George Orwell, e no filme "Prisioneiro do Remorso", com Alec
Guinness.
5. "O Homem Errado", de Alfred Hitchcock (o único filme
de não ficção que o diretor fez), documenta as
consequências apavorantes de uma identificação equivocada
baseada no relato de uma testemunha ocular.

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