Espiritualidade e Sociedade





Celso Roberto Saad

>    Uma falha: Sim ou Não?

Artigos, teses e publicações

Celso Roberto Saad
>    Uma falha: Sim ou Não?



A origem da Vida é um problema que tem desafiado os homens desde as mais remotas eras. Conclusões precipitadas foram apresentadas durante muito tempo, como verdadeiras até o surgimento da moderna Ciência, que com seus laboratórios de pesquisa propiciam ao Homem um melhor entendimento, pelo menos de sua vida orgânica. É claro que estamos nos referindo e essa referência persiste por todo este escrito - à origem orgânica da Vida.

Em "A Gênese", pilastra do aspecto científico do Espiritismo, vinda a lume nos idos de 1868, Kardec traça o ponto de vista da Doutrina sobre o assunto, tocando-o de leve na parte de "Uranografia Geral", e mais a fundo no capítulo 10. A primeira parte deste capítulo é uma verdadeira aula de Química, levando-se em consideração o pouco que se sabia dessa ciência naquela época.

Com concisão e didática, Kardec descreve algumas leis estequiométricas, conceitos aclarados por Lavoisier e Proust. Na segunda parte, entretanto, o Codificador dá ênfase demasiada à teoria do "vitalismo", conceito advindo dos representantes do neo-platonismo, descrevendo o chamado "princípio vital" como "presente em toda matéria viva", admitindo-o como "não passível de definição", limitando-se a dá-lo como “existente, pois seus efeitos são observados". Sobre sua permanência nos seres vivos, Kardec afirma que é graças à ação do conjunto de órgãos, como o "calor à rotação de uma roda".

Duas questões se levantam então: se cessarmos a rotação de uma roda, o calor se esvai; se cessarmos o funcionamento dos órgãos, o "princípio vital" também se esvairá? Se isso acontece, como explicar a procriação de germens após a completa inércia dos órgãos físicos? Essas duas interrogações persistem sem resposta dentro da obra "A Gênese".

A geração espontânea

Logo após, Kardec toca no problema da "geração espontânea", que era a "coqueluche" dos sábios da época, pelo menos na área biológica. A interrogação que se faziam os biólogos era: como surgira o primeiro ser vivo, sem o concurso dos "gens" paterno e materno? Em o outras palavras: era possível advir-se a Vida sem pai nem mãe?

Duas correntes existiam para explicar: uma, partidária da geração espontâneas afirmando que sim. A outra, defendendo a teoria de uma união de materiais inorgânicos inicialmente, e posterior descendência obrigatória desse ser vivo pré-existente.

Embora incompleta, esta última teoria e a mais correta. No entanto, Kardec, neste ponto, apóia a primeira teoria, embora o faça veladamente, mas de uma maneira plenamente perceptível. São suas as afirmações:

"Se o musgo, o líquen, o zoófito, os infusórios, os vermes intestinais podem se produzir por geração espontânea, por que o mesmo não seria possível com as árvores, os peixes, cães e cavalos?"

Naturalmente como homem de ciência que era, e plenamente consciente de que poderia estar incorrendo em erro, deixou em aberto a questão, mas não sugeriu uma segunda hipótese, o que vem confirmar a sua simpatia pela teoria da geração espontânea. Isso fica bem claro em sua afirmação no final dessa parte:

"A teoria da geração espontânea é uma hipótese não definitiva, mas provável, e que um dia talvez venha a ocupar par lugar entre as verdades reconhecidas”.

Acontece que não ocupou. A teoria da geração espontânea, bem como a do "princípio vital", caíram por terra muito mais cedo do que se esperava. Pasteur, em 1860, dois anos após a publicação de "A Gênese", provou estarem essas teorias em desacordo com a Ciência.

Como? Um caldo de carne (eliminada a possibilidade de "princípio vital", (pois não haviam órgãos vivos para mantê-lo), quando exposto ao ar, ficava cheio de germens, enquanto que estando fechado e fervido permanecia indefinidamente sem eles. Com algumas outras experiências simples, provando o transporte dos germens pelo ar, ficou definitivamente provada a não existência das teorias de geração espontânea e princípio vital, ambas constantes em "A Gênese".

Além do mais, outro estudioso, Spallanzani, provou que os infusórios (antigo nome dado aos protozoários) não surgiam espontaneamente, mas de protozoários pré-existentes. E muito menos os parasitas intestinais, que provinham do exterior, através da ingestão de água ou de alimentos contaminados.

A verdade sobre o surgimento da Vida orgânica na Terra, só foi aclarada em 1953, quando Muller reproduziu em laboratório a provável atmosfera reinante na Terra quando de sua formação. Uma massa gasosa e pulveriforme, rica em hidrocarbonetos (metano principalmente), amoníaco, vapor d'água e hidrogênio. Após algum tempo, fazendo circular faíscas elétricas em tal atmosfera, do mesmo modo que os raios fizeram na época da formação, Muller obteve ácidos aminados. Esses ácidos arruinados são os formadores das cadeias protéicas: proteínas. No oceano primitivo (formado provavelmente com o de gelo), as proteínas foram reagindo entre si, formando substâncias de alto peso molecular chamadas "coacervados". Causas puramente mecânicas fragmentavam os coacervados, transformando-os em gotas filhas, com a mesma propriedade do original. Por um processo seletivo foram sobrevivendo aquelas em que as reações químicas eram mais rápidas, sobrevindo a substituição dos catalisadores minerais mais elementares, por enzimas, muito mais específicas.

Assim, em linhas gerais, está traçado um pequeno esboço de como surgiu o primeiro ser vivente organicamente na Terra. Numa fase posterior, criou-se a célula. Daí para a frente tudo seguiu o caminho da constante evolução biológica.

Kardec errou?

Ora, se tudo o que dissemos acima, através de estudos científicos foi comprovado e analisado, fica a seguinte interrogação: teria Kardec errado nesta parte?

Aí depende de interpretação. Se formos daqueles que julgam a Doutrina Espírita como uma obra terminada, que nada deve absorver, que Kardec disse tudo sobre tudo, então ele realmente errou. Se, no entanto, encararmos os fatos de uma maneira dialética, isto é, tudo num eterno "vir a ser", então podemos dizer apenas que Kardec analisou esta questão como um sábio do século passado, e, como tal, não poderia estar a par dos avanços tecnológicos de nosso século, e, portanto, não errou, mas sim deixou incompleta esta questão, para que a própria Ciência, no futuro, melhor aparelhada, restabelecesse a verdade dos fatos. Segundo o próprio Kardec, "caminhando par e passo com o progresso o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas forem mostrar que ele está em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificará neste ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará".

Isso responde suficientemente a questão, mas não explica a inércia dos espíritas em deixar permanecer em uma de suas obras básicas, erros tão crassos como os vistos anteriormente. É incrível a nossa indolência ante teorias com mais de cem anos de superação, que permanecem como se ainda estivessem certas, permitindo que homens de Ciência riam-se às custas do nosso codificador, taxando-o de "ultrapassado".

Por que não atualizamos os escritos de Kardec trazendo-o ao século XX, ás conquistas espaciais, às experiências biológicas modernas? Seria medo de tomarem-nos por herejes? Acredito que não. Acredito sim num excesso de misticismo que impede os espíritas de verem o "outro lado" da Doutrina, isto é, seu lado científico. Onde estão as experiências de Bozzano, de Croockes, de Rochas? Tudo deixa transparecer que a "fé raciocinada" do Espiritismo, cada vez mais fé e menos razão.

Até quando ficaremos discutindo bizantinamente entre nós mesmos, no nosso próprio meio, esquecendo de comparar, estudar a verdade, e não simplesmente uma confirmação? Afirmações como “nada deterá a marcha do Espiritismo”, que “somos o futuro da Humanidade”, e tantas outras que ouvimos por aí, nada valem se não arregaçarmos as mangas e partirmos para um enfoque mais racional das verdades espíritas.

Fonte: Revista Internacional de Espiritismo – Agosto de 1972

 

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PESQUISA:





II - FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS
O LIVRO DOS ESPÍRITOS - LIVRO 1 - CAP. 3
Allan Kardec
Tradução: J. Herculano Pires



43. Quando a Terra começou a ser povoada?
-- No começo, tudo era caos; os elementos estavam fundidos. Pouco a pouco, cada coisa tomou o seu lugar; então, apareceram os seres vivos, apropriados ao estado do globo.

44. De onde vieram os seres vivos para a Terra?
-- A Terra continha os germes, que esperavam o momento favorável para desenvolver-se. Os princípios orgânicos reuniram-se, desde o instante em que cessou a força de dispersão, e formaram os germes de todos os seres vivos. Os germes permaneceram em estado latente e inerte, como a crisálida e as sementes das plantas, até o momento propício à eclosão de cada espécie; então, os seres de cada espécie se reuniram e se multiplicaram.

45. Onde estavam os elementos orgânicos, antes da formação da Terra?
-- Estavam, por assim dizer, em estado fluídico no espaço, entre os Espíritos, ou em outros planetas, esperando a criação da Terra, para começarem uma nova existência sobre um novo globo.

Nota de Allan Kardec - A Química nos mostra as moléculas dos corpos inorgânicos unindo-se para formar cristais de uma pluralidade constante, segundo cada espécie, desde que estejam nas condições necessárias. A menor perturbação destas condições é suficiente para impedir a reunião dos elementos, ou pelo menos a disposição regular que constitui o cristal. Por que não ocorreria o mesmo com os elementos orgânicos? Conservamos durante anos germes de plantas e de animais, que não se desenvolvem a não ser numa dada temperatura e num meio apropriado; viram-se grãos de trigo germinar depois de muitos séculos. Há, portanto, nesses germes, um princípio latente de vitalidade, que só espera uma circunstância favorável para desenvolver-se. O que se passa diariamente sob os nosso olhos não pode ter existido desde a origem do globo? Esta formação dos seres vivos, partindo do caos pela própria força da Natureza, diminue alguma coisa a grandeza de Deus? Longe disso, corresponde melhor à idéia que fazemos do seu poder, exercendo-se sobre os mundos infinitos através de leis eternas. Esta teoria não resolve, é verdade, a questão da origem dos elementos vitais; mas Deus tem os seus mistérios e estabeleceu limites as nossas investigações.


46. Há seres que ainda nascem espontaneamente?
-- Sim, mas o germe primitivo já existia em estado latente. Sois, todos os dias, testemunhas desse fenômeno. Os tecidos dos homens e dos animais não contam os germes de uma multidão de vermes que esperam, para eclodir, a fermentação pútrida necessária à sua existência? É um pequeno mundo que dormita e que se cria.

47. A espécie humana se achava entre os elementos orgânicos do globo terrestre?
-- Sim, e veio a seu tempo. Foi isso que deu motivo a dizer-se que o homem foi feito do limo da terra.

48. Podemos conhecer a época da aparição do homem e de outros seres vivos sobre a Terra?
-- Não; todos os vossos cálculos são quiméricos.

49. Se o germe da espécie humana estava entre os elementos orgânicos do globo, por que os homens não mais se formam espontaneamente, como em sua origem?
-- O princípio das coisas permanece nos segredos de Deus; mas podemos dizer que os homens, uma vez dispersos sobre a Terra, absorveram em si mesmos os elementos necessários à sua formação, para transmiti-los segundo as leis da reprodução. O mesmo aconteceu com as demais espécies de seres vivos.


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GERAÇÃO ESPONTÂNEA
A Gênese, cap. X - Allan Kardec
Tradução Carlos de Brito Imbassahy
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/Codificacao_Espirita/GENESE/GENESE_ORGANICA_10.html

 

20. – Indaga-se naturalmente porque não se formam mais seres vivos nas mesmas condições dos que os primeiros que apareceram na Terra.

A questão da geração espontânea que atualmente preocupa a Ciência, se bem que ainda diversamente resoluta não é possível faltar de se lançar luz sobre este assunto. O problema proposto é o seguinte: formar-se-ia espontaneamente em nossos dias seres orgânicos pela simples união dos elementos constituintes, sem germens preliminares produzidos pela germinação ordinária, senão dito sem pais nem mães?

Os partidários da geração espontânea (*) respondem afirmativamente, e se apóiam em observações diretas que parecem conclusivas. Outros pensam que todos os seres vivos se reproduzem uns em decorrência de outros, e se apóiam sobre este fato, constatado pela experiência, que os germens de certas espécies animais, estando dispersos, podem conservar uma vitalidade latente durante um tempo considerável, até que as circunstâncias sejam favoráveis à sua eclosão. Esta opinião deixa sempre subsistir a questão da formação dos primeiros tipos de cada espécie.
___
(*) N. do trad. – Estes partidários baseavam-se na aparição de larvas de inseto nas carnes putrefeitas e que, para eles, representaria a dita geração espontânea que foi contestada por Pasteur, quando encerrou um pedaço da mesma carne numa redoma de tela fina onde os insetos não pudessem atravessar para depositar seus ovos na mesma.

O que se tem, atualmente, como provável geração espontânea é a idéia de que os primeiros agentes estruturadores externos teriam atuado sobre as cadeias carbônicas dissolvidas nas águas primitivas, transformando-as em plânctons, os elementos fundamentais para a origem dos zoófitos. Daí em diante, ocorre o ciclo evolutivo da transformação das espécies, também, sob ação de agentes externos superiores.

21. – Sem discutir os dois sistemas, convém assinalar que o princípio da geração espontânea não pode evidentemente se aplicar a quaisquer seres senão os de ordem inferior do reino vegetal e do reino animal, naqueles em que a vida começa a pesar e em cujo organismo extremamente simples seja, de alguma sorte, rudimentar. São, efetivamente, os primeiros que apareceram sobre a Terra e, dos quais, a geração deva ser espontânea. Assistiremos, assim, a uma criação permanente análoga à que teve lugar nas primitivas idades do mundo.

22. – Mas, então, por que não se vêem mais formar, da mesma maneira, os seres de uma organização complexa? Estes seres nunca existiram, é um fato positivo, pois foram o começo. Se o musgo, o líquem, o zoófito, o infusório, os vermes intestinais e outros podem se produzir espontaneamente, por que não o é o mesmo com as árvores, os peixes, os cães, os cavalos?

Aqui se detêm, por momento as investigações; o fio condutor se perde, e até que ele seja encontrado, o campo está aberto às hipóteses; será, pois, imprudente e prematuro dar sistemas como verdades absolutas.

23. – Se o fato de a geração espontânea ficar demonstrada, qualquer limitação que seja, não será menos um fato capital, um marco posto que pode colocar sobre a vista de novas observações. Se os seres orgânicos complexos não se reproduzem desta maneira, quem sabe como eles começaram? Quem conhece o segredo de todas as transformações? Quando se vê o carvalho e a bolota (semente do carvalho), quem poderá dizer se em um lugar misterioso não exista do pólipo ao elefante?

Deixemos ao tempo a atenção de trazer a luz ao fundo deste abismo, se um dia possa ser sondado. Estes conhecimentos são interessantes, sem dúvida, no ponto de vista da ciência pura, mas elas não são as que influem sobre os destinos do homem.

 

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Geração Espontânea ou Abiogênese
http://trabalhodebiologia.vilabol.uol.com.br/abiogenese.htm

Segundo Aristóteles, autor dessa teoria, e influenciado pela teoria platônica da existência de um mundo de imagens, afirmava que as espécies surgem por geração espontânea, ou seja, existiam diversas fórmulas que dariam origem às diferentes espécies. Isto é, segundo ele, os organismos podem surgir a partir de uma massa inerte segundo um princípio activo (por exemplo, nascer um rato da combinação de uma camisa suja e de um pouco de milho).

A Geração Espontânea permaneceu como idéia principal do surgimento das espécies devido à influência que as crenças religiosas incutiam na civilização ocidental, principalmente. Assim, a geração espontânea tornou-se uma idéia chave para a teoria que surgiria a seguir (criacionismo).

 

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A Crença na Abiogênese
http://s.silva777.sites.uol.com.br/evol_abio.htm

A crença na geração espontânea da vida teve predominância desde os tempos de Aristóteles até meados do século XIX. Em 1668 houve o primeiro desafio a esta crença, Francesco Redi, físico italiano, realizou uma experiência que indicou que as larvas de moscas não surgiam espontaneamente de carne deteriorada. Redi colocou um pedaço de carne em uma vasilha coberta com musselina napolitana esticada. Embora a carne entrasse em decomposição, não surgiram vermes. Apesar desta evidência de inexistência de geração espontânea, Redi continuou a crer na geração espontânea de vermes intestinais e carunchos na madeira.

Em 1683, 15 anos após Redi publicar os resultados de suas experiências, Anton van Leeuwenhoek, cientista holandês, descobriu o mundo das bactérias e inspirou vários cientistas a construírem microscópios e procurarem por elas.

Passou-se a observar que quando uma substância passível de decomposição era colocada em um lugar quente, as bactérias logo apareciam onde nada havia antes, isto parecia apoiar a crença na geração espontânea, mas, nesta época, também manifestou-se a crença em "sementes" que estão no ar.

Louis Joblot, tentando provar que as bactérias entraram em contato com substâncias deterioradas através do ar, realizou uma experiência onde um caldo de ervas era fervido durante 15 minutos e depois colocado em dois recipientes separados. Um recipiente ficou exposto ao ar, enquanto o outro foi vedado antes de esfriar. O recipiente selado não desenvolveu bactérias, enquanto o aberto fervilhava delas. A experiência de Joblot não convenceu o mundo.

No final do século XVIII, John T. Needham, um pregador escocês, e Abbe Spallanzani, cientista italiano, estavam realizando experiências parecidas com à de Joblot, mas estavam chegando a conclusões opostas com respeito à viabilidade da geração espontânea.

Needham era um vitalista, portanto acreditava que a matéria continha uma força ou um princípio vital que causava a geração espontânea. Needham realizou experiências em que o caldo fervido e vedado apresentava a presença de microorganismos depois de alguns dias, sugerindo que estava provada a possibilidade de geração espontânea.
Spallanzani, crendo que o ar transportava os microorganismos, conduziu experimentos em que o caldo fervido não produziu bactérias. Além disso, acusou Needham de não esterilizar adequadamente o equipamento, por isto a experiência não seria válida.

Needham respondeu que Spallanzani havia destruído a força vital dos caldos de suas experiências, por ter aquecido demais.


J. H. Rush, em "The Dawn of Live", Garden City: Hanover House, 1957, pg. 93, comenta a discussão entre Needham e Spallanzani:

"A tendência do argumento é curiosa. Ela ilustra muito bem a propensão para crer naquilo que desejamos crer".
As dúvidas sobre a existência, ou não, de geração espontânea permaneciam, pois os resultados obtidos nas experiências eram inconsistentes. Em 1859, ano em que Darwin publicou a "Origem das Espécies", F. Pouchet publicou um trabalho de quase 700 páginas em que defendeu o princípio vital e a geração espontânea. Todo o seu trabalho experimental apoiou a sua teoria. Os tempos eram outros, o ambiente era favorável ao humanismo, e todos passam a aceitar a abiogênese, pois era a explicação que descartava a ação de Deus. Devido as controvérsias das experiências em laboratório, a Academia Francesa de Ciências ofereceu um prêmio à primeira pessoa que inventasse uma experiência capaz de resolver a questão.

Louis Pasteur inicia suas experiências. Pasteur colocou uma solução nutritiva no interior de um balão de vidro, de pescoço longo. Aquecia a solução, o que matava todos os microorganismos. Com calor, transformava o pescoço do balão em um tubo fino e curvo que permanecia aberto na extremidade (pescoço de cisne). A solução do balão permanecia estéril, apesar da solução nutritiva manter contato com o ar. Esta situação não deveria dificultar a geração espontânea dos micróbios, mas ela não ocorre, porém, quando Pasteur quebra o pescoço do tubo, a solução passa a apresentar inúmeros micróbios, o que leva a concluir que o pescoço do tubo dificultava o acesso dos micróbios, ou seja, eles definitivamente não se originavam espontaneamente do meio.


Em 1862, Louis Pasteur publicou a prova que foi um golpe mortal contra a abiogênese, provando que os micróbios vivem realmente no ar, cuja idéia Pouchet havia ridicularizado, e que enquanto estes organismos do ar fossem mantidos fora dos caldos, não surgiam fungos (mofo).

George Wald, em "The Origin of Live", Scientific American, vol. 191, 2, pg 46, falando do fracasso da geração espontânea, diz:

"Contamos esta história para os primeiranistas de Biologia como se ela representasse um triunfo da razão sobre o misticismo. Mas, de fato trata-se de quase justamente o oposto. O ponto de vista razoável seria crer na geração espontânea; única alternativa para crer num ato único de criação sobrenatural. Não existe uma terceira posição. Por este motivo, diversos cientistas há um século decidiram considerar a crença na geração espontânea como uma necessidade filosófica. Um sintoma da pobreza filosófica de nossa época é a desconsideração desta necessidade. A maioria dos biólogos modernos, tendo verificado com satisfação a queda da hipótese da geração espontânea, mas sem estarem dispostos a aceitar a crença alternativa na criação especial, ficou sem outra opção".

Nos é ensinado em aulas de biologia que, com a experiência de Pasteur, terminou a história das crenças supersticiosas da geração espontânea, mas, na verdade, a história continua, devido a não aceitação científica da evidência da existência de um criador (Deus), a crença moderna na geração espontânea tomou uma nova forma. A. I. Oparin, um bioquímico russo, que propôs uma teoria da origem química da vida, disse:

"Uma pesquisa cuidadosa da prova experimental revela, porém, que ela não nos diz nada sobre a impossibilidade da geração da vida em alguma outra época ou sob outras condições".

Portanto, conclui-se que Pasteur, para muitos, não destruiu a crença na geração espontânea, simplesmente forçou a questão até um ponto em que nenhum lado pode negar o outro, pelo menos de maneira conclusiva.

A teoria da evolução, para que seja válida, tem que partir do pressuposto de que a abiogênese ocorreu pelo menos uma única vez.

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LOUIS PASTEUR
França - 27/12/1822 - Sexta-feira - 28/09/1895 - Sábado
http://faustomoraesjr.sites.uol.com.br/aconteceu/Louis_Pasteurx.htm


Químico e bacteriologista que tem seu nome associado à raiva dos cães e também a um método de tratamento do leite das vacas, que é pasteurização. Foi ele quem descobriu a vacina contra a hidrofobia e quem imaginou usar o calor no processo para conservação dos alimentos e quem desmentiu em definitivo a teoria da geração espontânea.

Quando morava na cidade de Lille, Pasteur foi convidado por uma indústria para pesquisar o processo de fermentação do açúcar de beterraba, que freqüentemente se originava ácido lático, em vez de álcool. Ao mesmo tempo, estudava a fermentação do vinho e da cerveja. E as descobertas não demoraram. A fermentação era causada por organismos microscópicos que vivem nos líquidos. Examinando amostras de fermentação normal da cerveja, Pasteur notou que os organismos que ali apareciam eram de formato esférico, enquanto na fermentação "degenerada" os corpúsculos tinham a forma de bastonetes.

No decorrer dessas pesquisas, Pasteur se interessou em saber se os minúsculos seres eram encontrados permanentemente na atmosfera ou se eram gerados espontaneamente. Após uma série de experiências concluiu que impedindo a entrada de micróbios num recipiente contendo líquido não contaminado, este permanecia puro e se conservava por muito tempo. Logo, os microorganismos que causavam a fermentação não se geraram espontâneamente, como se acreditava. E descobriu mais: para combate-los, bastava usar o calor, aquecendo os líquidos a uma certa temperatura.

Convencido de que as moléstias infecciosas deviam ser provocadas por micróbios, Pasteur começou a pesquisar com tanto afinco, que nem o fato de estar parcialmente paralítico o afastou do trabalho. Em 1881, finalmente, viu a confirmação de sua teoria: isolou o micróbio de uma doença do gado bovino – o carbúnculo. Com a colaboração de outros dois cientistas, criou uma vacina imunizante.

Resolvido o problema do carbúnculo, Pasteur se propôs a um outro desafio: derrotar a hidrofobia ou "raiva". Não havia na época nenhum meio de evitar a morte das pessoas e animais mordidos por cães raivosos. Primeiro, injetou a saliva de animais contaminados em outros sadios, observando que o vírus se estabelecia nos centros nervosos. Depois, extraiu material da medula de cães hidrófobos, inoculou-o em animais sadios e estes também ficaram raivosos. Submetendo o tecido medular de animais doentes a tratamento especial de dessecamento por meio de calor, conseguiu atenuar bastante o grau de virulência da substância. Então, preparou com ela uma solução que foi aplicada em cães e coelhos. Estes ficaram perfeitamente imunizados e resistiram a todas as tentativas de contágio por meio de saliva de cães hidrófobos. A vacina estava criada.

 

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Teoria de Oparin
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Teoria De Oparin)
http://pt.wikipedia.org/wiki.cgi?Teoria_De_Oparin

A Teoria de Oparin é uma de varias teorias (por exemplo, a Teoria Cosmogónica) tentando responder à pergunta Se um ser é gerado de um ser precedente, como surgiu o primeiro ser?, depois de a teoria de geração espontânea ter sido derrubada por Louis Pasteur em 1864.

Por volta de 1930, um cientista russo chamado Aleksandr Oparin formulou uma nova hipótese para explicar a origem da vida. Isso culminou com seu livro A Origem da Vida.

Oparin possuía conhecimentos em astronomia, geologia, biologia e bioquímica e os empregou para a solução deste problema.

Por seus estudos de astronomia, Oparin sabia que na atmosfera do Sol, de Júpiter e de outros corpos celestes, existem gases como o metano, o hidrogênio e a amônia. Esses gases são ingredientes que oferecem carbono, hidrogênio e nitrogênio. Para completar estava faltando o oxigênio, então pensou na água.

Para Oparin explicar como poderia haver água no ambiente ardente da Terra primitiva, ele usou seus conhecimentos de geologia. Os 30 km de espessura média da crosta terrestre constituídos de rocha magmática deixam sem sombra de dúvidas a intensa atividade vulcânica que houve na Terra. É sabido que atualmente são expelidos cerca de 10% de vapor de água junto com o magma, e provavelmente também ocorria desta forma antigamente.

A persistência da atividade vulcânica por milhões de anos teria provocado a saturação de umidade da atmosfera. Nesse caso a água não mais se mantinha como vapor.

Oparin imaginou que à alta temperatura do planeta, a atuação dos raios ultra-violeta e a ocorrência de descargas elétricas na atmosfera (relâmpagos) pudessem ter provocado reações químicas entre os elementos anteriormente citados, essas reações daria origem a aminoácidos.

Começavam então a cair as primeiras chuvas sobre o solo, e estas arrastavam moléculas de aminoácidos que ficavam sobre o solo. Com a alta temperatura do ambiente, a água logo evaporava e retornava à atmosfera onde novamente era precipitada e novamente evaporava e assim por diante.

Oparin concluiu que aminoácidos que eram depositados pelas chuvas não retornavam à atmosfera com o vapor de água e assim permaneciam sobre as rochas quentes. Presumiu também que as moléculas de aminoácidos, sob o estímulo do calor, pudessem combinar-se por ligações peptídicas. Assim surgiriam moléculas maiores de substâncias albuminóides. Seriam então as primeiras proteínas a existir.

A insistência das chuvas por milhares ou milhões de anos acabou levando ao aparecimento dos primeiros mares da Terra. E para estes mares foram arrastadas, com as chuvas, as proteínas e aminoácidos que permaneciam sobre as rochas. Durante um tempo incalculável, as proteínas acumularam-se nos mares de águas mornas do planeta. As moléculas se combinavam e partiam-se e novamente voltavam a combinar-se em nova disposição. E dessa maneira, as proteínas multiplicavam-se quantitativa e qualitativamente.

Dissolvidas em água, as proteínas formaram colóides. A interpenetração dos colóides levou ao aparecimento dos coacervados.

É possível que nessa época já existissem proteínas complexas com capacidade catalisadora, como enzimas ou fermentos, que facilitamm certas reações químicas, e isso acelerava bastante o processo de síntese de novas substâncias.

Quando já havia moléculas de nucleoproteínas, cuja atividade na manifestação de caracteres hereditários é bastante conhecida, os coacervados passaram a envolvê-las. Apareciam microscópicas gotas de coacervados envolvendo nucleoproteínas. Naquele momento faltava apenas que as moléculas de proteínas e de lipídios se organizassem na periferia de cada gotícula, formando uma membrana lipoprotéica.

Estavam formadas então as formas de vida mais rudimentares.


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Provas da Teoria de Oparin
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Da WIKIPEDIA, a enciclopédia livre:

 

Oparin não teve condições de provar sua hipótese, mas em 1953 Staney Miller e e Harold Urey da Universidade de Chicago realizaram a experiência que ficou conhecida pela experiência de Urey-Miller.

Os cientistas colocaram em um balão de vidro: metano, amônia hidrogênio e vapor de água. Submeteu-os a aquecimento prolongado. Uma centelha elétrica de alta tensão cortava continuamente o ambiente onde estava contido os gases. Ao fim de certo tempo, comprovaram o aparecimento de moléculas de aminoácidos no interior do balão, que se acumulavam no tubo de U.

Pouco tempo depois, em 1957, Sidney Fox submeteu uma mistura de aminoácidos secos a aquecimento prolongado e demonstrou que eles reagiam entre si, formando cadeias peptídicas, com aparecimento de moléculas protéicas pequenas.

As experiências de Urey-Miller e Fox comprovaram a veracidade da hipótese de Oparin.

 


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Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/ciencia/uma-falha.html

 

 

 



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