A origem da Vida é um
problema que tem desafiado os homens desde as mais remotas eras. Conclusões
precipitadas foram apresentadas durante muito tempo, como verdadeiras
até o surgimento da moderna Ciência, que com seus laboratórios
de pesquisa propiciam ao Homem um melhor entendimento, pelo menos
de sua vida orgânica. É claro que estamos nos referindo
e essa referência persiste por todo este escrito - à
origem orgânica da Vida.
Em "A Gênese", pilastra
do aspecto científico do Espiritismo, vinda a lume nos idos
de 1868, Kardec traça o ponto de vista da Doutrina sobre o
assunto, tocando-o de leve na parte de "Uranografia Geral",
e mais a fundo no capítulo 10. A primeira parte deste capítulo
é uma verdadeira aula de Química, levando-se em consideração
o pouco que se sabia dessa ciência naquela época.
Com concisão e didática, Kardec descreve algumas leis
estequiométricas, conceitos aclarados por Lavoisier e Proust.
Na segunda parte, entretanto, o Codificador dá ênfase
demasiada à teoria do "vitalismo", conceito
advindo dos representantes do neo-platonismo, descrevendo o chamado
"princípio vital" como "presente
em toda matéria viva", admitindo-o como "não
passível de definição", limitando-se
a dá-lo como “existente, pois seus efeitos são
observados". Sobre sua permanência nos seres vivos,
Kardec afirma que é graças à ação
do conjunto de órgãos, como o "calor à
rotação de uma roda".
Duas questões se levantam então: se cessarmos a rotação
de uma roda, o calor se esvai; se cessarmos o funcionamento dos órgãos,
o "princípio vital" também se esvairá?
Se isso acontece, como explicar a procriação de germens
após a completa inércia dos órgãos físicos?
Essas duas interrogações persistem sem resposta dentro
da obra "A Gênese".
A geração espontânea
Logo após, Kardec toca no problema da "geração
espontânea", que era a "coqueluche"
dos sábios da época, pelo menos na área biológica.
A interrogação que se faziam os biólogos era:
como surgira o primeiro ser vivo, sem o concurso dos "gens"
paterno e materno? Em o outras palavras: era possível advir-se
a Vida sem pai nem mãe?
Duas correntes existiam para explicar: uma, partidária da geração
espontâneas afirmando que sim. A outra, defendendo a teoria
de uma união de materiais inorgânicos inicialmente, e
posterior descendência obrigatória desse ser vivo pré-existente.
Embora incompleta, esta última teoria e a mais correta. No
entanto, Kardec, neste ponto, apóia a primeira teoria, embora
o faça veladamente, mas de uma maneira plenamente perceptível.
São suas as afirmações:
"Se o musgo, o líquen, o zoófito, os infusórios,
os vermes intestinais podem se produzir por geração
espontânea, por que o mesmo não seria possível
com as árvores, os peixes, cães e cavalos?"
Naturalmente como homem de ciência que era, e plenamente consciente
de que poderia estar incorrendo em erro, deixou em aberto a questão,
mas não sugeriu uma segunda hipótese, o que vem confirmar
a sua simpatia pela teoria da geração espontânea.
Isso fica bem claro em sua afirmação no final dessa
parte:
"A teoria da geração espontânea é
uma hipótese não definitiva, mas provável, e
que um dia talvez venha a ocupar par lugar entre as verdades reconhecidas”.
Acontece que não ocupou. A teoria da geração
espontânea, bem como a do "princípio vital",
caíram por terra muito mais cedo do que se esperava. Pasteur,
em 1860, dois anos após a publicação de "A
Gênese", provou estarem essas teorias em
desacordo com a Ciência.
Como? Um caldo de carne (eliminada a possibilidade de "princípio
vital", (pois não haviam órgãos vivos
para mantê-lo), quando exposto ao ar, ficava cheio de germens,
enquanto que estando fechado e fervido permanecia indefinidamente
sem eles. Com algumas outras experiências simples, provando
o transporte dos germens pelo ar, ficou definitivamente provada a
não existência das teorias de geração espontânea
e princípio vital, ambas constantes em "A
Gênese".
Além do mais, outro estudioso, Spallanzani, provou que os infusórios
(antigo nome dado aos protozoários) não surgiam espontaneamente,
mas de protozoários pré-existentes. E muito menos os
parasitas intestinais, que provinham do exterior, através da
ingestão de água ou de alimentos contaminados.
A verdade sobre o surgimento da Vida orgânica na Terra, só
foi aclarada em 1953, quando Muller reproduziu em laboratório
a provável atmosfera reinante na Terra quando de sua formação.
Uma massa gasosa e pulveriforme, rica em hidrocarbonetos (metano principalmente),
amoníaco, vapor d'água e hidrogênio. Após
algum tempo, fazendo circular faíscas elétricas em tal
atmosfera, do mesmo modo que os raios fizeram na época da formação,
Muller obteve ácidos aminados. Esses ácidos arruinados
são os formadores das cadeias protéicas: proteínas.
No oceano primitivo (formado provavelmente com o de gelo), as proteínas
foram reagindo entre si, formando substâncias de alto peso molecular
chamadas "coacervados". Causas puramente mecânicas
fragmentavam os coacervados, transformando-os em gotas filhas, com
a mesma propriedade do original. Por um processo seletivo foram sobrevivendo
aquelas em que as reações químicas eram mais
rápidas, sobrevindo a substituição dos catalisadores
minerais mais elementares, por enzimas, muito mais específicas.
Assim, em linhas gerais, está traçado um pequeno esboço
de como surgiu o primeiro ser vivente organicamente na Terra. Numa
fase posterior, criou-se a célula. Daí para a frente
tudo seguiu o caminho da constante evolução biológica.
Kardec errou?
Ora, se tudo o que dissemos acima, através de estudos científicos
foi comprovado e analisado, fica a seguinte interrogação:
teria Kardec errado nesta parte?
Aí depende de interpretação. Se formos daqueles
que julgam a Doutrina Espírita como uma obra terminada, que
nada deve absorver, que Kardec disse tudo sobre tudo, então
ele realmente errou. Se, no entanto, encararmos os fatos de uma maneira
dialética, isto é, tudo num eterno "vir a ser",
então podemos dizer apenas que Kardec analisou esta questão
como um sábio do século passado, e, como tal, não
poderia estar a par dos avanços tecnológicos de nosso
século, e, portanto, não errou, mas sim deixou incompleta
esta questão, para que a própria Ciência, no futuro,
melhor aparelhada, restabelecesse a verdade dos fatos. Segundo o próprio
Kardec, "caminhando par e passo com o progresso o Espiritismo
jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas forem
mostrar que ele está em erro acerca de um ponto qualquer, ele
se modificará neste ponto. Se uma verdade nova se revelar,
ele a aceitará".
Isso responde suficientemente a questão, mas não explica
a inércia dos espíritas em deixar permanecer em uma
de suas obras básicas, erros tão crassos como os vistos
anteriormente. É incrível a nossa indolência ante
teorias com mais de cem anos de superação, que permanecem
como se ainda estivessem certas, permitindo que homens de Ciência
riam-se às custas do nosso codificador, taxando-o de "ultrapassado".
Por que não atualizamos os escritos de Kardec trazendo-o ao
século XX, ás conquistas espaciais, às experiências
biológicas modernas? Seria medo de tomarem-nos por herejes?
Acredito que não. Acredito sim num excesso de misticismo que
impede os espíritas de verem o "outro lado"
da Doutrina, isto é, seu lado científico. Onde estão
as experiências de Bozzano, de Croockes, de Rochas? Tudo deixa
transparecer que a "fé raciocinada" do Espiritismo,
cada vez mais fé e menos razão.
Até quando ficaremos discutindo bizantinamente entre nós
mesmos, no nosso próprio meio, esquecendo de comparar, estudar
a verdade, e não simplesmente uma confirmação?
Afirmações como “nada deterá a marcha
do Espiritismo”, que “somos o futuro da Humanidade”,
e tantas outras que ouvimos por aí, nada valem se não
arregaçarmos as mangas e partirmos para um enfoque mais racional
das verdades espíritas.
Fonte: Revista Internacional
de Espiritismo – Agosto de 1972
* * *
PESQUISA:
II - FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS
O LIVRO DOS ESPÍRITOS
- LIVRO 1 - CAP. 3
Allan Kardec
Tradução: J. Herculano Pires
43. Quando a Terra começou a ser povoada?
-- No começo, tudo era caos; os elementos estavam fundidos.
Pouco a pouco, cada coisa tomou o seu lugar; então, apareceram
os seres vivos, apropriados ao estado do globo.
44. De onde vieram os seres vivos
para a Terra?
-- A Terra continha os germes, que esperavam o momento favorável
para desenvolver-se. Os princípios orgânicos reuniram-se,
desde o instante em que cessou a força de dispersão,
e formaram os germes de todos os seres vivos. Os germes permaneceram
em estado latente e inerte, como a crisálida e as sementes
das plantas, até o momento propício à eclosão
de cada espécie; então, os seres de cada espécie
se reuniram e se multiplicaram.
45. Onde estavam os elementos
orgânicos, antes da formação da Terra?
-- Estavam, por assim dizer, em estado fluídico no espaço,
entre os Espíritos, ou em outros planetas, esperando a criação
da Terra, para começarem uma nova existência sobre um
novo globo.
Nota de Allan Kardec
- A Química nos mostra as moléculas dos corpos inorgânicos
unindo-se para formar cristais de uma pluralidade constante, segundo
cada espécie, desde que estejam nas condições
necessárias. A menor perturbação destas condições
é suficiente para impedir a reunião dos elementos, ou
pelo menos a disposição regular que constitui o cristal.
Por que não ocorreria o mesmo com os elementos orgânicos?
Conservamos durante anos germes de plantas e de animais, que não
se desenvolvem a não ser numa dada temperatura e num meio apropriado;
viram-se grãos de trigo germinar depois de muitos séculos.
Há, portanto, nesses germes, um princípio latente de
vitalidade, que só espera uma circunstância favorável
para desenvolver-se. O que se passa diariamente sob os nosso olhos
não pode ter existido desde a origem do globo? Esta formação
dos seres vivos, partindo do caos pela própria força
da Natureza, diminue alguma coisa a grandeza de Deus? Longe disso,
corresponde melhor à idéia que fazemos do seu poder,
exercendo-se sobre os mundos infinitos através de leis eternas.
Esta teoria não resolve, é verdade, a questão
da origem dos elementos vitais; mas Deus tem os seus mistérios
e estabeleceu limites as nossas investigações.
46. Há seres que ainda nascem espontaneamente?
-- Sim, mas o germe primitivo já existia em estado latente.
Sois, todos os dias, testemunhas desse fenômeno. Os tecidos
dos homens e dos animais não contam os germes de uma multidão
de vermes que esperam, para eclodir, a fermentação pútrida
necessária à sua existência? É um pequeno
mundo que dormita e que se cria.
47. A espécie humana se achava
entre os elementos orgânicos do globo terrestre?
-- Sim, e veio a seu tempo. Foi isso que deu motivo a dizer-se que
o homem foi feito do limo da terra.
48. Podemos conhecer a época
da aparição do homem e de outros seres vivos sobre a
Terra?
-- Não; todos os vossos cálculos são quiméricos.
49. Se o germe da espécie
humana estava entre os elementos orgânicos do globo, por que
os homens não mais se formam espontaneamente, como em sua origem?
-- O princípio das coisas permanece nos segredos de Deus; mas
podemos dizer que os homens, uma vez dispersos sobre a Terra, absorveram
em si mesmos os elementos necessários à sua formação,
para transmiti-los segundo as leis da reprodução. O
mesmo aconteceu com as demais espécies de seres vivos.
* * *
GERAÇÃO ESPONTÂNEA
A Gênese, cap. X - Allan Kardec
Tradução Carlos de Brito Imbassahy
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/Codificacao_Espirita/GENESE/GENESE_ORGANICA_10.html
20. – Indaga-se naturalmente porque
não se formam mais seres vivos nas mesmas condições
dos que os primeiros que apareceram na Terra.
A questão da geração espontânea
que atualmente preocupa a Ciência, se bem que ainda diversamente
resoluta não é possível faltar de se lançar
luz sobre este assunto. O problema proposto é o seguinte: formar-se-ia
espontaneamente em nossos dias seres orgânicos pela simples
união dos elementos constituintes, sem germens preliminares
produzidos pela germinação ordinária, senão
dito sem pais nem mães?
Os partidários da geração espontânea
(*) respondem afirmativamente, e se apóiam em observações
diretas que parecem conclusivas. Outros pensam que todos os seres
vivos se reproduzem uns em decorrência de outros, e se apóiam
sobre este fato, constatado pela experiência, que os germens
de certas espécies animais, estando dispersos, podem conservar
uma vitalidade latente durante um tempo considerável, até
que as circunstâncias sejam favoráveis à sua eclosão.
Esta opinião deixa sempre subsistir a questão da formação
dos primeiros tipos de cada espécie.
___
(*) N. do trad. – Estes partidários
baseavam-se na aparição de larvas de inseto nas carnes
putrefeitas e que, para eles, representaria a dita geração
espontânea que foi contestada por Pasteur, quando encerrou um
pedaço da mesma carne numa redoma de tela fina onde os insetos
não pudessem atravessar para depositar seus ovos na mesma.
O que se tem, atualmente, como provável geração
espontânea é a idéia de que os primeiros agentes
estruturadores externos teriam atuado sobre as cadeias carbônicas
dissolvidas nas águas primitivas, transformando-as em plânctons,
os elementos fundamentais para a origem dos zoófitos. Daí
em diante, ocorre o ciclo evolutivo da transformação
das espécies, também, sob ação de agentes
externos superiores.
21. – Sem discutir os dois sistemas, convém
assinalar que o princípio da geração espontânea
não pode evidentemente se aplicar a quaisquer seres senão
os de ordem inferior do reino vegetal e do reino animal, naqueles
em que a vida começa a pesar e em cujo organismo extremamente
simples seja, de alguma sorte, rudimentar. São, efetivamente,
os primeiros que apareceram sobre a Terra e, dos quais, a geração
deva ser espontânea. Assistiremos, assim, a uma criação
permanente análoga à que teve lugar nas primitivas idades
do mundo.
22. – Mas, então, por que não
se vêem mais formar, da mesma maneira, os seres de uma organização
complexa? Estes seres nunca existiram, é um fato positivo,
pois foram o começo. Se o musgo, o líquem, o zoófito,
o infusório, os vermes intestinais e outros podem se produzir
espontaneamente, por que não o é o mesmo com as árvores,
os peixes, os cães, os cavalos?
Aqui se detêm, por momento as investigações;
o fio condutor se perde, e até que ele seja encontrado, o campo
está aberto às hipóteses; será, pois,
imprudente e prematuro dar sistemas como verdades absolutas.
23. – Se o fato de a geração
espontânea ficar demonstrada, qualquer limitação
que seja, não será menos um fato capital, um marco posto
que pode colocar sobre a vista de novas observações.
Se os seres orgânicos complexos não se reproduzem desta
maneira, quem sabe como eles começaram? Quem conhece o segredo
de todas as transformações? Quando se vê o carvalho
e a bolota (semente do carvalho), quem poderá dizer se em um
lugar misterioso não exista do pólipo ao elefante?
Deixemos ao tempo a atenção de
trazer a luz ao fundo deste abismo, se um dia possa ser sondado. Estes
conhecimentos são interessantes, sem dúvida, no ponto
de vista da ciência pura, mas elas não são as
que influem sobre os destinos do homem.
* * *
Geração Espontânea
ou Abiogênese
http://trabalhodebiologia.vilabol.uol.com.br/abiogenese.htm
Segundo Aristóteles,
autor dessa teoria, e influenciado pela teoria platônica da
existência de um mundo de imagens, afirmava que as espécies
surgem por geração espontânea, ou seja, existiam
diversas fórmulas que dariam origem às diferentes espécies.
Isto é, segundo ele, os organismos podem surgir a partir de
uma massa inerte segundo um princípio activo (por exemplo,
nascer um rato da combinação de uma camisa suja e de
um pouco de milho).
A Geração Espontânea
permaneceu como idéia principal do surgimento das espécies
devido à influência que as crenças religiosas
incutiam na civilização ocidental, principalmente. Assim,
a geração espontânea tornou-se uma idéia
chave para a teoria que surgiria a seguir (criacionismo).
* * *
A Crença na Abiogênese
http://s.silva777.sites.uol.com.br/evol_abio.htm
A crença na geração
espontânea da vida teve predominância desde os tempos
de Aristóteles até meados do século XIX. Em 1668
houve o primeiro desafio a esta crença, Francesco Redi, físico
italiano, realizou uma experiência que indicou que as larvas
de moscas não surgiam espontaneamente de carne deteriorada.
Redi colocou um pedaço de carne em uma vasilha coberta com
musselina napolitana esticada. Embora a carne entrasse em decomposição,
não surgiram vermes. Apesar desta evidência de inexistência
de geração espontânea, Redi continuou a crer na
geração espontânea de vermes intestinais e carunchos
na madeira.
Em 1683, 15 anos após Redi publicar os resultados de suas experiências,
Anton van Leeuwenhoek, cientista holandês, descobriu o mundo
das bactérias e inspirou vários cientistas a construírem
microscópios e procurarem por elas.
Passou-se a observar que quando uma substância passível
de decomposição era colocada em um lugar quente, as
bactérias logo apareciam onde nada havia antes, isto parecia
apoiar a crença na geração espontânea,
mas, nesta época, também manifestou-se a crença
em "sementes" que estão no ar.
Louis Joblot, tentando provar que as bactérias entraram em
contato com substâncias deterioradas através do ar, realizou
uma experiência onde um caldo de ervas era fervido durante 15
minutos e depois colocado em dois recipientes separados. Um recipiente
ficou exposto ao ar, enquanto o outro foi vedado antes de esfriar.
O recipiente selado não desenvolveu bactérias, enquanto
o aberto fervilhava delas. A experiência de Joblot não
convenceu o mundo.
No final do século XVIII, John T. Needham, um pregador escocês,
e Abbe Spallanzani, cientista italiano, estavam realizando experiências
parecidas com à de Joblot, mas estavam chegando a conclusões
opostas com respeito à viabilidade da geração
espontânea.
Needham era um vitalista, portanto acreditava que a matéria
continha uma força ou um princípio vital que causava
a geração espontânea. Needham realizou experiências
em que o caldo fervido e vedado apresentava a presença de microorganismos
depois de alguns dias, sugerindo que estava provada a possibilidade
de geração espontânea.
Spallanzani, crendo que o ar transportava os microorganismos, conduziu
experimentos em que o caldo fervido não produziu bactérias.
Além disso, acusou Needham de não esterilizar adequadamente
o equipamento, por isto a experiência não seria válida.
Needham respondeu que Spallanzani havia destruído a força
vital dos caldos de suas experiências, por ter aquecido demais.
J. H. Rush, em "The Dawn of Live",
Garden City: Hanover House, 1957, pg. 93, comenta a discussão
entre Needham e Spallanzani:
"A tendência do argumento é
curiosa. Ela ilustra muito bem a propensão para crer naquilo
que desejamos crer".
As dúvidas sobre a existência, ou não, de geração
espontânea permaneciam, pois os resultados obtidos nas experiências
eram inconsistentes. Em 1859, ano em que Darwin publicou a "Origem
das Espécies", F. Pouchet publicou um trabalho
de quase 700 páginas em que defendeu o princípio vital
e a geração espontânea. Todo o seu trabalho experimental
apoiou a sua teoria. Os tempos eram outros, o ambiente era favorável
ao humanismo, e todos passam a aceitar a abiogênese, pois era
a explicação que descartava a ação de
Deus. Devido as controvérsias das experiências em laboratório,
a Academia Francesa de Ciências ofereceu um prêmio à
primeira pessoa que inventasse uma experiência capaz de resolver
a questão.
Louis Pasteur inicia suas experiências. Pasteur colocou uma
solução nutritiva no interior de um balão de
vidro, de pescoço longo. Aquecia a solução, o
que matava todos os microorganismos. Com calor, transformava o pescoço
do balão em um tubo fino e curvo que permanecia aberto na extremidade
(pescoço de cisne). A solução do balão
permanecia estéril, apesar da solução nutritiva
manter contato com o ar. Esta situação não deveria
dificultar a geração espontânea dos micróbios,
mas ela não ocorre, porém, quando Pasteur quebra o pescoço
do tubo, a solução passa a apresentar inúmeros
micróbios, o que leva a concluir que o pescoço do tubo
dificultava o acesso dos micróbios, ou seja, eles definitivamente
não se originavam espontaneamente do meio.
Em 1862, Louis Pasteur publicou a
prova que foi um golpe mortal contra a abiogênese, provando
que os micróbios vivem realmente no ar, cuja idéia Pouchet
havia ridicularizado, e que enquanto estes organismos do ar fossem
mantidos fora dos caldos, não surgiam fungos (mofo).
George Wald, em "The Origin of Live",
Scientific American, vol. 191, 2, pg 46, falando do fracasso da geração
espontânea, diz:
"Contamos esta história para os primeiranistas de Biologia
como se ela representasse um triunfo da razão sobre o misticismo.
Mas, de fato trata-se de quase justamente o oposto. O ponto de vista
razoável seria crer na geração espontânea;
única alternativa para crer num ato único de criação
sobrenatural. Não existe uma terceira posição.
Por este motivo, diversos cientistas há um século decidiram
considerar a crença na geração espontânea
como uma necessidade filosófica. Um sintoma da pobreza filosófica
de nossa época é a desconsideração desta
necessidade. A maioria dos biólogos modernos, tendo verificado
com satisfação a queda da hipótese da geração
espontânea, mas sem estarem dispostos a aceitar a crença
alternativa na criação especial, ficou sem outra opção".
Nos é ensinado em aulas de biologia que, com a experiência
de Pasteur, terminou a história das crenças supersticiosas
da geração espontânea, mas, na verdade, a história
continua, devido a não aceitação científica
da evidência da existência de um criador (Deus), a crença
moderna na geração espontânea tomou uma nova forma.
A. I. Oparin, um bioquímico russo, que propôs uma teoria
da origem química da vida, disse:
"Uma pesquisa cuidadosa da prova experimental revela, porém,
que ela não nos diz nada sobre a impossibilidade da geração
da vida em alguma outra época ou sob outras condições".
Portanto, conclui-se que Pasteur, para muitos, não destruiu
a crença na geração espontânea, simplesmente
forçou a questão até um ponto em que nenhum lado
pode negar o outro, pelo menos de maneira conclusiva.
A teoria da evolução, para que seja válida, tem
que partir do pressuposto de que a abiogênese ocorreu pelo menos
uma única vez.
* * *
LOUIS PASTEUR
França - 27/12/1822 - Sexta-feira - 28/09/1895 - Sábado
http://faustomoraesjr.sites.uol.com.br/aconteceu/Louis_Pasteurx.htm
Químico e bacteriologista que tem seu
nome associado à raiva dos cães e também a um
método de tratamento do leite das vacas, que é pasteurização.
Foi ele quem descobriu a vacina contra a hidrofobia e quem imaginou
usar o calor no processo para conservação dos alimentos
e quem desmentiu em definitivo a teoria da geração espontânea.
Quando morava na cidade de Lille, Pasteur foi convidado por uma indústria
para pesquisar o processo de fermentação do açúcar
de beterraba, que freqüentemente se originava ácido lático,
em vez de álcool. Ao mesmo tempo, estudava a fermentação
do vinho e da cerveja. E as descobertas não demoraram. A fermentação
era causada por organismos microscópicos que vivem nos líquidos.
Examinando amostras de fermentação normal da cerveja,
Pasteur notou que os organismos que ali apareciam eram de formato
esférico, enquanto na fermentação "degenerada"
os corpúsculos tinham a forma de bastonetes.
No decorrer dessas pesquisas, Pasteur se interessou em saber se os
minúsculos seres eram encontrados permanentemente na atmosfera
ou se eram gerados espontaneamente. Após uma série de
experiências concluiu que impedindo a entrada de micróbios
num recipiente contendo líquido não contaminado, este
permanecia puro e se conservava por muito tempo. Logo, os microorganismos
que causavam a fermentação não se geraram espontâneamente,
como se acreditava. E descobriu mais: para combate-los, bastava usar
o calor, aquecendo os líquidos a uma certa temperatura.
Convencido de que as moléstias infecciosas deviam ser provocadas
por micróbios, Pasteur começou a pesquisar com tanto
afinco, que nem o fato de estar parcialmente paralítico o afastou
do trabalho. Em 1881, finalmente, viu a confirmação
de sua teoria: isolou o micróbio de uma doença do gado
bovino – o carbúnculo. Com a colaboração
de outros dois cientistas, criou uma vacina imunizante.
Resolvido o problema do carbúnculo, Pasteur se propôs
a um outro desafio: derrotar a hidrofobia ou "raiva". Não
havia na época nenhum meio de evitar a morte das pessoas e
animais mordidos por cães raivosos. Primeiro, injetou a saliva
de animais contaminados em outros sadios, observando que o vírus
se estabelecia nos centros nervosos. Depois, extraiu material da medula
de cães hidrófobos, inoculou-o em animais sadios e estes
também ficaram raivosos. Submetendo o tecido medular de animais
doentes a tratamento especial de dessecamento por meio de calor, conseguiu
atenuar bastante o grau de virulência da substância. Então,
preparou com ela uma solução que foi aplicada em cães
e coelhos. Estes ficaram perfeitamente imunizados e resistiram a todas
as tentativas de contágio por meio de saliva de cães
hidrófobos. A vacina estava criada.
* * *
Teoria de Oparin
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Teoria De Oparin)
http://pt.wikipedia.org/wiki.cgi?Teoria_De_Oparin
A Teoria
de Oparin é uma de varias teorias (por exemplo, a
Teoria
Cosmogónica) tentando responder à pergunta Se
um ser é gerado de um ser precedente, como surgiu o primeiro
ser?, depois de a teoria de geração
espontânea ter sido derrubada por Louis
Pasteur em 1864.
Por volta de 1930, um cientista russo chamado Aleksandr
Oparin formulou uma nova hipótese para explicar a origem
da vida. Isso culminou com seu livro A Origem da Vida.
Oparin possuía conhecimentos em astronomia, geologia, biologia
e bioquímica e os empregou para a solução deste
problema.
Por seus estudos de astronomia, Oparin sabia que na atmosfera do Sol,
de Júpiter e de outros corpos celestes, existem gases como
o metano, o hidrogênio e a amônia. Esses gases são
ingredientes que oferecem carbono, hidrogênio e nitrogênio.
Para completar estava faltando o oxigênio, então pensou
na água.
Para Oparin explicar como poderia haver água no ambiente ardente
da Terra primitiva, ele usou seus conhecimentos de geologia. Os 30
km de espessura média da crosta terrestre constituídos
de rocha magmática deixam sem sombra de dúvidas a intensa
atividade vulcânica que houve na Terra. É sabido que
atualmente são expelidos cerca de 10% de vapor de água
junto com o magma, e provavelmente também ocorria desta forma
antigamente.
A persistência da atividade vulcânica por milhões
de anos teria provocado a saturação de umidade da atmosfera.
Nesse caso a água não mais se mantinha como vapor.
Oparin imaginou que à alta temperatura do planeta, a atuação
dos raios ultra-violeta e a ocorrência de descargas elétricas
na atmosfera (relâmpagos) pudessem ter provocado reações
químicas entre os elementos anteriormente citados, essas reações
daria origem a aminoácidos.
Começavam então a cair as primeiras chuvas sobre o solo,
e estas arrastavam moléculas de aminoácidos que ficavam
sobre o solo. Com a alta temperatura do ambiente, a água logo
evaporava e retornava à atmosfera onde novamente era precipitada
e novamente evaporava e assim por diante.
Oparin concluiu que aminoácidos que eram depositados pelas
chuvas não retornavam à atmosfera com o vapor de água
e assim permaneciam sobre as rochas quentes. Presumiu também
que as moléculas de aminoácidos, sob o estímulo
do calor, pudessem combinar-se por ligações peptídicas.
Assim surgiriam moléculas maiores de substâncias albuminóides.
Seriam então as primeiras proteínas a existir.
A insistência das chuvas por milhares ou milhões de anos
acabou levando ao aparecimento dos primeiros mares da Terra. E para
estes mares foram arrastadas, com as chuvas, as proteínas e
aminoácidos que permaneciam sobre as rochas. Durante um tempo
incalculável, as proteínas acumularam-se nos mares de
águas mornas do planeta. As moléculas se combinavam
e partiam-se e novamente voltavam a combinar-se em nova disposição.
E dessa maneira, as proteínas multiplicavam-se quantitativa
e qualitativamente.
Dissolvidas em água, as proteínas formaram colóides.
A interpenetração dos colóides levou ao aparecimento
dos coacervados.
É possível que nessa época já existissem
proteínas complexas com capacidade catalisadora, como enzimas
ou fermentos, que facilitamm certas reações químicas,
e isso acelerava bastante o processo de síntese de novas substâncias.
Quando já havia moléculas de nucleoproteínas,
cuja atividade na manifestação de caracteres hereditários
é bastante conhecida, os coacervados passaram a envolvê-las.
Apareciam microscópicas gotas de coacervados envolvendo nucleoproteínas.
Naquele momento faltava apenas que as moléculas de proteínas
e de lipídios se organizassem na periferia de cada gotícula,
formando uma membrana lipoprotéica.
Estavam formadas então as formas de vida mais rudimentares.
* * *
Provas da Teoria de Oparin
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Da WIKIPEDIA, a enciclopédia livre:
Oparin não teve condições
de provar sua hipótese, mas em 1953 Staney Miller e e Harold
Urey da Universidade de Chicago realizaram a experiência que
ficou conhecida pela experiência
de Urey-Miller.
Os cientistas colocaram em um balão de vidro: metano, amônia
hidrogênio e vapor de água. Submeteu-os a aquecimento
prolongado. Uma centelha elétrica de alta tensão cortava
continuamente o ambiente onde estava contido os gases. Ao fim de certo
tempo, comprovaram o aparecimento de moléculas de aminoácidos
no interior do balão, que se acumulavam no tubo de U.
Pouco tempo depois, em 1957, Sidney
Fox submeteu uma mistura de aminoácidos secos a aquecimento
prolongado e demonstrou que eles reagiam entre si, formando cadeias
peptídicas, com aparecimento de moléculas protéicas
pequenas.
As experiências de Urey-Miller e Fox comprovaram a veracidade
da hipótese de Oparin.
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