Paulo
da Silva Neto Sobrinho
> A Memória Genética não explica a
reencarnação
A natureza conservadora
da ciência tem sido o seu ponto mais forte e o
seu ponto mais fraco.
JIM B. TUCKER
É preciso que se
enfatize que nem tudo aquilo que pode ser provado constitui
uma verdade, tanto quanto nem tudo o que é verdadeiro
pode ser cabalmente provado.
HERNANI GUIRAMÃES ANDRADE
Certas pessoas de saber, entre elas
uma gama considerável de cientistas, não admitem a reencarnação,
talvez por acharem se tratar de uma crença. O que reputamos mais
estranho é os materialistas atribuírem à matéria,
via memória genética, os casos de crianças que
se lembram de outras vidas e os que vêm à tona pela porta
da regressão de memória.
Sinceramente, estão totalmente por fora do assunto, parecendo
que nada estudaram sobre os casos já catalogados por vários
pesquisadores, cuja quantidade é bem significativa, dando a impressão
que nem procuraram ler sobre os resultados das pesquisas, demonstrando
que suas opiniões são na base do "ouviram falar".
Erram os que assim pensam, pois as pesquisas sobre crianças que
se lembram espontaneamente de outras vidas nos apontam para o fato de
que, na grande maioria, a família em que elas nasceram na vida
atual não tem qualquer ligação consanguínea
com a família a que diziam pertencer na vida anterior.
Outro detalhe que nada sabem é que também a grande maioria
delas, após um certo período de tempo, nada mais guardam
de suas "lembranças" da vida anterior; são poucas
as que conseguem mantê-las por toda a sua vida.
Somente estas duas situações bastam para deitar por terra
a suposta causa dessas lembranças ser produto de memória
genética; hipótese, aliás, cientificamente ainda
não comprovada. Ela apenas é aceita por alguns cientistas
materialistas que fazem vistas grossas ao enorme acervo já existente,
fruto de pesquisas sérias que apontam, inapelavelmente, para
a hipótese da reencarnação ser um fato.
Por amor à verdade, não podemos deixar de levar em consideração
as opiniões de cientistas que dedicaram anos e anos de suas vidas
às pesquisas sobre reencarnação, como é
o caso do médico psiquiatra Ian Stevenson (1918-2007), pesquisador
pela Universidade de Virgínia, EUA, que dedicou 40 anos de sua
existência pesquisando crianças que, espontaneamente, se
lembraram de outras vidas, conseguindo acumular mais de 2.500 casos
(TUCKER, 2007). Vejamos o que ele falou
sobre o tema:
"MEMÓRIA"
GENÉTICA
De acordo com a teoria da "memória"
genética, as supostas memórias da vida anterior, surgem
das experiências dos ancestrais do paciente. Ele "lembra"
com imagens ou visões o que aconteceu aos seus ancestrais,
como, por exemplo, um pássaro pode "lembrar" como
voar depois de ser empurrado para fora do ninho. Nessa interpretação,
as lembranças de vidas anteriores se tornam interessantes curiosidades
em razão de detalhes, mas não são mais notáveis
do que outros aspectos do comportamento que atribuímos a hereditariedade
e chamamos "instinto".
Essa teoria pode justificar dois tipos de casos. Em primeiro lugar,
casos nos quais o corpo físico de uma personalidade se origina
linearmente do corpo da personalidade anterior, como no caso de William
George Jr., podemos invocar a teoria da "memória"
genética aqui, para explicar não apenas as verrugas
no braço de William George Jr., mas também suas lembranças
fragmentadas da vida de seu avô, supondo que ele não
as obteve por meio da comunicação normal de seus pais.
No entanto, casos desse tipo, explicam não apenas o
número pequeno de todos os casos sugestivos de reencarnação.
Na maioria dos casos, as duas personalidades viveram com poucos anos
de diferença e em linhas genéticas que não eram
relacionadas.
Nesses casos, a segunda personalidade não poderia ter ocupado
um corpo geneticamente originado do corpo da personalidade anterior.
A explicação "memória" genética
pode ser aplicada também naqueles casos em que longos períodos,
talvez séculos, separam as duas personalidades (nenhum caso
desse tipo ocorreu no grupo de casos aqui relacionados e é
raro).
Quando isso ocorre, podemos especular sobre as relações
genéticas entre os corpos físicos das duas personalidades.
Supondo que essa transferência genética tinha ocorrido,
precisamos saber o que essa teoria explica em casos desse tipo.
A sugestão parece pedir, que se atribua à herança
muito mais poder de transmissão (de lembranças mentais,
por exemplo), do que ousamos relacionar a elas anteriormente. (STEVENSON,
2010, p. 451-452, grifo nosso).
Percebe-se que Stevenson não deixou de levar em conta
a possibilidade das lembranças terem como causa a memória
genética; porém, ele mesmo afirma que, ainda que verdadeira,
ela não explicaria todos os casos. Isso é importante para
demonstrar o quão consciencioso ele era no trato com a questão.
Outro ponto que os partidários da "memória"
genética não teriam como explicar é o fato de que
não há nenhum registro de que todos os descendentes de
uma mesma família lembram-se de serem as mesmas pessoas nas vidas
passadas, fora a questão de que nem todos os seus membros manifestem
algum tipo de lembrança de outras vidas, o que deveria ser regra,
a exemplo dos passarinhos, e não exceção. Além
disso, há o caso dos gênios que não tiveram pais
gênios e nem transmitiram sua genialidade a seus descendentes,
o que é quase uma generalidade nesta situação.
Vejamos dois casos interessantes narrados na obra Reencarnação
- histórias verdadeiras de vidas passadas, de autoria
do jornalista, pesquisador e escritor Roy Stemann (1942- ):
1º Caso: A PEQUENA MÃE
Em casos de reunião de família, é difícil
obter julgamentos precisos para embasar os fatos, porque muitas das
informações fornecidas pelos amigos e parentes dos indivíduos
estão imbuídas de curiosidade e emoções
que não podem ser consideradas na pesquisa. Para verificar
a autenticidade de seus relatos, precisamos levar em conta que algumas
histórias podem estar sendo um pouco modificadas (ainda que
sem intenção) pelas pessoas. Mas há muitos casos
em que os pesquisadores puderam investigar e obter registros precisos
tanto antes quanto depois de as famílias se reunirem.
Um caso clássico desse tipo ocorreu com uma garota nascida
na Velha Delhi, capital da Índia, em 1926. Os pais de Kumari
Shanti Devi adoravam ouvir a filha falar de seu "marido"
e "filhos" quando ela tinha apenas três anos de idade.
No início, tomaram esse comportamento como um sinal de que
ela se casaria cedo. Mas um dia, quando sua mãe lhe perguntou
quem era seu marido, Shanti Devi respondeu sem hesitar:
"Kedarnath. Ele mora em Muttra. Nossa casa é
de estuque amarelo, as portas têm formato de arco e as janelas
são de treliça. O jardim é bem grande, cheio
de cravos e jasmim, e galhos de buganvília cobrem parte do
telhado. Costumávamos nos sentar na varanda e ver nosso filho
mais novo brincando no chão de lajota. Nossos filhos ainda
estão com o pai".
Os pais ficaram preocupados com a filha e procuraram ajuda médica.
O doutor Reddy, médico da família, disse-lhes que ela
provavelmente tinha uma mente brilhante e que estava apenas tentando
chamar a atenção. Tentou falar-lhe e pedir que ela admitisse
que tudo o que dizia era apenas fantasia, mas ela não concordou.
Respondeu que se chamava Ludgi e que havia morrido durante um parto.
"Tinha sido uma gravidez difícil", explicou. "Eu
não me sentia bem e quando percebi que o bebê ia nascer
não sabia se iria suportar. Ficava pior a cada dia. Foi um
parto muito difícil. O bebê sobreviveu, mas eu não".
Uma enfermeira tirou Shanti Devi da sala e o médico
conversou com seus pais. Todos concordaram que era impossível
para uma criança entender e descrever os aspectos mentais e
físicos de uma gravidez difícil. Mas ele não
teve como receitar medicamentos que pudessem eliminar aquelas lembranças,
que persistiram mesmo depois de consultarem várias especialidades
médicas.
Somente em 1934, quando a menina estava com oito anos, é que
sua história começou a ser levada a sério. Seu
tio, o professor Kishen Chand, decidiu verificar as informações.
Enviou uma carta ao endereço que Shanti Devi mencionava em
Muttra perguntando se um homem chamado Kedarnath havia perdido a esposa
em 1925.
O conteúdo da carta surpreendeu Kedarnath, pois sua esposa
Ludgi havia realmente morrido nessa época e ele ainda sentia
muito a falta dela. Apesar de ser um hindu devoto, não conseguia
acreditar que sua esposa havia renascido. Pensou que poderia se tratar
de algum tipo de golpe para roubar seus bens e pediu a seu primo chamado
Lal, que morava em Delhi, para procurar Shanti e sua família.
O senhor Lal entrou em contato com eles a pretexto de tratar de negócios,
já que a família não teria como saber de sua
ligação com o conteúdo da carta que haviam enviado.
Shanti, que estava então com nove anos de idade, estava ajudando
a mãe na cozinha quando o senhor Lal chegou. Correu para abrir
a porta e deu um grito. Sua mãe foi atrás dela e a encontrou
nos braços do surpreso visitante, entre lágrimas, dizendo:
"Mãe, este é um primo de meu marido! Morava perto
de nós em Muttra e se mudou para Delhi. É tão
bom vê-lo novamente! Entre e me fale como estão meu marido
e meus filhos". O pai de Shanti chegou em casa nesse momento
e o senhor Lal confirmou tudo o que ela havia dito durante os anos
anteriores. Chamaram o professor Chand e decidiram que o próximo
passo seria convidar Kedarnath e o filho favorito de Ludgi a virem
a Delhi para encontrar os Devi.
A reação de Shanti à chegada deles foi impressionante.
Tentava pegar no colo o "filho" que era muito maior do que
ela e o cobria de beijos, chamando-o pelos apelidos de infância.
Serviu biscoitos e queijo a Kedarnath de maneira tão semelhante
à de sua esposa falecida que seus olhos se encheram de lágrimas.
Ao vê-lo emocionado, tentou consolá-lo com as mesmas
frases carinhosas que o casal costumava usar um com o outro. Mas ele
se recusou a deixar seu filho com eles quando pediram e achou tudo
aquilo muito estranho.
As notícias desse encontro chegaram aos ouvidos de Desh Bandu
Gupta, presidente da Associação All-Índia Newspaper,
a associação dos jornais locais e membro do Parlamento
indiano, que decidiu tomar providências imediatas para que o
caso fosse investigado. Viajou com Shanti, seus pais, um defensor
público chamado Tara C. Mathur e um grupo de estudiosos, cientistas
e repórteres para Muttra.
Quando o trem parou, Shanti gritou de alegria e começou a acenar
para as pessoas que identificou corretamente como a mãe e o
irmão de seu marido. Ao desembarcar, falou com eles não
na língua hindu que havia aprendido em casa, e sim no dialeto
local. Mas o grupo estava ansioso para ver o grande teste: se ela
saberia o caminho até a residência de Ludgi. Ela foi
guiando o grupo, parando apenas uma ou duas vezes para se certificar
e finalmente disse: "Esta é a casa, mas está pintada
de outra cor. Na minha época era amarela, e agora está
branca".
Isso também estava correto. Era onde Ludgi morava com Kedarnath,
mas após a morte dela ele tinha se mudado com os filhos. Foi
levada então à nova casa e identificou pelos nomes os
dois filhos. Só não soube quem era a outra criança,
cujo parto lhe custara a vida. O comitê seguiu então
para a casa da mãe de Ludgi, que já era idosa e ficou
muito confusa e espantada ao ver uma menina que agia e falava
como sua filha e mencionava coisas que apenas ela poderia saber.
Shanti disse a Desh Gupta que havia um poço no terreno. Quando
foram ao local, encontraram-no coberto de plantas e de entulho. Kekarnath
perguntou a Ludgi onde ela havia escondido alguns anéis pouco
antes de morrer. Ela disse que estavam enterrados em um vaso no jardim
da casa antiga, que o comitê também encontrou.
É claro que o caso chamou a atenção de toda a
população. Centenas de pessoas se reuniram na porta
da casa de Shanti e de Kedarnath e a história foi divulgada
no mundo todo. Mas nada disso ajudou Shanti Devi a apagar suas lembranças.
Era obviamente impossível para ela voltar a viver com seu "marido",
que lhe demonstrava mais receio que afeição, ou mesmo
cuidar de seus filhos. Assim, seguindo o conselho de algumas pessoas,
aprendeu a controlar o amor que sentia por sua família em Muttra
e se distanciou dela.
Anos depois de tudo o que aconteceu, em 1958, um repórter encontrou
Shanti em Delhi levando uma vida pacata e trabalhando como funcionária
do governo. Ela se recusou a comentar o caso.
"Não quero reviver minhas vidas anteriores, seja esta
ou qualquer outra em Muttra", explicou. "Foi muito difícil
para mim sufocar o desejo de voltar a viver com minha família.
Não quero mexer na ferida novamente".
Como veremos mais adiante, esse é um problema que muitas pessoas
têm, e uma das razões pelas quais temos de ser gratos
por não nos lembrarmos de nossas vidas passadas(
STEMMAN, 2005, p. 43-46, grifo nosso).
2º Caso: O FAZENDEIRO QUE RENASCEU E IDENTIFICOU SEU
ASSASSINO
Este caso que aconteceu na Turquia descreve um assassinato e, embora
não envolva o encontro entre a vítima e o assassino,
também é bastante interessante.
O fazendeiro Abit Süzülmüs, que morava na cidade de
Bey, em Adana, foi chamado por um empregado em 31 de janeiro de 1957
porque um de seus animais não estava bem. Quando chegaram ao
estábulo, Abit foi atingido na cabeça com um martelo
de ferreiro e morreu instantaneamente. Algumas horas depois, sua segunda
esposa, Sehide, que estava em estado adiantado de gravidez, saiu à
procura do marido e foi morta da mesma maneira. Os assassinos levaram
algumas jóias que ela tinha no corpo e a noite foram à
casa da família para roubar. Mataram os dois filhos mais novos
do casal, Zihni e Ismet. Os mais velhos conseguiram se esconder e
sobreviveram ao massacre.
Oito meses mais tarde, em 30 de setembro, Mehmet Altinkilic e sua
esposa Nebihe tiveram mais um filho, Ismail, além dos dezoito
que já tinham. Um ano e meio depois, quando começou
a andar e falar, o menino mencionava que tinha sido Abit Süzülmüs.
Tudo começou quando, ao ser chamado de Ismail, ele respondeu:
"Sou Abit". E desde então se recusava a ser chamado
por qualquer outro nome, a ponto de seu pai ter de mudar-lhe o nome
para Abit na matrícula escolar. Dizia: "Tenho duas esposas.
Uma se chama Hatice e a outra Sehide". Quando o pai perguntou
se o garoto havia tido filhos, ele respondeu: "Sim, papai. Gülseren,
Zeki e Kikmet". Eram os nomes dos filhos que sobreviveram ao
assassinato.
Mais tarde, disse o nome dos outros dois filhos que tinham sido mortos.
A pequena criança disse então que tinha três devedores,
seus nomes e, depois de reclamar da pobreza da família Süzülmüs,
disse que ainda esperava receber o dinheiro. Com base nas lembranças
de Ismail, dois deles reconheceram suas dívidas para com a
família de Abit, e Ismail admitiu que Abit também devia
dinheiro a alguém.
Porém, o mais interessante foi a descrição do
assassinato. O menino mencionou o nome do homem que o matou, Ramazan,
e disse que tinha sido chamado a sua casa para examinar um animal
doente e foi atingido na cabeça com um martelo. Sabia também
que haviam matado sua segunda esposa, que estava para ter um bebê,
e dois de seus filhos.
Como ocorre na maioria dos casos, a "outra" família
ouviu falar do menino e veio visitá-lo para verificar se sua
história era verdadeira. Ismail foi levado ao local onde Abit
Süzülmüs tinha vivido e identificou em qual casa (tinha
uma para cada esposa) o assassinato ocorreu. Quando viu os dois filhos,
Zeki e Kikmet, Ismail correu para abraçá-los. Os dois
acabaram aceitando o menino como a reencarnação de seu
pai. Hatice Süzülmüs, primeira esposa de Abit com quem
não pôde ter filhos (daí sua decisão de
ter uma segunda esposa), também aceitou Ismail como a reencarnação
de seu marido. O pesquisador R. Bayer presenciou o encontro de Hatice
com o menino. Ao abraçar Ismail, os olhos de ambos se encheram
de lágrimas. Essas emoções foram mais convincentes
que as palavras. Os dois aceitaram que Abit Süzülmüs
havia renascido.
Mas esta história teve um resultado inesperado. Um ano após
Ismail ter nascido Adana Tinsmith Kerim Bayri e sua esposa Cemile
tiveram uma filha, que chamaram de Cevriye Quando a menina completou
um ano, começou a falar e se lembrava de ter sido Sehide Süzülmüs,
esposa mais jovem de Abit e vítima no assassinato As primeiras
palavras que disse parecem ter sido "Azu" e depois "Ramazan
assassinado". Descreveu todos os acontecimentos e disse
que os criminosos haviam levado seu colar e que a criança que
estava esperando nasceu após sua morte. A informação
foi confirmada quando seu túmulo foi aberto e a criança
havia sido parcialmente expelida do útero.
Cevriye pediu à família que a chamasse de Sehide, mas
eles não pareceram concordar tão facilmente quanto a
família de Ismail. Assim como no caso de Ismail, notícias
do suposto nascimento de Sehide como Cevriye Bayri logo chegaram às
famílias Süzülmüs e Altinkilic. A família
de Abit Süzülmüs não apenas quis conhecer a
criança, mas Zeki e Kikmet disseram acreditar que ela era a
reencarnação de sua mãe. Abit e Sehide, nos corpos
de Ismail e Cevriye, também se encontraram e conversaram sobre
as lembranças que tinham do último dia de sua encarnação
anterior. Continuaram se encontrando, trocando presentes e Ismail
até mencionou que desejava (aos dez anos de idade) casar- se
com ela mais tarde. Ele ainda falava disso aos dezesseis anos, mas
Cevriye, que então tinha quinze, não parecia ter o mesmo
interesse. Ficava encabulada ao falar de suas lembranças da
vida anterior e achava que não ficava bem para uma jovem solteira
dizer que havia tido um marido.
Cinco acusados foram presos pelo crime. Dois deles foram soltos, um
cumpriu sentença, e dois, Ramazan e Mustafa, foram enforcados
após o julgamento quando Ismail ainda era criança, mas
já falava de sua vida como Abit Süzülmüs. Apesar
de não ter conhecido Ramazan, Ismail bateu palmas de alegria
quando soube que ele havia sido enforcado (STEMMAN,
2005, p. 186- 188, grifo nosso).
A negação da reencarnação,
usando da possibilidade de tudo ser apenas produto de "memória
genética", não funciona nestes dois casos aqui mencionados,
tomados para exemplo.
No primeiro, a suposta mãe da vida anterior ouve da criança
que teria sido sua filha reencarnada coisa que só ela, a mãe,
sabia. Para nós o mais interessante do caso é o fato de
Shanti Devi ter dito a seu suposto marido da vida anterior onde estavam
os anéis que ele havia dado a ela, algo que somente ela, Shanti
Devi, tinha conhecimento, portanto, algo que não poderia ter
sido transmitido geneticamente.
No segundo, a informação dada por Cevriye de que a criança,
da qual sua personalidade anterior estava grávida, havia nascido
após a morte dela é algo inusitado, pois só ela,
Cevriye, na sua reencarnação como Sehide, sabia, e mais
ninguém; portanto, uma pretensa hipótese de memória
genética é impotente para explicar isso.
Muitos são os casos semelhantes a estes, que só vêm
apoiar a possibilidade da reencarnação ser um fato; não
uma crença e, muito menos, produto da memória genética.
Dr. Jim B. Tucker (?- ), analisando esses casos arquivados na Divisão
de Estudos da Personalidade, na Universidade de Virgínia, aponta
algumas coisas bem interessantes:
As crianças, quase sempre,
pararam de falar sobre vidas passadas quando chegaram ao seis
ou sete anos, e depois disso, ao que tudo indica, passaram
a levar vidas normais (p. 23).
Setenta e cinco por cento das crianças descrevem
como morreram na vida pregressa e trata-se, frequentemente, de morte
violenta ou súbita (p. 23).
As vidas que as crianças descrevem, costumam ser muito
recentes; com efeito, o tempo médio entre a morte
da personalidade anterior e o nascimento do sujeito quase nunca ultrapassa
quinze ou dezesseis meses. Exceções existem é
claro, […] mas a maioria das crianças descreve mesmo
vidas encerradas há pouco tempo. […] (p.
23-24).
Com raríssimas exceções, praticamente
todas as crianças só descrevem uma vida anterior
(p. 24).
Certas fobias parecem associadas a lembranças de vidas
passadas. Muitas crianças mostram medo intenso com
relação ao tipo de morte da personalidade anterior (p.
25).
A maioria das crianças faz isso com seis ou sete -
e elas não só param de falar como negam que tenham falado
(p. 62) (TUCKER, 2007, passim, grifo nosso).
É certo que estes pontos, isoladamente ou em conjunto, não
darão apoio para sustentar a tese da memória genética.
Aliás, acreditamos que se faz uma confusão danada sobre
o que realmente seja ela. Alguns tratam-na como a transmissão
das características hereditárias dos organismos de uma
geração para outra, que não é exatamente
a mesma coisa que transmissão de conhecimento e características
pessoais e vivências de um indivíduo a outro. Querem, inclusive,
incluir neste rol o instinto, que nada mais é que as aquisições
do princípio inteligente ao longo de sua escalada evolutiva,
partindo dos reinos inferiores da criação.
Os contrários à reencarnação e partidários
da discutível memória genética parecem acreditar
que o que as crianças lembram tem origem no material genético
de seu antepassado.
A consequência disso é que todos nós guardaríamos
a memória de tudo que aconteceu na vida de nossos ascendentes:
pais, avós, bisavós, trisavós, tetravós,
retroagindo até, quem sabe, chegar a Adão, suposto ancestral
comum da humanidade. O que não se inventa para negar aquilo em
que não se quer acreditar!
Vejamos a conclusão de Tucker sobre essa questão:
[…] Memória genética
é o conceito segundo o qual o conhecimento adquirido pode transmitir-se
pelos genes aos descendentes. Não se sabe como a informação
pode alterar a estrutura genética das células do indivíduo
e há, na esfera médica, quem não acredite nisso.
Embora aceitando que a transmissão seja possível, o
problema óbvio da memória genética como explicação
para tais casos é que, em muitos deles, a criança não
tem parentesco algum com a personalidade anterior. Muitas
pessoas pensam que, de certa maneira, todos somos remotamente aparentados;
mas aqui é necessário que a criança seja,
além disso, descendente direta da personalidade anterior
para captar as lembranças gravadas em seus genes. Não
é o que se dá na maioria de nossos casos, uma vez que
a memória genética não os explica. […]
(TUCKER, 2007, p. 46, grifo nosso).
Portanto, temos aí derrubada, em alto estilo, a tese da memória
genética para tentar explicar os casos de crianças que
se lembraram de alguns fatos de suas vidas anteriores, com a qual querem
contrapor a essas pesquisas que evidenciam a reencarnação.
Paulo da Silva
Neto Sobrinho
Mar/2013 (revisão set/2013).
Referências bibliográficas:
ANDRADE, H. G. Você e a reencarnação.
Bauru, SP: CEAC, 2002.
STEMMAN, R. Reencarnação - histórias verdadeiras
de vidas passadas. São Paulo: Butterfly, 2005.
STEVENSON, I. Reencarnação: vinte casos. São Paulo:
Vida e Consciência, 2010.
TUCKER, J. B. Vida antes da vida: uma pesquisa científica das
lembranças que as crianças têm vidas passadas. São
Paulo: Pensamento, 2007.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ian_Stevenson, acesso em 30.03.2013, às
08:25hs.
Este artigo foi publicado: - revista Espiritismo
& Ciência Especial nº 64. São Paulo: Mythos Editora,
setembro de 2013, p. 56-66.
Fonte:
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosPN/A_MEMORIA_GEN_N_EXPLICA_A_REENCARN_PN.html
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Visitem o site do autor - Paulo da Silva Neto
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Possessão: há a posse física do encarnado?
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Preexistência do Espírito
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A profecia sobre a volta de Elias se realizou?
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As provas da sobrevivência do espírito
> Quais são as Obras Básicas?
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Qual a primeira obra espírita que deve ser lida?
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Os quatro Evangelhos de Roustaing
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Quem era o discípulo a quem Jesus amava?
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A Questão do Bom ladrão
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Racismo em Kardec?
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A reclamação de um defunto
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Reencarnação - Bibliografia
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Reencarnação, a prova definitiva
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Reencarnação e as pesquisas científicas
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Reencarnação e a evolução humana
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Reencarnação e o inconsciente coletivo
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Reencarnação é um dogma dos espíritas? (A)?
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Reencarnação na tradução de dois textos do
Novo Testamento
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Reencarnação no Concílio de Constantinopla - (Orígenes
x Império Bizantino)
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Reencarnação no contexto histórico
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Reencarnação no Evangelho, A
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Reencarnação no Pentateuco
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Reencarnação tá na Bíblia
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Reencarnação x ressurreição física
e penas eternas
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Relendo a Bíblia, revendo a teologia
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Religião Espírita: é o que, de fato, é o Espiritismo
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Ressurreição da Carne?
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Ressurreição, o significado bíblico
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Ressurreição ou Reencarnação?
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Reunião de doutrinação (esclarecimento) de espíritos
foi recomendada na codificação?
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Reuniões mediúnicas de desobsessão (doutrinação
ou esclarecimento de Espíritos)
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Satanás – ser ou não ser, eis a questão
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Segredos da supermemória
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Será que os profetas previram a vinda de Jesus?
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Será que Saul conversou com Samuel-espírito?
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Os seres do invisível e as provas ainda recusadas pelos cientistas
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Sinal combinado para confirmar contato com os mortos
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Só a reencarnação para explicar
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Somente Espíritos Superiores trazem-nos novas instruções?
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Sudário: relíquia verdadeira ou falsificação
medieval
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Teodora e as 500 prostitutas
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Terrorismo Religioso
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Tiptologia, a prova de uma ação mental exterior ao médium
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Todos nós somos médiuns
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Torre de Babel: o carro na frente dos bois
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Tradutor, traidor
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Trindade - o “mistério” criado por um leigo, anuído
pelos teólogos
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Umbral, há base doutrinária para sustentá-lo
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A vida do espírito é só no corpo físico?
Leiam também de Paulo da Silva Neto Sobrinho,
em co-autoria
Silva Neto Sobrinho, Paulo da & Silva, Vladimir
Vitoriano da
> Deuteronômio
– lei divina ou mosaica?
Visitem o site de Paulo da Silva Neto Sobrinho
>>> http://www.paulosnetos.net
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