Em que pese o respeito e a admiração
aos ilustres confrades espiritistas do lado de cá das trincheiras
do Cristianismo Redivivo, a quem rendemos nossas mais calorosas homenagens,
mister se faz, tecer algumas considerações ímpares
a respeito dos trabalhos de divulgação doutrinária
nos Centros declaradamente Espiritistas.
Há algum tempo visitamos Centros de diversas organizações
administrativas, sobretudo, aqueles em cujas atividades verificam-se
tendências exclusivamente espiríticas. Pois bem. Nestes
mesmos Centros, observamos, salvo melhor juízo, um ajustamento
inseguro em torno das obras básicas da Codificação.
Com efeito, notamos com certa frequência que a iniciação
espírita (desde que, e quando, realizada sob tal rubrica),
a mais das vezes é efetuada por intermédio de apostilas
suscintamente preparadas para tal finalidade, especificamente para
os locais onde serão ministrados os respectivos cursos ou mesmo
por outros Centros de Excelência que se prestam a interpretar
a Doutrina Espírita sob a óptica particular dos seus
grupos de estudos. Daí nos perguntamos se tal procedimento
constitui informação segura ao principiante da Doutrina.
Além disso, verificamos ainda certa padronização
dos trabalhos no âmbito das respectivas Casas, mais precisamente
em relação as pessoas reincidentes dos chamados “tratamentos
de obsessões”, as quais acabam por engrossar inúmeras
vezes as fileiras dos perturbados de toda ordem, embora acusem certa
vivência nestes mesmos locais de atendimento. Forçosamente
nos perguntamos novamente se isso não se deve ao fato de a
Doutrina Espírita não estar sendo compreendida por tais
pessoas de maneira satisfatória. E mais, se há ligação
entre a iniciação doutrinária e a reincidência
de pessoas nas filas de obsedados! Em havendo, quais seriam então
as providências cabíveis? Será que o espiritismo
bem compreendido e bem sentido não reduziria o número
de obsedados reincidentes?! Meditemos pois.
É inegável, por outro lado, a contribuição
dos prestimosos grupos de estudos em torno da divulgação
das mensagens dos Espíritos. Todavia, perguntamo-nos mais uma
vez, se realmente faz-se necessário reinterpretar as obras
de Allan Kardec para efeito de entendimento da Filosofia, Religião
e da Ciência Espírita, ao menos em suas linhas gerais.
E se assim não o é, por que esses mesmos Centros declaradamente
Espiritistas não iniciam os Estudos Doutrinários, preferencialmente,
através das Obras Codificadas, sem prejuízo da adoção
das obras complementares do mesmo Autor (Revista Espírita).
Talvez nossas impressões não sejam oportunas e esta
é uma hipótese segundo a qual acreditamos não
podermos nos desvencilhar por completo neste parecer. Daí porque
sentimo-nos no dever de enfrentá-las sob o prisma de nossas
próprias luzes, o que efetivamente não nos isenta de
eventual refutação daqueles que desejam exprimir sua
própria experiência a respeito do tema, refutação
esta que, aliás, muito nos honraria.
Sabemos, sobremaneira, da necessidade da união dos seres em
torno do fraternalismo cristão, mormente entre os Confrades
Espiritistas de boa-fé, cujas frentes de serviços nestes
mesmos Centros de Excelência, muito enobrecem à Causa
Espírita.
As questões aqui levantadas, por seu turno, estão longe
de determinar a este ou aquele dirigente um proceder sistematizado,
tendo em vista tão somente o levante de quem quer que seja,
contudo, a questão da iniciação doutrinária
nas organizações administrativas de cunho espirítico
demanda, a bem da verdade, reflexão isenta de todos os espiritistas
sinceros.
No mais, nossas saudações aos confrades, desejando a
todos, desde logo,
Muita paz!
Benigno.