Considerando a espiritualidade como parte do conceito
de saúde do indivíduo e suas repercussões no
viver a doença crônica, realizou-se o presente estudo.
Trata-se de um estudo exploratório, com metodologia quanti-qualitativa
que teve como objetivo principal identificar e compreender o papel
da espiritualidade no manejo da doença crônica do idoso.
Procurou-se ainda conhecer o perfil dos idosos participantes do estudo,
as mudanças de vida ocasionadas pelo diagnóstico da
doença crônica e a compreensão de como a religião/espiritualidade/fé
interfere neste processo.
O método da análise de conteúdo
de Bardin foi escolhido para interpretação dos discursos.
O estudo foi realizado com 20 idosos portadores de doença crônica
atendidos no Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia José
Ermírio de Moraes (IPGG), instituição que tem
como missão promover o envelhecimento saudável e a integração
social do idoso. A coleta de dados foi realizada em outubro de 2010,
através de entrevistas semiestruturadas. Os idosos possuíam
entre 60 e 81 anos, sendo 65% mulheres e 35% homens, 65% casados,
20% viúvos e 15% divorciados. Quanto à ocupação,
80% são aposentados, 10% do lar/donas de casa, 10% estão
ativos no mercado de trabalho. Com relação às
condições de moradia, 85% residem em casa própria,
10% em casas de familiares e 5% em casa alugada, 50% residem com cônjuge
e filhos ou netos, 35% apenas com cônjuge, 10% moram sozinhos
e 5% apenas com filho.
Quando questionados quanto às crenças
religiosas, todos os participantes referiram pertencer a uma doutrina
religiosa e dentre as religiões 75% declarou-se católico,
20% evangélico e 5% espírita.
A doença crônica mais prevalente foi
a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), referida por
45% dos participantes, seguida do diabetes mellitus, presente em 35%
dos idosos.
A análise dos discursos resultou nos seguintes
temas centrais: impacto multidimensional da doença crônica,
enfrentamento e expectativas dos idosos. Na análise do impacto
multidimensional da doença crônica, identificaram-se
as seguintes unidades temáticas: impacto no estilo de vida,
impacto emocional e impacto socioeconômico.
Com relação ao enfrentamento da doença
crônica, foram analisados o enfrentamento individual, o suporte
social e a espiritualidade/religiosidade/fé. Quanto às
expectativas, as unidades temáticas identificadas foram expectativas
quanto à saúde e quanto ao sentido da vida. Os resultados
evidenciaram as mudanças trazidas pelo diagnóstico da
doença crônica e suas implicações na adaptação
ao novo modo de vida. O manejo destas alterações é
complexo e diversos fatores influenciam positivamente e negativamente
no modo de lidar com a nova condição.
Os resultados mostraram que a espiritualidade/religiosidade/fé
interfere de maneira positiva no enfrentamento dos obstáculos
e dificuldades da vida, fortalece a resiliência do paciente,
melhorando assim, sua qualidade de vida. Para que o manejo da doença
crônica seja bem sucedido, o profissional de saúde atuante
na assistência ao idoso portador de doença crônica
deve ter a sensibilidade de compreender o idoso dentro de seu contexto
cultural e fortalecer o entendimento e responsabilização
do paciente quanto a sua condição crônica.
ROCHA, Ana Carolina Albiero Leandro da. A espiritualidade
no manejo da doença crônica do idoso. 2011. Dissertação
(Mestrado em Cuidado em Saúde) - Escola de Enfermagem, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2011. doi:10.11606/D.7.2011.tde-29112011-152813.
Orientador: Suely Itsuko Ciosak
>
texto disponível em pdf - clique aqui
para acessar
Leiam também o artigo extraído
da Dissertação de mestrado “a espiritualidade
no manejo da Doença Crônica” - "Doença
Crônica no Idoso: Espiritualidade e Enfrentamento"
- escrito por Ana Carolina Albiero Leandro da Rocha , Suely Itsuko
Ciosak