Em pleno século XX, partindo do
princípio de que "o Universo não pode explicar-se
a si mesmo", Albert Einstein, surpreendendo seus pares que o
consideravam um ateísta, declarou com absoluta convicção:
"Existe um poder pensante e actuante
fora do Universo sem o qual nada pode ser explicado".
Idéia que veio coincidir
com a resposta dada pelos instrutores da Humanidade a Allan Kardec,
na pergunta nº 1 de "O Livro dos Espíritos":
"Deus é a
Inteligência Suprema , causa primária de todas as coisas".
Deus, infinito em suas perfeições, criador da própria
vida, arquitecto deste sumptuoso Cosmos, espelho de infinito amor
desta gloriosa mansão visível e invisível, sustentada
em seus alicerces originais pelo pensamento divino.
Das esferas siderais aos gigantescos sóis que
borbulham nos universos incomensuráveis, até às
coloridas flores que espargem o sorriso de Deus aos homens, desde
os reluzentes vagalumes que acariciam as vestes da mãe natureza
ao esplendor das estrelas distantes, desde os sons inocentes do gargalhar
das crianças aos gritos dos trovões ou à melodia
dos pássaros que chilreiam nas alvoradas primaveris às
explosões atómicas em galáxias futuras, o sopro
do amor de Deus manifesta-se na magia da sua obra imortal.
Criados por Deus simples e ignorantes e como individualizações
do princípio inteligente, o espírito mergulha na matéria,
fixando na mónada — a forma mais primitiva dos estágios
primeiros da evolução anímica — todo o
seu potencial.
Sendo criação de Deus, o espírito
em sua essência é certamente alguma coisa. No entanto,
por falta de conhecimentos e termos linguísticos para exprimir
o que nos ultrapassa, ignoramos a sua constituição íntima.
Como poderíamos definir a luz para um cego
de nascença ou o som produzido por um instrumento acústico
para um deficiente auditivo?
O espírito é uma flama, um clarão
ou uma centelha etérea — assim o designam os sábios
do Espaço. Em si mesmo, nada possui que possa confundir-se
com a matéria propriamente dita ou com o fluido cósmico
universal, pois é princípio distinto no Universo.
Sob orientação dos espíritos
superiores, o princípio inteligente faz um percurso milenar
através de elaborações ininterruptas de esforço
e recapitulação nos múltiplos sectores da evolução,
trabalhando incessantemente a sua individualidade, assimilando experiências
múltiplas, desenvolvendo uma estrutura biológica cada
vez mais complexa, realizando, através dos diversos reinos
da natureza, um aprendizado constante na aquisição de
valores, que lhe permite desenvolver potencialidades internas que
traz consigo em estado latente.
Desde as formas primárias de vida que o átomo
reveste até aos estágios profundos da perfeição,
desde as minúsculas amebas que ensaiam novas notas de luz na
música poética dos tempos aos gloriosos maestros das
universidades celestiais que comandam cidades estelares, estendendo
seus braços redimidos aos eixos mais longínquos do universo
sideral, os seres da criação entoam hinos de amor cantando
as glórias de Deus.
O espírito não é criado perfeito,
mas possui tudo dentro de si para atingir as culminâncias das
esferas resplandecentes do amor e da sabedoria, pois, como uma semente
é potencialmente uma árvore, o homem possui em si os
gérmenes da vida superior.
Nessa escalada ascencional, o espírito, accionando
e desenvolvendo os próprios mecanismos internos, sob o olhar
atento da Espiritualidade, aperfeiçoa-se através dos
espaço e do tempo e na razão directa que essa evolução
se efectua, o corpo modelador sofre-lhe a influência modificando-se
também, estruturando veículos de manifestação
física cada vez mais aperfeiçoados.
Atingindo o espírito as primeiras etapas da
condição hominal, revestindo corpos físicos grosseiros
adequados às condições ambientais do meio e à
natureza evolutiva em que se encontra, sob o amparo dos benfeitores
espirituais, vai lentamente desenvolvendo o livre-arbítrio
à medida que toma conhecimento de si mesmo, e na razão
directa que o senso moral se desenvolve maior o grau de responsabilidade
face ao discernimento que possua do bem e do mal. É na posse
da consciência que pode firmar-se a diferença entre o
homem e seus irmãos inferiores da criação.
São irmãos porque o laço de irmandade
estabelece-se entre todos os seres da natureza, conforme pronunciava
o iluminado apóstolo da Idade Média.
A diferença existente entre os animais e nós
e entre nós e Jesus, por exemplo, é apenas de evolução,
pois tudo se encontra encadeado na obra do criador. O que leva a matéria
a organizar-se para formas e estruturas mais complexas e elaboradas
é a acção que o próprio espírito
exerce sobre ela, orientando e conduzindo-a, pois se dela necessita
para evoluir, intelectualiza-a fazendo-a evoluir também.
A matéria sendo energia condensada, tem sua
origem no fluido cósmico universal. O movimento, a força
e a disposição das moléculas, nos seus diversos
matizes e combinações, originam os múltiplos
corpos existentes na natureza, quer nos mundos físicos ou nos
planos do espírito.
Surgindo como intermediário entre o espírito
e a matéria propriamente dita, o fluido cósmico assume
estados de eterização e de materialização.
A ponderabilidade, sendo uma propriedade relativa,
é um atributo essencial, somente da matéria tangível.
Os estados de imponderabilidade referem-se apenas à matéria
eterizada. O estado de materialização é consecutivo
ao de eterização.
A transição entre estes dois estados
não se dá bruscamente, pois entre ambos existe uma variedade
de fluidos que escapam aos nossos sentidos. No entanto, aqueles que
estão ligados à nossa vida (o fluido eléctrico
e o fluido magnético, por exemplo), que são percebidos
apenas pelos seus efeitos, podem-se ter como o termo médio
entre os dois estados.
A matéria elementar constituída de um
só elemento primitivo sofre diferentes modificações
ao unir-se sob determinadas circunstâncias, originando as diferentes
propriedades da matéria. Desde o ponto de partida do fluido
cósmico (pureza máxima), até ao último
termo da escala de dureza (Mohs), diamante que cristaliza no sistema
cúbico (carbono puro), uma imensidade de graus constituem o
universo na sua infinidade de mundos e sóis, na diversidade
dos seres existentes e na multiplicidade dos fluidos que o preenchem.
Esses mesmos fluidos no plano espiritual são
para os espíritos aquilo que a matéria é para
os encarnados. Eles trabalham essa matéria eterizada como os
humanos manipulam a matéria propriamente dita.
Estando o universo mergulhado no fluido universal
e nos diferentes graus de pureza existentes, os fluidos que formam
a chamada atmosfera espiritual dos mundos, estão em relação
com a natureza desses mesmos mundos e com o grau de evolução
moral dos espíritos que habitam essas esferas.
Assim, os fluidos são menos puros quanto mais
próximo do estado tangível ou de materialização
eles se encontrarem.
O espírito, por sua vez, forma o seu perispírito
com os fluidos retirados do ambiente onde vive, elaborando a sua roupagem
que é constituída por uma mistura de moléculas
de várias qualidades, mais ou menos puras.
Conforme seja mais ou menos depurado o espírito,
seu perispírito formar-se-á das partes mais puras ou
das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde se encarna.
A constituição íntima do perispírito,
não é idêntica em todos os espíritos encarnados
ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda.
O perispírito, sendo modelo organizador biológico
(MOB) que delimita o espírito, está adaptado às
exigências mentais que este determina. É este corpo espiritual
que acompanha o espírito através das eras, mantendo-lhe
a individualidade, jamais separando-se deste. Descoberto nos meios
académicos, por uma dupla de biólogos da universidade
de Kirov, em Alma-Ata, na União Soviética, este corpo
de plasma ou bioplásmico, conforme é designado nos meios
científicos, constituído por matéria eterizada
que vibra em outro estado dimensional (bastante mais acelerado relativamente
à matéria tangível), de natureza semimaterial,
é condensação do fluido cósmico universal,
tem a mesma origem que o corpo carnal, embora as transformações
moleculares sejam diferentes nos dois corpos. Tanto o corpo espiritual
quanto o carnal são ambos matéria, mas em graus de densificação
diferentes.
É importante realçar, que os mundos
espirituais também são constituídos de matéria.
Nestes, tanto nos círculos inferiores como nos planos mais
subtis do Espaço, a matéria é igualmente mais
ou menos rarefeita, a natureza das construções existentes
é alicerçada tendo em conta a evolução
das entidades que neles habitam, onde plasmam seus pensamentos, moldando
e transformando os fluidos nas múltiplas criações
desejáveis e possíveis. Os espíritos extraem
os materiais, operando através dos fluidos existentes, por
actuação do pensamento e da vontade, os quais são
para estes o que a mão é para o homem. Através
do pensamento, imprimem aos fluidos esta ou aquela direcção,
os combinam, dispersam, aglomeram e organizam com eles conjuntos que
apresentam aparências, formas ou colocações determinadas.
O pensamento tem o poder de modificar as propriedades dos fluidos,
comunicando-lhe determinada qualidade, de acordo com a natureza dos
espíritos.
Nas zonas inferiores da Espiritualidade, as elaborações
das sociedades obedecem à evolução das mentes,
que plasmam características de denso teor vibratório,
formando sua própria psicosfera e nutrindo-se da atmosfera
ambiental que criam para si mesmos.
Nas esferas superiores, a beleza das formas decorre
do nível evolutivo das entidades venerandas que as habitam,
que pela nobreza de seus sentimentos aliada à envergadura do
conhecimento que possuem, exteriorizam o seu sentir e pensar, espelhando
amor e sabedoria.
É forçoso reconhecer que o que vemos
fora de nós é o espelho daquilo que habita no coração
e na mente humana, pois o exterior nada mais é que o reflexo
das paisagens interiores da alma.
Para que a humanidade evolua, é imperioso entender
a reforma íntima que o homem carece de realizar, mudando-se
a si mesmo na forma de agir e pensar. Mude-se a direcção
que imprimimos ao pensamento, para idealizações nobres
e construtivas, e o mundo modificar-se-á tanto mais rapidamente
quanto maior o esforço e a determinação empregadas,
para domar os monstros do egoísmo e do orgulho.
Quem pensa, age, elabora criações mentais
que se reflectem no perispírito, e este, por sua vez, possuindo
propriedades irradiantes e expansivas, cria ao seu redor uma espécie
de atmosfera fluídica, que de certo modo nos caracteriza, pois
somos o que pensamos e de alguma maneira exteriorizamos o que sentimos.
Na grande maioria de todos nós, com devido
respeito àqueles que se superaram a si mesmos, de acordo com
a natureza dos pensamentos que emitimos, ideoplastizamos (ideoplastia
- do grego "ideo" = ideia, "plastos" = forma +
"ia" = estudo, análise) imagens fluídicas
medonhas que expressam a nossa invigilância, face à enfermidade
moral que ainda nos caracteriza. Surge evidentemente a necessidade
de educar para higienizar o campo mental, aprendendo a pensar o que
é nobre e útil, belo e gratificante.
Nesta medida, encontramo-nos imersos num oceano de
vibrações, numa escala quase infinita, no qual o universo
mergulhado, desde este grão de areia que baila no Cosmos aos
quadrantes mais distantes do espaço interestelar, co-habitamos
em Deus, sentindo-lhe o hálito divino derramado no jardim azulino
do infinito, no longo trajecto de suor e trabalho, de amor e lágrimas
que empreendemos até ele.
A ciência académica, ao estudar o princípio
material, vai lentamente avançando para estudos mais aprofundados
em realidades diferentes, onde os instrumentos de análise são
cada vez mais aperfeiçoados, adentrando em esferas psíquicas
mais acentuadas na busca incessante da origem do homem, da vida, do
mundo e do universo, penetrando em dimensões infinitas do espaço
sideral, desbravando caminhos inimagináveis ao encontro da
intimidade da matéria.
Muito embora no campo científico da actualidade,
as grandes explosões do saber tenham dado origem a ciências
tão importantes como a física nuclear, a engenharia
genética ou a exploração espacial, na era de
conquistas científicas e tecnológicas, onde equipas
de cientistas compostas de físicos nucleares, astrofísicos
e biólogos, espalhados em todas as latitudes, nas exaustivas
pesquisas laboratoriais, possuidores de sofisticados aparelhos electrónicos,
aceleradores de partículas, potentíssimos microscópios
e deslumbrantes radiotelescópios que descodificam milhões
de mensagens provenientes do Espaço distante, não atingiram
ainda o êxito desejado, nas respostas plausíveis aos
grandes porquês da vida.
Revolvendo o livro histórico da Humanidade,
onde muitas páginas se encontram escritas, mas onde outras
eternizam-se pela brancura que ainda apresentam, em todos os departamentos
da vida humana, descendo aos abismos das ideias que vingaram no percurso
dos séculos, ao apreciável contributo no deslindar de
novos conhecimentos, desde o despontar de novas filosofias, religiões
e ciências, aos homens que deixaram traços de sangue
na história dos tempos, desde as grandes conquistas imemoriais,
à descoberta de leis e princípios gerais na regulação
das sociedades humanas, das formosas expressões artísticas
trazendo em embrião códigos de mensagens felizes, às
geniais estrelas cadentes que salpicam a Terra, deixando inscritos,
em adocicada mensagem, rastos de luz, vamos encontrar na página
do século XIX da nossa era, precisamente nas linhas anuais
de 1857, endossada ao homem pela espiritualidade superior, uma notável
doutrina, recheada de um contributo apreciável de informações,
para enriquecer e facilitar à mente humana, o entendimento
dos intrincáveis problemas que envolvem a nossa Humanidade.
O conhecimento universal sintetizado em seus admiráveis
princípios, na definição das leis gerais que
regem o Universo, traçando ao homem a rota preciosa que o conduz
à felicidade, alçando voo nas asas do conhecimento e
do amor, descobrindo nas lutas redentoras a direcção
da angelitude.
O espiritismo, é, pois, doutrina educativa
que visa a melhoria do homem, fornecendo-lhe a chave para a sua própria
identificação e finalidade, buscando esclarecer e orientar,
libertar e conduzir a criatura humana. Nessa ideia, o Consolador prometido,
ensina-nos a realizar essa viagem cósmica ao interior de nós
próprios, levando o archote do conhecimento na iluminação
dos nossos sentimentos, para que, a partir daí, aprendamos
a espargir o perfume do amor, galgando os patamares das esferas siderais
e como co-criadores com o Pai de misericórdia, darmos as mãos
aos que vêm na retaguarda e estendermos as nossas ao incomparável
amigo Jesus, orientando-nos os passos ainda vacilantes no caminho
da perfeição.