Raphael Alberto Ribeiro
> Almas Enclauradas: práticas de intervenção
médica, representações culturais e cotidiano no Sanatório
Espírita de Uberlândia (1932-1970)
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Universidade Federal de Uberlândia - 2006
Dissertação apresentada à banca examinadora
do Programa de Pós-graduação em História,
da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito para
a obtenção do título de Mestre em História
Social.
Orientadora: Maria Clara Tomaz Machado
Resumo
A proposta deste trabalho é
pensar a loucura e sua institucionalização na cidade
de Uberlândia. Esta discussão envolvendo a temática
da loucura continua atual e instigante por tudo que ela representou
e ainda representa em nossa sociedade. Dúvidas têm surgido
de maneira intensa em torno da grande incógnita que envolve
a loucura. Quais os indícios que evidenciam a loucura: Mais
ainda, a loucura realmente existe? Muitas outras indagações
estão colocadas, inclusive questionando o discurso médico,
que antes se apresentava como vencedor, como também suas práticas
e técnicas curativas. Em contrapartida, percebemos hoje o quanto
foram importantes os debates de outros segmentos da sociedade, que,
de uma maneira ou de outra, não aceitaram a imposição
do saber psiquiátrico.
Este trabalho de pesquisa nasceu a partir de uma vasta documentação
encontrada no Sanatório Espírita de Uberlândia,
instituição fundada em 1942 e desativa em meados dos
anos 90. São 29 livros contendo inúmeros prontuários
dos internos de 1942 a 1959. Nesta documentação encontramos
informações sobre o motivo da internação,
relatado pelo responsável do asilado, diagnóstico e
prognóstico, muitos deles por psicografias, terapêuticas
utilizadas, entre outras.
Tendo em vista as diversas possibilidades de análise desta
documentação, o campo de reflexão utilizado na
pesquisa tem como premissa trabalhar os complexos discursos que foram
elaborados sobre a insanidade presentes na cidade de Uberlândia
e, como isto possibilitou as práticas de sua institucionalização.
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(trecho)
A pertinência deste estudo não é somente refletir
acerca das práticas médicas, mas fundamentalmente a
participação do poder público e da população
e todo um imaginário que intenta excluir os sujeitos que não
se ajustam às condutas estabelecidas como ideais. Este trabalho
se situa em um período de intensos avanços no campo
do tratamento aos portadores de transtornos mentais, ainda que o descaso
com a saúde alcança índices agravantes, principalmente
no Brasil, o que nos certifica de que há um longo camnho a
se seguir.
Várias propostas como o hospital dia, terapias ocupacionais,
arte-terapia, entre tantos, têm sido experimentados, muitos
deles nos mostrando a insatisfação de grupos sociais
em relação ao tratamento que os portadores de transtornos
mentais recebem. Certamente estamos longe de chegar a um modelo de
práticas terapêuticas, mais humanas, mas que ao menos
consigamos ensejar discussões que nos permitam refletir sobre
a nossa própria condição, ou, o que estamos fazendo
para construir uma sociedade menos injusta, onde haja mais solidariedade
entre os povos e mais consideração principalmente a
quem mais necessite de ajuda.
A discussão deste trabalho primou também pela busca
incessante da cidadania, insistindo na questão da alteridade,
na busca da tolerância com o diferentes. Esperamos não
mais presenciar casas repletas de seres humanos vivendo em condições
bastante precárias, maltratados e desolados. Esta é
uma exigência que não pode mais ser postergada, assim
como toda e qualquer luta que denuncie as injustiças e o sofrimento
humano.
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