Conceito Espírita
de Deus
Conforme o "O Livro dos Espíritos",
Deus é a "inteligência suprema, causa primária
de todas as coisas". Nesta frase, "causa primária"
primária é o mesmo que "princípio"
e portanto Deus pode também ser entendido como sendo o
princípio (fonte ou origem, substancial) de tudo o que
existe.
Para a doutrina espírita, Deus não é pessoa,
ou coisa representável materialmente, mas sim um princípio
substancial não material. Ainda segundo a doutrina espírita,
não podemos conhecer a natureza íntima de Deus,
pois carecemos do sentido apropriado para isso. Contudo e à
medida que nos vamos desenvolvendo espiritualmente, em nós
vai-se despertando o senso espiritual e vamos fazendo uma idéia
cada vez mais justa da Divindade, embora sempre incompleta.
O conceito espírita de Deus está pormenorizadamente
expresso no "O Livro dos Espíritos"
(questões de nº. 1 a 16) e especialmente na "A
Gênese" - Capítulo II. A seguir,
alguns dos caracteres e atributos da Divindade, segundo a doutrina
espírita:
a) Não podemos
compreender a natureza íntima de Deus, pois para isso
nos falta o sentido próprio.
Comentário:
A afirmação de que não podemos compreender
a natureza íntima de Deus (questão nº.
10), o conceitua como um "absoluto" ou
incognoscível. Porém, mais adiante afirma o
"O Livro dos Espíritos"
(questão nº. 11) que quando nos aproximarmos de
Deus, pela nossa perfeição, veremos a Deus e
o compreenderemos. Essa última expressão poder
ser entendida como força de expressão, pois
em seu comentário desta questão Kardec afirma
que à medida que se desenvolve no ser humano o senso
moral, o seu pensamento penetra mais e melhor no âmago
das coisas; e então faz idéia mais justa da
Divindade e, ainda que sempre incompleta, mais conforme
a sã razão.
b) Não podemos
compreender a natureza íntima de Deus, entretanto podemos
formar idéia de algumas das suas perfeições.
Comentário:
Reafirma-se aqui (questão nº. 12) que a natureza
íntima de Deus nos é inacessível, porém
que podemos conhecer alguns dos seus atributos.
c) Quando dizemos que
Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial,
único, onipotente, soberanamente justo e bom, estamos
fazendo idéia quase completa dos atributos de Deus, porém
nunca completa, pois que há coisas que estão acima
da inteligência do homem mais inteligente, que nossa linguagem
não teria meios para exprimir.
Comentário:
A questão (nº. 13) refere-se aos atributos de
Deus, não se referindo à própria Divindade,
isto é, podemos fazer idéia quase completa dos
atributos de Deus, porém não da sua natureza
íntima.
Deus é eterno:
Isto é, não teve começo. Na hipótese
de ter tido começo, teria sido criado por algum outro ser;
ou então teria saído do nada. Se tivesse sido criado
por outro ser, este último é que teria características
divinas ou de criador e teria sido a "causa de Deus",
o que é absurdo, uma vez que, sendo eterno, Deus não
teve causa. E a hipótese de ter saído do nada não
é menos absurda, pois o nada coisa alguma é e por
isso coisa nenhuma poderia ter produzido.
Deus é imutável:
É imutável no sentido de que não se altera,
nem altera as leis por ele estabelecidas. Se fosse mutável,
as leis universais não teriam estabilidade e haveria o
caos permanente.
Deus é imaterial: A sua natureza
difere de tudo o que entendemos por "matéria".
Embora sendo substancial (é algo que existe ou subsiste),
Deus não é material e não tem forma alguma
apreciável pelos nossos sentidos.
Deus é único:
Como causa primária (e só pode haver uma
causa primária) Deus há de ser único. Se
vários deuses houvesse, não haveria unidade de poder
e de objetivos na ordenação de tudo o que existe.
Deus é onipotente:
Ele o é, porque é único, não havendo
quem pudesse disputar poderes com ele. A idéia de poder
(absoluto) indica a capacidade de fazer todas as coisas. Se houvesse
algo mais poderoso do que ele, Deus não teria feito todas
as coisas; e as que ele não houvesse feito teriam sido
feitas por outro "Deus".
Deus é soberanamente bom e justo:
A sabedoria divina se revela tanto nas pequeninas quanto nas maiores
coisas e essa sabedoria demonstra a justiça e a bondade
divinas.
Comentário:
Alguns dos atributos divinos acima fazem parte dos atributos
do "absoluto" filosófico. Tais atributos
são negações, pois do absoluto nada se
pode afirmar. Deus tomado como absoluto, é eterno porque
não teve começo; é imaterial porque
não muda, não altera; é
único, porque não há outro "Deus".
Quanto à onipotência, à justiça e
à bondade de Deus, não se trata de atributos do
absoluto. De modo especial a justiça e a bondade são
características do "Deus Nosso Pai"
ensinado por Jesus. Assim sendo, o conceito espírita
de Deus pode ser considerado uma junção do conceito
do absoluto com o conceito de "Nosso Pai".
Conceito Espírita
de Espírito
Juntamente com a matéria,
o espírito aparece no "O Livro dos Espíritos",
inicialmente, como um componente da trindade universal (Deus,
espírito e matéria), designado como princípio,
isto é, fonte ou origem de alguma coisa. No decorrer dessa
obra básica, aparecem entretanto expressões com
o mesmo significado de espírito, tais como elemento
espiritual e princípio inteligente do universo.
É interessante notar que Allan Kardec determinou, em uma
nota por ele aposta sob a questão nº. 76 do "O
Livro dos Espíritos", uma distinção
entre "espírito" (palavra escrita com
a letra inicial minúscula), entendido como sendo o "princípio
inteligente do universo" e Espírito (escrita
com letra inicial maiúscula) como sendo a "individualização"
desse mesmo princípio (inteligente do universo). Estabeleceu
que daquela questão em diante, no "O Livro
dos Espíritos", "espírito"
(com a inicial minúscula) passaria a designar sempre o
princípio espiritual universal (ou total) e "Espírito"
(com a inicial maiúscula) passaria sempre a designar a
individualização desse mesmo princípio total,
correspondendo aos Espíritos.
Os Espíritos que transmitiram as comunicações
que deram origem ao "O Livro dos Espíritos"
e as outras obras "básicas", utilizaram-se
de termos e expressões similares ou mesmo sinônimos,
para o que deveremos estar atentos, a fim de que o pensamento
desses Espíritos fique bem entendido. Caso contrário
encontraremos dificuldades na tentativa de compreensão
mais aprofundada dos ensinos revelados, ou mesmo, o que seria
pior, poderíamos entende-los de maneira incorreta. No caso
do espírito as dificuldades poderiam ser ainda
mais significativas, porque a noção correta de espírito,
tal como nos é informada nas obras básicas, depende
do conhecimento e da compreensão do significado filosófico
de "princípio", "substância",
"elemento", "fonte" e "origem".
E a utilização de palavras homófonas e quase
homógrafas para designar o espírito como
princípio e o Espírito como individualização
desse mesmo princípio, gera confusão, sobretudo
quando essas palavras são pronunciadas (pois são
homófonas); pelo que, em situações como esta
deveremos manter nossa atenção redobrada.
O espírito é o próprio princípio
inteligente do universo. Os Espíritos que transmitiram
as obras básicas não se referem à matéria
como sendo o "princípio não inteligente do
universo", porém essa é uma conclusão
lógica. Esse universo a que o "O Livro
dos Espíritos" se refere é o
universo da criação divina, que engloba o espírito
e a matéria. Se o espírito é o princípio
inteligente do universo, e contendo esse universo apenas dois
princípios (o espírito e a matéria), e sendo
o espírito o princípio inteligente, então
logicamente a matéria há de ser o princípio
não inteligente dessa dualidade espírito-matéria.
A trindade universal é composta por três princípios,
ou três elementos, ou três causas: Deus, espírito
e matéria. É dito que ela é o princípio
de tudo o que existe, no sentido de que Deus como causa, como
resultado de uma criação ou emanação.
Porém também são causas (princípios)
de tudo o que existe ou possa existir de "espiritual"
e de tudo o que existe ou possa existir de "material".
Os Espíritos são originários do espírito
(o princípio inteligente) e os corpos materiais
são originários da matéria (o princípio
não inteligente). Assim sendo, o espírito (ou
elemento espiritual) é a fonte de onde emanam os Espíritos
e a matéria é a fonte de onde emanam todos os corpos
materiais.
Na questão nº. 23 do "O Livro dos
Espíritos", Kardec pergunta o que seria
o espírito, tendo os Espíritos respondido que para
nós seres humanos o espírito nada é, devido
às limitações de nossos sentidos, que não
podem perceber e muito menos apreender aquilo que não é
material ( o espírito é uma realidade não
material). Porém o espírito há de ser alguma
coisa e sendo alguma coisa isto significa que é substância
ou substancial.
Na questão nº. 25, tendo sido perguntado se o espírito
independe da matéria ou se seria apenas uma propriedade
desta, foi respondido que: "Um é diferente do
outro; mas é necessária a união do espírito
e da matéria para que esta possa ser intelectualizada".
Fica claro então que o espírito e a matéria
são dois princípios ou elementos diferentes um do
outro, embora, no estado evolutivo em que nos encontramos, não
tenhamos possibilidades de apreciá-los em separado, o que
somente podemos fazer "pelo pensamento". Na
Gênese, Capítulo XI, Kardec
pergunta se o princípio espiritual teria tido origem na
matéria, a que os Espíritos responderam que não,
pois se assim fosse o espírito teria as mesmas características
e vicissitudes da matéria: a morte do corpo extinguiria
também o espírito, que (hipoteticamente) se desagregaria
ou voltaria ao nada ou ao Todo universal. A aceitação
de tal hipótese seria a sanção das doutrinas
materialistas.
Como a inteligência e o pensamento são atributos
do espírito e não da matéria (a matéria
é o princípio "não inteligente"
do universo da criação divina), esta é diferente
do espírito e vice-versa (item 6 do Capítulo XI
da "A Gênese").
Na abordagem referente aos Espíritos veremos como
se dá ou como se daria a sua criação ou emanação,
a partir do todo espiritual (do elemento espiritual ou princípio
inteligente do universo); bem como a sua união com a matéria,
equipando-se com o perispírito e com o corpo material
ou carnal (encarnação), dando origem aos seres humanos.
Conceito
Espírita de Matéria
O termo matéria surge no "O Livro
dos Espíritos" inicialmente para designar
um dos três elementos da realidade total expressa como "trindade
universal" (Deus, espírito e matéria).
Não se trata pois do conceito usual ou científico
de matéria, mas sim de um princípio. A matéria
tomada como princípio é uma concepção
filosófica. Porém ela também é considerada,
no decorrer das obras básicas, no seu significado comum,
isto é, como a matéria "física".
Na questão nº 21 do "O Livro dos
Espíritos", diz Kardec que geralmente
se define a matéria como sendo o que tem extensão,
o que é capaz de impressionar os sentidos, o que é
impenetrável. E pergunta aos Espíritos se seriam
exatas essas definições. Em resposta, disseram eles
que essas definições estão corretas sob um
certo ponto de vista, porém que a matéria referida
por Kardec corresponderia mais propriamente à matéria
"física"; existindo entretanto outros
estados da matéria além da física, sendo
que nesses estados ela pode ser tão "etérea"
e sutil que nenhuma impressão pode causar aos sentidos
físicos. Em seguida, à pergunta "Que definição
podeis dar da matéria? ...", os Espíritos
responderam que ela é o laço que prende o Espírito:
o instrumento de que este se serve e sobre o qual exerce a sua
ação.
Universo: "Universo" pode
ser definido como "tudo o que existe". Como
para a ciência tudo o que existe é material, "Universo"
em astronomia refere-se a toda a matéria celeste conhecida
e por conhecer. Em filosofia, o termo "universo"
significa "totalidade" e pode ser aplicado
a diferentes totalidades, não tendo necessariamente relação
com "cosmo".
Nas obras básicas da doutrina o termo "universo"
é aplicado a diferentes totalidades, sendo que nem sempre
os Espíritos especificam a que totalidade estão
se referindo, em determinadas situações; o que não
raro é motivo para confusões (desde que não
se tenha a percepção correta do assunto). Por exemplo,
denominam o espírito de "princípio inteligente
do universo", sem especificarem a qual universo se referem.
As pessoas tendem a pensar na existência de um único
universo, o "Universo da ciência" e assim
geralmente entendem o princípio inteligente como fazendo
parte do Universo físico, cometendo, talvez involuntariamente,
um grave erro doutrinário. Na verdade o universo relacionado
ao princípio inteligente é o "universo
da criação divina", a dualidade espírito-matéria.
Outro termo muitas vezes incompreendido é universal.
Ele tem evidente relação com "universo",
porém nem sempre com o universo material. Significa "total"
ou "somatória". Assim a "trindade
universal" é a somatória de Deus-espírito-matéria.
O "fluido cósmico universal", por sua
vez, é a somatória da matéria física
com a matéria etérea.
Fluido Cósmico Universal: Na questão
nº 27 do "O Livro dos Espíritos"
a matéria "física" é chamada
de "matéria propriamente dita", à
qual deve ser acrescentado o "fluido universal"
o qual é "matéria mais perfeita, mais sutil,
e que se pode considerar independente (da matéria propriamente
dita)". A "Gênese"
(Capítulo XIX - item 02) denomina
a somatória da matéria "propriamente dita"
com a matéria sutil, de fluido cósmico universal.
O fluido cósmico universal é o universo material
total, constituído pela matéria "física"
(ou o "nosso" Universo material) e pela matéria
"não física" (um outro universo,
mais amplo do que o "nosso" e constituído por
matéria "etérea"). A designação
de "etérea" é devida à
antiga concepção do "éter".
Por definição, o éter era o "hipotético
fluido cósmico sutil, que encha os espaços,
penetra os corpos e é considerado o grande transmissor
da luz, do calor e da eletricidade". Por muito tempo
a ciência aceitou a existência do éter, porém,
com o surgimento das teorias de Einstein ele foi abandonado como
teoria científica.
O fluido cósmico universal é um "superuniverso"
ou um "hiperuniverso", pois que engloba o "nosso"
Universo e o "universo" de todas as substâncias
materiais "não físicas" (etéreas).
Esse hiperuniverso está contido num "hiperespaço"
universal. Ele não é entretanto um "princípio"
e não corresponde à matéria como princípio.
A matéria como princípio deve ser tomada como sendo
a causa ou fonte substancial de tudo o que existe de material,
inclusive do fluido cósmico universal; e este deve ser
entendido como sendo uma "parte" da matéria
total ou elemento material.
A matéria como princípio deve ser tomada como a
causa ou a fonte substancial de tudo o que existe
de material. Como princípio, ela deve ser vista (ou imaginada)
não possuindo nenhuma partícula, nenhuma divisão,
modificação ou transformação, até
ao momento em que, por leis e motivos desconhecidos e inacessíveis
ao entendimento humano, ela forma "fluidos cósmicos
universais".
Um fluido cósmico universal ou "hiperuniverso"
seria então o resultado da modificação de
pelo menos uma parte da matéria como princípio,
resultando no surgimento de partículas, as quais combinando-se
entre si dão origem à inumerável variedade
de fluidos ou substâncias de que se compõem o "universo
etéreo" e o Universo "físico".
No momento em que surge, esse "superuniverso"
passa a reger-se por leis que determinam o comportamento da matéria
etérea e da matéria física. Por força
dessas leis, a matéria etérea sofre crescente e
contínua condensação, de modo que, que das
mais ínfimas partículas e mais distanciadas entre
si, até às mais "pesadas" e aproximadas,
vão-se formando, por densificação, "planos"
ou "universos" secundários em diferentes
dimensões dentro dessa "massa" material,
até chegar ao estado mais densificado ou mais concentrado
de todos, que corresponde à matéria "física"
ou "Universo físico".
Princípio Vital: Conforme ensinam as questões
nº. 59 e seguintes (até à de nº. 70) do
"O Livro dos Espíritos",
desenvolvidas por Kardec na "A Gênese",
participa da matéria universal um fluido especial ou característico,
responsável pela vitalidade de todos os seres vivos. Esse
fluido ou "massa fluídica" foi denominado
pelos Espíritos de princípio vital. Contudo
não se trata na realidade de um verdadeiro princípio
e poderia ser entendido como um subprincípio,
participante do princípio material ou matéria como
princípio, uma vez que verdadeiramente princípios
o são Deus, espírito e matéria. Esse subprincípio
tem relação direta com a vida biológica e
com a vitalidade de um modo geral. Aparece no nascimento de todos
os seres vivos, dando-lhes "vitalidade" e desaparece
na morte de todos os seres, voltando a compor o fluido universal.
O princípio vital tem importância fundamental nos
fenômenos mediúnicos, de modo particular nos fenômenos
de efeitos físicos. Nas materializações,
desprende-se do corpo do médium um fluido denominado ectoplasma
que é o responsável pelas manifestações
físicas provocadas pelos Espíritos e esse fluido
é um dos componentes do princípio vital; o qual
através dos "fluidos vitais" participa
não somente dos fenômenos mediúnicos, mas
também das trocas energéticas entre o corpo físico
e o perispírito de todas pessoas, quer encarnadas quer
desencarnadas.
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(1) No "O Livro dos Espíritos"
há a afirmação de que, quando nos depurarmos
completamente da matéria, veremos Deus "face a face";
o que devemos tomar como uma simples força de expressão,
uma vez que Deus não tem face e também porque o
relativo não pode facear o absoluto.
(2) Embora Kardec não faça diretamente
referência ao conceito filosófico do "absoluto",
que por definição é "o ser em si mesmo",
"o incognoscível", o "desligado" (de
ab = dês + solutum = ligado) - está
evidente no texto do "O Livro dos Espíritos"
que ele tinha conhecimento desse conceito, pois vários
dos atributos divinos que ele aponta correspondem aos atributos
filosóficos do "absoluto".
(3) A afirmação, de que o Espiritismo
adotou o conceito filosófico do absoluto e uniu-o à
idéia de "Deus-Nosso Pai" - tal qual foi exposto
não se encontra nas obras básicas da doutrina espírita.
Trata-se de uma tese do autor deste trabalho, pela qual Deus é
o Absoluto e "Deus-Nosso Pai" uma manifestação,
através do que o Absoluto dá-se a conhecer no espírito
ou substância espiritual total. Disse Jesus que "Deus
é espírito" e que quer ser adorado "em
espírito". Como o verbo "ser" pode significar
também "estar", a afirmação de
Jesus de que Deus é espírito pode ser entendida
como estando Deus no espírito ou, em outras palavras, estando
manifestado no espírito.
(4) O "O Livro dos Espíritos"
não informa o que seria a "intelectualização"
da matéria pela ação do espírito,
porém podemos entender que essa intelectualização,
talvez melhor dizendo "inteligenciação",
da matéria é feita pela imersão nela dos
Espíritos, que são os "seres inteligentes da
criação" (e sendo que a matéria não
é inteligente).
(5) Espírito é a
designação dada a um conjunto ou dualidade espírito-matéria
a nível individual, resultando na "individualização"
do princípio espiritual total. Essa individualização
contudo não significa necessariamente que a "centelha"
espiritual "fundiu-se" com uma porção
de matéria. A essência ou verdadeira realidade
do Espírito é espiritual e independente
da matéria. Deve-se entender que essa essência não
passou a existir no momento da "individualização"
do princípio espiritual total, mas que já existia
(embora não individualizada) antes da constituição
do Espírito, continua a existir "como" Espírito
e existirá sempre; enquanto que a matéria não
existirá sempre. Esta, porém, é uma questão
discutível a nível filosófico, não
estando explícita nas obras básicas.