Se nos perguntássemos: Qual o papel do Espiritismo na regeneração
da humanidade? Considerando o materialismo um dos fatores que estimulam
o recrudescimento do egoísmo, principal obstáculo à
prática da verdadeira fraternidade ensinada por Jesus, o seu
papel é de extrema importância uma vez que comprova de
forma patente a sobrevivência do ser.
Por essa razão, o Codificador sempre aconselhava aos espíritas
que o Espiritismo deveria ser propagado entre os incrédulos,
respeitando os adeptos das doutrinas religiosas com suas crenças,
ainda que errôneas. No entanto, não podemos ignorar que
com a publicação de O Céu e o Inferno, o Espiritismo
desferiu um grande golpe nos dogmas fundamentais das religiões
tradicionais.
Kardec elaborou um artigo (1), simultâneo
à publicação de O Céu e o Inferno, intitulado
“O que ensina o Espiritismo” no qual refutava as alegações
de alguns contraditores que afirmavam ser muito lenta a marcha do
Espiritismo e nada de novo haver revelado à humanidade. Neste
texto, o mestre lionês apresenta as principais conquistas da
Doutrina, como a comprovação peremptória da imortalidade
da alma e o seu efeito sobre o moral do homem, no consolo de suas
aflições e incentivo à prática do bem
e destaca dentre outros conteúdos valiosos do Espiritismo que
ele:
"Retifica
todas as ideias falsas que se tivessem sobre o futuro da alma, sobre
o céu, o inferno, as penas e as recompensas; destrói
radicalmente, pela irresistível lógica dos fatos, os
dogmas das penas eternas e dos demônios; numa palavra, descobre-nos
a vida futura e no-la mostra racional e conforme a justiça
de Deus". E é neste ponto que destacamos o grande mérito
de O Céu e o Inferno ao discutir questões antes relegadas
à superstição e ao misticismo teológico
no próprio terreno da ciência. Neste livro, apresentam-se
os fatos, o arcabouço teórico e a comprovação
das teses defendidas por meio da investigação em torno
dos depoimentos dos próprios Espíritos. Sob este ângulo,
precisamos ressaltar o pioneirismo do trabalho de Kardec ao abordar
as testemunhas oculares que revelam sua situação após
a morte do corpo material e, dessa maneira, desvendar as leis que
regem as diversas ocorrências de além-túmulo.
Apesar do processo de desencarnação variar caso a caso,
é possível identificar a partir dos relatos dos Espíritos
nesta obra algumas características comuns como a perturbação
pós-morte, a visão panorâmica ou revisão
da existência física, a continuidade das afeições
e o reencontro com os familiares e amigos desencarnados. As conseqüências
das ações praticadas e o grau de felicidade dos Espíritos
desencarnados são apresentados de maneira eloqüente e
o efeito da prece naqueles que sofrem as aflições do
arrependimento pelos erros cometidos (2)".
Há mais de dez anos o nosso companheiro Castilho ressaltava
(3) a distância entre a importância
da obra e o esforço por parte dos formadores de opinião
em sua divulgação, principalmente em comparação
aos demais livros que compõem a Codificação kardeciana.
Todos os espíritas deveriam se debruçar sobre estas
páginas de luz que descortinam a vida imortal e restabelecem
a fé inabalável no futuro. Que neste ano, redobremos
nossos esforços para tornar mais conhecido um dos pilares que
sustentam o grande edifício da Doutrina Espírita.