Uma análise sobre o caminho evolutivo
percorrido pela humanidade.
Não existe mistério, tudo um dia vai
ser compreendido. A incapacidade de compreensão
decorre de nosso nível evolutivo.
Platão lembra com muita propriedade na Alegoria
da Caverna, que escravos educados no fundo de uma caverna,
com as costas viradas para a luz, precisariam de uma reeducação
para que entendessem o mundo real quando fossem libertados. Teriam
aprendido a realidade através das sombras projetadas na caverna.
Uma compreensão mutilada, ilusória.
Popper explica a facilidade que o homem da Terra possui
para confundir a sombra com a realidade. Lembra como adoramos
criar regras baseadas em exceções. Dizemos que o leite
ferve a cem graus centígrados quando na verdade isso nem
sempre acontece. Não ocorre em um recipiente com vácuo;
não ocorre a grandes altitudes. Tantas são as vezes
onde o fenômeno não ocorre, que não poderíamos
criar uma lei sobre isso. Mas criamos.
O desenvolvimento da Física mostra como na realidade somos
os escravos criados no fundo da caverna, mergulhados no barro da
Terra, vendo sombras e julgando estar diante da realidade.
O homem é um grande desconhecido e o mundo à nossa
volta é um mistério, um enigma a ser decifrado pelo
espírito indestrutível. Por isso, André
Luiz diz, em Evolução em Dois Mundos,
que somos seres embrionários no
desenvolvimento da razão. Fetos na compreensão
do mundo onde vivemos.
Muitas vezes criamos teorias simplistas para explicar o que não
compreendemos. Piaget diz que quando uma verdade
está acima das possibilidades de compreensão de uma
criança, ela a deturpa criando a sua própria verdade.
Somos crianças na compreensão de nosso desenvolvimento
na Terra, na compreensão da verdade e de nós mesmos.
Enfrentando um planeta difícil, em desenvolvimento, o homem
da Terra imaginou que deuses terríveis o coordenavam. Julgou-se
escravo da dor, chicoteado por deuses que se compraziam com o seu
sofrimento.
UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
Analisando as dificuldades apresentadas pela matéria densa,
entendemos porque ao primitivo o mundo aparecia terrível,
mergulhado no sofrimento. Em suas primeiras expressões na
Terra, encontrou-se cataclismos vários, que fizeram com que
ele temesse a vida e a morte. Os vulcões, os terremotos,
a dificuldade na coleta de alimentos e depois na caça, as
mortes constantes, tudo deve ter parecido como um jogo terrível
ao homem frágil perante um mundo em transformação,
assolado por forças ainda obscuras para a sua compreensão.
O sadomasoquismo começou a se desenvolver na Terra e, como
desenvolvimento não dá saltos, acompanharia o individuo
durante séculos.
Lideres religiosos manipulavam o medo e a dor iniciando “a
herança do obscurantismo, alimentados pela magia primitiva,
pelo temor do sagrado, pela nebulosidade dos conceitos formais sobre
as coisas e seres gerando um pandemônio que não podia
levar a nada” (Herculano Pires).
Joguete passivo de forças obscuras, o homem deixou-se conduzir
por lideres cegos, condutores de cegos e as sombras terríveis
do fatalismo, da impotência humana na superação
da dor, envolveram a Terra, complicando o crescimento do homem.
Leon Denis chama a dor de equilíbrio e educação.
André Luiz lembra que quando envolve os animais é
dor-evolução. Herculano Pires, em toda a sua obra,
mas principalmente em três livros – Concepção
Existencial de Deus, O Mistério do Ser ante a Dor e a Morte
e Revisão do Cristianismo explica que “do sensível
ao inteligente todos sofreram”, mas que cabe ao homem da Terra
controlar, extirpar a dor.
MISSIONÁRIOS DE
LUZ
O desenvolvimento cientifico veio permitir ao homem compreender
a verdade apresentada no tempo e no espaço por irmãos
mais velhos. Platão, Confúcio, Buda, Jesus vieram
convidar o homem a compreender melhor o mundo à sua volta,
a se libertar do sadomasoquismo, a desenvolver a fé nele
mesmo e em Deus, para viver melhor.
Mas o homem da Terra, inflexível, cruel, mergulhado no egoísmo,
ignorância e orgulho, não entendeu o convite do Amor.
Não tendo ainda desenvolvido o Amor maior em seu coração,
não possui material no cérebro que lhe permitisse
decodificar a verdade apresentada pelos missionários da transformação,
dentro da lei que se expressa em amor.
Um trabalho intenso no sentido de libertação de consciências
foi realizado por Jesus, o Nazareno.
“Não entendemos o Cristo, não praticamos.
Não entendemos o Espiritismo, não praticamos. Como
falar em superação?”, questiona Bezerra de Menezes.
Jesus veio exemplificar a possibilidade e necessidade do homem da
Terra libertar-se da dor. Curou paralíticos, desequilibrados
psíquicos, obcecados, convidando o indivíduo a se
perdoar. “Os teus pecados estão perdoados; levanta-te
e anda”. E induzido pelos fluidos melhores desse irmão
especial, o individuo se permitia a libertação dos
males psíquicos somatizados no corpo físico. O campo
eletromagnético formado pelo Mestre realizava o que na época
consideramos milagres, mas que agora sabemos ser fruto de um pensamento
firme, positivo e libertador. O grande psicólogo, o maior
educador de todos os tempos, sabia que misturávamos às
dores próprias de um mundo em evolução, as
dores criadas por nosso desequilíbrio, produto do horror
que sentíamos perante nossa indignidade.
No capitulo O Bem e o Mal, de A Gênese, a lição
é clara: “A maioria dos males é fruto
do homem”. A guerra, a fome, o desemprego, o abandono
de crianças e velhos, a marginalidade de todos os necessitados,
os desequilíbrios psíquicos, e a quebra das defesas
orgânicas que se expressam em doenças várias.
Se o homem da Terra continuar a achar, consciente ou inconscientemente,
que só através da dor conseguirá a cura, só
lhe restará esse método terrível para o seu
reequilíbrio.
Mas, então, porque os vegetais, minerais e animais irracionais
sofrem?
Quando a Terra enfrenta as dificuldades do crescimento que se expressam,
por exemplo, através de um vulcão, sofreram os minerais,
os vegetais e animais na zona atingida.
Quando o homem atacou Hiroshima e Nagasaqui, sofreram todos os seres
vivos atingidos pelas radiações. Atrás da complexidade
das leis evolutivas existem nuances por nós ainda não
capitadas.
A teoria simplista, antromórfica, que se espalhou no meio
espírita, deixa muito a desejar. Se a dor fosse produto apenas
de erros do passado, os irracionais não apresentariam doenças
em tudo semelhantes aos racionais.
A teoria da relatividade e a compreensão da antimatéria
dilatou nossa compreensão para o horizonte físico.
A verdade contida na doutrina dos espíritos dilata a nossa
compreensão para as palavras contidas no item “Fatalidade”,
em Leis Morais: “Fatal só nascimento e morte”.
E depois: “Se uma telha cair na sua cabeça,
não diga estava escrito”, provavelmente ela
foi mal colocada.
Existe, no sensível, um mecanismo que provoca a evolução
dos seres. Entranhada na matéria densa existe a lei que faz
com que o mineral saia de sua estase e caminhe para o reino vegetal.
O vegetal, por sua vez, sofrerá a ação do mesmo
mecanismo, caminhando para a irracionalidade dos animais, para então
penetrar no reino hominal; e só então, ao mecanismo
do sensível, une-se ao psiquismo humano para conduzir o homem
à “angelitude”, ao desenvolvimento pleno. Como
poderia o mineral desenvolver-se se não fosse trabalhado
realizado pela matéria densa? O vento, a chuva, os abalos
vários, o arrancam de sua estase e o fazem penetrar no reino
dos vegetais. A seca, as enchentes, as doenças várias
que envolvem o reino vegetal na Terra, continuam a provocar o desenvolvimento
do indivíduo. É a dor-evolução
apresentada por André Luiz, é a dor equilíbrio
e educação de Leon Denis, é a lei
de crescimento encontrada na meteria densa.
AMADURECIMENTO
Compreendemos que os seres que se expressam nos primeiros níveis
de crescimento sejam tangidos pela dor-evolução, sejam
sacudidos ainda em sua inconsciência pela força da
meteria. Mas, que o homem do século XX, que chegou à
Lua, continua a ser escravo das dificuldades da matéria e
se deixa levar, à semelhança dos vegetais e animais
irracionais, pela dificuldades necessárias aos seres que
não pensam, é inconcebível. E, ainda que esse
mesmo homem convencione que deve continuar joguete passivo de forças
obscuras, onde os “capatazes de Deus” devem continuar
a puni-lo, açoitá-lo, com dores irracionais para fazê-lo
crescer, é terrível. Por que o homem que iniciou a
sua libertação da dor através da anestesia,
assepsia, crescimento nos vários setores do conhecimento,
continua atrelado às dores da matéria densa?
Até quando esse individuo “misterioso”, frágil
e forte, grande e pequeno, vaidoso e bom, egoísta e altruísta,
exigirá para si mesmo “o duplo esforço do freio
e da espora” prometido por Lázaro ao preguiçoso
da Terra? “Ai do espírito preguiçoso, ai dele,
porque nós, que somos os guias da humanidade em marcha, forçaremos
a sua vontade rebelde com o duplo esforço do freio e da espora...”.
(Do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo).
Se a dor-evolução pode e deve ser dominada pelo homem
da Terra, se toda a dor não é produto de erros do
passado, mas faz parte das dificuldades do Planeta, se não
somos pecadores mergulhados em um mundo de pecado e dor; se Jesus
é o deus morto Osíres, coberto do sangue de todos
os seus matadores; se Jesus é o irmão vivo e iluminado
que já nos perdoou há dois mil anos. Se Deus é
Amor, Sabedoria, Misericórdia e Perdão Incondicional,
há que rever conceitos no meio espírita.
À importância dos conceitos, Herculano
dedicou todo um capitulo em O
Mistério do Ser ante a Dor e a Morte, chamado “As
revoluções conceptuais”. Há que rever
a compreensão do meio espírita, para o qual o Espiritismo
é o grande desconhecido, sobre a revolução
trazida por Sócrates, revista e completada por Jesus e representada
por Kardec, que teve assessoria do Espírito Verdade. Essa
revolução expressa-se na penetração
das palavras usadas pelos homens para compreender o mundo a sua
volta. À pobreza de linguagem unem-se a incapacidade de crianças
que, não compreendendo a verdade, a mutilam.
Se Deus é Amor, Sabedoria, Misericórdia, ele expressa
a infinidade de seus atributos na infinita capacidade de perdoar
de forma incondicional, sem cobranças e sem dívidas.
Se o homem é criado à imagem e semelhança de
Deus, possui e deve desenvolver essa capacidade de se perdoar e
de se compreender em sua própria fragilidade.
Se criamos e agimos sobre fluidos espirituais e sobre nós
mesmos, ou nos equilibrados psiquicamente, conseguindo o equilíbrio
geral em nosso corpo físico e atividades na Terra, ou conturbaremos
de tal forma a nossa vida que, às dificuldades próprias
de um mundo difícil, acrescentaremos as criadas por nós
mesmos, fruto da nossa incompreensão dos conceitos. Continuamos
aprisionados à letra que mata, não entendendo a essência
luminosa e libertadora da Verdade que convencionamos chamar de espiritismo.
TEMOS DIREIRO À
FELICIDADE
Se o amor é luz, não castiga, não aprisiona,
não lesa. Nós o que fazemos? Aprisionamo-nos aos complexos
de culpa, amarramo-nos à matéria densa, não
nos permitindo a felicidade relativa dos mundos difíceis.
Julgando-nos indignos, expressamos esse julgamento nos atrelando
aos problemas difíceis, aumentando as dores com os nossos
desequilíbrios interiores.
Herculano lembra que se as revoluções da horizontal
auxiliaram o homem da Terra, os revolucionários da vertical
podem fazer muito mais por esse ser incoerente, necessitado, mas
“luz do mundo e sal da Terra”, segundo Jesus.
Por que tanta dificuldade para o homem entender e implantar
as revoluções conceituais?
Entregando-se ao domínio da matéria o homem tem dificuldades
de se entender como ser espiritual e age e vive como se fosse de
barro.
O ser encarnado expressa-se através da matéria que
é, como dizem os espíritos a Kardec, “o liame
que escraviza o espírito”; mas o espírito aprisiona
a matéria se aprimora. O homem que inicia o domínio
do mundo à sua volta na conquista do fogo, o homem que modifica
o mundo, vai amadurecendo e vai aprimorando o planeta. E à
medida que o planeta se aprimora o homem cresce espiritualmente.
Para auxiliar esse homem frágil, o espiritismo veio explicar
o cristianismo. Não nas trevas do sadomasoquismo por nós
criados, mas à luz da Razão, na compreensão
de que muitos erros foram conseqüência de nossa ignorância.
Jesus apresenta o homem paranormal, que age com a força de
seu pensamento à sua volta: “podeis fazer o que eu
faço e muito mais”.
Pesquisas apresentadas em um documentário da BBC (Londres)
realizadas na Rússia, mostram o homem conseguindo acender
luzes com a força do pensamento, movendo objetos, realizando
curas, desenvolvendo a dupla vista.
FÉ E EVOLUÇÃO
É à compreensão desse homem que o espiritismo
conduz. No item “Faculdade de Cura”,
no Livro dos Médiuns, os espíritos explicam que “a
faculdade de cura não é apenas mediúnica, de
vez que todos a possuem”. Ou seja, todos podem curar por si
mesmos, sem servir de ponte para o plano espiritual. “Se tiverdes
fé do tamanho de um grão de mostarda, nada vos será
impossível”.
No item 192 do Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta
aos espíritos se podemos mudar as nossas provas, os espíritos
respondem: “só o desleixado permanece no mesmo ponto”.
Cobrir-se de cinzas, julgar-se pecador e indigno da felicidade,
desequilibrar-se lesando o corpo físico, mergulhando nos
complexos de culpa, revela a nossa indigência espiritual e
incompreensão do Cristo e do Espiritismo.
A transformação do individuo carente e egoísta
da Terra, que se desconhece a própria dignidade espiritual
e se comporta como se fosse apenas um homem de barro, só
surgirá do despertar para o próprio valor: “sois
a luz do mundo”.
A ciência da Terra faz um convite ao homem para equilibrar
as suas emoções, conseguindo assim a sua saúde
física.
André Luiz nos seus livros Equilíbrios e Desequilíbrios
da Mente e Evolução em Dois Mundos, escreve sobre
a importância da disciplina das emoções.
Como sermos tranqüilos, disciplinados, se não nos respeitarmos
e confiarmos em nos mesmos?
Cabe ao Espiritismo a grande revolução dos conceitos
fazendo o homem entender Deus em toda a sua misericórdia
e o homem em todas as suas possibilidades de criar sobre
fluidos espirituais e físicos, modificando o mundo à
sua volta.
No capitulo de A Gênese “Ação dos espíritos
sobre os fluidos espirituais”, e no Livro dos Médiuns,
capitulo “O laboratório do mundo invisível”,
o consolador prometido mostra porque Jesus nos apresentou como luzes
do mundo e disse que poderíamos fazer o que ele fez e muito
mais. Agimos sobre o mundo à nossa volta e sobre nós
mesmos, modificando-o e modificando-nos para melhor, ou, se o desejarmos,
para pior. É o que temos feito, levados por nosso sadomasoquismo,
fruto de nossos complexos de culpa.
O homem que caminha triste ou irresponsável, lesando e ferino
o próximo, deve ser substituído por um homem confiante,
tranqüilo, como sua origem luminosa e seu destino glorioso:
“sois o sal da terra”. Esse homem, que ora se apresenta
cabisbaixo, aceitando condições subumanas de vida;
que de outras vezes se expressa em crueldade, manipulando, explorando
a massa adormecida, será transformado no homem consciente,
que ama o próximo como a si mesmo e que se ama profundamente;
caso contrário não conseguirá amar o próximo.
Filósofos existencialistas, materialistas e espiritualistas
compreenderam a finalidade da existência, embora não
conseguissem saber como o homem carente da Terra chegará
lá.
Sartre e outros apresentam o homem como um projeto, a vir a ser,
uma flecha que parte para a transcendência, a superação
da animalidade e depois da humanidade. Sartre, desanimado, imagina
que jamais o homem chegará ao desenvolvimento pleno porque
“é uma paixão inútil” que se modifica
com a morte.
Lei de Evolução
Filósofos existencialistas, espiritualistas e espíritas
sabem que o homem conseguirá o seu pleno desenvolvimento
através de várias encarnações. É
uma flecha que parte de uma plataforma feita de um presente de trabalho
e amor e vai para um futuro luminoso, para uma Terra transformada
em mundo de paz, regeneração e amor. O homem, à
luz da filosofia espírita é uma realização
plena, é criatura divina, filha de um Pai sábio que
o ama infinitamente e que ampara, compreende e perdoa sempre.
A filosofia existencialista lembra também que o homem não
é apenas um vivente, um individuo que come, dorme, se reproduz
e morre como qualquer ser vivo. O homem deve ser um existente, um
individuo que aproveite a existência para aprender o conhecimento
dos que o antecederam, enriquecê-los e deixá-los às
gerações que vierem após ele. Não é
um pecador, um homem que está amarrado a um passado de erros
de tal forma que melhor seria esperar a passagem dos séculos
para pensar em crescer. É um ser livre, que modifica o seu
destino e o do mundo à sua volta no hoje, que encontra na
oração as forças para agir como elemento indutor
ao progresso.
Os educadores são unânimes em dizer que o individuo
só é educado através do amor e que para isso
devemos mostrar o lado bom da vida. Anísio
Teixeira lembra a importância de, nesse mundo necessitado,
mostrar as coisas boas. Piaget fala na necessidade
do individuo se amar; na necessidade de valorização
do indivíduo.
Qualquer educador tremeria ao ver as tentativas ainda hoje realizadas
por aqueles que não entendem a doutrina espírita de
educarem pelo temor e desvalorização da criatura.
Convencer o homem de sua indignidade, de seu pouco valor, da necessidade
do sofrimento irracional, é deseducar. É o que tem
sido feito através dos séculos, e não tem dado
bons resultados.
Ameaçamos os homens com o inferno pagão e de nada
valeu. Criamos um inferno pior, o cristão, que de nada valeu.
O meio espírita que não conhece os métodos
modernos de educação apresentou exultante o umbral
inferior, que é pior do que os dois infernos e nada vai conseguir.
EDUCAÇÃO
X PUNIÇÃO
A pena de morte não consegue impedir crime algum. O castigo
e o medo jamais educam. Só o amor constrói, só
a compreensão de sua dignidade e luminosidade auxiliara o
homem da Terra a abandonar o seu casulo de lagarta, a desenvolver
as asas de borboleta e a partir para os vôos do infinito.
Herculano Pires lembra no seu livro O Reino que
“a responsabilidade é planta rara
que só se desenvolve em clima de liberdade”. Amarrando
o homem ao barro da matéria, ao medo que acompanha o primitivo,
à inconsciência de suas possibilidades transformadoras,
não conseguiremos formar homens responsáveis, pois
não lhes daremos a liberdade que lhes possibilite a responsabilidade.
Continuamos a fazer, como em nossa incompreensão do cristianismo,
criaturas reprimidas, hipócritas, falsas, que continuam a
tentar a compra do amparo divino através de práticas
exteriores.
Doutrina libertadora, o Espiritismo apresenta um mundo racional
que permite, a todos os reencarnantes, mudanças e extinção
do carma negativo. Os indianos dizem que o homem que cresce
moralmente, extingue o carma negativo. O trabalho é
longo e árduo porque deve ser realizado no nível do
inconsciente. No tempo e no espaço convencemos o homem da
impossibilidade de fugir ao sofrimento, e agora, no espiritismo,
devemos falar como Emannuel falou a Chico Xavier: “Duas são
as pomadas que nos permitem a cura de nossas feridas do ano passado:
uma é formada por lágrimas e dor e a outra por trabalho
e suor. Podemos escolher”.
Se os minerais, vegetais e animais irracionais caminham tangidos
pela dor-evolução, ao homem “que obra com conhecimento
de causa”, é possível escolher. Escolhamos entre
as leis, entre as quais não existe lei da dor, o trabalho
e o amor. Somos deuses e luzes, somos o sal da Terra. E vamos salgá-la!