Luiz Cláudio de Pinho

>   A Qualificação e a Quantificação na Causa Cristã

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Luiz Cláudio de Pinho
>   A Qualificação e a Quantificação na Causa Cristã


Em função do aglomerado de seitas pentecostais que crescem sobretudo nos grandes centros urbanos e de sobremaneira entre a população de baixa renda, pouco acostumada às reflexões e desejos de liberdade intelectiva, muitos simpatizantes e estudiosos do Espiritismo, perguntam-se se estes “nichos” carenciais, atrelados muitas vezes a figuras pseudo messiânicas não deveriam ser ocupados por uma doutrina reveladora que “salva” pelo esclarecimento e pela caridade que deve reger nossos atos.

Meus caros, respeitáveis são esses pensamentos, apesar de alguns deles guardarem na intimidade certa presunção ... Por que acreditar que se dizer espírita, ou “espírita de carteirinha” salva alguém, será o Espiritismo a única solução? Por que entender que aqueles que abraçam ideais diferentes dos nossos são “alminhas” atrasadas?

Equívocos, pois jamais foi esse o pensamento deixado por Rivail (Allan Kardec). Ademais não convivemos com a belíssima e grandiosa irmã Gonxha Bojaxhiu, nossa Madre Teresa de Calcutá?

O Espiritismo como sabemos, ou deveríamos saber, não será a religião geral ou a religião do mundo, mas será “crença geral“. Ou seja, tal como Kardec nos alerta em uma das Revistas Espíritas, poderá a pessoa ser de qualquer religião, ou mesmo não possuí-la, mas os princípios básicos do Espiritismo Cristão, que é de trabalho, solidariedade, tolerância e até a própria reencarnação, poderão fazer parte do sentimento de muitos homens e mulheres deste futuro que já se aproxima, pois a “nova geração” ou “geração nova” teve seu salto na França e vem se aprimorando a cada dia.

Ontem, alguns de nós, evoluídos ou não, servimos aos preceitos da igreja de Roma, outros revelaram-se apaixonados por Lutero, Wesley e seus pósteres, outros ainda identificaram-se com as benditas suratas maometanas, as sutras do venerável buda, os cânticos épicos do africanismo, etc, então, porque a preocupação em quantidade e não em qualidade, se da roda de sansarah ninguém escapa e tudo é aprendizado para o espírito imortal?

Ademais, os espíritos verdadeiramente superiores, além de seus princípios racionais, respeitosos e simples em seus pareceres, são ecumênicos em seus sentimentos mais profundos, pois entendem que toda manifestação de religiosidade é busca divina em concordância com a noção e ânsia humana em um certo momento.

Ser de uma religião dogmática ou até mesmo hermética ou politeísta, não necessariamente faz alguém mais ou menos evoluído, ou será que não conhecemos pessoas que estão há décadas à frente de coordenações, tarefas ou assembléias espíritas e que demonstram pouquíssima ilustração moral ou intelectual?

Quanto bem tem nos trazido a presença de nosso amigo Suamy, Suamy Saibaba, ou o monge budista Rimponchê e tantos outros avataras do amor universal?

Trabalhemos, estudemos e principalmente não nos esqueçamos que Jesus não edificou religião, nem se preocupou se os neófitos eram de castas judaicas ou gentios. O mestre sentou-se com Homens da Panfilia, escravos da Numidia, sacerdotes de Tebas, essênios e saduceus e como raboni, trouxe a todos a noção cabalística do IMANIFESTO=DEUS=EHIEH= o “eu sou”, o Deus que palidamente pode ser sentido na elevação do estado de consciência cósmica, Thiphareth, esfera superior. E infelizmente, apesar dos esforços do cristo (redentor), nós ainda O limitamos a crendices e exclusivismos, disputando a primazia de sua doutrina psicofilosófica superior.

E para finalizar, relembremos Kardec, avaliando a qualidade e a quantidade, afirmando que melhor seria vinte grupamentos de vinte pessoas do que um de quatrocentas, ou seja preocupe-mo-nos com a qualidade das manifestações, da ambiência, da mensagem levada aos variados corações, e menos com a quantidade na ânsia de demonstrarmos poderio e influências pautadas sob a égide de mamon.

 

Fonte: O Mensageiro

http://www.omensageiro.com.br/artigos/artigo-162.htm




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