"O Espiritismo deve
ter existido desde a origem dos tempos; sempre nos esforçamos
por provar que os seus traços são encontrados
na mais alta Antiguidade."
Allan kardec na Revista Espírita out 1858.
A reencarnação
é um fato!
Sabemos que Pitágoras havia
haurido a idéia entre os hindus e os egípcios. Assim,
não é de admirar que chegou aos nossos dias trazendo
em seu bojo o conhecimento humano desenvolvido através dos
milênios, comprovando não ser nenhuma teoria moderna.
Com o desenvolvimento das ciências positivas a partir do século
XIX a idéia da reencarnação deixou de ser uma
crença para ter a força de uma verdade científica.
Mas por que via a idéia da reencarnação veio
naqueles tempos imemoriais? Por intuição ou revelação?
O conhecimento humano e a ciência tinham limitações
infinitamente maiores. A reencarnação só poderia
ser aceita por Espíritos de escol que preparavam o árduo
caminho do progresso das inteligências. Nos dias de hoje temos
a possibilidade de ser esclarecidos também pelos avanços
científicos. Em que pese a grande quantidade de almas ainda
reticentes e apegadas a interesses temporais.
E é também com a pesquisa científica que o
Espiritismo pode derrubar as paredes que o prendem às casas
Espíritas. Pode contribuir para a mudança de paradigma
e a criação de uma consciência reencarnatória
onde os postulados espíritas sejam aceitos por toda a sociedade,
sendo difundido entre as massas e contribuindo para o esclarecimento
humano, deixando de ser a reencarnação uma questão
de crença. Desta forma serão compreendidos como princípios
eminentemente lógicos e poderão ser aceitos sem nenhuma
forma de violência à razão pois terão
sido exaustivamente pesquisados e confirmados por inúmeros
investigadores de qualidade.
Mas, e o esquecimento do passado? Não estaríamos agindo
contrário aos ensinamentos Espíritas? Vamos deixar
que nosso insigne codificador responda. "Deus permite a lembrança
retrospectiva, de vez em quando, a fim de trazer os homens ao conhecimento
da grande lei da pluralidade das existências, a única
que explica a origem das qualidades boas ou más, mostra-lhe
a justiça das misérias que suporta aqui e lhe traça
a rota do futuro", conforme exposto na Revista Espírita
de novembro de 1864.
Allan Kardec também pesquisou a reencarnação,
conforme vemos na Revista Espírita de julho de 1860. Ali
buscou compreender em detalhes a vida anterior do Sr. V..., oficial
da marinha francesa, que teria sido São Bartolomeu. Em uma
das perguntas deixa claro o móvel da pesquisa: "Não
se trata de satisfazer uma vã curiosidade, mas de constatar,
se possível, um fato interessante para a ciência Espírita,
o da recordação de sua vida anterior". Fica evidente
que devido ao gênero da morte as lembranças, apesar
de muito raras, são possíveis e úteis para
o estudo e a pesquisa.
Mas Kardec não parou por ai, como vemos na Revista Espírita
de 1866 meses de junho e julho, onde estudou as vidas passadas do
Dr. Cailleux, chegou novamente a conclusões reveladoras quando
diz que "Essa lembrança é mais ou menos precisa
ou confusa, às vezes nula, segundo a natureza do Espírito
e segundo a Providência julga a propósito apagá-la
ou reavivá-la, como recompensa, punição ou
instrução". Mais adiante compara a diferença
que existe no processo de consciência de vidas passadas e
diz que "as coisas nele (Dr. Cailleux) se passaram de maneira
diferente do que nos outros, sem dúvida por motivos de utilidade
para ele e para nós é um motivo de ensinamento, pois
nos mostra um dos lados do mundo espiritual".
Como bem demonstrou nosso codificador, a pesquisa da reencarnação
não tem a preensão de tentar derrogar nenhuma Lei
Natural. As lembranças reencarnatórias, ou insights,
ou clarões são espontâneos assim como são
naturais as BirthMarks e tudo que serve de indício de comprovação
de vidas passadas. A pesquisa apenas a resgata, organiza com metodologia
própria e busca na medida do possível compreender
as Leis que regem o fenômeno. É pelo estudo positivo
dos efeitos que se remonta a apreciação das causas.
A pesquisa da reencarnação deve organizar-se de forma
que indique claramente critérios que possam ser aceitos pela
comunidade científica. Achismos e meras opiniões pessoais
nada esclarecem, muito ao contrário. Temos na literatura
Espírita uma profusão imensa de exemplos que o codificador
nos deixou do que seja uma mentalidade científica. Entre
outras coisas ele nos diz que "na ausência de fatos a
dúvida é a opinião sábia e prudente".
Também a comunicação mediúnica não
pode ser, pela simples razão de ser mediúnica, considerada
fonte confiável, conforme nos alerta Kardec na Revista Espírita
em abril 1860: "São, por vezes, heresias científicas
tão patentes, que seria preciso ser cego ou muito ignorante
para não as perceber". E para evitar tamanha armadilha
criou método próprio, exposto no Evangelho Segundo
o Espiritismo denominado Controle Universal do Ensinamento dos Espíritos
- CUEE. Alí, entre outras coisas, fica evidente a importância
do uso da razão, do bom senso e a necessidade do consenso
entre as comunicações recebidas.
Não se trata aqui de reproduzir mecanicamente metodologia
de uma ciência que sabemos incompetente para pronunciar-se
nas questões do Espírito. As observações
requerem condições diferenciadas, especiais e um outro
ponto de partida. A pesquisa espírita deve, excluindo-se
o que não lhe convém e adaptando-se o que for necessário,
apropriar-se de meios de observação, métodos
de trabalho, critérios de análise comparativa e elaboração
de resultados da ciência oficial; para que seu protocolo de
pesquisa tenha a legitimidade do avanço científico
de nossa época.
O pesquisamento Espírita da reencarnação deve
ser a busca minuciosa para averiguação da realidade
espiritual, com investigação e estudo minudente e
sistemático, com o fim de descobrir fatos ou princípios
relativos a este campo de pesquisa. A produção de
resultados com a conseqüente formação de banco
de dados para facilitar novas pesquisas é permitir a democratização
das informações ali contidas para que um maior número
de pesquisadores tenham a possibilidade de acessá-las.
Não cabe em nossas singelas reflexões elencarmos pesquisadores
ou citarmos pioneiros em pesquisa da reencarnação.
Mas seria imperdoável não lembrarmos de Albert de
Rochas e do Dr. Hernani G. Andrade, que em nossas terras deixou
alguns tímidos seguidores. Hermínio Miranda no livro
"A Memória e o Tempo" descreve detalhadamente o
que teria sido a metodologia aplicada pelo pesquisador francês
e suas minuciosas e preciosas observações.
Dr. Hernani no livro "Reencarnação no Brasil",
assim como no brilhante Renasceu por Amor também deixa explicito
seu método de trabalho com protocolo de pesquisa de forma
clara e acessível. Não podemos nos esquecer ainda
das inúmeras pesquisas com caráter científico
que são feitas com técnicas diversas. É o caso
da Transcomunicação Instrumental - TCI, das Experiências
de Quase Morte - EQM e da Terapia de Vidas Passadas - TVP. Todas
elas, a sua maneira, contribuindo para que os postulados Espíritas
possam ser aceitos nem que seja como um conjunto de evidências
experimentais pelos mais céticos dos imortais.
Considerando que o pesquisador já tenha conhecimento suficiente
da Doutrina Espírita e dos experimentos científicos
realizados neste campo do conhecimento, através de revisão
bibliográfica; que já tenha determinado o problema
da pesquisa; que tenha conhecimento suficiente de Filosofia da Ciência,
epistemologia e Sociologia do Saber. Considerando ainda que o pesquisador
tenha plena clareza das questões éticas e morais envolvidas
na pesquisa e na relação com o pesquisado; restaria
ainda árduo trabalho de pesquisa onde a metodologia aplicada
deveria sempre ser adaptada a cada caso concreto, muito antes de
podermos afirmar quem é quem no processo reencarnatório.
Abaixo alguns poucos itens que fariam parte de um procedimento de
pesquisa muito mais amplo e fundamentado:
- Coleta de documentos (certidões/cartas/fotos/recorte
jornais).
- Registro dos dados coletados verbalmente com o pesquisado através
de várias entrevistas e preenchimento de formulários
(áudio, vídeo e relatórios).
- Transcrição onde os dados serão classificados
conforme: Experiências Iniciais. Informações
Secundárias. Registros Físicos. Fatores Psíquicos.
- Depoimento de terceiros - testemunhas da época, parentes
e pessoas envolvidas (áudio e vídeo)
- Visita aos locais envolvidos na memória extra-cerebrais
para investigar depoimentos.
- Consulta a pelo menos 3 fontes mediúnicas em locais
diferentes, preferencialmente na mesma data e horário.
- Detalhamento do Perfil Psicológico (comparativo presente/passado)
- Cruzamento comparativo de dados segundo critérios cronológicos
e qualitativos.
- Depois do Histórico completo, partiria-se para a Análise
das Evidências.
- E, por final, a análise do caso
pesquisado através de todas as Hipóteses Explicativas
possíveis.
Para o bom caminhar e desenvolvimento das pesquisas com sua conseqüente
aceitação pelo público alvo, restaria ainda
algumas atitudes, como:
- Desenvolvimento de Linguagem apropriada e relacionamento com
a comunidade científica.
- Publicação regular e sistemática em livros,
jornais e revistas especializadas.
- Participação em congressos acadêmicos internacionais.
- Relacionamento com pesquisadores de áreas correlatas
como Jim Tucker. Banerjee. Stevenson, etc.
- Estudo sistemático das matérias tecno-científicas
que dão suporte à pesquisa.
- Acompanhamento dos progressos científicos nesta área.
- Parcerias com Centros de Pesquisa.
Ainda assim, em nossas conclusões deveríamos divulgar
como um Caso que tem Fortes Evidências que Sugerem Reencarnação.
Desta forma poderemos contribuir para a satisfação
moral que naturalmente advém a todos aqueles que compreendem
e praticam os conhecimentos adquiridos. Conhecimentos estes em inteligência,
em saber e em moralidade que nunca se perdem; quer morramos jovens
ou velhos, quer tenhamos ou não tempo de o aproveitar na
existência presente, colheremos os frutos em existências
subseqüentes. Estaremos assim colaborando para uma verdadeira
revolução nas crenças e nas idéias,
muito além das fronteiras de nossa casa Espírita.
Não esperemos que a pesquisa da reencarnação
tenha o suporte de projetos governamentais com desembaraço
alfandegário e liberação de taxas de importação
para material científico; criação de leis de
incentivo fiscal para aplicação de recursos privados
em ciência; apoio do CNPq, Capes, Fapesp ou aprovação
no congresso de investimento governamental para pesquisa da reencarnação.
A pesquisa da reencarnação deve ter antes de mais
nada o apoio da própria comunidade espírita. Se faz
urgente entendermos o caráter científico que deve
ter o Espiritismo e a importância que este terá para
a difusão de seu corpo doutrinário e compreensão
da realidade espiritual para toda a sociedade. Enquanto as pesquisas
não se desenvolvem satisfatoriamente, nossa opinião
a respeito de qualquer reencarnação deverá
ser sempre a dúvida, que é a opinião mais sábia
e prudente.