Quem já não
falou, de brincadeirinha: na próxima encarnação
quero ser isso ou aquilo, nascer assim ou assado? Provavelmente
todos, e com certeza mais de uma vez. Sendo essa uma realidade,
por que as pessoas, no geral, consideram reencarnação
como coisa de espírita e não apenas coisa de Espírito?
E aqui vai mais uma provocação: será que alguém
que faz essa brincadeira inocente e descompromissada acredita na
reencarnação? Minha opinião não é
importante nem vai afetar sua resposta, mas eu te convido a pensar
comigo, pois você há de convir que se essa brincadeira
aparentemente inocente não é sinônimo de sua
crença na reencarnação ao menos representa
um desejo de continuidade, de futuro, de uma nova vida, em que você
– e todos os outros - poderá fazer aquilo que nesta
parece impossível de ser realizado, com todas as complexidades
daí advindas.
Naturalmente, a crença na reencarnação é
muito mais do que uma idéia inata, pouco desenvolvida e esperançosa,
de novas oportunidades. Acreditar na reencarnação
exige o uso da razão, o exercício da dúvida,
do questionamento e da argumentação. Sendo assim,
a brincadeira inicial pode ser a partida para uma reflexão
mais apurada, capaz de gerar respostas seguidas de novas indagações
e de outras respostas e novas dúvidas...
Para que isso se faça, outras coisas são importantes:
o entendimento do que é reencarnação e de tudo
aquilo que esse conceito representa em termos de compreensão
do presente e construção do futuro, que em linhas
básicas se concretiza em uma nova oportunidade de encarnação.
No sentido literal, reencarnar é tornar à carne, o
que para o Espiritismo é assumir um novo corpo, uma vez que
o anterior se desfez, desagregou-se, em obediência às
leis naturais, comprovadas pela Ciência. Desse modo, reencarnar
é tornar à vida física em um novo corpo após
alguma permanência no plano espiritual, que é a “residência”
oficial do Espírito.
Nesse exercício de alternar etapas de encarnado e de desencarnado,
o Espírito evolui, sua consciência se aclara e conceitos
como esse da reencarnação vai sendo mais facilmente
compreendido, assim como tudo que representa, viabilizando a compreensão
dos problemas e das dificuldades da existência atual (o que
consola e dá novas forças para continuar trabalhando,
estudando, relacionando-se etc.).
A expansão da consciência e do entendimento também
favorecem o direcionamento da atenção à conquista
de virtudes, de conhecimento e de experiências no bem, na
coerência com a lei divina, adquirindo aquilo que foi definido
por Jesus, segundo Mateus, capítulo 6, versículo 20,
como "o bem que a traça nem a ferrugem consomem,
e que os ladrões não minam nem roubam".
Além disso, explicam outro ensinamento de Jesus, que nos
chega pelo Evangelho segundo João, capítulo 3, versículo
3: "aquele que não nascer de novo, não pode ver
o reino de Deus".
Como vemos, reencarnação não é exclusividade
nem invenção do Espiritismo, mas Lei Divina, e é
pela doutrina das vidas sucessivas que se realiza o cumprimento
dessa lei. Que cada vez mais pensemos no que queremos ser na próxima
encarnação, não como uma brincadeira inconseqüente,
mas como um planejamento para um futuro melhor em termos absolutos
(nível do Espírito) e não relativo, limitado
à vida física.
* * *
Da reencarnação
Texto com base in O Livro dos Espíritos,
qq. de 166 à 170.
obra codificada por Allan Kardec
1 — A alma que não atingiu a perfeição
durante a vida corpórea acaba de depurar-se submetendo-se
à prova de uma nova existência (166)
2 — A alma realiza a nova
existência da seguinte forma: Ao depurar-se, a alma sofre
sem dúvida uma transformação, mas para tanto
necessita da prova da vida corpórea. (166a).
3 — A alma tem muitas existências
corpóreas. Aliás, todos nós temos muitas existências.
(166b)
4 — Desse princípio
resulta que após ter deixado o corpo a alma toma outro quando
for necessário, ou melhor, a alma reencarna em um novo corpo.
(166c)
5 — A
finalidade da reencarnação é expiação,
melhoramento progressivo da humanidade. Sem isso, onde estaria a
justiça. (166)
6— A cada nova existência o Espírito dá
um passo na senda do progresso. Quando se despojou de todas as suas
impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea.
(168)
7 — O número das encarnações não
é o mesmo para todos os Espíritos, aquele que avança
rapidamente poupa-se das provas. Não obstante, as encarnações
sucessivas são sempre muito numerosas, porque o progresso
é quase infinito. (169)
8 — Depois da sua última encarnação se
transforma em Espírito bem- aventurado, um Espírito
puro. (170)
Fonte: http://www.ipepe.com.br/indexp.html
* * *