Antes de abordarmos exemplos de curas
feitas por Jesus, recordemos explicações da Doutrina
Espírita sobre enfermidades e curas.
Ação dos espíritos
sobre os fluidos e seu reflexo sobre o corpo físico
Pelo pensamento e a vontade, os espíritos agem
sobre os fluidos, que ficam impregnados das qualidades (boas ou más)
dos pensamentos e sentimentos que os fazem vibrar (quer encarnado
ou não o espírito que sobre eles atua).
A atividade do espírito influi sobre os fluidos
do seu perispírito. Quando intensa e reiterada, se reflete
no corpo, de modo benéfico ou maléfico, segundo a natureza
dos pensamentos e sentimentos.
Basicamente, é das lesões ou perturbações
vibratórias do perispírito que se originam as doenças
orgânicas ou psíquicas, bem como as deficiências
funcionais sem causa aparente. A etiologia das doenças está,
pois, nos distúrbios espirituais, da anual ou das anteriores
existências.
Jesus afirma essa relação espírito-corpo
nas enfermidades, ao dizer, quando curava alguém: "Os
teus pecados estão perdoados".
Cura por ação fluídica
Encarnados ou não, os espíritos
têm no seu próprio perispírito um reservat6rio
de fluidos (bons ou maus) e podem endereçá-los a outros
seres. Os fluidos bons podem servir como agente terapêutico,
para reparação perispiritual ou de reflexos no corpo.
O poder curativo dependerá:
da pureza da substância fluídica
inoculada;
da energia da vontade (para emissão mais abundante e maior
força de penetração dos fluidos).
"É muito comum a faculdade de
curar pela influência fluídica e pode desenvolver-se
por meio do exercício; mas, a de curar instantaneamente,
pela imposição das mãos, essa é mais
rara e o seu grau máximo se deve considerar excepcional"
(item 34, cap. XIV, "A Gênese", de A-K-).
Jesus a muitos curou por ação
fluídica ("ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou
as nossas doenças", Mt. 8:16/ 17) e recomendava aos discípulos
que assim agissem: "Curai os enfermos" (Mt. 10:8).
Condições para a cura - a importância da fé
A recepção e assimilação dos fluidos dependerá
das condições no paciente e no ambiente (problemas cármicos
e outras circunstâncias) que favoreçam ou não
a permuta e assimilação fluídica.
"Com relação à corrente fluídica"
o curador age como uma bomba calcante e o enfermo "como uma'
bomba aspirante", esclarece Kardec ("A Gênese",
XV, item li), acrescentando:
"Algumas vezes, é necessária a simultaneidade das
ações; doutras, basta uma só".
A fé, portanto, não é uma virtude mística
mas uma força atrativa.
Quando o enfermo não tem essa fé, "opõe
à corrente fluídica uma força repulsiva, ou pelo
menos uma força de inércia, que paralisa a ação".
Podemos entender, agora, porque Jesus, ao curar alguém, dizia:
"Se tiveres fé" ou "A tua fé te salvou".
Algumas curas que Jesus fez por ação fluídica
Apenas pelo olhar e pela palavra
Nestes casos, Jesus transmite magnetismo pelo olhar e motiva psicologicamente
a pessoa pela palavra, além dos fluidos que emana e com sua
vontade potente dirige para o enfermo, embora sem tocá-lo ou
usar qualquer outro recurso material.
1) Ao paralítico, no tanque de Betesda, indaga (Jo. 5 :1/9):
- Queres ser curado?
Ante a resposta afirmativa, ordena:
- Levanta-te, toma o teu leito e anda.
Imediatamente o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se
a andar.
2) Age de modo semelhante com o paralítico
de Cafarnaum (Mt. 9:2/8, Mc. 2:1/12 e Lc. 5:17/26).
- Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
E, levantando-se, partiu para sua casa.
Pelo toque ou imposição
das mãos
1) "...todos os que tinham enfermos de diferentes moléstias
(lc 4:40) lhos traziam; e ele os curava, impondo as mãos sobre
cada um".
2) Aproximou-se dele um leproso, rogando-lhe de joelhos:
- Senhor, se queres, podes tomar-me limpo. (Mc. 1:40/45) Jesus, profundamente
compadecido, estendeu a mão, tocou-o, e disse-lhe:
- Quero, fica limpo1 (Mt. 8: IR.) No mesmo instante lhe desapareceu
a lepra, e ficou limpo.
3) Em Jericó, Jesus passava acompanhado por uma multidão.
Um cego estava à margem do caminho. Ouvindo que era Jesus quem
passava, pôs-se a segui-lo clamando para que o curasse.(Mc.
10:46/52, Lc. 18:35/43 e Mt. 20:29/34.) Jesus parou e mandou chamá-lo.
- Que queres que eu te faça?
- Mestre, que eu tome a ver.
- Vai; a tua fé te salvou.
E imediatamente o cego tomou a ver, e seguia Jesus estrada afora.
(Mateus diz que eram 2 cegos e que Jesus lhes tocou os olhos).
4) Quando iam prender Jesus no Horto das Oliveiras, Pedro sacou da
espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe
a orelha direita.
Mas Jesus acudiu, dizendo: Deixai, basta.
E, tocando-lhe a orelha (ao servo ferido), o curou. (Mt.26:47/56,
Mc. 14:43/50, Lc. 22:47/53 e Jo. 18:2/11.)
Outros exemplos:
Jesus abençoa as criancinhas impondo-lhe as mãos.(Mc.10:
13/16.)
Jesus cura a sogra de Pedro, de febre muito alta: "tomou-a pela
mão", e "repreendeu a febre". (Mt. 8:14/15,
Mc. 1:29/31 e Lc. 4:38/39.)
Cura de um hidrópico:
"E tomando-o o curou e o despediu". (Lc. 14:1/6.)
Cura de dois cegos:
"Então, lhes tocou os olhos, dizendo: Faça-se conforme
a vossa fé. E abriram-se-lhes os olhos". (Mt. 9:27/31)
Com saliva
1) Então lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que
impusesse a mão sobre ele. (Mc. 7:32/37.) Jesus, tirando-o
da multidão, à parte, pôs-lhe os dedos nos ouvidos
e lhe tocou a língua com saliva; depois, erguendo os olhos
ao céu, suspirou e disse: Efatá, que quer dizer: Abre-te.
Abriram-se-lhe os ouvidos e logo se lhe soltou o empecilhoda língua,
e falava desembaraçadamente.
2) Então chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe
que o tocasse. (Mc. 8:22/26.) Jesus, tomando-o pela mão, levou-o
para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe
as mãos, perguntou-lhe:
- Vês alguma coisa?
Este, recobrando a vista, respondeu:
- Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando.
Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos, e
ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e tudo distinguia
de modo perfeito.
Destaquemos nestas duas passagens: usou o toque,
a saliva (propriedades medicinais?), a oração e a palavra;
retirou o enfermo para longe da multidão, porque poderia prejudicar
a realização do fenômeno pela mentalização
inferior.
Com saliva e com terra
1) Encontrando um cego de nascença, Jesus "cuspiu na terra,
e tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego, dizendo-lhe:
- "Vai, lava-te no tanque de Siloé (que quer dizer Enviado).
"Ele foi, lavou-se, e voltou vendo". (Jo. 9:1/12.) Se esta
passagem está fiel ao acontecido, tentemos uma análise:
Por que usou terra? Talvez tivesse propriedades medicinais? Ou serviria
para remover algo aderido ao globo ocular?
Por que usou saliva? Talvez por ser preciso fazer uma pasta para colocar
nos olhos do cego e ali não devia haver água (jà
que depois o cego precisou ir lavar-se no tanque de Siloé).
Por que ir lavar os olhos depois? Talvez a água do tanque também
fosse medicinal, complementando o processo curador.
Ou porque, após curar, a lama deveria ser retirada e nada melhor
do que a água para isso.
Curas à distância
- Jesus trabalhava assessorado por uma equipe espiritual
Em certos casos, havendo vibrações e fluidos favoráveis
dos participantes, era possível aos bons espíritos,
a mando de Jesus, se dirigirem até onde o enfermo se encontrava
e lá curá-lo.
Também podia ocorrer comunicação com espíritos
que lá já se encontrassem, para realizarem a cura com
o apoio dos fluidos e vibrações oferecidos.
Assim se explicam as curas seguintes, em que os enfermos, à
distância, ficaram curados no mesmo momento em que Jesus assegurava
isso.
l) Cura do criado de um centurião romano, em Cafarnaum. (Mt.
8;5/13.) O enfermo ficara em casa, o centurião foi até
Jesus pedir a cura.
"Então, disse Jesus ao centurião: Vai-te e seja
feito conforme a tua fé. E naquela mesma hora o servo foi curado".
2) Em Caná, um oficial do rei pede a Jesus a cura do filho
que ficara em Cafarnaum, enfermo. (Jo. 4:46/54.) "Rogou-lhe o
oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra." "Vai,
disse-lhe Jesus; teu filho vive." "O homem creu na palavra
de Jesus e partiu" (para Cafarnaum) vindo a saber, depois, que
o filho ficara bom exatamente na hora em que Jesus afirmara a sua
cura.
Por lhe tocarem as vestes
"... punham os enfermos nas praças, rogando-lhe que os
deixasse tocar ao menos na orla da sua veste; e quantos a tocavam
saíam curados". (Mc. 6:55/56.) Não era o fato de
lhe tocarem as vestes que os curava e, sim, o de entrarem em contato
com sua aura ou campo de irradiação fluídica.
E "todos " se curavam? Os que ofereciam condições
para tanto.
É o que fica evidente no caso a seguir:
1) Cura de uma mulher hemorroíssa. (Mt. 9:19/23 e Lc.8:42/48.)
Há 12 anos tinha ela um fluxo sangüíneo e já
se havia tratado com vários médicos, sem alcançar
a cura e gastando tudo quanto possuía.
Tendo ouvido a fama de Jesus, a mulher veio por trás dele,
por entre a multidão, tocou-lhe a veste, porque dizia:
- Se eu apenas lhe tocar as vestes, ficarei curada.
E logo se lhe estancou a hemorragia e sentiu no corpo estar curada.
Jesus perguntou:
- Quem me tocou?
Todos negavam que tivessem feito isso e os apóstolos, então,
argumentaram com Jesus:
- Mestre, as multidões te apertam e te oprimem (ou seja, muitos
estavam tocando em Jesus).
Mas Jesus insistiu:
- Alguém me tocou, porque senti que de mim saiu poder (ou virtude,
força) (percebera que alguém atraíra seus fluidos).
E olhava ao redor para ver quem o tocara.
Então a mulher, vendo que não podia ocultar-se, cônscia
do que nela se operara, trêmula se aproximou, prostrou-se diante
de Jesus e declarou-lhe o que fizera e por quê.
Jesus lhe disse:
- Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre do
teu mal.
Por que Jesus não
curava a todos
A doença é uma terapêutica da alma, dentro do
mecanismo da evolução humana. É a filtragem,
no corpo, dos efeitos prejudiciais dos desequilíbrios espirituais.
Funciona, também, como processo que induz à reflexão
e disciplina das atitudes.
Enquanto não produziu seus efeitos benéficos, não
deve ser suprimida.
De todos os enfermos que o procuravam, Jesus curou somente aqueles
em quem os efeitos purificadores da enfermidade já haviam atingido
seu objetivo reequilibrante, ou aqueles que já apresentavam
condições para receberem esse auxílio no corpo
físico.
"Curai os enfermos", mandou ele aos seus discípulos,
mas completou: "anunciai-lhes: A vós outros está
próximo o reino de Deus" (Lc. 10-9).
Não queria que apenas curassem corpos mas que orientassem os
enfermos para o entendimento e cumprimento das leis de Deus, porque
a verdadeira cura é a do espírito e esta não
se dá apenas pela supressão dos sintomas da doença
física, a qual é tão-somente uma conseqüência.
Ante a possibilidade de
enfermar
Para evitar as enfermidades, cuidemos não só do corpo
mas do espírito, cultivando bons pensamentos e sentimentos,
praticando o bem e não o mal.
Se, apesar de nossos cuidados, a enfermidade nos vier:
Encaremo-la como um alerta/advertência ou, ainda, como conseqüência
do passado, a exigir um reajuste para voltarmos ao equilíbrio
espiritual.
Não compliquemos mais a situação com tristeza
e desânimo, revolta e agressividade.
Busquemos na Medicina e nos recursos espirituais o alívio possível
e, quem sabe, até mesmo a cura.
Procuremos nos conscientizar quanto ao que possa ter causado a enfermidade
e modifiquemos para melhor o nosso comportamento, a fim de evitar
o prosseguimento do mal e sua instalação mais profunda!
Apliquemo-nos no bom emprego de nossas possibilidades de ação
(apesar das limitações que a enfermidade nos cause),
a fim de compensar o desequilíbrio já causado, manter
o equilíbrio nas áreas não comprometidas e adquirir
merecimento para sermos socorridos espiritualmente.
Se não formos curados
"Se, porém, malgrado os nossos esforços não
o conseguirmos" (ficar curados), devemos "suportar com resignação
os nossos passageiros males". ("O Evangelho Segundo o Espiritismo",
cap. XXVIII, V, item 77), pois "lesões e chagas, frustrações
e defeitos em nossa forma externa são remédios da alma
que nós mesmos pedimos à farmácia de Deus ".
(Emmanuel, em "Seara dos Médiuns", cap. "Oração
e Cura").
Quando curados, sejamos gratos
Jesus havia curado um grupo de 10 leprosos. Apenas um retomou para
agradecer.
O Mestre indagou:
- Não foram dez os limpos? Onde estão os outros nove?
(Lc. 17:17.) Jesus não fazia questão do agradecimento
pessoal. Mas quis ensinar: A cura sempre representa uma concessão
da misericórdia divina, que permitiu recebêssemos de
outrem recursos para nos refazermos e sairmos da situação
dolorosa e prejudicial em que estávamos.
Quem é curado precisa reconhecer isso e ser grato pela colaboração
prestada por quem se fez intermediário dessa bênção.
Não ser grato pela cura revela que a pessoa não entendeu
quanto lhe foi concedido e, provavelmente, não saberá
valorizar nem conservar a bênção recebida. A falta
de gratidão ante a cura física revela que a pessoa ainda
não alcançou a cura mais importante e definitiva: a
do espírito.
Para não haver recaída
Encontrando no Templo o paralítico que havia curado no Tanque
em Betesda, Jesus lhe diz:
- Olha que já estás curado; não peques mais para
que não te suceda alguma coisa pior. (Jo. 5:14.)
De fato, restabelecido o equilíbrio fluídico, é
preciso que a pessoa o mantenha pelos bons pensamentos, sentimentos
e atos.
Senão, poderá gerar novas lesões orgânicas
ou predisposição para enfermidades.