Discorreremos nesta primeira abordagem sobre o ponto
de vista espírita a respeito do problema da consciência.
O espiritismo possui uma precisa visão teórica sobre este
tema. Procuraremos, em breves linhas, expor os delineamentos gerais
desta visão, a fim de que tenhamos claro, nos ulteriores desenvolvimentos
deste trabalho, as convergências e as divergências entre
a visão espírita e a tradição filosófica
ocidental.
Inicialmente devemos dizer que a visão espírita da consciência
nos leva, de imediato, a uma ideia tradicional do pensamento ocidental,
que interpreta a consciência como sendo aquela "voz interior"
que aponta o caminho do bem.
É necessário observar, desde logo, que esta concepção
de "voz interior", que está presente na tradição
filosófica ocidental e no espiritismo, não tem nada a
ver com eventuais influências transcendentais, ou seja, externas
ao indivíduo, dizendo respeito, apenas, à esfera da subjetividade
e inteligência de cada ser.
Na verdade, esta concepção de consciência, é
fruto do desenvolvimento do pensamento ocidental, como veremos neste
trabalho, e a doutrina espírita irá aprofundar esta concepção
afirmando que a "lei de Deus está escrita na consciência
do homem", como um verdadeiro reflexo do Criador na criatura.
Neste sentido, diz León Denis, importante filósofo espírita
francês: "Gravados em si todo ser humano traz os rudimentos
da lei moral". Interessante observar que, para o espiritismo,
mesmo aquelas pessoas que não demonstram possuir consciência
moral e que, por esta razão, apresentam comportamentos amorais
ou imorais, mesmo estas pessoas, diz o espiritismo, possuem consciência
moral, apesar de não manifestada ou exercitada.
Na verdade, para a doutrina espírita, mesmo um psicopata ou um
doente mental, possuem o sentido consciencial, porém adormecido,
no entanto, ambos, enquanto espíritos imortais que são,
desenvolverão no tempo e no espaço, através das
reencarnações sucessivas, sua consciência moral,
a qual temporariamente se encontra em estado de desequilíbrio
patológico.
Outro aspecto interessante da reflexão espírita sobre
este tema é que, para a filosofia espírita, existe a possibilidade
de olvidarmos a consciência. Neste sentido, sabemos o que é
o certo, estamos convencidos interiormente do que devemos fazer em determinada
situação, mas, no entanto, não realizamos a conduta
que entendemos ser a correta em determinada situação específica.
Neste caso, deixamos a consciência de lado, ignoramos os seus
avisos e atuamos em uma direção contrária as suas
advertências.
Observaremos, ao longo deste trabalho, que, às vezes, não
basta sabermos o que é o certo para realizarmos uma determinada
conduta. O espírito humano não é só razão
e consciência, mas também vontade de aderir ou não
aos ditames desta razão e consciência.
Outra ideia fundamental é a de que o espírito humano aumentará
seu nível de consciência moral, na medida de sua evolução.
Segundo a teoria kardecista, o princípio espiritual sai do Foco
Criador simples e ignorante, ou seja, como mera potencialidade que irá
se desenvolver no tempo e no espaço, estagiando em um primeiro
momento nos reinos pré-humanos da criação até
chegar à condição humana, onde adquirirá
autoconsciência de si mesmo, liberdade e responsabilidade moral.
No entanto, a evolução do espírito ao chegar a
este ponto, não irá estagnar, pois, segundo o pensamento
espírita, do "átomo ao arcanjo" existe uma cadeia
infinita, e o espírito alcançará em sua trajetória
patamares de evolução jamais sonhados pelo homem.
Nesta trajetória evolutiva o espírito ampliará
ao infinito suas capacidades intelectivas e também sua consciência
de relação, a qual descobrirá a existência
do outro. O desenvolvimento da consciência moral se dá
na medida em que o espírito deixa de considerar egoisticamente
apenas a si mesmo e inclui, em seu pensamento e considerações,
o seu semelhante.
Neste momento, o espírito passa a compreender que o outro merece
a mesma carga de respeito e dignidade que ele pensa para si mesmo.
No campo das sanções morais o espiritismo valoriza o remorso
e o arrependimento. Para a doutrina de Kardec não haverá
um Deus que punirá as infrações do homem, como
defendeu o pensamento cristão ao longo de dois milênios
de história ocidental.
Não. Segundo o pensamento espírita, o homem sente em sua
própria subjetividade a infração aos ditames da
consciência, sendo que este sentimento constrangedor de arrependimento
poderá atingir tanto o espírito encarnado quanto o desencarnado,
os quais, através de um processo de dor moral, repensarão
suas condutas visando um melhor equilíbrio e felicidade interior
no futuro.
Assim, nem mesmo os piores criminosos são inacessíveis
ao arrependimento, pois "cedo ou tarde reconhecerão
haver tomado uma senda falsa e o arrependimento se manifestará",
é o que dizem os colaboradores extra físicos de Allan
Kardec. Não se trata aqui, obviamente, de um processo mórbido
de culpa que aniquila e paralisa o sentimento e a ação
do espírito, mas sim de um sentimento natural de reajustamento
e reavaliação de seus comportamentos.
O espiritismo, em conformidade com a antiguidade clássica,
valoriza o conhecimento como possibilidade de distinção
entre o bem e o mal, neste sentido postula que a evolução
moral segue a esteira da evolução intelectual, porém
não necessariamente de forma imediata.
Finalmente, é necessário enfatizar, que a doutrina de
Kardec defende que o homem é livre para agir, possui o chamado
livre-arbítrio, e que não está submetido de forma
absoluta às influências externas de toda a natureza, como
as econômicas, genéticas, sociais etc.
Apesar do espiritismo não negar tais influências, defende
que as mesmas são insuficientes para retirar de forma absoluta
a esfera de liberdade humana, e que o homem não está submetido
a "arrastamentos irresistíveis". Neste sentido,
o homem não é um ser determinado, e sim, livre, apesar,
é claro, da poderosa força das influências que o
cercam.
Esta postulação da liberdade humana é,
a meu ver, uma das principais contribuições da doutrina
kardecista ao mundo contemporâneo, mundo que aferrado a um materialismo
de base genética, não conseguirá fundamentos para
construir teorias de responsabilização moral dos indivíduos,
uma vez que estes, em última análise, não são
culpados por suas ações, pois são escravos de seu
corpo.
Enfim, esta é uma visão geral do pensamento espírita
sobre temas como consciência, virtude, comportamento e liberdade.
Nos próximos capítulos veremos como pensadores importantes
da tradição ocidental trabalharam estes temas
Recortaremos três momentos da história do pensamento a
fim de estudar a evolução desta temática. Estudaremos
o intelectualismo socrático, o problema da vontade em Agostinho,
e a liberdade e o imperativo categórico em Kant.
O INTELECTUALISMO
SOCRÁTICO
Para entendermos Sócrates precisamos
compreender razoavelmente os sofistas, os quais integram, sem sombra
de dúvida, a perspectiva do pensamento socrático. Os sofistas
operaram uma verdadeira revolução no pensamento grego
da antiguidade. Realizaram a chamada "virada antropológica",
deslocando o eixo da reflexão filosófica do cosmo para
o homem.
Na verdade os chamados filósofos
naturalistas, anteriores aos sofistas, refletiram sobre o ser e as causas
primárias do ser. Tales, Anaximandro, Heráclito e outros
pensadores do período se dedicaram a pensar os problemas concernentes
ao princípio (arché) de todas as coisas, sendo sua reflexão
de caráter cosmológico.
Com os sofistas o foco do pensamento filosófico grego muda, direcionando-se
para os problemas do homem. Filósofos como Protágoras,
Górgias e outros, passarão a discutir as questões
políticas, éticas, religiosas, jurídicas, enfim,
uma série de questões referentes ao homem e sua vida em
sociedade.
Segundo Giovanni Reale e Dario Antiseri, historiadores da filosofia:
"Os sofistas realizaram um deslocamento do eixo da pesquisa
filosófica do cosmo para o homem. Precisamente nesse deslocamento
está seu mais relevante significado histórico e filosófico.
Eles abrem caminho para a filosofia moral...".
No entanto, afirmam, ainda, os renomados historiadores, que os sofistas
não conseguiram entender a natureza humana em sua integralidade:
"Protágoras entendeu o homem predominantemente como
sensibilidade e sensação relativizante, Górgias
como sujeito de emoções móveis, suscetível
de ser arrastado em qualquer direção pela retórica,
e os próprios sofistas, que se vincularam à natureza,
falaram do homem, sobretudo, como natureza biológica e animal,
subentendendo e, de qualquer modo, silenciando a natureza espiritual."
Neste contexto filosófico, aparece,
em Atenas, a figura impressionante e cativante de Sócrates (470/469
-399 aC.).
O famoso filósofo grego nada escreveu. Não fundou escola
filosófica como posteriormente o fez seu mais famoso discípulo,
Platão, com a fundação da academia. No entanto,
teve muitos discípulos, os quais o acompanhavam pelas ruas de
Atenas, impressionados com os questionamentos filosóficos que
o mestre propunha aos cidadãos atenienses.
Sócrates foi condenado a beber cicuta sob a acusação
de impiedade, por não crer nos deuses da cidade e por corromper
a juventude ateniense. Segundo Giovanni Reali e Dario Antiseri: "por
trás de tais acusações, escondiam-se ressentimentos
de vários tipos e manobras políticas".
O pensamento de Sócrates permite várias abordagens, pois
abriu vários horizontes para o desenvolvimento do pensamento
filosófico ocidental. As heranças socráticas são
sentidas até hoje na contemporaneidade. Não é à-toa
que um filósofo como Nietzsche fez de Sócrates um de seus
principais adversários, juntamente com o cristianismo.
Para as finalidades deste trabalho analisarei apenas o conceito de homem
e de virtude do famoso filósofo ateniense. Falarei um pouco,
também, de seu conceito de liberdade e felicidade.
Para Sócrates, a essência do homem é a sua alma.
Alma, entendida como a sede do pensamento e do comportamento ético.
Em outras palavras, o eu consciente. Dizia em suas andanças pela
pólis: "Na verdade, não é outra coisa
o que faço nestas minhas andanças a não ser persuadir
a vós, jovens e velhos, de que não deveis cuidar do corpo,
nem das riquezas, nem de qualquer outra coisa antes e mais do que da
alma, de modo que ela se torne ótima e virtuosíssima."
Para Sócrates existe uma distinção clara entre
o corpo e alma, sendo o corpo um instrumento da alma. Assim, a principal
tarefa do filósofo é incitar os homens a valorizar e cuidar
do que é mais importante em si mesmo, a alma ou "psyché",
e ter em menor conta aquilo que é menos importante, o corpo.
Neste sentido andou bem Allan Kardec, quando muitos séculos depois,
colocou Sócrates e Platão como precursores remotos do
espiritismo, pois efetivamente o pensamento de Sócrates acentuava
a existência da alma, como parte constitutiva da natureza humana.
Ao decifrar a natureza essencial do homem, o passo seguinte de Sócrates
foi tentar descobrir qual seria a principal virtude para este homem
que, em essência, é uma alma e não um corpo.
Fundamental a questão da virtude, pois esta questão leva
diretamente ao problema ético do melhor comportamento, e este
problema, por sua vez, leva à questão mais importante
para todo e qualquer ser humano em qualquer tempo histórico e
em qualquer localização geográfica: a questão
da felicidade.
Neste sentido, Sócrates irá desenvolver o seguinte questionamento:
se, em essência, o homem é uma alma, qual é a principal
virtude a ser alcançada pelo homem?
Para entendermos bem esta questão precisamos compreender melhor
o conceito grego de virtude (areté), fundamental para entendermos
o conceito socrático referente a esta temática. Para os
gregos da época de Sócrates, virtude ou areté é
"aquilo que torna uma coisa boa em conformidade com a sua natureza".
Neste sentido, é possível falar em virtude de homens,
animais e coisas, coisa impensável nos dias de hoje, em que o
tema virtude é direcionado apenas ao ser humano.
Por exemplo, para os gregos antigos a virtude de um soldado é
ser corajoso, de um cão é ser guardião, de um cavalo,
ser veloz para a corrida ou forte para o carregamento de carga; de uma
faca, ser afiada; de um escudo, dar proteção. Mas, em
um sentido amplo e geral, qual seria a principal virtude do homem, entendido
como ser humano dotado de corpo e alma?
A principal virtude do homem é o conhecimento. E o principal
vício, a ignorância, responderá Sócrates.
Sendo o homem essencialmente uma alma e considerando que a característica
essencial desta alma é a racionalidade, logo, tornar a alma boa,
em conformidade com a sua natureza, é exercer esta racionalidade
através da aquisição do conhecimento.
Assim, Sócrates opera uma verdadeira revolução
no campo dos valores éticos, pois os verdadeiros valores não
serão mais os exteriores ao homem, como riqueza, poder, fama
e tampouco os ligados ao corpo como a vida, o vigor, a saúde
e a beleza. Os verdadeiros valores dirão respeito à alma.
Neste sentido, o pensamento socrático reduz toda a multiplicidade
de virtudes (justiça, fortaleza, temperança, coragem)
a uma só (conhecimento).
E, outra consequência deste seu pensamento, é o chamado
intelectualismo socrático, que pode ser resumido na seguinte
frase: "ninguém peca voluntariamente", ou seja, nós
sempre queremos o bem para nós mesmos e se realizamos o mal,
o fazemos por ignorância, ou seja, por desconhecer o que é
o bem.
No entanto, Sócrates entenderá
que o conhecimento necessariamente leva o homem a pratica do bem, o
que suscitou a crítica de vários pensadores, como Giovanni
Reale e Dario Antiseri que dizem: "Ora, Sócrates tem
perfeitamente razão quando diz que o conhecimento é condição
necessária para fazer o bem (porque, se não conhecermos
o bem, não poderemos fazê-lo), mas engana-se ao considerar
que, além de condição necessária, seja também
condição suficiente."
Em outras palavras, não é
o fato de conhecermos o que é o bem que fará que necessariamente
atuemos conforme este conhecimento. É muito comum conhecermos
o bem e realizarmos o mal.
Sócrates teria caído em excesso de racionalismo, desconhecendo
o problema da vontade que será desenvolvido mais tarde pelos
filósofos cristãos, sendo que Agostinho, ou Santo Agostinho,
como quer a Igreja, irá tratar deste problema, o que veremos
neste trabalho.
Importante ressaltar, finalmente, que Sócrates irá descobrir
o conceito de liberdade através da ideia de autodomínio,
ou "enkrátéia", que significa o domínio
da racionalidade sobre a animalidade. Neste sentido, para Sócrates
"o verdadeiro homem livre é aquele que sabe dominar
seus instintos e o homem escravo é aquele que, não sabendo
dominar seus instintos, torna-se vítima deles".
E, finalmente, toda esta filosofia que
busca alicerçar a virtude no conhecimento, tem por finalidade
alcançar a felicidade. É o que diz o famoso filósofo
ateniense: "para mim, quem é virtuoso, seja homem ou
mulher, é feliz, ao passo que o injusto e malvado é infeliz".
Veremos a seguir como Agostinho, teólogo e filósofo cristão,
desenvolveu este inquietante tema da virtude.
O PROBLEMA DA VONTADE EM
AGOSTINHO
Aurélio Agostinho ou Santo Agostinho, nasceu
em 354 em Tagaste, pequena cidade da Numídia, na África.
Teve uma vida conturbada, cheia de dramas interiores, os quais descreve
em sua importante obra "Confissões".
Deu muitas preocupações para sua mãe Mônica,
fervorosa cristã, que se desesperava em ver o filho nos caminhos
da "perdição".
Segundo Reale e Antiseri: "A primeira personalidade que incidiu
profundamente sobre a alma de Agostinho, sem dúvida, foi a de
sua mãe Mônica. Foi ela quem, com sua firme fé e
seu coerente testemunho cristão, lançou em certo sentido
as bases e construiu as premissas da futura conversão do filho".
Não resta dúvida para os historiadores da filosofia quanto
a importância de Mônica na conversão de Agostinho,
não sendo possível entender a vida deste pensador sem
a importante referência de sua mãe. Neste sentido, afirmam
ainda Giovanni Reale e Dario Antiseri: "Assim, as verdades
de Cristo vistas através da forte fé de sua mãe
constituíram o ponto de partida da evolução de
Agostinho, embora por diversos anos ele não aceitasse a religião
cristã católica e continuasse a procurar a sua identidade
em outras partes".
A "perdição" de Agostinho era exemplarmente
representada em sua predileção por certas filosofias da
época, como o maniqueísmo, que defendia que o bem e o
mal tinham caráter absoluto, existindo em si mesmos, e estavam
na disputa do mundo.
Segundo o próprio Agostinho, em um texto de nome "Sobre
as Heresias", no qual analisa sua antiga convicção
herética: "Os maniqueístas afirmaram a existência
de dois princípios diversos e adversos entre si, mas, ao mesmo
tempo, eternos e coeternos e, seguindo outros heréticos antigos,
imaginaram duas naturezas e substâncias, a do bem e a do mal.
Segundo seus dogmas, afirmam que essas duas substâncias estão
em luta e mescladas entre si."
Os maniqueístas defenderam um dualismo tão radical que
chegaram a atribuir o pecado não ao livre-arbítrio do
homem, mas sim ao princípio universal do mal que existe em cada
ser humano. É o que diz Agostinho em sua crítica à
heresia maniqueísta: "Os maniqueístas pretendem
que a concupiscência da carne seja uma substância contrária
e que duas almas e duas inteligências, uma boa e a outra má,
lutam entre si no homem, ser único, quando a carne tem desejos
contrários ao espírito e o espírito desejos contrários
à carne."
Enfim, de tanto orar Mônica conseguiu que seu filho se tornasse
cristão. No entanto, Agostinho se tornou não apenas mais
um fervoroso cristão. Ele se tornou um dos pais ideológicos
da Igreja Cristã.
Falaremos um pouco de seu pensamento neste trabalho.
Provavelmente, em virtude de seus dramas interiores e indecisões,
Agostinho começou a ter como fonte de sua preocupação
principal não mais o homem em abstrato, como haviam feito os
gregos. Ele passou a se preocupar com o homem concreto, real, de carne
e osso, situado em determinado tempo histórico e espaço
geográfico, pleno de anseios e esperanças, mas também
de tristezas e frustrações. Segundo Reale e Antiseri:
"Agostinho não propõe o problema do homem em
abstrato, ou seja, o problema da essência do homem em geral: o
que ele propõe é o problema mais concreto do eu, do homem
como indivíduo irrepetível, como pessoa, como indivíduo,
poder-se-ia dizer com terminologia posterior."
Alguns dirão, talvez com certo exagero, que Agostinho é
um dos precursores remotos do existencialismo, corrente filosófica
do século 20, que defendia a valorização do homem
histórico e o repúdio às filosofias que só
falavam do homem conceitual ou abstrato.
Realmente, é verdadeiro que Agostinho se preocupava com o fato
dos homens terem mais facilidade para se voltar para o mundo externo,
do que para o seu mundo interior. Afirmava ele: "e dizer que
os homens vão admirar as encostas das montanhas, os vastos fluxos
do mar, as amplas correntes dos rios, a extensão do oceano, o
girar dos astros e abandonam a si mesmos."
Em suas conversas com Deus, manifestava suas profundas interrogações
a respeito da natureza íntima do homem e de sua complexidade
psicológica e moral, alertando o quão difícil é
conhecimento dos problemas da alma humana. É o que nos fala o
angustiado cristão: "que profundo mistério é
o homem, e, no entanto, tu, senhor, conheces até o número
dos seus cabelos. E, entretanto, é mais fácil contar os
cabelos dele do que os afetos de seu coração".
Às vezes sua angústia se revelava completamente quando
dizia: "eu próprio me tornara um grande problema para
mim" ou "eu não compreendo tudo o que sou".
Na verdade, quando vemos estes trechos na atualidade, não podemos
deixar de admirar o quanto este pensador se desnudou perante os seus
contemporâneos; o que revela, certamente, uma coragem moral e
uma sinceridade impressionante, uma vez que a exposição
pública de nossos problemas íntimos nem sempre é
bem recebida pelo grupo social em que vivemos.
Para termos uma ideia mais precisa da importância deste posicionamento
de Agostinho, que valoriza as questões do homem concreto, real,
em detrimento de uma teorização sobre o homem em abstrato,
basta analisarmos o exemplo de Plotino, importante filósofo da
Antiguidade, anterior a Agostinho.
Plotino, filósofo espiritualista, que acreditava na alma dentro
de uma tradição platônica, tinha verdadeiro horror
de ter um corpo e de estar encarnado, segundo Porfírio: "Plotino
tinha o aspecto de alguém que se envergonhava de estar em um
corpo. Em virtude dessa disposição de espírito,
tinha reservas para falar de seu nascimento, de seus pais, de sua pátria."
Narra Porfírio o curioso episódio em que certa vez alguém
se propôs a fazer o retrato de Plotino, a fim de que o famoso
filósofo ficasse conhecido na posteridade. Sua reposta ao pintor
retratista não deixa dúvidas quanto ao seu pensamento
sobre a corporeidade: "Não basta arrastar este simulacro
com o qual a natureza quis nos revestir. Vós pretendeis ainda
que eu permita deixar uma imagem mais durável desse simulacro,
como se fosse algo que verdadeiramente valha a pena ver".
Segundo Giovanni Reale e Dario Antiseri, Agostinho, ao contrário
de Plotino, fala continuamente de si mesmo e "sua obra prima
são exatamente as Confissões, nas quais não só
fala amplamente dos seus pais, de sua terra, das pessoas que lhe eram
caras, mas também põe a nu seu espírito em todos
os seus mais recônditos cantos e em todas as tensões íntimas
de sua vontade."
Na verdade, Agostinho ao valorizar os problemas da subjetividade do
homem e suas questões existenciais, próprias de seu estar
no mundo, com todos os conflitos do corpo e da alma que esse estar no
mundo representa, fará com que os problemas da vontade pessoal
do homem sejam postos em evidência, e observará que, em
muitas oportunidades, esta vontade está em contraposição
à vontade de Deus.
Desta forma, Agostinho irá em direção à
superação do intelectualismo socrático, pois irá
postular que a vontade nem sempre se submete ao conhecimento do que
é correto e que, pelo contrário, é muito comum
a vontade se insurgir contra as deliberações éticas
do conhecimento.
Diz Agostinho, "quando eu estava decidindo servir inteiramente
ao senhor meu Deus, como havia estabelecido há muito, era eu
que queria e eu que não queria: era exatamente eu que nem o queria
plenamente, nem o rejeitava plenamente. Por isso, lutava comigo mesmo
e dilacerava-me a mim mesmo".
A solução dada por Agostinho em resposta aos dilemas e
aporias do intelectualismo socrático foi no sentido de valorizar
a liberdade, a qual muitas vezes não se submete friamente ao
conhecimento.
Para ele a liberdade está na esfera da vontade e não da
razão e que apesar da vontade e da razão pertencerem ao
espírito humano, a vontade possui uma autonomia própria.
Em poucas palavras, para Agostinho a razão conhece e a vontade
escolhe, podendo até mesmo escolher o irracional.
A LIBERDADE E O IMPERATIVO
CATEGÓRICO EM KANT
Immanuel Kant nasceu em Konigsberg, cidade da Prússia oriental,
no ano de 1724, em uma modesta família de artesãos. Seu
pai, João Jorge, era seleiro e sua mãe, Regina Reuter,
era dona de casa. Kant sempre nutriu em relação aos seus
pais sentimentos de gratidão, tendo deixado claro, em alguns
de seus escritos, que via seus pais como verdadeiros modelos de honestidade
e probidade, bem como deixou registrado sua gratidão pela excelente
educação que deles recebeu.
No entanto, segundo Reale e Antiseri, Kant, tinha um carinho especial
pela mãe, a qual o influenciou profundamente: "Regina
Reuter lançou no espírito do filho as sementes do bem
e as fez crescer; além disso, nos passeios pelo campo, fez nascer
nele profundo sentimento pela beleza da natureza (destinado a ter grande
importância na formação de uma parte do futuro sistema
filosófico); por fim, estimulou de vários modos seu amor
pelo conhecimento."
Em razão de sua origem humilde Kant lutou com extremas dificuldades
econômicas, as quais dificultaram, sobremaneira, seus estudos.
Porém, manteve-se firme e não desistiu. É o que
nos dizem Giovanni Reale e Dario Antiseri: "O período
que vai de 1747 e 1754 foi muito duro. Kant teve de trabalhar como preceptor
para sobreviver, uma profissão para a qual não se inclinava
muito. Seus biógrafos destacam que esse deve ter sido um verdadeiro
período de miséria, dado que os funerais de seus genitores
foram realizados à custa do erário público. Mas,
apesar dessas condições desfavoráveis, Kant estudou
muito nesse período, atualizando-se e lendo tudo o que então
se escrevia, sobretudo nos campos que mais o interessavam, como as ciências
e a filosofia."
Certamente, seus esforços valeram a pena, pois em 1755 conseguiu
seu doutoramento e ingressou na universidade de Konigsberg, na condição
de livre-docente, onde lecionou por muitos anos, tornando-se um professor
muito famoso e um filósofo mundialmente reconhecido, tendo se
tornado um dos pensadores fundamentais do período moderno.
Kant é um filósofo profundo e árido. Sua obra é
extensa e exige do estudioso um conhecimento profundo da história
da filosofia, a fim de que possa compreender a importância de
seu revolucionário pensamento.
Não pretendemos, neste singelo trabalho, expor em profundidade
o pensamento do famoso filósofo. Teceremos apenas alguns comentários
sobre as teses kantianas da liberdade e do imperativo categórico.
Para isso nos utilizaremos dos comentários do excelente filósofo
francês contemporâneo, Luc Ferry, que tem se destacado em
explicar os grandes momentos da história da filosofia em seus
livros, tendo recentemente lançado uma obra que trata especificamente
do filósofo de Konisberg.
Para Kant a ação moral deve preencher dois requisitos
fundamentais: o desinteresse e a universalidade. Segundo Luc Ferry:
"São esses os dois principais pilares da moral que Kant
vai expor em sua famosa Crítica da Razão Prática
(1788)."
Quanto ao aspecto do desinteresse, Kant defende que ação
moral só é aquela que dá testemunho de uma característica
que só o homem possui em relação a todos os animais:
a liberdade. Neste sentido, o homem pertence ao reino das leis da natureza
pelo seu corpo e da liberdade, por sua alma, sendo que a natureza animal
do homem tende para um egoísmo natural, enquanto sua natureza
racional deve tentar escapar a esta lógica da natureza física.
A esta tentativa da natureza racional do homem ou alma humana, de escapar
à lógica da natureza física, Kant chama de "Boa
Vontade". Neste sentido, exemplifica Luc Ferry: "Enquanto
minha natureza — já que sou também um animal —
tende apenas à satisfação de meus interesses pessoais,
tenho igualmente, pelo menos essa é a primeira hipótese
da moral moderna, a possibilidade de escapar ao programa da natureza
para admitir que podemos, às vezes, pôr de lado nosso "querido
eu", como diz Freud".
Neste aspecto, o pensamento kantiano retoma Rosseau, o qual afirma que
os animais são programados pela natureza desde o seu nascimento
até a sua morte, e que só o homem, por força de
sua liberdade, consegue escapar ao determinismo natural. É o
que diz Rousseau: "Em cada animal não vejo senão
uma máquina engenhosa, à qual a natureza ofereceu sentidos
para recompor-se por si mesma, e para defender-se , até certo
ponto, de tudo o que tende a destruí-la ou estragá-la.
Percebo exatamente as mesmas coisas na máquina humana, com a
diferença de que a natureza faz tudo nas ações
do animal, enquanto o homem concorre para as suas, na qualidade de agente
livre."
Assim, é justo afirmar que a essência dos animais já
está dada pela natureza enquanto que no homem não existe
esta essência pré-determinada pela natureza, pois o homem
é um ser em construção, perfectível. É
ainda Rosseau que nos fala: "Mas, mesmo que as dificuldades
que cercam todas essas questões permitissem a discussão
sobre essa diferença entre o homem e o animal, há outra
qualidade muito específica que os distingue, e sobre a qual não
poder haver contestação: é a faculdade de se aperfeiçoar..."
É justo concluir, ante o exposto, que a moral kantiana deve ser
considerada como uma moral do dever, pois convoca o homem a resistir
a sua própria animalidade, a qual aponta para o egoísmo
natural, bem como o instiga ao aperfeiçoamento pelo exercício
permanente de sua liberdade.
Outro requisito da moral postulada por Kant é o da universalidade.
Segundo Luc Ferry, "trata-se da insistência no ideal do bem
comum, na universalidade das ações morais entendidas como
a superação dos exclusivos interesses particulares. O
bem não está mais associado ao meu interesse particular,
ao da minha família ou da minha tribo. Evidentemente ele não
os exclui, mas deve também ter em conta os interesses de outrem,
até mesmo o da humanidade inteira."
Neste sentido, se sou livre e posso me afastar de meus próprios
interesses egoístas, posso, por consequência, me aproximar
dos outros para compreender suas necessidades, o que é uma condição
indispensável para uma vida comum respeitosa.
Em outras palavras, a realização da conduta moral exige
que nos afastemos de nosso egoísmo natural e que consideremos
a existência do outro, se realmente desejarmos uma convivência
social pacífica. Para isso, propõe Kant que observemos
o seguinte imperativo categórico, em nossas condutas individuais,
o qual pode ser resumido nestas duas sentenças:
"Age de modo que a máxima da tua vontade possa valer
sempre, ao mesmo tempo, como principio de legislação universal".
"Olha tuas ações pela ótica do universal
e compreenderás se são ações moralmente
boas ou não".
Em outras palavras, se alguém quiser roubar, deve questionar,
antes de realizar sua conduta, se seria possível viver em um
mundo em que todos necessariamente roubassem. Se alguém quiser
matar, o mesmo raciocínio, e assim, cada um, refletindo sobre
todas as suas ações, atribuindo a elas a característica
da universalidade, chegaríamos a um mundo harmonioso e feliz.
Comenta Luc Ferry, a respeito do imperativo categórico: "Se
fôssemos naturalmente bons, naturalmente orientados para o bem,
não haveria necessidade de recorrer a ordens imperativas. Contudo,
na maior parte do tempo não temos nenhuma dificuldade em saber
o que seria necessário fazer para agir bem, mas nos concedemos
sempre exceções, simplesmente porque nos preferimos aos
outros. É por isso que o imperativo categórico pede, como
se diz para as crianças, "faça um esforço",
para tentarmos continuamente progredir e melhorar."
E comentam Giovanni Reale e Dario Antiseri: "trata-se de um
refinado, complexo e engenhoso modo de expressar aquele mesmo princípio
que, com extrema simplicidade de veracidade, o evangelho afirma: "não
faças aos outros aquilo que não queres que seja feito
a ti."
Finalmente, é necessário ressaltar que Kant tem como pressuposto
de toda a sua teoria, o postulado da imortalidade da alma, e que, para
ele, tal imortalidade se constitui dentro de uma perspectiva dinâmica
de progresso infinito.
Segundo Kant, o supremo bem requer a adequação da vontade
à lei moral, e a perfeita adequação da vontade
à lei moral significa "santidade", e como ninguém
neste mundo pode concretizá-la "ela só poderá
ser encontrada em um progresso infinito."
Conclui Kant: "Mas tal progresso infinito só é
possível pressupondo uma existência e uma personalidade
do próprio ser racional que perdurem ao infinito: e isso toma
o nome de imortalidade da alma."
Neste sentido afirmam Reale e Antiseri, um tanto surpresos, ante esta
ideia de uma imortalidade que se aperfeiçoa:
"Trata-se de um modo bastante
insólito de conceber a imortalidade e a vida eterna (o paraíso):
isto é, não como uma condição de certo modo
estática ou pelo menos, aprocessual, mas precisamente como um
incremento e um progresso infinitos. Para Kant, a imortalidade e a outra
vida constituem um aproximar-se sempre mais da santidade, um contínuo
crescimento na dimensão da santidade."
A verdade é que, somente com a doutrina de Kardec, um pouco mais
tarde, é que passaríamos a compreender o que é
a imortalidade dinâmica, em contraposição a imortalidade
estática, ensinada milenarmente pela Igreja. Mas, parece que
Kant, de certa forma, entreviu esta realidade.
CONCLUSÃO
Podemos dizer, finalmente, que o espiritismo é
herdeiro das principais tradições do pensamento ocidental,
conforme tivemos oportunidade de verificar no presente trabalho.
Muitos aspectos da reflexão espírita estão presentes
na referida tradição. A valorização do conhecimento,
a importância da vontade, a questão do desinteresse no
campo das ações morais e o objetivo do bem comum, são
questões presentes nos filósofos aqui discutidos e no
espiritismo também.
Não é à-toa que importantes autores espíritas
defendem a ideia de que o espiritismo seria uma espécie de "síntese"
das principais conquistas do pensamento ocidental.
Na verdade, o espiritismo postula, juntamente com as principais tradições
do Ocidente, um homem dotado de corpo e alma. No entanto, é necessário
esclarecer que a tese da existência da alma, no âmbito da
doutrina espírita, é abordada de forma específica,
um tanto diferenciada da abordagem desta tradição.
O espiritismo pretende ter demonstrado empiricamente, e porque não
dizer, cientificamente, a existência da alma, a qual deixa de
ser apenas um postulado baseado na razão ou na fé, para
ganhar o status de verdade comprovada de forma experimental.
Indubitavelmente ao espiritismo cabe o grande mérito de ter inspirado
as chamadas ciências psíquicas, as quais têm por
objeto de estudo os fenômenos insólitos, que a doutrina
de Kardec foi a primeira a pesquisar com um método rigoroso.
A partir do surgimento do espiritismo veremos o aparecimento da metapsíquica,
da parapsicologia e outras disciplinas que tentaram estudar cientificamente
o problema da alma e que, acima de tudo, apostaram na possibilidade
de se construir ciência nas chamadas questões metafísicas.
Na verdade, o espiritismo, dentro do processo histórico, consolida
as consagradas correntes do pensamento ocidental, neste trabalho referidas,
com a demonstração inequívoca da existência
da alma através do estudo de farta fenomenologia mediúnica
e anímica, as quais deixam entrever a realidade metafísica
do homem.
É de fundamental importância ressaltar, também,
que para o espiritismo e para as referidas tradições,
é na alma que reside a esfera de liberdade do ser humano.
O espiritismo valoriza a liberdade, sem a qual não é possível
falar em responsabilidade perante as ações humanas.
Aliás, o direito, a moral, a religião, o senso comum e
o bom senso trabalham com a ideia de um homem dotado de liberdade e
autonomia, capaz de agir e decidir seu caminho, a partir de ponderações
éticas. Em nosso cotidiano, não cogitamos do homem não
ser capaz de decidir entre o bem e o mal e não atribuímos
à constituição física de seu cérebro
ou a sua genética a responsabilidade por seus atos.
Apesar de considerarmos o peso das influências econômicas
e sociais, sabemos que é possível escapar das mesmas,
como nos mostram tantos exemplos de pessoas bem sucedidas, que nasceram
em condições precárias, mas conseguiram se realizar
em algum ramo de atividade.
Sendo assim, o espiritismo e a tradição do pensamento
no Ocidente defendem um sujeito livre, autônomo e consciente para
decidir o caminho do bem ou do mal.
É necessário ressaltar que o materialismo contemporâneo
busca justamente negar essa autonomia do sujeito, defendendo a tese
de que o ser humano é apenas um corpo, que o determina absolutamente.
Na verdade, esse materialismo contemporâneo está na contramão
da história do pensamento no Ocidente e se insere em uma tentativa
de desconstrução desta tradição filosófica
do mundo ocidental.
Neste sentido, este homem-corpo será um ser determinado por sua
genética, pelo meio social, pelos instintos, pelas circunstâncias
sociais e econômicas, não se podendo falar, obviamente,
em liberdade de escolha moral.
Em uma época em que se procura encontrar as qualidades morais
do homem em seu mapeamento genético ou em um determinismo de
base cerebral, vejo no presente trabalho uma tentativa de resgatar "velhos"
conceitos, sem os quais ficamos impossibilitados de explicar satisfatoriamente
o móvel das ações humanas.
Entendemos que o resgate da ideia de liberdade é fundamental
na discussão de temas ligados à consciência, à
virtude e à liberdade. Não é possível falar
em moral sem liberdade de escolha, afinal, como dizem os colaboradores
extrafísicos de Allan Kardec, "sem o livre arbítrio
o homem seria uma máquina."
E como diz Luc Ferry, filósofo francês contemporâneo,
que também tem tentado resgatar a ideia de liberdade no campo
moral "Do mesmo modo que não há elogio lisonjeiro
sem liberdade de crítica, tampouco há distinção
sensata entre o bem e o mal moral sem liberdade pura e simples".
BIBLIOGRAFIA
— DENIS, Léon. Depois da Morte. Editora FEB. Brasília.
2008.
— FERRY, Luc. Aprender a Viver - Filosofia Para os Novos Tempos.
Editora Objetiva. 2006.
— KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução
J. Herculano Pires. Editora FEESP. 2005.
— REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia
– Filosofia Pagã Antiga, vol. I. Editora Paulus. 2004.
— REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia
– Patrística e Escolástica, vol II. Editora Paulus.
2003.
— REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia
– De Spinoza a Kant, vol. IV, Editora Paulus. 2005.
Fonte:
Ensaio apresentado no 11º Simpósio
Brasileiro do Pensamento Espírita, realizado de 9 a 12 de outubro
de 2009 em Santos-SP.
- Em: Setembro de 2011
http://viasantos.com/pense/arquivo/1349.html
Ricardo Nunes, bacharel em direito e
filosofia, oficial de Justiça, é fundador e presidente
do Grupo Espírita Léon Denis, de Vicente de Carvalho,
Guarujá-SP e membro do CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação
Espírita.