Saara
Nousiainen; Simone Ivo Sousa
> Crescimento Interior
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A reforma interior pode ser entendida
como o alicerce sobre o qual podemos construir o nosso edifício
evolutivo, e essa construção pode ser identificada
como o crescimento interior.
Todo espírita estudioso e observador sabe que estamos vivendo
um dos momentos mais importantes da história da humanidade,
dos mais sérios e decisivos no que se refere às nossas
responsabilidades espirituais. Percebe também que o movimento
espírita poderia estar caminhando bem melhor.
O que você, caro leitor, entende ser prioritário para
o nosso movimento?
Discussões em torno de aspectos doutrinários? Unirmo-nos
numa organização forte? Preencher aqueles espaços
que entendemos dever ocupar nas estatísticas? Provar ao mundo
as nossas verdades? Sermos olhados com mais respeito, visando sairmos
da longa marginalização?
Estes são indubitavelmente objetivos justos, mas, será
que não estão sendo para nós um desvio das
metas prioritárias, mais urgentes e reais, como a necessidade
imperiosa de buscarmos meios mais efetivos para a consecução
do nosso crescimento interior, que inclui também a reforma
moral?
A propósito, convém lembrar a mensagem de Jesus à
Igreja de Laodicéia (a última das sete igrejas) através
de João, em suas visões na ilha de Patmos (Apocalipse,
3: 16, 17).
“Assim, porque és morno,
e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da
minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso
de cousa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável,
pobre, cego e nu.”
É claro que essa advertência
foi feita às outras religiões, não a nós...
Ou será que foi mesmo?
Inspirando-nos nas informações do espírito
Manoel P. de Miranda, no livro Trilhas da Libertação,
psicografado por Divaldo P. Franco, e, mediante outras observações,
é possível fazer a seguinte narrativa:
“Logo após sua escolha
como “Soberano Gênio das Trevas”, o mais poderoso
dos Gênios infernais, depois de longas análises do
movimento espírita e de terem sido ouvidos os maiores especialistas
nas mais diversas áreas, orientou seus assessores, os Comandantes
dos Setores, dizendo:
– Quero que os ataques sistemáticos
contra o Espiritismo sejam muito bem organizados. Primeiro, vamos
atacar com todas as possibilidades através do sexo, estimulando-o
ao máximo, principalmente entre os líderes, médiuns,
doutrinadores, oradores e todos os que lidam com o público.
Esse é um velho sistema que tem dado certo. Além
disso, já temos os nossos esquemas prontos. Basta adaptá-los
e ampliá-los de acordo com as situações.
Agora, prestem bem atenção, porque vamos usar uma
arma nova, infalível. É nova agora, porque já
foi usada com pleno sucesso há muito tempo.
Nós vamos mudar o rumo das prioridades
nos meios espíritas. Vamos estimular discussões
em torno de temas como cantar ou não nos centros, orar
em pé ou sentado, de olhos abertos ou fechados, fazer ou
não bingos e assemelhados, enfim, tudo que possa gerar
belas polêmicas, para que não sobre tempo nem energia
para cuidarem da nossa maior inimiga, a...
A palavra engasgava na boca do chefão, enquanto a platéia
aguardava, curiosa. Por fim desistiu de pronunciá-la, continuando:
– Quero também que estimulem o estudo da doutrina...
Essa recomendação do Soberano deixou estupefatos
todos os presentes, mas ninguém teve coragem de fazer qualquer
observação. Rindo desagradavelmente, aquele ser
tenebroso continuou:
– Procurem acompanhar meu raciocínio. Os espíritas
valorizam muito esse estudo. Então, se é impossível
levá-los a abandoná-lo, que seria o ideal, vamos
aproveitar essa característica para nosso benefício.
Vamos estimular verdadeira febre de estudo, deixá-los com
a cabeça cheia de conceitos... tão cheia que se
esqueçam da nossa maior inimiga, a ...
A palavra novamente estava difícil de ser pronunciada.
Todos estavam pendurados na fala do chefão, curiosíssimos
para saber qual era afinal essa terrível inimiga. Fazendo
grande esforço e como que cuspindo, o chefe conseguiu finalmente
dizer:
– A ... a reforma... moral.
Os comandantes olharam-se, quase não acreditando em tanta
astúcia na organização da maior estratégia
de todos os tempos em sua luta contra a luz. Quando refeitos,
todos, sem exceção, atiraram-se ao solo, genuflexos,
diante do Soberano. Este mandou que se levantassem e continuou:
– Levem os espíritas a acreditarem que ela, a...
a nossa inimiga, é tão difícil de ser alcançada
que o Criador estabeleceu a reencarnação, como um
caminho longo, interminável... para que nesse caminho a
criatura tenha todo o tempo da eternidade para atingir aquela...
meta.
Desta vez foram palmas estrondosas que estrugiram no ambiente.
O soberano sorriu de novo, mais um esgar do que um sorriso, e
continuou:
– Não se esqueçam de que foi essa a arma com
que vencemos o Cristianismo nos seus primeiros séculos,
transformando-o numa organização religiosa muito
preocupada com tudo, menos com a vivência das “tolices”
que o Cordeiro ensinou. Foi assim que conseguimos atenuar os seus
efeitos, já que era impossível acabar com ele.
Lançando um olhar de aço em torno, continuou:
– É isso que vocês vão fazer... Já
que é impossível acabar com o Espiritismo, vamos
atenuar os seus efeitos.
O Chefão das Trevas fez uma pausa para melhor poderem assimilar
aquela idéia e concluiu:
– Outra coisa. Façam os espíritas acreditarem
que a tal da... a ... a reforma... moral... pode ser substituída
por trabalhos de caridade... Eles vão gostar da idéia...
e vão adotá-la.”
Assim, é fácil perceber
que aquele nome tão difícil de ser pronunciado pelo
Soberano Gênio das Trevas, a reforma moral,
deve ser a primeira prioridade do movimento espírita; deve
ser a nossa bandeira de luta, a maior de todas as batalhas que precisamos
vencer.
E, por favor, não diga que esta é uma tarefa pessoal
de cada um e não uma atribuição da instituição
espírita. As instituições, desde os centros
até as entidades federativas, estas últimas acima
de todas, têm o dever de promover com todas as suas possibilidades
a reforma moral, ou crescimento interior, do seu “rebanho”,
já que esta é a principal finalidade do Espiritismo.
Felizmente, nos últimos anos é possível observar-se
nos meios espíritas uma maior movimentação
em torno dessa questão. Psicólogos, escritores e palestrantes,
através dos meios de que dispõem, têm se dedicado
ao assunto. Espíritos como Joana de Angelis, Hammed, Ermance
Dufaux e outros vêm batendo nessas teclas ininterruptamente,
apresentando excelentes obras psicografadas como poderoso auxílio
para aqueles que desejam reformar o próprio interior.
Mas diante de tantas carências é pouco. Entendemos,
por isso, que o movimento espírita, como um todo, está
precisando mobilizar-se com urgência; ver o que há
de bom nos meios leigos relacionado a cursos, técnicas, práticas,
educação da mente, enfim, tudo sobre auto-ajuda, que
possa ser adaptado aos fins propostos; elaborar sugestões
de atividades e técnicas para os centros poderem efetivamente
ajudar seus trabalhadores e demais interessados.
Neste momento é fundamental realizar-se uma grande campanha
de âmbito nacional, usando todos os meios possíveis
para despertar o nosso movimento, a fim de que fuja ao jogo estabelecido
pelas Trevas e caminhe firmemente na direção apontada
pelo Espírito Verdade.
Calcule o quanto o movimento espírita já teria ganho
em qualidade se os esforços e espaços hoje ocupados
com polêmicas tivessem sido usados em campanhas pela reforma
e crescimento interior de seus integrantes.
Iluminar o intelecto com as claridades da Doutrina Espírita
é importantíssimo, mas essas atividades iluminativas
jamais deverão ocupar o lugar da prioridade maior, daquele
nome tão difícil de ser pronunciado pelo representante
das Trevas.
Assim, é fácil concluir que, nestes primeiros passos
sobre a longa ponte que levará nossa nave planetária
para a condição de mundo de regeneração,
do que mais estamos precisando é desse crescimento, fazendo
dessa meta a primeira e maior de todas as prioridades, buscando,
inclusive, recursos que a modernidade oferece e que possam efetivamente
ajudar a pessoa, tanto em sua reforma moral, quanto no seu crescimento
como ser integral.
Fonte: A Transição
está pedindo mudanças, de Saara Nousiainen e Simone Ivo
Sousa
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