Certa feita, conversando com
um grande companheiro de ideal espírita, portador de vasta
experiência em administração de Centro Espírita
e condução de grupos de estudo e trabalho, descontraidamente
ele nos disse que temos dentro de nós um Pé de Melindre,
e que muitos o regam diariamente para que continue sempre vistoso.
A conversa girava em torno da convivência e da distribuição
de tarefas, da manutenção da ordem e disciplina e do
resguardo do sentido doutrinário nas tarefas espíritas,
e da facilidade com que nos melindramos com palavras e gestos, percepções
de sentimentos e intenções alheias.
O melindre atesta claramente a presença do orgulho em nós,
e este valoriza a personalidade, que não admite ser contrariada
ou contestada, exigindo quase sempre a valorização ou
reconhecimento que achamos por direito receber.
“Quem ele pensa que é?” perguntam uns, “Com
que direito ele fala isso?” perguntam outros, sem dar a mínima
chance de questionamento acerca de quem está com a razão,
e das possibilidades de aprendizado ou correção que
a situação nos trás. É nesse momento que
fortalecemos o nosso pé de melindre interior, e o regamos para
que não morra.
Decorrente do orgulho, pai do melindre, vem a vaidade, que nos faz
sentir melhores e mais importantes do que realmente somos, levando-nos,
via de regra, a comparar- nos com os outros, questionando a valorização
ou posição que estas ostentam.
Trata-se de uma enfermidade psicológica, portanto moral, que
nos afastam das condições espirituais superiores, mantendo-nos
estacionados na estrada do progresso, fazendo-nos perder o precioso
tempo que temos para sublimação de nossos espíritos.
E não é por falta de esclarecimento.
O evangelho de Jesus nos fala, entre outras coisas, que o que se eleva
será rebaixado; que o maior no reino dos céus será
servidor de todos; que os últimos serão os primeiros;
que são bem aventurados os humildes. São orientações
claras acerca da necessidade de trabalharmos nossas tendências
e valores no sentido de erradicarmos o orgulho e o egoísmo
de nossos espíritos, que são, segundo a Doutrina Espírita,
os maiores obstáculos ao progresso do espírito.
“Tomai por lema estas duas palavras: devotamento e abnegação,e
sereis fortes, pois elas resumem todos os deveres que a caridade e
a humildade vos impõem”, preconiza o Espírito
da Verdade em O Evangelho Segundo o Espiritismo, e não haverá
abnegação enquanto não nos dedicarmos a vasculhar
nosso mundo íntimo em busca dos traços do orgulho para
erradicá-los, e será necessário devotamento contínuo
para implantarmos novos padrões de comportamento, perdoando
“setenta vezes sete vezes” aqueles que nos ferem
o orgulho, e é ainda o Espírito de Verdade quem nos
alerta: Felizes serão os que houverem dito a seus irmãos:
“Trabalhemos juntos e unamos nossos esforços a fim
de que o Senhor encontre a obra terminada quando chegar”,
e o Senhor lhes dirá: “Vinde a mim, vós que
sois bons servidores, que calastes vossos melindres e discórdias
para não deixar a obra prejudicada!”
Emmanuel, no livro Pensamento e Vida, falando-nos sobre as consequências
do melindre, também dá sua contribuição
para o nosso entendimento: “Cultivar melindres e desgostos,
irritação e mágoa é o mesmo que semear
espinheiros magnéticos e adubá-los no solo emotivo de
nossa existência”, o que significa que somos atingidos
diretamente pelos nossos próprios estados íntimos, e
por isso mesmo nos tornamos autoflageladores.
Por último, será muito proveitoso para todos nós
estudarmos detidamente a mensagem mediúnica ditada pelo espírito
Cairbar Schutel ao médium Francisco Cândido
Xavier, intitulada “O filho do orgulho”, que
poderá ser acessada na página da internet:
- clique aqui - http://www.oconsolador.com.br/ano8/378/correiomediunico.html
"Pensemos nisso.