O que ocorre com o perispírito durante a caminhada
do Espírito rumo à perfeição? Quais as
transformações que ele sofre? Para entendermos estas
questões, vamos consultar O Livro dos Espíritos.
186. Haverá mundos onde o Espírito,
deixando de revestir corpos materiais, só tenha por envoltório
o perispírito?
“Há e mesmo esse envoltório se torna tão
etéreo que para vós é como se não existisse.
Esse o estado dos Espíritos puros.”
a) Parece resultar daí que, entre o estado correspondente
às últimas encarnações e o de Espírito
puro, não há linha divisória perfeitamente demarcada;
não?
“Semelhante demarcação não existe. A diferença
entre um e outro estado se vai apagando pouco a pouco e acaba por
ser imperceptível, tal qual se dá com a noite às
primeiras claridades do alvorecer.”
187. A substância do perispírito é a mesma
em todos os mundos?
“Não; é mais ou menos etérea. Passando
de um mundo a outro, o Espírito se reveste da matéria
própria desse outro, operando-se, porém, essa mudança
com a rapidez do relâmpago.”
O Livro dos Espíritos –
pág. 127 – parte 2ª – capítulo IV –
“Da Pluralidade das Existências”.
“Sabemos que quanto mais eles se purificam,
tanto mais etérea se torna a essência do perispírito,
donde se segue que a influência material diminui à medida
que o Espírito progride, isto é, à medida que
o próprio perispírito se torna menos grosseiro.”
O Livro dos Espíritos –
pág. 167 – parte 2ª – Capítulo VI –
“Da Vida Espírita”.
As questões acima nos mostram que quanto mais
evoluímos, mais sutil fica o nosso perispírito. Um dia,
no estado de Espíritos puros, ele ficará tão
sutil, que para nosso estado de percepção atual, seria
como se não existisse. Considerando que o perispírito
é uno, porém heterogêneo e que é composto
por diversas camadas, temos a seguinte constituição,
para Espíritos encarnados no nosso planeta:

A transformação
do perispírito
Enquanto estamos cumprindo nossas tarefas reencarnatórias
no planeta Terra, repetimos várias vezes a mesma experiência
de encarnar e desencarnar. Todas as vezes que desencarnamos deixamos
no planeta o duplo etéreo e corpo físico e permanecemos
com o corpo espiritual, que passa a ser o nosso corpo de relação.
Chegando ao plano espiritual agregamos matéria do meio ambiente.
Todas as vezes que encarnamos deixamos no plano espiritual a matéria
que lá agregamos. Permanecemos com o corpo espiritual, que
carrega consigo as marcas perispirituais que ajudarão a construir,
no ventre materno, o duplo etéreo e o corpo físico,
que são os veículos perecíveis que utilizaremos,
enquanto estivermos no plano físico. Tanto no plano físico
quanto no espiritual a matéria que agregamos, para formar os
nossos veículos de relação, vão obedecer
à lei de afinidade. À medida que vamos evoluindo moralmente
o nosso pensamento fica mais equilibrado, o que corresponde a emitir,
constantemente, ondas de maior frequência. Este passa a ser
o nosso estado normal. Este fato faz com que o nosso corpo espiritual
se transforme, pela perda das moléculas mais densas, pois elas
não conseguem mais ter afinidade com a frequência vibratória
do Espírito. É como se tentássemos colocar uma
massa nova em uma parede sem prepará-la adequadamente, não
haveria aderência. O corpo espiritual vai nos acompanhar até
o momento em que as moléculas que o compõem, atendam
à faixa vibratória correspondente à nossa evolução
e ao conjunto de planetas que atendam à nossa necessidade evolutiva.
Vai chegar um momento, nessa nossa viagem rumo à perfeição,
no qual o nosso corpo espiritual não mais atenderá à
evolução do Espírito.
A segunda morte
No livro Libertação, André Luiz,
ficou espantado quando se deparou com entidades espirituais, as quais
ele chamou de ovoides, que apesar de não serem o alvo das nossas
observações no momento, deram início ao seguinte
diálogo com o instrutor Gúbio:

Nunca havia observado, antes, tal fenômeno. Em nossa colônia
residência, ainda mesmo em se tratando de criaturas perturbadas
e sofredoras, o campo de emanações era sempre normal.
E quando em serviço, ao lado de almas em desequilíbrio,
na Esfera da Crosta, nunca vira aquela irregularidade, pelo menos
quanto me fora, até ali, permitido observar.
“Inquieto, recorri ao instrutor, rogando-lhe ajuda.
— André — respondeu ele, circunspecto, evidenciando
a gravidade do assunto —, compreendo-te o espanto. Vê-se,
de pronto, que és novo em serviços de auxílio.
Já ouvistes falar, de certo, numa “Segunda morte”...
— Sim — acentuei —, tenho acompanhado vários
amigos à tarefa reencarnacionista, quando, atraídos
por imperativos de evolução e redenção,
tornam ao corpo de carne (Referência
1). De outras vezes, raras aliás, tive notícias
de amigos que perderam o veículo perispiritual, conquistando
planos mais altos (Referência
2). A esses missionários, distinguidos por elevados
títulos na vida superior, não me foi possível
seguir de perto.
Gúbio sorriu e considerou:
— Sabes, assim, que o vaso perispirítico é transformável
(Referência 1) e perecível
(Referência 2), embora
estruturado em tipo de matéria mais rarefeita.
— Sim... — acrescentei, reticencioso, em
minha sede de saber.
— Viste companheiros — prosseguiu o orientador —,
que se desfizeram dele, rumo a esferas sublimes, cuja grandeza,
por enquanto, não nos é dado sondar (Referência
2), e observastes irmãos que se submeteram a operações
redutivas e desintegradoras dos elementos perispiríticos para
nascerem na carne terrestre (Referência
1).
Nas sequências do texto,
marcadas como (Referência 1),
podemos confirmar a transformação que o corpo espiritual
sofre nas entradas e saídas da vida física. Fato que
pode ser observado, no exemplo da reencarnação de Segismundo,
quando André Luiz comenta que esse fenômeno é
semelhante à morte física. Nas sequências do texto,
marcadas como (Referência 2),
temos o esclarecimento do instrutor, quanto à outra situação
que Gúbio chama de segunda morte, que é a perda do veículo
perispiritual, com vistas a reencarnações em mundos
mais elevados. Há ainda uma terceira situação,
que é a dos ovoides, ponto inicial da citação
de Gúbio à segunda morte. Ao nosso ver há duas
situações distintas nesses três casos:
A transformação do
corpo espiritual sem perda de essência
No caso dos ovoides ocorre a perda da forma, com a manutenção
das características do corpo espiritual em estado latente,
como a semente que guarda em si as características da árvore.
O mergulho na carne vai devolver ao Espírito, a capacidade
de reconstruir a forma do corpo espiritual. Como já foi visto,
no caso de restrição do corpo espiritual ocorre, somente
agregação e desagregação de matéria,
com posterior redução de tamanho, devido à plasticidade
do conjunto perispiritual.
A perda do corpo espiritual
Gúbio refere-se claramente ao abandono do corpo espiritual,
quando da elevação dos Espíritos, rumo a esferas
sublimes. Ele usa a expressão: “se desfizeram dele”.
Podemos concluir que o corpo espiritual tem duração
variável e é perecível como o corpo físico
(vide Evolução em Dois Mundos – capítulo
2, no item “Corpo espiritual depois da morte”, André
Luiz). Nessas esferas sublimes, o Espírito segue então
a sua caminhada, rumo à perfeição, tendo o corpo
mental como corpo de relação após a morte. Com
a elevação da frequência vibratória do
Espírito, o corpo mental vai se depurando até chegar
a expressão de pureza máxima da matéria que existe
no Universo, que é o fluido cósmico universal puro.