Todos nós iniciamos a nossa jornada evolutiva
nos reinos inferiores da criação e sempre tivemos a
matéria ao nosso lado, servindo de instrumento para o nosso
progresso e ao mesmo tempo exercendo uma grande influência no
nosso processo de evolução espiritual. Como somos espíritos
que estamos, ao longo desses milênios, ainda numa etapa inicial
de desenvolvimento, o corpo físico ainda pode nos influenciar
no nosso comportamento e também nas múltiplas enfermidades
que existem na Terra.
Dependendo de como reagimos diante das situações que
passamos, conquistamos, passo a passo, a nossa própria individualidade,
a nossa própria espiritualização. Essa conscientização
que vamos adquirindo é um processo longo, vagaroso, no qual
a matéria, de certa forma, cria limites que possibilita, também
a individualização do espírito em relação
ao seu espaço e a tudo aquilo que está a seu derredor.
No caminho da evolução, quando, já como espíritos,
estamos preparados, por assim dizer, para assumir um corpo físico
que nos possibilite expressar a nossa natureza moral, muito embora
ainda iniciante, em relação ao ponto a ser atingido,
nós já temos a capacidade de discernimento, um pouco
mais constituída em termos de livre-arbítrio e das decisões
que podemos tomar em relação a certas situações
que vivenciamos. Por isso, por mais que usemos o argumento de que
não temos condições de perceber as consequências
do nosso próprio mal, nós o fazemos por imaturidade,
mas, no fundo da nossa própria alma, já temos um grau
de conscientização de que realmente erramos, e é
por isso que os problemas de saúde, conflitos, perdas, culpas
e muitas dissenções entre as almas começam a
aparecer e isso irá produzir um movimento de expurgo, de renovação
e de conscientização, pois isso é da natureza
instintiva da própria alma.
Reflexos condicionados do
espírito
Existem os reflexos condicionados, que fazem parte do corpo físico
assim como, os que fazem parte do perispírito, mas existem
também os reflexos condicionados do próprio espírito,
que está aprendendo, passo a passo, reencarnação
em reencarnação. Ele aprende esse reflexo mesmo fora
do corpo físico e, consequentemente, também reage, passando
a ter os seus próprios condicionamentos.
Nós temos um reflexo condicionado, que é limitado apenas
pelo processo da própria matéria, e ela só terá
um efeito inteligente, se tiver uma causa inteligente, se tiver algo
ou um espírito que a habite, que lhe dê esse processo
de direcionamento e de vida.
O corpo físico é constituído de microrganismos,
que são princípios inteligentes capazes de reagir no
campo físico e no campo perispiritual, se podemos fazer essa
analogia, existem também células que fazem as suas agregações,
que reagem a esses condicionamentos, que partem do espírito,
dos seus aprendizados, mas que também foram adquiridos nos
períodos fora das reencarnações, e que o espírito
traz. E à medida que o espírito reencarna com esses
novos condicionamentos, ele traz outras novas possibilidades de passar
isso para o campo físico. É por isso que, quando o espírito
adquire um certo grau de amadurecimento, além de aprender a
se responsabilizar por suas decisões, ele permanece, também,
mais tempo no plano espiritual para que esse aprendizado lhe seja
tanto quanto oportuno para facilitar o seu retorno, de maneira que
ele adquira um controle melhor sobre o aparelho físico, que
ele recebera naquela encarnação. E quanto mais evolução
tiver esse espírito, ele terá uma segurança capaz
de desenvolver as tarefas, para as quais ele foi programado.
À medida que o espírito tenha esse procedimento, ele
pode mudar a sua programação, o ambiente que está
à sua volta, porque ele tem o controle das suas decisões,
das suas emoções, controle dos seus instintos e sofre
menos em relação à influência da matéria
sobre o seu próprio espírito. Porque quando o espírito
está em equilíbrio com a Lei de Deus, o perispírito
dele está equilibrado e ele tem condições de
trazer isso na forma de educar outras criaturas que estão necessitadas.
E é isso que os espíritos chamam de missão, quando
o espírito tem essa capacidade de gerenciar, administrar e
determinar o seu próprio destino. Isso não é
um resultado só do progresso moral, há também
um progresso no campo do conhecimento das situações
materiais que são necessárias. O espírito nessas
condições, tem um planejamento reencarnatório
preparado com muita antecedência, levando-se em conta as suas
funções e as suas necessidades, o meio em que ele irá
viver, o controle genético do seu corpo físico, tudo
o que seja necessário para que esse espírito possa expressar
a sua potencialidade, para que a tarefa da qual ele está incumbido,
se processe. Às vezes, esse preparo é feito por um longo
tempo, para que o espírito, às vezes, em 10, 15, 20
anos faça uma revolução nos meios científicos,
das artes, ou mesmo no campo moral. Ao retornar para as esferas mais
elevadas, ele deixa o legado para que outros comecem a pensar, a questionar,
e refletir, trazendo aí outros tantos anos de reflexão
em torno do assunto, dando impulso para o desenvolvimento de certos
pensamentos filosóficos ou até mesmo das artes. Ainda
estamos presos à esfera material, precisamos caminhar para
atingir a liberdade de pensamento, um grau de conscientização
que nos torne capazes, de ele próprio, conseguirmos como espíritos,
expressarmo-nos dentro da matéria, sem receber a influência
dessa mesma matéria. Fazemos parte de uma grande maioria de
espíritos encarnados, que ainda estamos à mercê
desta matéria. Uns sendo influenciados pela necessidade de
aglutinar para si a comida; outros pelo sexo; outros mais pelo conhecimento
exagerado, o poder e o dinheiro. Então, quando olhamos a matéria,
não olhamos só a questão da influência
do corpo físico, obstruindo, incapacitando ou determinando
o comportamento desse espírito, mas os reflexos morais, que
advêm desse condicionamento físico e espiritual. Falamos
do espiritual, porque em planos mais próximos do ambiente terreno,
mesmo desencarnados também podemos sofrer a influência
do nosso próprio corpo espiritual, pois isso não nos
impede de estarmos juntos a um encarnado, usufruindo da matéria
densa, tanto quanto se estivéssemos encarnados. Se isso ocorrer,
estaremos presos a comportamentos motores, a hábitos, que,
além de ocupar nosso tempo, nos deixarão sem condições
emocionais e de estabilidade, para que nos preocupemos com as coisas
do espírito. Mesmo como espíritos estaríamos
nos preocupando, apenas com os processos ligados ao mundo material,
com os condicionamentos adquiridos ao longo das existências
e que se perpetuariam, no mundo dos espíritos, tal qual foram
no mundo dos encarnados. Nós só conseguiremos romper
com esta situação, com a determinação
do nosso próprio espírito ou com a dor, que viria atendendo
ao cumprimento da lei de causa e efeito.