Hoje resolvi fazer uma limpeza em
meu escritório e no meio da bodega, encontrei um folder antigo
sobre mocidade espírita, com um conceito de mocidade, elaborado
em um EEDEME (Encontro Estadual de Dirigentes de Mocidade Espírita),
hoje EECDME (Encontro Estadual de Comissão Diretora de Mocidade
Espírita), se não for traído pela memória,
o encontro aconteceu no ano de 1986. E eu estava lá. Na época,
fomos divididos em grupos, distribuídos em sala de aula, com
o objetivo de conceituar o que é mocidade espírita,
debatemos exaustivamente. Depois, em plenária do encontro,
votamos pelo texto que melhor denotava nosso objeto de estudo.
Então definimos que "Mocidade Espírita é
um grupo de jovens que se reúnem com o objetivo de estudar
a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, e temas atuais
à luz do Espiritismo, contribuindo, assim, para a informação
e formação moral do jovem. Este grupo denominado Mocidade
é um Departamento do Centro Espírita, no qual realiza
suas reuniões de estudo e desenvolve tarefas. Praticando os
preceitos de Jesus, a Mocidade interage no meio-social. Estrutura
atividades que atendam aos interesses e necessidades do jovem que
dela participa. Através do Movimento de Unificação
busca seu aperfeiçoamento”. Esse é o texto que
aprovamos na época e que foi divulgado por meio de folder.
Foi na mocidade que eu conheci a USE, a União das Sociedades
Espíritas do Estado de São Paulo, a entidade federativa
que coordena o Movimento Espírita no Estado. A USE está
comemorando neste ano, 70 anos de serviços prestados aos centros
espíritas e ao movimento espírita. Do período
de novembro de 1992 a março de 1994, fui diretor do Departamento
de Mocidades da USE Estadual, na gestão de Antônio César
Perri de Carvalho, onde além do apoio recebido, viajei pelo
Estado, conheci melhor a USE e sua estrutura democrática. Representei-a
em diversos eventos da FEB (Federação Espírita
Brasileira) em Brasília, Goiânia, Porto Alegre e São
Paulo, por exemplo; também fui assessor do bloco norte (USE
Regional Franca e USE Regional Ribeirão Preto), na última
gestão do saudoso Attilio Campanini, no triênio 2003
a 2006, além de ter sido presidente da USE Intermunicipal e
da USE Regional de Franca. Eu diria que nosso maior legado, foi a
aproximação dos jovens ao Movimento Espírita,
demonstrando que é possível o trabalho em equipe, entre
jovens e adultos, pela união e unificação. Me
apaixonei pela USE e pela máxima: a USE "[...] não
impõe nem interfere nas atividades do Centro Espírita,
mas sugere, orienta, aproxima e divulga experiências".
Participando das reuniões do Depto de Mocidade e das reuniões
do CDE (Conselho Deliberativo Estadual) e do CDI (Conselho Deliberativo
da USE Intermunicipal), aprendi o que é democracia participativa
e sua importância.
A minha juventude foi laureada com o estudo e a vivência de
princípios que até hoje norteiam minha vida. Numa época
de transição da infância à vida adulta,
no momento em que a Alma assume a sua verdadeira personalidade, a
mocidade foi muito importante em minha adolescência e em minha
vida. Nela tive uma orientação segura. Reconhecendo
minhas tendências negativas, sei que a mocidade contribuiu para
que eu me tornasse um homem de bem ou melhor, um homem que luta contra
suas más tendência.
Foi uma época de muita felicidade e de muito trabalho: as caminhadas
com o médium Zé Paulo, da Casa da Prece no Jardim Centenário;
as visitas aos velhinhos do Lar de Ofélia, no Jardim Planalto;
as reuniões do Departamento de Mocidade, no Judas Iscariotes;
as monitorias da COMENESP (Confraternização das Mocidades
Espíritas do Estado de São Paulo);os estudos do Grupão,
no Centro Espírita Esperança e Fé, aos domingos
á noite; as reuniões festivas no último sábado
do mês, onde cumprimentávamos os aniversariantes; as
campanhas contra o aborto e pena de morte, temas ainda hoje tão
sensíveis aos jovens; as gincanas da MEMB (Mocidade Espírita
Maria Barini); as festas juninas e o GEFA (Grande Encontro de Final
de Ano).
O ponto forte da mocidade espírita é o estudo em grupo,
onde aprendemos ao manusear os livros, nesse caso, as obras fundamentais
de Allan Kardec. O estudo em grupo, ainda é um desafio para
o movimento espírita. Temos que aprender com os jovens essa
prática tão importante e libertadora, que nos possibilita
estudar e refletir sobre a obre de Allan Kardec. "Tanto para
os jovens como para os adultos o estudo em grupo é o mais eficiente
até porque nós não podemos esquecer que na base
do Cristianismo, o próprio Jesus desistiu de agir sozinho,
procurando agir em grupo (XAVIER, 1975, p.28)". Para os centros
espíritas interessados, indico o livro "Preparar aulas
de evangelização a partir de O Evangelho segundo o Espiritismo
de Allan Kardec: crianças, jovens e adultos, vol.1", de
Thermutes Lourenço.
Fonte bibliográfica:
XAVIER, Francisco Cândido. A terra e o
semeador. Pelo Espírito Emmanuel. Araras-SP: IDE, 1975. Disponível
em: [http://www.institutochicoxavier.org.br/wp-content/uploads/2015/03/aterraeosemeador.pdf].
Acesso em 30 de maio de 2017.