Todo aquele que aceita a Doutrina Espírita
assume o grave compromisso de Solidariedade, irmã gêmea
da Responsabilidade. Elas andam sempre juntas.
O espírita verdadeiro não tem o direito
de desconhecer os princípios básicos da Doutrina, porque,
se não os conhece, não pode considerar-se propriamente
um espírita.
É tão grande a responsabilidade do espírita
que ele não pode desvencilhar-se da responsabilidade que, mais
do que antes, decorre dos seus atos e palavras. Quem está integrado
na Doutrina e sabe respeitá-la, transforma-se numa força
atuante, positiva, no ambiente em que viva. Não é passivo
nem dissimulado, não é indiferente nem apático.
Pelo contrário, a sua integração nos postulados
doutrinários confere-lhe a faculdade de se mostrar sempre ativo
e franco, honesto e positivo, bem humorado e discreto. Todavia, a
sua franqueza hão deve ser rude, contundente e negativa. Para
ser útil, precisa mostrar-se amena, educativa e construtiva.
Há mil maneiras de se dizer e demonstrar o que nos vai na alma.
Entre essas maneiras, há a que nunca se separa da compreensão,
da tolerância, do comedimento, da sinceridade e, sobretudo
da verdade simples.
O espírita tem o dever de policiar mais os
seus atos e palavras do que os alheios, sem que isto importe em estimular,
pela omissão ou tibieza, a má ação de
que tenha conhecimento. Queremos dizer: se enérgico em profligar
o que não lhe parece bem, quando feito por seus semelhantes,
bem mais enérgico quando analisar os próprios atos e
palavras.
Nunca o “conhece-te a ti mesmo” foi mais
necessário do que em nossos dias. O espírita, antes
de pensar reformar os outros, deve começar a reformar-se a
si mesmo.
O exemplo é que define a legitima personalidade
da criatura humana.
A Doutrina Espírita é um roteiro de auto-educação.
Seu primacial objetiva é tornar cada um de nós melhor,
mais .humano, mais compreensivo, mais cristão. O mundo está
cheio de cristãos sem Cristo, isto é, de criaturas que
se intitulam cristãs quando não o são, porquanto
não procedem consoante as lições do Mestre.
A Doutrina codificada por Allan Kardec educa, reforma, eleva, redime.
Tudo, porém, depende de nós. Jesus veio dar-nos ensinamentos
e exemplos para que saibamos buscar a salvação pelo
nosso próprio esforço. Esta é a verdade. A sua
missão na Terra foi grandiosa, sublime, incomparável.
Desvirtuaram-na, deixaram-na ficar na superfície da pele, quando
ela deveria alojar-se no coração humano.
A Doutrina Espírita está restabelecendo, a pouco e pouco,
o domínio da ideia cristã na vida do homem, ensinando-o
a compreender a razão da existência terrena, a necessidade
retificadora da dor, o mapa cármico e sua ligação
com e problema da reencarnação.
A solidariedade sadia é fraternidade cristã. “O
Espiritismo amplia a noção de fraternidade. Demonstra
por meio de fatos que ela não é unicamente um mero conceito,
mas uma lei fundamental da Natureza, lei cuja ação
se exerce em todos os planos da evolução humana, assim
no ponto de vista físico como no espiritual, no visível
como no invisível. Por sua origem, pelos destinos que lhes
são traçados, todas as almas são irmãs.
Assim, essa fraternidade, que os messias proclamaram em todas as grandes
épocas da História, encontra no ensino dos Espíritos
uma base nova e uma sanção. Não é mais
a inerte e banal afirmação na fachada dos nossos monumentos,
é a fraternidade palpitante das almas que emergem, conjuntas,
das obscuridades do abismo, e palmilham o calvário das
existências dolorosas; é a iniciação comum
no sofrimento; é a reunião final na plena luz.”
(Léon Denis)
Solidariedade e responsabilidade são elos de uma mesma corrente.
A vida nos mostra a todos os instantes que o auxílio mútuo
se afirma eloqüentemente como força de coesão da
existência moral. Essa é também uma imposição
biológica a que ninguém escapa, nem, os mais fracos
nem os mais fortes.
Todos somos como que elementos moleculares da vida
de relação, na vida social, na vida espiritual. Isto
esclarece a razão das pequenas e grandes coletividades, quer
entre os chamados irracionais, quer entre os ditos racionais.
O instinto desempenha papel preponderante na aglutinação
do seres. Mas só a educação facilita, com acerto,
o disciplinamento do instinto. Ela refina o sentimento e prepara o
homem para uma vida progressivamente mais compreensiva e melhor. Todavia,
não podemos eximir-nos às conseqüências da
Lei de Causa e Efeito, que é a bússola do Carma. Do
nosso comportamento, em face dessa lei, depende a felicidade que ambicionamos.
O Espiritismo educa o homem para uma vida mais simples e sadia. O
Espiritismo respeita a personalidade humana, porque lhe reconhece
o livre-arbítrio, acatando-o. Nada impõe, nada exige,
nada reclama. Mostra o roteiro e ensina como se pode segui-lo.
Eminentemente democrática, a Doutrina Espírita
envolve toda a Humanidade, mas são os humildes e sofredores
que nela encontram mais depressa o bálsamo para as suas dúvidas
e aflições. Respeitando a liberdade da pessoa humana
o Espiritismo afirma a necessidade de deixar ao homem, depois de esclarecido,
a decisão dos rumos que desejar tomar, convencido, como diz
Kardec, que, “Fé inabalável só o é
a que pode encarar frente a frente a razão, em todas a épocas
da Humanidade”.
Com a Doutrina Espírita, o homem se torna senhor
do seu destino.