Espiritualidade e Sociedade





Luzia Mathias

>   Vida após a morte - Quem disse que ninguém voltou para contar?

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Luzia Mathias
>   Vida após a morte - Quem disse que ninguém voltou para contar?

 

 

 

“(...) a alma entrevê o mundo novo em que habita; ela se vê e se compreende, graças a uma luz sutil que a penetra em toda a sua essência.
— Léon Denis —

 

 

Girando nas espirais da vida, após ter completado mais um ciclo de experiências corporais, o espírito se vê lançado numa outra realidade, a qual, a exemplo do que aconteceu no momento do retorno à vida física, terá que se adaptar.

Imagine que todos os seus canais de informação, os sentidos físicos, foram desativados. Você
terá que reaprender a interpretar o mundo à sua volta usando o sentido da alma, que promove toda uma gama de experiências intensas, a serem decodificadas e administradas. Inclusive a auto-localização no tempo e no espaço se vê modificada. E isso, para a maioria de nós, leva um tempo.

Por isso Léon Denis compara a situação do recém-desencarnado com a do recém-nascido, que ainda aguarda o desenvolvimento gradual do cérebro físico para interpretar e compreender o mundo à sua volta.

Destaca Léon Denis a importância da prece por aquele que transpõe os umbrais da vida física, bem como da recordação amorosa dos pensamentos de paz a ele dirigidos nesse momento, que o alcançam em ondas de calma favorecendo um equilíbrio psíquico mínimo indispensável para a aproximação dos amigos espirituais. Imagino que a experiência seja semelhante àquela que temos quando acordamos de uma anestesia ou mesmo de uma noite de sono mais pesado: se nos vemos num ambiente seguro e assistidos por pessoas amorosas, tudo é mais fácil.

Entretanto, esse período de transição, essa parada no túnel da morte são absolutamente necessários, como preparação para a visão da luz que deve suceder à obscuridade. É necessário que os sentidos psíquicos gradualmente se adaptem em proporção ao novo foco que vai esclarecê-los. Uma passagem súbita, sem nenhuma transição, dessa vida à outra, seria um deslumbramento que produziria uma perturbação prolongada.
Léon Denis. O Grande Enigma

Outra analogia é possível de se fazer com as sensações de quem, após ficar algumas horas na sala escura de um cinema, precisa adaptar-se, não só à luz exterior, como às circunstâncias da vida “real” após ter sido levado pelo filme a vivenciar situações imaginárias. Assim, aos poucos, a memória vai trazendo à Consciência Desperta, a compreensão de si mesmo, desde a vida atual e, proporcionalmente ao seu grau de evolução, até às experiências de vidas passadas. O teor de suas lembranças, de seu pensamento cria o que Denis chama de “instinto infalível”, na verdade um padrão vibratório específico, que o situará fluidicamente nas regiões com as quais se afiniza e entre aqueles com os quais sintoniza a própria mente.

A semelhança do que acontece entre os que estão encarnados, todas as coletividades de espíritos são orientadas, visitadas e amparadas por espíritos mais adiantados, fato que hoje em dia conhecemos sobejamente graças à produção mediúnica.

Assim, a vida prossegue em atividade contínua, em todos os planos da existência, um trânsito intenso e ininterrupto da vida material para a vida espiritual e desta, enquanto ainda for necessário, de volta à vida material, girando os espíritos na espiral infinita que os eleva a Deus.

Como não poderia deixar de ser, León Denis fecha seu estudo sobre a Lei Circular, propondo uma mudança radical em relação à experiência que temos tido, ancestralmente, em relação à morte. Naturalmente teremos dificuldade de acompanhar-lhe a proposta. Mas alguns esforços podemos fazer desde já, simplesmente mudando nossa visão linear da trajetória do espírito (da trajetória particular de cada um, portanto) para essa nova concepção: a visão de uma espiral ascendente, fortalecendo em nossos espíritos a convicção de que tudo o que está em declínio, tudo o que está sendo encerrado, tudo o que está sendo deixado para trás abre diante do ser imortal uma nova etapa, um novo momento, uma nova experiência.

E o que se abre ao espírito, e alma, que deixa a vida física, caso tenha aproveitado condignamente sua última existência corporal? O que ela experimenta?

  • Nenhum entrave material, nenhum obstáculo carnal detém os impulsos, desencoraja ou enfraquece o voo.
  • Nenhuma hesitação, nenhuma ansiedade, nenhuma incerteza.
  • A alma vê o objetivo, conhece os meios.
  • Ela se precipita no sentido em que deve atingi-lo.

Para alcançar essa experiência é preciso apenas amar a vida em todas as suas fases, alternativas e vicissitudes, entregando-se confiante à lei de Amor que a rege, aguardando o momento de “planar como águia na imensidão". Assim passaremos a acolher a morte corporal, não mais com hinos fúnebres, mas como “a estrela radiosa da verdadeira manhã”!

Assim falou sobre a Lei Circular, nosso sábio patrono Léon Denis!


 

Fonte: https://celd.xyz/wp-content/uploads/03-Revista_CELD_Marco-2017.pdf

 

 

 

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