O valor terapêutico das práticas
dissociativas de cunho religioso não representa informação
nova na literatura; muitos foram os autores que reconheceram o
poder catártico ou curativo dessas intervenções.
Encontramos, todavia, poucas referências a determinados
aspectos psicológicos por nós identificados, como:
o favorecimento da “regressão a serviço do
ego”, a continência / acolhimento de conteúdos
emocionais difusos ou impulsivos e a integração
psíquica. Há também pouca informação
na literatura psicológica sobre os estilos e estratégias
de coping específicos utilizados por médiuns
espíritas.
Método:
A partir de relatos biográficos, aliados a observações
de campo, bem como análises de psicografias e desenhos
produzidos por esses religiosos (11 participantes, 9 mulheres
e 2 homens), chegou-se a algumas hipóteses sobre os estilos
de enfrentamento empregados por adeptos do Espiritismo.
Resultados e discussão:
A ressignificação, a personificação
e a projeção foram algumas das estratégias
de coping identificadas. No discurso dos médiuns, a participação
no Centro teria ajudado numa maior adaptação ativa
a dificuldades pessoais e familiares; ampliação
de contato (rede) social; maior valorização de si
próprio.
Todavia, foram também observados mecanismos institucionais
de controle das manifestações dissociativas que
podem gerar ansiedade e estresse.
Conclusão:
Espera-se que as hipóteses levantadas sejam de utilidade
aos que comungam da prática clínica na Psicologia,
na Psiquiatria e na Psicanálise, quer quanto ao diagnóstico
diferencial dessas experiências, quer quanto ao próprio
entendimento da eficácia terapêutica de tais práticas
sociais.