O ano de 2011 começou marcado pelas fortes
chuvas que ocasionaram resgates coletivos em muitas regiões
brasileiras.
É como se a espiritualidade quisesse nos dizer que renovar
é buscar harmonizar a consciência e "endireitar
as veredas", usando a expressão do precursor do Cristo,
João Batista.
Muitas são as reflexões que fazemos em situações
como as que estamos vivendo. Em todas elas, presente está nossa
busca de Deus, tentando compreender suas leis e a destinação
humana.
Vamos, assim, descobrindo que a vida física está inteiramente
comandada pela vida espiritual e que os dois mundos – físico
e espiritual – são companheiros no engendro da história
humana. Algumas pessoas possuem maior sensibilidade para perceber
o contato e a estreita relação entre os dois mundos,
sendo, portanto, intermediárias entre um e outro. Estas percebem
que existe algo que transcende a vida física e que pode ser
captado pelas vias intuitivas ou mesmo percebido por fenômenos
que ferem os sentidos físicos.
Desde que o ser humano se firmou na Terra como espécie pensante
que o intercâmbio entre os dois mundos se dá, das mais
variadas formas. Cultuando divindades, idolatrando seres, criando
altares, utilizando oráculos, o ser humano tudo faz para se
aproximar do mundo extra físico e avançar nas lições
de vida eterna. Segundo a capacidade intelectiva do ser humano o intercâmbio
entre os dois mundos sempre ocorreu, para que a ideia da comunicabilidade
entre estes fosse se firmando no conceito da humanidade como algo
natural, que tem ressonância nas leis que governam a vida.
Mas foi com Allan Kardec, em 1857, que as relações ente
os mundos físico e espiritual puderam ser estabelecidas de
forma equilibrada, monitorada por diretrizes de segurança e
dignidade.
Após a publicação da primeira obra da Doutrina
Espírita, "O Livro dos Espíritos",
em abril de 1857, o Codificador inicia uma pesquisa de caráter
experimental, e registra seus resultados em janeiro de 1861 em forma
de livro – "O Livro dos Médiuns".
Um guia para todo aquele que sente em algum grau a influência
dos espíritos e recebe comunicações das esferas
espirituais.
É "O Livro dos Médiuns"
uma metodologia para o intercâmbio entre encarnados e desencarnados,
apresentando convincente argumentação sobre a existência
do mundo espiritual, oferecendo aos que são médiuns
diretrizes para que a nobre atividade seja realizada de forma disciplinada
e produtiva. A partir de então nova vida mental para a humanidade
no que diz respeito ao intercâmbio com os seres de outras dimensões.
"O Livro dos Médiuns" reúne
os ensinos das esferas superiores, apresentando todos os gêneros
de manifestações do mundo espiritual, esclarecendo sobre
as dificuldades e tropeços que podem surgir no exercício
mediúnico bem como cita as etapas do desenvolvimento da mediunidade.
Neste ano de 2012 a obra completou 151 anos! Nós, espíritas,
nos alegramos pela data e relembramos o trabalho minucioso e metódico
de Allan Kardec para sintetizar num só tomo todo o processo
de intercâmbio com as esferas espirituais.
Convidamos a todos que já fazem de "O Livro
dos Espíritos" e de "O
Evangelho Segundo o Espiritismo" suas leituras
diárias, que incluam a excepcional obra "O
Livro dos Médiuns" na rotina diária
de estudo e meditação.
Segundo Allan Kardec "todo aquele que sente, num grau qualquer,
a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium"
(Cap XIV item 159 de "O Livro dos Médiuns").
Isso implica em dizer que todos devemos conhecer a obra que completa
150 anos de publicação e que traçou as mais seguras
diretrizes para que essa influência seja benéfica e frutífera.
INSTRUÇÕES
PRÁTICAS SOBRE AS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS
Esta obra está inteiramente esgotada e não será
reimpressa. Será substituída pelo novo trabalho –
neste momento no prelo – muito mais completo e que seguirá
um outro plano. (1)
Allan Kardec
na Revista Espírita, agosto de 1860
Aviso
Lembramos aos nossos leitores que a obra intitulada: Instruções
Práticas Sobre as Manifestações Espíritas
está esgotada e será substituída por outra, bem
mais completa, sob o título de Espiritismo Experimental (2).
Encontra-se no prelo e aparecerá no mês de dezembro.
Allan Kardec
na Revista Espírita, dezembro de 1860
O LIVRO DOS MÉDIUNS
Anunciada há muito tempo, mas com a publicação
retardada em virtude de sua própria importância, esta
obra aparecerá entre os dias 5 e 10 de janeiro, na livraria
do Sr. Didier, nosso editor, localizada no Doca de Augustins, 35 (3).
Representa o complemento de O Livro dos Espíritos
e encerra a parte experimental do Espiritismo, assim como este último
contém a parte filosófica.
Fruto de longa experiência e de laboriosos estudos, nesse trabalho
procuramos esclarecer todas as questões que se ligam à
prática das manifestações. De acordo com os Espíritos,
contém a explicação teórica dos diversos
fenômenos, bem como das condições em que os mesmos
se podem reproduzir. Não obstante, sobretudo a matéria
relativa ao desenvolvimento e ao exercício da mediunidade mereceu
de nossa parte uma atenção toda especial.
O Espiritismo experimental é cercado de muito mais dificuldades
do que geralmente se pensa, e os escolhos aí encontrados são
numerosos. É isso que ocasiona tantas decepções
aos que dele se ocupam, sem a experiência e os conhecimentos
necessários. Nosso objetivo foi o de prevenir contra esses
escolhos, que nem sempre deixam de apresentar inconvenientes para
quem se aventure sem prudência por esse terreno novo. Não
podíamos negligenciar um ponto tão capital, e o tratamos
com o cuidado que a sua importância reclama.
Os inconvenientes quase sempre se originam da leviandade com que é
tratado problema tão sério. Sejam quais forem, os Espíritos
são as almas dos que viveram, no meio das quais estaremos infalivelmente,
de um momento para outro. Todas as manifestações espíritas,
inteligentes ou não, têm, pois, por objeto, pôr-nos
em contato com essas mesmas almas; se respeitamos os seus restos mortais,
com mais forte razão devemos respeitar o ser inteligente que
sobrevive e que constitui a sua verdadeira individualidade. Fazer
das manifestações uma brincadeira é faltar com
o respeito que talvez amanhã reclamaremos para nós mesmos,
e que jamais é violado impunemente.
O primeiro momento de curiosidade causado por esses estranhos fenômenos
já passou. Hoje, que se lhes conhece a fonte, guardemo-nos
de profaná-la com brincadeiras descabidas e nos esforcemos
por nela haurir o ensinamento apropriado que nos assegurará
a felicidade futura. O campo é muito vasto e o objetivo por
demais importante para cativar toda a nossa atenção.
Até hoje, todos os nossos esforços tenderam para fazer
o Espiritismo entrar neste caminho sério. Se esta nova obra,
tornando-o ainda mais bem conhecido, puder contribuir para impedir
que o desviem de sua destinação providencial, estaremos
amplamente recompensados de nossos cuidados e de nossas vigílias.
Não negamos que esse trabalho suscitará mais de uma
crítica da parte daqueles a quem incomoda a severidade dos
princípios, bem como dos que, vendo as coisas de um outro ponto
de vista, já nos acusam de querer fazer escola no Espiritismo.
Se fazer escola é procurar nesta ciência um fim útil
e proveitoso para a Humanidade, teríamos o direito de nos sentir
envaidecidos com essa acusação. Mas uma tal escola não
necessita de outro chefe que não seja o bom-senso das massas
e a sabedoria dos Espíritos bons, que a teriam criado sem a
nossa participação. Eis por que declinamos da honra
de a ter fundado, felizes de nos colocarmos sob a sua bandeira, não
aspirando senão o modesto título de propagador. Se for
necessário um nome, inscreveremos em seu frontispício:
Escola de Espiritismo Moral e Filosófico, e para ela convidaremos
todos quantos têm necessidade de esperanças e de consolações.
Allan Kardec
na Revista Espírita, janeiro de 1861
* * *
Bibliografia
O LIVRO DOS MÉDIUNS
Segunda edição (4)
A primeira edição de
O Livro dos Médiuns, publicada no
início do ano, esgotou-se em poucos meses, o que vem a ser
um dos traços mais característicos do progresso das
idéias espíritas.
Nós mesmos pudemos constatar, em nossas excursões,
a influência salutar que esta obra exerceu sobre a direção
dos estudos espíritas práticos; assim, as decepções
e mistificações são muito menos numerosas do
que outrora, porque ela ensinou os meios de frustrar as artimanhas
dos Espíritos enganadores. Esta segunda edição
é muito mais completa que a precedente; encerra numerosas e
importantes instruções e vários capítulos
novos. Toda a parte que concerne mais especialmente aos médiuns,
à identidade dos Espíritos, à obsessão,
às questões que podem ser dirigidas aos Espíritos,
às contradições, aos meios de discernir os Espíritos
bons dos maus, à formação de reuniões
espíritas, às fraudes em matéria de Espiritismo,
recebeu notáveis desenvolvimentos, frutos da experiência.
No capítulo das dissertações espíritas
adicionamos várias comunicações apócrifas,
acompanhadas de observações pertinentes, de modo a facultar
os meios de descobrir o embuste dos Espíritos enganadores,
que se apresentam com falsos nomes.
Devemos acrescentar que os Espíritos reviram
a obra inteiramente e trouxeram numerosas observações
do mais alto interesse, de sorte que se pode dizer que é obra
deles, tanto quanto nossa.
Recomendamos com insistência esta nova
edição, como o guia mais completo, seja para os médiuns,
seja para os simples observadores. Podemos afirmar que, seguindo-a
pontualmente, evitar-se-ão os escolhos tão numerosos,
contra os quais se vão chocar principiantes inexperientes.
Depois de a ter lido e meditado atentamente, os que forem enganados
ou mistificados certamente não poderão culpar-se senão
deles mesmos, porque tiveram todos os meios para se esclarecerem.
na Revista Espírita,
novembro de 1861
* * *
(1) Allan Kardec faz referência a O Livro
dos Médiuns, que seria lançado em janeiro 1861. (N.do
T.)
(2) Allan Kardec refere-se a O Livro dos Médiuns, que surgiria
em janeiro de 1861. (N.do T.)
(3) Ela é igualmente encontrada nos escritórios da Revista
Espírita, Rua Sainte-Anne, 59, passagem Sainte-Anne. Um grande
volume in-18, de 500 páginas; Paris, 3 fr.50; pelo Correio,
4 fr.
(4) 1 vol.in-12, preço 3 fr.50 c. pelo Correio, 4 fr.