O CAMPO MAGNÉTICO
Acreditamos que a maioria dos leitores saiba o que vem a ser um campo
magnético. Pelo menos é raro encontrar-se
alguém que ainda não tenha presenciado um fenômeno
produzido pelo campo magnético; por exemplo: a agulha de uma
bússola que teima em apontar para os pólos Norte e Sul
da Terra. A bússola revela que nos achamos, desde que nascemos,
mergulhados em um campo magnético, entretanto, nem percebemos
tal situação. Conscientizamo-nos desse fato quando observamos
o comportamento da agulha. Esse fenômeno ensina-nos, também,
que nem sempre percebemos um dado tipo de campo, embora ele seja uma
realidade. Assim, o fato de estarmos mergulhados em um campo magnético
logo nos é revelado quando dispomos de uma bússola.
Poderá ocorrer que sintamos a influência de uma campo,
sem que necessitemos do auxílio de um aparelho especial. Por
exemplo, notamos a ação do campo gravitacional da Terra,
embora a agulha de uma bússola se mantenha sensível
a esse campo. Esse fato revela-nos uma questão muito importante:
os campos exigem meios adequados para detectá-los. Assim, um
aparelho como a bússola detecta muito bem o campo magnético,
mas fica indiferente ao campo gravitacional e ao campo elétrico
também vice-versa, um voltímetro que registra o campo
elétrico é insensível ao magnético e ao
gravitacional.
Será que o fato de não percebemos um
dado tipo de campo significa que sejamos totalmente imunes à
ação do mesmo? Por exemplo, teria o campo magnético
alguma influência sobre um ser vivo (nosso caso)? Houve uma
época em que se acreditava que o ímã (campo magnético)
possuísse propriedades curativas. O famoso médico e
alquimista Auroelus Phillipus Theophrastus Paracelsus Bombast Von
Hohenheim (1499-1541), mais conhecido pelo cognome de Paracelso,
afirmava:
“Sustento clara e categoricamente, fundamentando-me
no que a experiência me tem revelado, que o ímã
guarda um altíssimo segredo que, enquanto permanecer desconhecido,
nos impossibilitará toda a ação sobre muitas
enfermidades”.
O ímã, segundo Paracelso, seria uma
verdadeira Panacéia. Curaria praticamente todas as moléstias,
as mais variadas e conhecidas em sua época, tais como: “O
fluxo dos olhos, dos ouvidos, do nariz e das articulações
externas; por este mesmo método curam-se as úlceras,
as fístulas, o câncer e os fluxos menstruais, etc.”.
Sem embargo de tais afirmativas de Paracelso serem
passíveis da desaprovação da medicina atual,
elas eram aceitas naquelas época pelos seus numerosos seguidores,
mais ainda, os médicos de então aplicavam o ímã,
com sucesso, na cura das moléstias indicadas por Paracelso!
Foi exatamente um caso de cura de dores do estômago
crônicas de uma senhora, e resistentes aos tratamentos convencionais,
que levou Franz Anton Mesmer (1734-1815) a interessar-se
por aquele processo terapêutico. Após algum tempo de
observação, Mesmer chegou à conclusão
de que não era o magnetismo do ímã, a causa das
curas obtidas pela sua aplicação e sim outra espécie
de “magnetismo”. Segundo Mesmer, era o Magnetismo Animal,
a partir de 1776 Mesmer declarou-se contrário à teoria
de Paracelso acerca das virtudes curativas atribuídas ao ímã.
Ele conclui que o poder curativo devia-se a outro tipo de magnetismo,
que não o físico produzido pelo ímã. Mesmer
admitiu que havia, na realidade, um magnetismo animal produzido pelo
terapeuta. Era esse “fluido vital” que produzia a cura
das enfermidades, afirmativa a ele. Apoiado nessa hipótese,
Mesmer efetuou também curas espetaculares!
Veremos, a seguir, que Mesmer estava correto ao considerar
a inutilidade do ímã na cura das moléstias. Entretanto,
não estamos afirmando, com isso, que as teorias de Mesmer são
absolutamente certas. Tal questão foge à diretriz deste
modesto trabalho.
OS FORTES CAMPOS MAGNÉTICOS AGEM SOBRE OS MEIOS BIOLÓGICOS.
Os ímãs usados por Paracelso e seus seguidores, portanto
disponíveis naquela época, eram portadores de campo
magnético muito fraco. Eram obtidos de um minério de
ferro, a magnetita (óxido magnético de ferro).
Atualmente, pode dispor-se de campos magnéticos
estáticos de grande intensidade, produzidos artificialmente
por bobinas alimentadas por corrente elétrica. Além
disso, existem ligas ferromagnéticas capazes de armazenar campos
magnéticos estáticos, com as quais se fabricam superímãs
de cerâmica, alnico, samário-cobalto e neodímio-ferro-boro.
Esses ímãs chegam a alcançar campos remanescentes
da ordem de 8.000 a 12.000 Gaus; centenas de vezes superiores aos
ímãs disponíveis no tempo de Paracelso e Mesmer.
As pesquisas mais recentes, feitas com o campo magnético
estágio de alta intensidade, revelaram que este campo inibe
o desenvolvimento dos meios biológicos! O campo chega a ser
letal para certos seres vivos! Vamos exemplificar:
Em 1948, na Universidade de Budapeste, o Dr. Jeno
M. Barnothy levou a efeito uma interessante experiência
com ratos submetidos a forte campo magnético estático.
Dois grupos de ratos, de uma mesma ninhada de seis, foram selecionados
para uma experiência em campo magnético estático
de =~5.900 Oresteds (gradiente médio de 100 OE/cm). Cada grupo
consistiu em um rato macho e duas fêmeas. Ambos os grupos foram
alojados em caixas especiais, idênticas, dotadas de ventilação
e demais acessórios para garantir água, alimentação,
higiene e conforto.
Um desses dois grupos foi colocado entre os pólos
de um eletroímã. O outro foi situado em idênticas
condições entre os pólos de outro eletroímã
igual, mas que iria manter-se desativado. Os ratos permanecem confinados
quatro dias antes de uma dos magnetos ser ativado, a fim de ensejar
o necessário acasalamento. Após essa fase preparatória,
um dos eletroímãs foi ativado. Diariamente, ao meio
dia, os ratos de ambos os grupos eram pesados, a fim de verificar-se
o desenvolvimento dos mesmos e as eventuais alterações
que poderiam ter sido provocadas nos que se encontravam sob a ação
do Campo Magnético Estático. Verificou-se que o Campo
Magnético Estático retardou o desenvolvimento dos ratos
a ele submetidos. Tal diferença entre os dois grupos mostrou-se
mais acentuada a partir do quinto dia. Daí em diante, o desenvolvimento
dos ratos submetidos ao Campo Magnético tronou-se significativamente
menor; uma das fêmeas não aumentou praticamente de peso
durante as três semanas subsequentes sob a ação
do campo. O macho começou a perder peso no décimo primeiro
dia e morreu logo depois.
É importante assinalar que esse “efeito
letal” nos ratos machos foi também observado em outras
experiências semelhantes. Ainda sem uma explicação,
tal fenômeno necessita de mais estudos.
As ratas fêmeas não mostraram nenhum
sintoma que sugerisse outros efeitos adversos. Após quatro
semanas de permanência sob a ação do campo, elas
não haviam, até então, dado cria! Uma vez livres
da ação do Campo, foram acasaladas novamente e engravidaram
normalmente, dando nascimento a descendentes perfeitos após
vinte dias, período normal de gestação desses
roedores. Tal efeito sugere que o Campo Magnético Estático
apenas inibiu o desenvolvimento do embrião que poderia Ter
resultado do primeiro acasalamento. A fertilidade das ratas não
foi alterada, pois elas engravidaram quando acasaladas após
haver cessado a exposição ao Campo.
O pesquisador, Dr. Jeno M. Barnothy considerou que,
sem dúvida, há muitos fatores que poderiam ter ocasionado
o não desenvolvimento dos ratos. É admissível
que o Campo Magnético houvesse provocado um ou outro desses
fatores. “Todavia, não deve ser excluído que o
Campo Magnético possa retardar as atividades mitóticas(*)
em geral”, afirma ele.
A partir de 1948, o Dr. J. M. Barnothy levou a efeito
outras experiências, a fim de verificar a influência do
Campo Magnético Estático no desenvolvimento de embriões
no útero de ratas, bem como sobre o crescimento de tumores
implantados e espontâneos em ratos. Tais observações,
justamente com o efeito do Campo sobre a formação do
sangue, apoiam a suposição de que o Campo magnético
Estático retardam as atividades mitóticas em geral.
(Barnothy, 1964, pp.93-99).
PRINCIPAIS EFEITOS PRODUZIDOS PELO CAMPO MAGNÉTICO
ESTÁTICO
A lista dos efeitos observáveis, que o Campo Magnético
Estático pode produzir em seres vivos, é bastante ampla.
Limitar-nos-emos a enumerar os que mais nos chamaram a atenção.
São rejeição de tumores implantados; alterações
hematológicas; retardamento na cura de ferimentos e na regeneração
de tecidos; efeitos sobre o sistema nervoso central; queda da temperatura
corporal; desaparecimento do ciclo do impulso reprodutor; reabsorção
de embriões no útero; decréscimo na respiração
dos tecidos; inibição de culturas bactéricas
durante sua fase estacionária máxima e alterações
patológicas no fígado”. (Barnothy, 1964, p.18).
As explicações para esses efeitos,
em sua grande maioria inibitórios em relação
ao desenvolvimento dos meios biológicos, podem ser variadas.
Algumas delas, as mais imediatas, basear-se-iam na possível
alteração de algumas propriedades físico-químicas
das substâncias orgânicas.
A primeira substância em que se pensa, quando
se observa o fenômeno do retardamento provocado pelo Campo Magnético,
no processo de desenvolvimento de alguns vivos como os ratos, é
a tripsina. Essa substância é encontrada no suco pancreático
e é fator muito importante na nutrição dos animais.
A tripsina é uma enzima catalisadora da hidrólise das
proteínas, facilitando o desdobramento dessas substâncias
em peptinas, polipeptídeos e, finalmente, em aminoácidos.
Desse modo, as proteínas ingeridas nos alimentos conseguem
ser aproveitadas pelos animais, pois esses somente podem absorver
os produtos resultantes da digestão das moléculas protéicas,
graças à tripsina presente no suco gástrico.
As proteínas são moléculas muito grandes e, por
isso, não caberiam nos finíssimos canais das vilosidades
intestinais. As moléculas dos aminoácidos são
pequenas e conseguem passar por aqueles canalículos. Se faltar
tripsina no suco gástrico, o animal come proteínas,
mas não consegue digeri-las e assimilá-las, advindo
daí a redução no seu desenvolvimento e até
mesmo a morte por desnutrição.
Será que o campo Magnético Estático
teria alguma influência sobre a tripsina? Se fosse esse o caso,
teríamos explicado a ação inibidora do crescimento
dos ratos e vários outros processos dependentes da nutrição
e assimilação das substâncias protéicas.
Naturalmente não se explicariam outros fenômenos como
a reabsorção de embriões no útero, a rejeição
de tumores implantados, o retardamento na cura dos ferimentos e regeneração
dos tecidos; os efeitos sobre o sistema nervoso central; a queda de
temperatura corporal etc. Entretanto, talvez a ação
muito prolongada da desnutrição protéica pudesse
provocar alguns dos distúrbios enunciados. Mas, experiências
feitas com o objetivo de verificar a ação do Campo magnético
Estático sobre a tripsina mostraram que, pelo contrário,
o campo magnético ajuda a ativar e mesmo restabelecer as propriedades
proteolíticas daquela enzima! (Cook e Smith, 1964, pp.246-256).
Logo, os seres vivos submetidos à ação de fortes
Campos Magnéticos deveriam, ao contrário, sofrer um
estímulo em seu desenvolvimento. No entanto, observa-se exatamente
o contrário. Qual seria a causa, ou causas, dessa ação
inibidora dos processos biológicos provocada pela exposição
a um forte Campo Magnético Estático? Talvez devêssemos
procurar explicações baseadas em outros princípios
que não os físico-químicos apenas.
O fato de registrar-se casos de inibição
no desenvolvimento de embriões, até mesmo, a reabsorção
de embriões no útero de ratas, retardamento no crescimento
de ratos jovens, rejeição de tumores implantados, bem
como atraso na cicatrização de ferimentos e outros processos
dependentes de multiplicação celular, faz-nos pensar
na possibilidade de interferência do Campo Magnético
sobre outro tipo já suspeitado de Campo Biológico implicado
na morfogênese e manutenção dos seres vivos. (Burr,
1972; Andrade, 1958, 1984, 1986; Sheldrake, 1981, 1988, 1991).
O HIPOTÉTICO CAMPO DA VIDA
Em meio à imensa variedade dos fenômenos naturais, a
vida se destaca como o mais estranho e singular. Enquanto a tendência
dos processos físicos e químicos é, da desorganização
progressiva, do crescente desnível energético, da marcha
para os estados mais prováveis, a vida surge como uma corrente
oposta a essa meta universal! A vida tende para a organização
crescente, para a evolução constante em busca do aperfeiçoamento
em todos os sentidos, inclusive demandando alcançar o controle
das leis que governam a matéria!
Em resumo, a vida é antientrópica e,
com isso, ela contraria o segundo princípio da termodinâmica,
que é uma lei universal.
Para explicar o surgimento da vida em nosso planeta,
sem lançar mão de idéias religiosas criacionistas,
os pensadores imaginaram várias teorias. Tais teorias podem
dividir-se em duas grandes categorias, as mecanicistas e as vitalistas.
As primeiras, as mecanicistas, admitem que a própria
matéria orgânica, após atingir um determinado
estágio de complexidade e devido a fatores ainda desconhecidos,
mas exclusivamente materiais, alcançou o nível biológico
e prosseguiu daí em sua marcha ascensional de aperfeiçoamento,
garças á seleção natural.
As hipóteses vitalistas consideram, também,
como imprescindível o estágio orgânico complexo
da substância a ser vitalizada, mas não aceitam a possibilidade
da passagem espontânea do estado da matéria inerte para
o de matéria viva. Os vitalistas supõem que essa transição
só é possível mediante a intervenção
de um princípio animador capaz de vivificar a matéria
orgânica já em condições de recebê-lo
e alojá-lo. Esse fator vitalizador seria o único de
subtrair o composto orgânico à fatalidade entrópica
devida ao segundo princípio da termodinâmica. Unida ao
referido fator, a matéria inerte passaria ao estágio
biológico e continuaria daí por diante em evolução
constante graças ao mesmo fator auxiliado pela seleção
natural.
Os vitalistas mais antigos supunham que referido
fator seria uma espécie de ar que penetrava no organismo a
ser vivificado. No Gênese, II-7, lê-se que o criador,
após haver formado o primeiro homem, soprou-lhe nas narinas
o fôlego da vida e tornou-o um ser vivente. Com o evoluir da
ciência, os vitalistas foram definindo melhor a sua concepção
acerca do princípio vitalizador. Ultimamente, os mais modernos
atribuem a um Campo Morfogenético o fator capaz de dar partida
aos processos biológicos. Inicialmente pouco precisa, a descrição
do princípio vitalizador passou a assumir maior coerência
e clareza, graças aos trabalhos de Harold Saxton Burr
e seus colegas (Burr, 1957, 1972) e às idéias de Rupert
Sheldrake (Sheldrake, 1981, 9188, 1991).
A tendência, atualmente, é para atribuir-se
a um Campo de forças o processo de vitalização
da matéria orgânica. Naturalmente, o mecanismo desse
processo é mais complexo do que possa imaginar simplesmente
em termos de nossa física corrente. O citado Campo seria também
responsável pela organização da forma do ser
vivo. Daí a denominação dada por Sheldrake: Campo
Morfogenético. A atuação desse Campo far-se-ia
mediante uma ressonância mórfica. (Sheldrake, 1991, pp.
115-118).
Experiências mais recentes, levadas a efeito
no Instituto brasileiro de pesquisas psicobiofísicas
– IBPP, parecem dar apoio às idéias vitalistas.
Especialmente às teorias de Harold Saxton Burr e de Rupert
Sheldrake, particularmente desse último. Entretanto, a hipótese
de trabalho adotada pela equipe do IBPP implica a aceitação
da tese espírita, que admite a sobrevivência do espírito.
(Andrade, 1958, 1994 e 1986).
Andrade reconhece que, a inclusão das idéias
espíritas em sua teoria, torna-a dificilmente aceitável
pela atual mentalidade científica. Todavia, a hipótese
espírita está tendo cada vez maior apoio nos fatos.
Não nos referimos à abundante fenomenologia que surgiu
nos séculos XVII e XIX, cujos resultados foram desprezados,
em sua maioria, sob a alegação de fraude ou inconsistência
do método experimental. Apontamos as modernas observações
de casos de experiências de quase morte (EQM), as visões
em leito de morte (VLM), as experiências fora do corpo (EFC),
os casos que sugerem reencarnação (CSR) e as experiências
de transcomunicação instrumental (TCI) como as mais
recentes evidências a favor da existência e sobrevivência
do espírito após a morte do corpo físico. Pensamos
que o establishment científico terá de mudar a sua posição
neste sentido, no século que se avizinha. A essas evidências
acrescentar-se-iam os resultados das experiências laboratoriais
da equipe do IBPP, acerca do Campo Biomagnético. Tais experiências
foram inicialmente realizadas em São Paulo no ano de 1967 e
pouco depois interrompidas, após promissores resultados.
Em junho de 1995, as pesquisas a respeito do Campo
Biomagnético foram retomadas no laboratório do IBPP,
então em sua nova sede na cidade de Bauru, SP. Novos aparelhos
e nova equipe foram empregados nessa Segunda fase de investigações
do hipotético Campo da Vida. Sem querer dar como definitiva
a descoberta desse novo tipo de Campo, queremos informar que há
grandes probabilidades de que tal fato tenha ocorrido.