Diário do Nordeste - 15/06/13

O mercado livreiro começou a utilizar a web-marketing para comunicar
ao leitor o que acontecia no mundo dos livros, então, a Internet
virou um aliado e é nela que é possível construir
novas relações. A web-marketing é a maneira de
fazer negócios via Internet; é através desse meio
que o mercado não só divulga ou vende os livros, mas constrói
uma relação com o cliente-leitor:
"A Internet não é
um meio de vendas; é um meio de comunicação,
de educação e de suporte" (VASSOS,
1997, p.XXVI).
A Internet é mais uma ferramenta
que o mercado livreiro encontrou para facilitar a venda dos livros,
existem vários exemplos de como o mercado construiu através
da Internet uma relação com o leitor, garantindo assim
novos clientes, mas não se pode esquecer as dificuldades iniciais
que o mercado teve para conseguir fazer com que o livro chegasse, evidentemente,
às mãos dos leitores.
O ponto de partida
O mercado de distribuição
de livros começou de forma bem complicada; era uma mercadoria
delicada, que poderia ser danificada com muita facilidade. Para retirar
os livros da Europa e poder distribuí-los para o resto do mundo,
era necessário que fossem transportados por navio ou carro. A
grande preocupação é que a mercadoria fosse molhada
ou danificada durante um momento do percurso.
Outra preocupação é que eram necessários
correspondentes alfabetizados, que soubessem localizar os pontos de
entrega do livro, o que muitas vezes era um problema, já que
algumas mercadorias acabavam se perdendo. Outro empecilho era a forma
de pagamento; na época, era quase impossível pagar a vista,
pois a mercadoria ganhava diversos encargos, então os livreiros
trocavam os livros, o que não era muito proveitoso, pois muitas
vezes alguns livros acabavam encalhados no fundo de suas lojas.
Estratégias
Na tentativa de facilitar a venda dos
livros, os livreiros começaram a criar uma rede comercial que
pudesse abranger longas distâncias. Agentes com catálogos
com os títulos dos livros começaram a percorrer diversas
cidades prospectando novos clientes, normalmente tais agentes escolhiam
cidades que estivessem em período de festas ou tivesse grandes
feiras, pois era certeza de um grande público.
Os agentes espalhavam pelas cidades cartazes com local, dia e hora para
quem tivesse interesse poder fazer suas encomendas e ver os catálogos,
muitas vezes era espalhado pela cidade também o local que o agente
estava hospedado, facilitando assim as negociações. Alguns
agentes sempre retornavam para as cidades que tinham se destacado na
quantidade de vendas, às vezes até chegavam a morar lá
para vender pequenos estoques de livros.
Por volta de 1490, a rede de comércio do livro já estava
organizada em toda a Europa, o transporte dos livros não era
mais um problema, no decorrer dos séculos outros países
começaram a fabricar seus próprios livros e o mercado
livreiro passou a ficar presente no mundo todo.
A outra face
Hoje a maior preocupação
não está mais na logística do livro, mas na tentativa
de atrair o maior número de leitores possível, para isso
o mercado livreiro disponibiliza um variado acervo que pode agradar
leitores dos mais variados estilos, evitando assim qualquer tipo de
segmentação. O mercado aproveitou a chegada da Internet
para tentar chegar ao leitor de forma mais rápida e mais direta,
utilizando assim as estratégias de web-marketing.
No início, a Internet era apontada como um vilão do mercado
editorial, já que sempre que nascia uma nova tecnologia uma tradicional
era ameaçada de extinção aos poucos o mercado conseguiu
fazer com que esse vilão trabalhasse a seu favor, pois a Internet
é um meio que todos podem ter acesso, independente de sua localidade
ou tempo Agora o mercado tem que conciliar o on-line20 com o off-line,
fazer com que as pessoas se interessassem de forma on-line por algo
que era tradicionalmente off-line. Por conta disso, as estratégias,
em especial as de web-marketing estão sendo utilizadaslo mercado
livreiro com a finalidade de fidelizar e conquistar novos leitores,
o que se tornou mais importante e lucrativo do que somente vender, mesclando,
assim, o on-line com o off-line, em suas infinitas combinações.
O desafio é gerenciar todo o conteúdo que passa por esses
pontos de acesso até o cliente-leitor, sendo indispensável
um plano para que a informação chegue de forma rápida
e clara aos consumidores. A quantidade de informações
na rede é tão grande que é necessário um
seletor de conteúdo. As editoras agora utilizam a rede para conhecer
um pouco mais do leitor e assim poder oferecer a esse público
o que eles buscam de modo mastigado e bem pontual, muitas vezes com
a ajuda dos próprios leitores que possuem um poder de voz na
web, ajudando na divulgação eficiente dessas informações.
A ação
O mercado divulga características
detalhadas do livro, críticas e até entrevistas com o
autor e o capista, tudo fabricado pela própria editora, que é
repassado para todos os meios que queiram ajudar na divulgação,
assim estariam falando sobre a mesma coisa, ao mesmo tempo. A "Modo
Editora" se utilizou desse mecanismo para divulgar suas obras;
o que ela não percebeu é que o leitor estava cansado de
ver as mesmas informações em diversos lugares e ao mesmo
tempo. Em vez de divulgar, a forma que estava sendo utilizada estava
criando uma imagem negativa da empresa.
O elemento-chave
Mas não era a única que
usava esse mecanismo. São inúmeros autores e editoras
que não percebem que tal divulgação não
prende a atenção do leitor.
A chave do sucesso na web é usar o "Principio Yoda",
dar e depois receber; quanto mais pessoas leem um livro, mais valioso
e importante ele se torna, a atenção do usuário
vale dinheiro. As editoras e os autores passaram a distribuir seus livros
para blogs literários, e possíveis divulgadores do mercado
literário; agora, em vez de divulgarem a mesma resenha, cada
blogueiro passou a criar sua própria resenha, a fazer sua própria
entrevista com o autor, a criar um material de divulgação
próprio, talvez um material até mais valioso que os releases
fabricados pelas editoras; o blogueiro passou a opinar quais leituras
valiam a pena, e a influenciar na compra dos leitores.
FIQUE POR DENTRO
Os múltiplos caminhos de um processo
O segredo do sucesso é saber
o que motiva o cliente, saber quais seus interesses, respeitando a individualidade
de cada um. Uma das grandes necessidades do usuário é
a informação, e, nesse vasto depósito de informações
que é a web, os blogs literários fazem o papel de selecionar
o conteúdo, fazendo uma clippagen e separando as notícias
por interesses. Apesar de todos os blogs falarem sobre livros e sobre
o mercado livreiro, alguns se especializam em determinados gêneros
e títulos, fazendo com que seja mais fácil achar algumas
informações. Outra necessidade do usuário é
a questão do entretenimento. As pessoas são tão
interessadas nisso que elas chegam a pagar por entretenimento, mas a
diversão deve está sempre aliada ao conteúdo. As
editoras estão lançando jogos on-line para entreter o
público. Desse modo, na tentativa de conquistar, definitivamente,
o leitor, a Editora Novo Conceito lançou diversos aplicativos
em sua fanpage22 inspirados nos lançamentos da editora para incentivar
a compra dos livros. Um exemplo é o aplicativo Starters - O jogo23
inspirado no livro Starters de Lissa Price.
NEYARA FURTADO LOPES*
COLABORADORA
Do Curso de Publicidade e Propaganda da Unifor
Fonte :
http://www.brasilquele.com.br/2013/06/18/a-internet-e-o-mercado-editorial
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