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O velho paradigma científico nos transmitia o dogma do “tudo
é material” e nos ensinou a enxergar assim.
Em relação aos avanços da Ciência, com a
progressiva perda de substancialidade da matéria, por incrível
que possa parecer, ainda sobressai o ranço materialista de muitos
que concluem sem se darem ao trabalho de investigar.
Devemos lembrar John Hagelin, Ph.D., ao alertar que nem todos os cientistas
são científicos. E o mesmo John Hagelin diz:
“A
iluminação é nosso direito de nascença.
Fomos estruturados para isso. É o que o cérebro humano
foi projetado para experimentar”.
Jeffrey Satinover,
Ph.D., médico, escritor, psiquiatra e físico, adverte:
“Há
cientistas, que como seres humanos, podem ser tão preconceituosos
quanto qualquer pessoa”.
Por isso, embora
os indícios veementes de uma consciência estruturadora,
sem a qual o Universo seria lógica e matematicamente inconsistente,
os materialistas se opõem ao idealismo de que a consciência
é a realidade fundamental. Não é somente um elemento
sem realidade própria, um produto da nossa biologia. Muito mais
do que isso, a consciência é viva, fluida, autorrenovadora
e se expressa num continuum de níveis, do mais etéreo
até a matéria mais sólida.
O velho paradigma científico nos transmitia o dogma do “tudo
é material” e nos ensinou a enxergar assim. Viciou nossa
percepção, acostumando-nos ao erro, à crença
nele, como se fosse decorrência do conhecimento científico.
A interpretação mecanicista do Universo, base argumentativa
do materialismo dialético, levou à afirmação
de Karl Marx: “a religião é o ópio do
povo”. E criou um sistema mais dogmático do que qualquer
religião conhecida, que matou divergentes de suas ideias mais
do que qualquer ato de fé, manifestando, da mesma forma, a intolerância
dos maus religiosos que condenava.
Onde essa dogmática deu certo?
Em contraposição, o pensador francês Raymond Aron,
1905-1983, sociólogo, historiador, filósofo e jornalista
político, frequentemente excluído por seus pares por discordar
do modismo científico e sociológico dominante, escreveu:
“Certo,
mas nenhuma outra doutrina criou no homem, como o marxismo, tal ilusão
de onipotência. Por isso, ele é o ópio dos intelectuais.
As ambições de Deus são mais modestas”.
Hoje, a ciência aberta, mutável
e, por isso, em evolução, traz novas visões, repensando
o homem e entendendo uma consciência que governa o cérebro,
em vez de ser um epifenômeno dele.
Não é novidade para os espíritas, que há
muito entendem que o cérebro é o gabinete da alma e não
seu eventual criador.
Segundo físicos, como Amit Goswami, e cientistas das mais diversas
áreas, a Suprema Consciência está na origem de tudo.
Podemos dizer a Suprema Inteligência, como na elucidativa resposta
à pergunta número um de O Livro dos Espíritos:
Que é Deus?
A discussão de temas que exigem mudança de paradigma,
além de incômoda, não permitiria aos inimigos da
mudança, pelos limites de paisagem que se autoimpuseram, discuti-las
com propriedade e, assim, seriam facilmente arrastados para a fuga do
principal, num mergulho em questões bizantinas.
Quem não está preparado para uma discussão esclarecedora,
ao deparar-se com novas ideias, foge do fundamento conceitual e, mor
das vezes, se esconde numa interpretação imediatista,
por não entender o alcance do tema. Sua atitude é de perplexidade.
É como Nicodemus ao ouvir de Jesus que teria que nascer de novo,
quando o Mestre tentava transmitir-lhe a visão da reencarnação.
Aturdido pelo novo, Nicodemus pergunta:
“Então terei de
me tornar pequeno e entrar novamente no ventre de minha mãe?”
Obviamente não era essa a ideia
e Jesus desistiu, verificando não estar Nicodemus preparado para
entender algo que lhe era novo, estranho, quebrador de paradigmas.
Mas ocorre que diante do novo temos que buscar novas maneiras de agir.
Não somos máquinas pré-programadas e subjugadas
por um destino imutável. Somos consciências criadoras,
espíritos em evolução e essa nova visão,
para nos trazer o progresso para o qual é vocacionada nossa essência
espiritual, tem que ser geradora de novas atitudes.
É de Einstein a afirmação de que nada é
mais tolo do que pretender resultados diferentes fazendo sempre a mesma
coisa. A visão espiritual do homem no mundo precisa gerar, a
partir de um novo entendimento, novas atitudes, diante da vida e do
outro, pois sabemos que tudo e todos estão interconectados e
que ninguém está só.
Hoje sabemos que há uma causa fora das causas materiais, que
nos leva a caminhar, na ordem da criação, do mais sutil
para o mais denso. Partimos do corpo sutil, ou corpos sutis, para os
densos.
Nesse sentido, é importante distinguir, para bem estabelecer
as causas, a experiência material externa da experiência
interna. A experiência material externa é compartilhável.
Qualquer um pode ouvir os sons que eu ouço num determinado instante,
qualquer um pode ver as cores que eu vejo etc. Essa é a regra
geral caracterizadora da experiência material externa.
Já a experiência interna não é compartilhável.
Ninguém pode sentir exatamente o que estou sentindo num dado
momento; ninguém pode compartilhar minha intuição,
minha experiência de iluminação, minha alegria,
meu pesar, meu medo, minha paixão. Esse tipo de experiência
é não objetiva por sua própria natureza.
Esses dois tipos de experiências nos conduzem necessariamente
a uma dicotomia, entre experiências objetivas e subjetivas; uma
de origem material e perceptível por todos, explicável
a partir de objetos materiais e sua observação. Outra,
de natureza completamente distinta, em que nada de material é
percebido, conduzindo a outro tipo de percepção e outra
causa de perceber. É imaterial.
Isso nos leva não a um Deus antropomorfizado que os materialistas
criaram e descartaram, mas a uma Consciência suprema, com poder
de criação, poder de causação. Causação
descendente.
Terry Eagleton, inglês, escritor, professor das universidades
da Irlanda, de Lancaster, Yale e Notre Dame, na década passada,
começou a destacar as relações entre fé,
ciência e estado. Para ele, escrever sobre esses temas após
o tristemente célebre 11 de setembro exige que se tome partido
no que chama “debate sobre Deus”.
Não podemos deixar de observar que mesmo os mais trágicos
acontecimentos trazem em seu bojo, além de muita dor, convites
à reflexão. E, por que não, à ampliação
da espiritualidade, pelo caminho primordial da fé raciocinada.
Criticando a posição da corrente conhecida como neoateísta,
onde pontificam, entre outros, o cientista Richard Dawkins, autor da
obra "Deus, um Grande Delírio", o crítico cultural
Cristopher Hitchens e o escritor Martins Amis, Eagleton identifica-os
como intelectuais que tomaram partido na polêmica sobre Deus sem
saber exatamente de que estão falando.
Já alertamos sobre isso e convém lembrar que hodiernamente,
o ateísmo não é considerado uma posição
filosófica: É uma posição de crença;
uma atitude de fé.
Diz Eagleton:
“Para se tornar ateu é
preciso dar algo em troca. Os representantes do neoateísmo
não investem contra a crença em Deus, e sim contra uma
caricatura dela que eles mesmos fizeram”.
Ainda, para Eagleton, a promoção
do neoateísmo é instrumentalizada pelos governos interessados
em levar adiante a chamada guerra ao terror.
E chegamos ao paradoxo, melhor ainda, à contradição:
Deus para justificar a guerra, o deus dos terroristas do 11 de setembro,
e ausência de Deus para justificar a guerra (seu prosseguimento).
Nos dois casos, uma concepção de Deus completamente distorcida
e afastada do entendimento da Inteligência Suprema.
Hoje, a fé raciocinada é indispensável e, como
estávamos analisando e retornando ao foco, a consciência
substitui o primado da matéria.
E retomemos a ciência física. Se, conforme a Física
Quântica, os objetos são possibilidades da consciência,
se esta transforma ondas de possibilidade em realidade, qual é
sua natureza? Por evidente, não material, o que exclui a ideia
de consciência como criação, epifenômeno,
do cérebro.
Observemos a descrição das coisas em termos científicos
e vejamos a extraordinária resposta ao sentido da criação.
Não esqueçamos da perda de substancialidade da matéria.
Partimos sempre de possibilidades. Então, começamos com
partículas? Não. Isso seria a objetividade forte. Começamos
com possíveis partículas ou subpartículas. Logo,
a marcha seria: possíveis partículas, possíveis
átomos, possíveis moléculas, possíveis células,
possíveis neurônios, possível cérebro.
Aí, chegamos a um sério problema. Se temos somente possibilidades
somadas a possibilidades, a soma será sempre possibilidade; nunca
realidade.
Aqui, segundo físicos Quânticos como Amit Goswami e Fred
Allan Wolf, chegamos ao paradoxo da medição quântica,
que indica o erro da visão materialista. Sendo a consciência,
quanticamente falando, o ente criador da realidade, seria correto afirmar
que ela é parte material e parte imaterial? Assim fazendo, chegamos
ao dualismo.
Nesse caso, como seria possível a interação entre
o aspecto material e imaterial da consciência? Duas coisas, que
nada têm em comum, não podem interagir sem mediador. Teríamos,
então, a tarefa de determinar uma natureza para esse mediador
e assim chegaríamos a um terceiro ente, que possivelmente, para
ser explicado, necessitaria de mais outro, e nos perderíamos
em um emaranhado que nos levaria a criar entidades sem identidade.
Então, o cérebro é feito de consciência e
partimos da Consciência Cósmica para chegar à materialidade.
Encontramo-nos com o Princípio Inteligente e com a constatação
do já conhecido pelos espíritas.
Como Deus criou o universo?
Para me servir de uma expressão corrente: Por sua Vontade. Nada
exprime melhor essa vontade todo-poderosa do que estas belas palavras
da Gênese: “Deus disse: Faça-se a luz; e a luz
foi feita”.
De acordo com a teoria das cordas e com a psicografia de Chico Xavier,
matéria é luz coagulada. Daí termos: conhecimento
científico + conhecimento espiritual = sabedoria.
Fonte:
Revista Internacional de Espiritismo, Maio 2013
http://www.oclarim.org/site/
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