Lúcia
Amaral Kfouri
> Por que ouvir uma palestra se o que quero é "tomar
passe"?
Transcrevemos abaixo parte de
um artigo publicado na Revista Espírita Allan Kardec,
de n° 10, de autoria de Lúcia Amaral Kfouri, que
explica muito bem a importância de se ouvir a palestra
do Evangelho antes do tratamento espiritual através de
passes:
Para muitas criaturas, o tratamento espiritual consiste apenas no
momento do passe. No íntimo, os indivíduos vêem
o passe como algo meio sobrenatural, capaz de modificar tudo, sanar
qualquer mal, desfazer sumariamente qualquer problema. O passe é
tido, para muitos, como o remédio mágico!
E se pudéssemos atingir o interior de muitas pessoas, por certo
constataríamos que elas não querem “perder muito
tempo” dentro de uma Casa de Oração. O tratamento
espiritual deveria ser, para elas, o mais rápido possível.
É, todo mundo hoje tem pressa, principalmente os que vivem
numa capital tão atingida como a paulista, só que um
tratamento espiritual tem muito a ver com o tratamento médico
a que nos submetemos aqui na Terra. E todos nós sabemos que
uma doença não se cura da noite para o dia.
Se uma criatura está em tratamento espiritual, é porque
não está em harmonia consigo mesma. Esta desarmonia
pode se manifestar através de obsessões, doenças
físicas, problemas familiares ou sociais. Nestas circunstâncias,
ao se dirigir a uma Casa Espírita, geralmente ela está
intranqüila, senão pelas próprias aflições,
pelo dia atribulado que teve até chegar ao local. Seus pensamentos
estão ocupados com várias questões e pode muito
bem acontecer com uma irritação, nervosismo, agitação
ou mesmo mal-estar.
Como ela, muitas outras pessoas estão sentadas na sala do Centro
Espírita. Suponhamos que estas criaturas, assim que chegassem,
fossem, de imediato, encaminhadas ao passe. Poderiam ser beneficiadas?
Bem, é preciso que sejamos verdadeiros: o benefício
sempre acontece, apenas não se dá por inteiro.
O passe é transmissão de energia, doada pelo Plano Espiritual
mais elevado. Como é que poderemos entrar em sintonia com este
plano, se estamos com o pensamento voltado para outras questões,
às vezes até nocivas?! É difícil.
Os pensamentos que temos se propagam como ondas vibratórias
e são poderosos atrativos para outros afins. Quem é
que já não se deu conta do que lhe ocorre, quando começa
a pensar em fatos tristes? A cada momento vai ficando mais triste.
Se, ao contrário, procura Ter atitudes mentais otimistas, idéias
elevadas, aos poucos percebe um bem-estar se instalando em seu íntimo.
É questão de afinidade, não há mistério.
Por outro lado, é preciso considerar que, uma pessoa em tratamento
espiritual, não está bem consigo mesma. Para que volte
a se equilibrar interiormente, há o recurso do passe, que auxilia
muito, sem dúvida alguma, mas se a própria pessoa não
modificar sua maneira de agir, de encarar o seu cotidiano, muitas
vezes basta apenas que atinja a rua, para que o mal-estar volte a
consumi-la.
Os espíritos bons estão aí para nos auxiliar.
No entanto, por mais que desejem nosso bem, não nos podem forçar
a modificar nosso comportamento diante da vida. Aí está
a razão por que muitos indivíduos alegam:
- Tomei uma série de enorme de passes e não adiantou
nada.
Seria o caso de perguntarmos:
- E sua parte, você fez?
O Espiritismo não aceita milagres. A evolução
é um processo individual, é trabalho pessoal, e se não
houver ao menos a tentativa para uma melhoria interior, não
haverá passe que dê jeito...
Aquela pequena palestra de 15 minutos, que antecede o momento do passe,
tem portanto, sua finalidade altamente importante.
Além de uniformizar o pensamento dos presentes, procurando
elevá-los e assim obter melhor sintonia com um plano dos espíritos
bons, ela tem como objetivo básico fazer com que o indivíduo
pare e medite sobre os rumos que vem dando à sua vida. A intenção
primeira é levar para toda uma assistência os ensinamentos
deixados por Jesus e os princípios da Codificação
Espírita. Embora o ouvinte imagine esses 15 minutos sem muito
significado, no íntimo, a alma e, aos poucos, ele vai procurando
se melhorar e, sem se dar conta, percebe que o tratamento espiritual
deu certo.
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