Geylson Kaio
> Sociedade e Espiritismo:
uma transformação necessária
“Muitas
pessoas pensam, por outro lado, que O Livro dos
Espíritos esgotou a série de perguntas
de moral e de filosofia; é um erro; por isso, é
talvez útil indicar a fonte de onde se pode tirar
assuntos de estudo, por assim dizer, ilimitados”
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns.
Tradução Salvador
Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras, SP. IDE,
59ª edição, 2001
Primeiro, é importante
lembrar que o Espiritismo é maior do que a soma de suas
partes. Maior do que cada pessoa em particular, do que cada instituição
ou segmento espírita organizado.
Quando se afirma que o Espiritismo é uma representação
do ensino coletivo dos Espíritos – e aí devemos
entender que os Espíritos são seres que povoam o
universo e constituem uma das forças da natureza, podendo
estar na dimensão dos encarnados ou dos desencarnados –
se afirma também, que a construção do ensino
Espírita, com base na coletividade, é uma das forças
de autoridade do seu movimento transformador.
A sabedoria espiritual de Allan Kardec e a permanente assessoria
dos bons Espíritos sempre o colocaram na trilha das idéias
progressistas e humanitárias. A sua contribuição
pessoal foi tão decisiva e determinante para a nova ordem
dos acontecimentos futuros do Espiritismo, que a concepção
de uma Doutrina filosófica, de profundas conseqüências
éticas e morais, sem as barreiras separatistas da religião,
fizeram do Espiritismo uma das ferramentas mais importantes de
evolução da humanidade inteira.
O sectarismo e o exclusivismo arbitrário, autocrata, são
próprios daqueles que se jactam maiores do que o são.
E, neste sentido, Allan Kardec é imune. É imune
porque seu pensamento e suas idéias sempre se pautaram
pelas bases da ciência da época e pelo bom senso
de tudo o que está relacionado ao progresso do Espiritismo.
Ele realmente foi o grande iniciador de um movimento de idéias
progressistas e transformadoras em assuntos ontológicos,
transcendentes, espirituais e sociais.
Quando vemos suas afirmações no livro “O
que é o Espiritismo”, por exemplo,
percebemos o quanto ele esteve preocupado com o justo entendimento
do Espiritismo, que não impõe nada a ninguém,
demonstrando que o seu lugar no mundo é o centro, o meio,
independente de toda e qualquer questão dogmática.
E que o mais importante para um Espírita é a prática
do bem. Allan Kardec via o Espiritismo como uma grande potência
que revolucionaria o mundo com seus princípios e sua filosofia
libertadora. Uma síntese de conhecimentos e princípios
espirituais.
Mas aqui cabe uma outra reflexão que se faz urgente para
nós espíritas: como renovar o mundo, se não
estamos envolvidos direta e afirmativamente nas questões
sociais que assolam o planeta? Como construir uma relação
harmoniosa com o outro, quando a sociedade em que vivemos está
doente? Como estreitar os laços sociais e familiares, se
não conseguimos nos libertar do orgulho e do egoísmo
avassaladores?
É necessária uma renovação na mentalidade
de todos nós que pensamos o Espiritismo apenas nos limites
dos Centros e Instituições Espíritas. É
necessária uma reorganização do fazer Espírita.
É necessária uma maior participação
social dos Espíritas nas políticas públicas
do país. É necessária uma parceria que vise
à totalidade do Espiritismo e não apenas a sua representação
simbólica na sociedade. É necessária uma
renovação social. Mas antes de tudo, é necessária
uma vontade firme de começar mudando a si mesmo. Conhece-te
a ti mesmo.
* Geylson Kaio – Psicólogo
Clínico; Educador Espírita e Vice-presidente
da ASSEPE.
Fonte: http://livrepensarespirita.blogspot.com/2008/04/sociedade-e-espiritismo-uma-transformao.html
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