O Apóstolo do Espiritismo,
como Léon Denis ficou conhecido,
devido à dedicação e à intensidade com
a causa espírita, teve uma vida exemplar. Enfrentou diversas
provações, seja no ambiente familiar, profissional e
até mesmo nas tarefas doutrinárias. Denis também
suportou, com admirável resignação, a cegueira,
que lhe dificultou muito seus últimos anos de vida, lidou com
a incompreensão de amigos, quando teve de erguer sua voz contra
os abusos que alguns espíritas faziam do Espiritismo, o que
resultou no afastamento de alguns deles, e, nada disso foi capaz de
abalar a firmeza quando teve de ser firme, nem a doçura quando
precisou ser dócil.
Léon Denis tinha um zelo todo especial com a questão
doutrinária, já que Allan Kardec havia estabelecido
as bases da Doutrina Espírita, coube ao mestre de Tours consolidá-la
num mundo hostil às ideias apresentadas pelo Espiritismo. Ambos
enfrentaram tarefas árduas, difíceis, que exigiram esforço,
abnegação e coragem, virtudes e comportamentos típicos
de grandes tarefeiros do bem, que, fiéis a Deus e à
Verdade, superam obstáculos com a disposição
de um soldado na guerra que quer ganhar terreno e, mesmo sob fogo
inimigo, caminha firme e valente rumo ao objetivo estabelecido. Mas,
a batalha de ambos não era contra um inimigo visível,
nem mesmo contra alguma religião, como muitos podem supor,
mas sim contra o materialismo, essa doutrina que produz inúmeros
malefícios, empurrando tantas pessoas para falsas soluções
dos problemas humanos, tais como suicídio, aborto, eutanásia
e outros crimes contra a própria vida que nada mais fazem do
que agravar, em muito, os problemas que o indivíduo pensar
eliminar com a morte.
Não é difícil perceber que a proximidade entre
Kardec e Denis não teve início no século 19,
mas sim em temepos diistantes, e, por consequeência, não
poderia ser interrompida com a morte do codificador, que, empenhado
em fazer a Doutrina Espírita seguir o curso estabelecido por
Deus, passa a fazer parte do grupo de Espíritos que assistiam,
inspiravam e encorajavam Denis a seguir adiante, sem vacilações,
sem temores.
A influência do mestre lionês fica mais evidente quando
Denis, em 1927, já com 81 anos de idade, escreve o seu último
livro O Gênio Céltico e o Mundo Invisível
e reconhece: “foi pelo incentivo do Espírito de
Allan Kardec que realizei esse trabalho”. Há um detalhe
interessante, já que a conclusão da obra se deu no dia
31 de março, e, no dia seguinte, como ocorria quinzenalmente,
houve uma reunião mediúnica que contou, como de praxe,
com a orientação direta do Espírito Allan Kardec,
que enviou uma mensagem a Denis que dizia: “Vós tendes
a afeição dos grandes centros vibratórios, satisfizestes
a correspondência oculta da vontade divina e, no reino da luz,
respiráreis.”
Mal sabiam seus amigos que aquela mensagem, aparentemente sem sentido,
era uma profecia que começaria a se concretizar dias depois,
em que o mestre de Tours, após algumas queixas, algo raramente
visto em sua vida, fora diagnosticado com pneumonia.
Os dias seguintes à reunião foram difíceis, mas,
apesar de todas as dificuldades, a mente de Denis estava sempre ativa,
seu pensamento sempre elevado, até que, no dia 12 de abril
de 1927, após amanhecer mais fraco que o normal, disse algumas
poucas palavras, sendo as últimas, “Enviai a Meyer no
dia 15”, referindo-se ao prefácio que escrevia para a
biografia de Kardec escrita por Henri Sausse. Pouco tempo depois,
ele fecha os olhos neste plano para retornar ao mundo dos espíritos.
Qualquer um que se dispuser a ler e refletir sobre sua vida e obra
poderá afirmar com toda certeza, ele cumpriu fielmente o seu
lema, que era “sempre para a frente, sempre para o mais Alto.”