Quando lemos e estudamos o Evangelho,
nos deparamos com ensinamentos valiosos para o bem viver e o bem se
relacionar, e, uma das falas mais lembradas de Jesus é a necessidade
que temos de perdoar, “não apenas sete, mas setenta vezes
sete vezes” numa ofensa recebida, portanto, fica evidente a
necessidade que temos de exercer essa caridade e gesto sublime, até
porque, todos necessitamos da compreensão e perdão por
eventuais faltas cometidas, conscientemente ou não.

O perdão só se faz necessário quando nos sentimos
ofendidos por outrem, logo, não fica difícil perceber
que, quanto mais tempo convivemos com alguém, maiores as chances
de nascer algum conflito, exigindo grandes esforços para o
entendimento em busca do bom convívio.
Deste modo, não podemos nos esquecer que o casamento é
desafiador, solicitando do casal humildade para dar ou pedir perdão
em prol da harmonia do lar.
Algumas discussões nascem de atitudes aparentemente sem importância,
como uma toalha molhada jogada na cama, um sapato fora do lugar, e
outras que, se não forem devidamente trabalhadas pelo casal,
podem ser uma gota a mais num copo que um dia transbordará
em forma de separação. Mas, outra vezes, observamos
que o perdão se faz necessário diante de situações
mais delicadas, como a traição daquele que opta por
manter relação extraconjugal, ferindo a confiança
do traído, que precisará, apesar de estar certo, perdoar
aquele que se aventurou em busca de prazeres e aventuras.
Embora seja possível, perdoar não implica continuar
convivendo com o traidor, há aqueles que fazem o movimento
amoroso de perdoar o adúltero, mas perdem a confiança
e decidem por não manter a relação, saindo dela
amadurecidos, sem mágoas e ressentimentos, demonstrando uma
maturidade nem sempre compreendida pela sociedade, pela família
e até mesmo por aquele que implorou perdão pelo ato
infeliz, já que tal “abandono” pode ser encarado,
equivocadamente, como falta de perdão. E, há outros
que dizem superar o problema, continuam casados, mas, internamente
não trabalharam bem a questão, vivendo uma relação
sem a amorosidade e respeito necessários.
Para facilitar esse difícil caminho em direção
ao perdão, contamos com algumas orientações da
Doutrina Espírita, em especial a que nos afirma estarmos num
mundo de provas e expiações, muito longe dos mundos
celestes, onde habitam os espíritos puros, por isso, tenhamos
a certeza de que não encontraremos como parceiros numa relação
conjugal nenhum anjo, ou alguém possuidor de todas as virtudes,
do mesmo modo que também não as possuímos. Isso
não serve para justificar erros cometidos e nem a falta de
esforço em busca de mais acertos do que erros, mas apenas para
que sejamos mais misericordiosos uns com os outros, como muito bem
orientou Jesus, na sua bem-aventurança, quando disse: “Bem-aventurados
os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”.
E, como espírito imortal, precisamos pensar se, na presente
encarnação, estamos progredindo ou mantendo-nos estagnados;
se a experiência como cônjuge tem sido proveitosa ou se
a mesma está servindo apenas para maior comprometimento perante
a própria consciência.
O maior desafio não é estar ou não casado, mas
ter comportamentos cristãos, independente do nosso estado civil.
Não tenhamos dúvidas, de que, se agirmos como Jesus
nos ensinou e exemplificou, fazendo ao outro o que gostaríamos
que nos fosse feito, estaremos contribuindo pela harmonia do lar,
e, consequentemente, melhorando o mundo em que estamos.
