Léon Denis tinha uma capacidade
incrível de observar detalhes na Natureza e comparar com o
comportamento humano, basta ler qualquer uma de suas obras para perceber
a familiaridade com que o Apóstolo do Espiritismo fazia tal
relação.

No livro O Porquê
da Vida encontramos a seguinte reflexão: “Vejam
os pássaros dos nossos climas durante os meses de inverno,
quando o céu está sombrio, e a terra coberta com um
branco manto de neve; aconchegados uns aos outros, à beira
de um telhado, eles se aquecem, mutuamente, em silêncio. A necessidade
os une. Porém, voltam os belos dias, o Sol resplandecente,
a provisão de alimentos abundante, eles gritam cada um mais
do que o outro, perseguem-se, batem-se, despedaçam-se. Assim
é o homem. Doce, afetuoso para com seus semelhantes nos dias
de tristeza, a posse dos bens materiais, torna-o, muito frequentemente,
esquecido e rude”.
Podemos afirmar com muita tranquilidade que, se nem todos os países
têm o frio rigoroso da França, em que Léon Denis
viveu, em todas as nações encontraremos indivíduos
que se deixaram dominar pelos interesses da matéria e a colocaram
como prioridade.
A busca de aconchego junto aos outros nos momentos difíceis
se dá em várias fases da vida, muitas vezes, a necessidade
material faz com que desenvolvamos a humildade e peçamos ajuda
a algum amigo ou pessoa da família; alguma doença que
aproxima indivíduos que não se falavam há tempos,
em que o frio da mágoa cede espaço ao calor do perdão
e do entendimento; mas, outras vezes, diante de diversas aflições
pessoais, saímos em busca de auxílio e o encontramos
num centro espírita.
O grande desafio do ser humano é deixar de se comportar como
os pássaros quando chega o verão. Nos exemplos citados
podemos imaginar que, o que conseguiu o equilíbrio financeiro
e o que alcançou a cura se deixem dominar, novamente, pelo
orgulho e egoísmo, mas, e com relação ao que
chegou ao centro espírita? Esse último, de modo equivocado,
alcançado o que almejava de início, acha que o centro
se tornou dispensável e não retorna mais, ou se tornam
os famosos papa-passes, que chegam faltando minutos para o fim da
palestra só para tomar “aquele passe”, de preferência
pelo “médium forte”. Entendemos que o centro espírita
tem seu lado “hospital”, em que algumas enfermidades são
curadas ou aliviadas, mas o objetivo maior de um centro espírita
é educar almas e tal educação não se consegue
a toque de caixa, assistindo a algumas palestras, lendo alguns livros
ou tomando passes, mas sim com muita perseverança, paciência
e disciplina.
Aqueles que encaram o centro espírita apenas como hospital
costumam voltar ao mesmo apenas nos momentos de dores físicas
ou emocionais, sumindo assim que o problema é resolvido, ficando
nesse vai e vem sem-fim.
Mas aqueles que compreendem o verdadeiro objetivo do Espiritismo,
que é a transformação moral do ser, percebem
que ainda precisamos muito da Doutrina codificada por Allan Kardec,
o que não implica ter que ir todos os dias ou semanas ao centro,
mas que nos convida, cada um dentro das suas possibilidades, a manter
o estudo e a compreensão das Leis Divinas, a fim de que quando
chegar o momento de retornar ao verdadeiro lar, que tenhamos a consciência
tranquila pelo cumprimento do dever e possamos ter a alegria de retornar
mais evoluídos do que quando de lá saímos rumo
à Terra, eis o objetivo de todo ser humano.