A causa da dor humana sempre provocou
inúmeras reflexões ao longo dos séculos, e, por
entender que a explicação dada pelas religiões
ultrapassadas são insuficientes, muitos homens indagadores
foram empurrados ao ceticismo materialista.
Não dá para ouvir de alguém que se diz repre
sentante de Deus que a causa dos problemas, doenças, sofrimentos,
é de Adão e Eva, definitivamente, não dá.
A razão rejeita essa “explicação”.
Não é mais aceitável a ideia de que o homem sofre
porque Deus quer, resposta evasiva que automaticamente nos conduz
aos mistérios de Deus e logo o indivíduo muda de assunto
porque a isso não nos cabe perguntar muito, se Deus assim definiu
assim deve ser e ponto final.
Diante de problemas nitidamente criados nesta encarnação,
não é muito difícil entender que foi uma consequência
natural de algum desvio do caminho reto que cedo ou tarde reclamará
uma correção de rota, e exigirá maiores cui dados
ou reparos nos órgãos afetados.
Mas há casos que desafiam não apenas os religiosos,
mas também a Ciência. São aqueles que nada fizeram
nesta encarnação para justificar as aflições
do presente.
Como a Doutrina Espírita veio esclarecer a humanidade, ela
não poderia deixar de abordar tal ponto, e talvez esse seja
um dos que mais atraem novos adeptos, que, ávidos de respostas,
chegam ao centro espírita e são esclarecidos e orientados
sobre as causas dos sofrimentos humanos.
Mas, neste ponto, nós, membros do movimento espírita,
precisamos tomar um enorme cuidado, há muitos que colocam tudo
na conta do resgate, da expiação, ou, como alguns preferem,
“pagamento de dívida”. O que, assim coo a explicação
desprovida de lógica das religiões dogmáticas,
também acaba afastando pessoas mais sensatas dos estudos do
Espiritismo.
Por isso, é importante estudar Kardec e autores sérios,
como Léon Denis, que asseverou no livro O Problema do Ser
e do Destino, “Nem todos os que sofrem são, necessariamente,
culpados em processo de expiação. Muitos são
simplesmente espíritos ávidos de progresso, que escolheram
vidas penosas e laboriosas para colher o benefício moral correspondente
a toda pena suportada”.
Essa frase de Denis, assim como várias outras, ilumina nosso
entendimento e nos convida à cautela ao tentarmos sair por
aí dando “diagnósticos” dos problemas alheios.
Se não sabemos se o que a pessoa passa é consequência
de desvios da Lei Divina, nesta ou noutra encarnação,
ou, simplesmente, um pedido de maior dificuldade como meio de progredir
mais depressa, melhor é focarmos no objetivo da dor, quando
bem compreendida, que é conduzir o indivíduo ao aprimoramento
espiritual.
Entender os “porquês” dos nossos sofrimentos é
muito importante, não podemos desprezar tais informações,
mas diante da dificuldade de saber com exatidão se o que passamos
está enquadrado numa prova ou numa expiação,
o principal é perguntarmos pra nós mesmos “Para
que estou passando por isso?” “Onde ela quer me levar?”
“O que ela quer me ensinar”.
Se soubermos lidar com a dor, tentando extrair dela os secretos ensinamentos,
estaremos dando passos largos rumo à pureza espiritual, objetivo
de todos.
Deus não nos criou para sofrer, mas para amar, e, quando praticarmos
o amor na sua plenitude, a dor e o sofrimento não mais existirão,
dando lugar a uma vida em que viveremos a felicidade plena, não
de ociosidade, mas de labor, em que nossa maior alegria será
auxiliar cada vez mais e melhor àqueles que, assim como nós
atualmente, lutam, sofrem, mas prosseguem sempre.