A homossexualidade foi considerada
doença pela OMS – Organização Mundial de
Saúde dos anos 1977 até os anos 1990, em que o indivíduo
que sentia atração por pessoas do mesmo sexo era considerado
um perturbado mental, e consequentemente precisaria de tratamento
para se curar. No Brasil o avanço chegou antes, em 1985, dando
mais dignidade ao homossexual que deixou de ser considerado um doente.
Diante desses avanços históricos, há um movimento,
liderado não apenas por políticos, mas também
por alguns líderes religiosos, que tentam trazer a velha e
equivocada ideia de que é possível a “cura gay”,
pressupondo novamente a ideia de doença, causando ainda mais
divisão numa sociedade por demais dividida.
E como o Espiritismo e o centro espírita encaram o assunto?
Se dissermos que aceitamos o homoafetivo dá uma ideia de que
o indivíduo traz um erro, um problema e que, apesar disso,
o aceitamos, e não é isso. Por esse motivo devemos ter
cautela com o termo “aceitar”.
O Espiritismo trata o homossexual com naturalidade, assim como lida
com o heterossexual, não faz distinção diante
da orientação sexual de cada um, afinal de contas, precisamos
tratar bem o ser humano.
Mas, se faz necessário explicar as diferenças entre
Doutrina Espírita e Movimento Espírita, a primeira codificada
por Allan Kardec, tendo como obra fundamental O Livro dos Espíritos,
o último um movimento composto por pessoas, passíveis
de erros e equívocos, em que muitas delas frequentam alguma
instituição espiritista em busca de consolo e esclarecimento,
alguns estando no local pela primeira vez, trazendo consigo entendimentos
equivocados sobre a sexualidade de uma maneira geral, aprendidos em
outras religiões ou mesmo na educação recebida
pelos pais, e, se expandirmos o olhar para o ser integral, podemos
afirmar que trazemos hábitos, costumes e culturas interiorizadas
ao longo de séculos, nas diversas encarnações
que tivemos e que nem sempre é fácil de se desfazer.
Alguns têm atitudes desprovidas de má-fé e maldade,
mas simplesmente repetem aprendizados que serão corrigidos
com o tempo. Isso não resolve o problema e nem pode ser usado
como justificativa eterna para comportamentos homofóbicos em
diversos níveis, mas amplia o olhar e pode trazer mais entendimento
para quem se sentir mal tratado num centro espírita ou fora
dele, o que não invalida a busca por tratamentos cada vez mais
dignos e justos.
Observamos também companheiros que, apesar da boa vontade e
capacidade de ajudar em alguma tarefa, dentro do centro, não
é convidado a exercê-la simplesmente pelo fato de ser
homossexual. E, neste caso, o comportamento vem de um dirigente, não
se tratando, portanto, de um principiante espírita, mas de
alguém que está no Espiritismo há anos, mas não
deixou o Espiritismo entrar em si e transformar seus comportamentos
e pensamentos, apenas conhece e não vivencia a Doutrina que
se diz adepto, e, mais uma vez precisamos isentar a Doutrina codificada
por Allan Kardec, já que ela faz um convite incessante à
prática do bem, ao amor, e tudo que o envolve, afinal de contas,
como escreveu Léon Denis, “o amor é o coroamento
de todas as virtudes”. Não importa qual sua orientação
sexual, se está disposto a conhecer, meditar, sentir e vivenciar
o Espiritismo, será sempre bem-vindo a um centro espírita.
Cristãos, na dúvida de como receber e acolher um homossexual
na instituição em que faz parte, é só
se perguntar como Jesus faria. Façamos igual.