Espiritualidade e Sociedade





William Jacob

>   O homossexual no Centro Espírita

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William Jacob
>   O homossexual no Centro Espírita

 

 

A homossexualidade foi considerada doença pela OMS – Organização Mundial de Saúde dos anos 1977 até os anos 1990, em que o indivíduo que sentia atração por pessoas do mesmo sexo era considerado um perturbado mental, e consequentemente precisaria de tratamento para se curar. No Brasil o avanço chegou antes, em 1985, dando mais dignidade ao homossexual que deixou de ser considerado um doente.

Diante desses avanços históricos, há um movimento, liderado não apenas por políticos, mas também por alguns líderes religiosos, que tentam trazer a velha e equivocada ideia de que é possível a “cura gay”, pressupondo novamente a ideia de doença, causando ainda mais divisão numa sociedade por demais dividida.

E como o Espiritismo e o centro espírita encaram o assunto? Se dissermos que aceitamos o homoafetivo dá uma ideia de que o indivíduo traz um erro, um problema e que, apesar disso, o aceitamos, e não é isso. Por esse motivo devemos ter cautela com o termo “aceitar”.

O Espiritismo trata o homossexual com naturalidade, assim como lida com o heterossexual, não faz distinção diante da orientação sexual de cada um, afinal de contas, precisamos tratar bem o ser humano.

Mas, se faz necessário explicar as diferenças entre Doutrina Espírita e Movimento Espírita, a primeira codificada por Allan Kardec, tendo como obra fundamental O Livro dos Espíritos, o último um movimento composto por pessoas, passíveis de erros e equívocos, em que muitas delas frequentam alguma instituição espiritista em busca de consolo e esclarecimento, alguns estando no local pela primeira vez, trazendo consigo entendimentos equivocados sobre a sexualidade de uma maneira geral, aprendidos em outras religiões ou mesmo na educação recebida pelos pais, e, se expandirmos o olhar para o ser integral, podemos afirmar que trazemos hábitos, costumes e culturas interiorizadas ao longo de séculos, nas diversas encarnações que tivemos e que nem sempre é fácil de se desfazer. Alguns têm atitudes desprovidas de má-fé e maldade, mas simplesmente repetem aprendizados que serão corrigidos com o tempo. Isso não resolve o problema e nem pode ser usado como justificativa eterna para comportamentos homofóbicos em diversos níveis, mas amplia o olhar e pode trazer mais entendimento para quem se sentir mal tratado num centro espírita ou fora dele, o que não invalida a busca por tratamentos cada vez mais dignos e justos.

Observamos também companheiros que, apesar da boa vontade e capacidade de ajudar em alguma tarefa, dentro do centro, não é convidado a exercê-la simplesmente pelo fato de ser homossexual. E, neste caso, o comportamento vem de um dirigente, não se tratando, portanto, de um principiante espírita, mas de alguém que está no Espiritismo há anos, mas não deixou o Espiritismo entrar em si e transformar seus comportamentos e pensamentos, apenas conhece e não vivencia a Doutrina que se diz adepto, e, mais uma vez precisamos isentar a Doutrina codificada por Allan Kardec, já que ela faz um convite incessante à prática do bem, ao amor, e tudo que o envolve, afinal de contas, como escreveu Léon Denis, “o amor é o coroamento de todas as virtudes”. Não importa qual sua orientação sexual, se está disposto a conhecer, meditar, sentir e vivenciar o Espiritismo, será sempre bem-vindo a um centro espírita.

Cristãos, na dúvida de como receber e acolher um homossexual na instituição em que faz parte, é só se perguntar como Jesus faria. Façamos igual.

 

 

Fonte: Revista CELD de Estudos Espíritas
https://celd.xyz/wp-content/uploads/02-Revista_CELD_Fevereiro-2018.pdf

 

 

 

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